Esta fase que estamos a viver irá ficar gravada nas memórias das criancinhas ‘que coitadinhas ficam com traumas’.
Regresso às Aulas
Querida avó,
Ainda não falámos do regresso às aulas. Pelo segundo ano letivo a lutar contra uma Pandemia, que há muito desejamos que acabe. Veremos até quando será obrigatório o uso de máscaras para a maioria dos professores e alunos.
Tudo em grupos, de álcool gel na mão, máscara na cara… Muitos alunos, e professores, só irão ver a cara uns dos outros lá mais para a frente. Não sabemos é quando… Pelo menos agora já podem estar sem máscara nos intervalos.
Já te disse que no 5º e 6º anos fui aluno de telescola? Na altura chamava-se 1º e 2º ano.
Isso faz-me recuar a 1977, ano em que entrei para a primária. A democracia dava os primeiros passos. Lembro-me de ainda existir o crucifixo por cima da secretária da professora, de levarmos reguadas, das nossas mesas serem uma peça única com a cadeira. O tampo da mesa levantava e dava para guardar livros, borrachas, lápis, cadernos, réguas e tudo o mais. Há uma situação que não esqueci jamais.
Em 74 existiram muitos portugueses, que viviam nas colónias, que tiveram de regressar a Portugal, os chamados Retornados. Recordo-me de ouvir vários pais dizer para outros: «Vão para as vossas terras». Ali aprendi que existem pessoas que se acham mais portuguesas do que outras.
Mas tu, que viveste numa época onde meninos e meninas andavam em escolas diferentes, onde as meninas eram obrigadas a usar meias, onde existia a mocidade portuguesa… Deves ter muito para contar. Aliás, as professoras não podiam casar. Ou melhor, de preferência, deviam manter-se solteiras e encarar o ensino como uma missão. O casamento de uma professora tinha que ser autorizado pelo Governo.
Bjs