Fala-se dos empregos do futuro quando se devia falar da escola do presente!
Nos últimos meses muito se tem falado dos “empregos do futuro”. Esta insistência na futurologia laboral, obviamente que me agrada por questões profissionais, mas não deixa de ser divertida ao ponto de termos pseudoespecialistas que só lhes falta “deitar as cartas”.
A pergunta que faço é se os empregos mudam, ou vão mudar, a escola não deveria mudar também?
Toda a gente a olhar para o futuro, quando o futuro de que tanto falamos… já aconteceu! Aconteceu e acontece agora, com os nossos filhos crianças e adolescentes em idade escolar.
Andamos todos preocupados que as máquinas nos vão substituir, que as competências basilares desta ou daquela profissão vão mudar, e tal e tal, mas… e nas escolas? Aí, onde devia começar a mudança não fazemos nada.
Nós deveríamos era de estar preocupados com a escola do presente e não com os empregos do futuro, porque de que serve um emprego de futuro se as nossas crianças estão em salas de aula com 100 anos de vida?
Vejam-se os miúdos. Sim esses mesmo: os nossos de 7, 10, 12, 15, 17 anos… todos diferentes a nível intelectual, todos diferentes a todos os níveis.
Todos iguais no tipo de escola que têm: uma sala, 25 lugares, secretárias duplas, um quadro na parede e em alguns casos, apenas alguns, um projetor no teto.
Vejam-se as metodologias de ensino, vejam-se os materiais científicos, veja-se a digitalização pedagógica… enfim!
Sim, estou a pintar um quadro negro, é verdade! Nalguns casos até talvez injustamente, mas a generalidade em Portugal é esta. É caso para dizer que quando um regime pedagógico, societário e com políticas de ensino e gestão escolar obsoletas entra em decadência, chega um momento em que isso salta aos olhos.
Sabemos que o índice do TDAH (transtorno de déficit de atenção e hiperatividade) está a aumentar. Sabemos que a dependência dos ecrãs por parte dos jovens é cada vez maior. Sabemos tantas, tantas coisas novas e… não mudamos nada. Nem no 1.º, nem no 2.º, e no 3.º ciclo então já vamos tarde pelos vistos.
Está na hora de deixar de falar dos empregos que aí vêm e transferir a escola do futuro para o presente, porque este presente precisa de um futuro melhor!