Escolas podem ter de fechar mais de três semanas

 

A ministra da Saúde, Marta Temido, fez hoje um ponto da situação da pandemia em Portugal e do avanço da Ómicron. Apesar não anunciar novas medidas, pelo menos agora, essa é uma possibilidade que continua em cima da mesa.

Especialistas admitem que escolas podem ter de fechar mais de três semanas

Uma das medidas apontadas por especialistas, ouvidos pela Multinews, é o prolongamento do fecho das escolas, para lá da data prevista (9 de janeiro). Do lado dos diretores, preferiam que a regra não fosse aplicada, mas se for “por questões de saúde” só podem aceitar.

Para Tiago Correia, investigador do Instituto de Medicina e Higiene Tropical, a reposição de algumas restrições, decidida já por alguns países “tende a ser tão ou mais importante nas escolas, quanto maior for a transmissão do vírus, porque nós sabemos que as crianças podem ser reservatórios”.

“Aí ou se assume que o vírus vai circular nas crianças e não se faz nada, ou então, encerram-se as escolas, sobretudo no caso das crianças não vacinadas”, aponta o especialista.

Contudo, sublinha, “além de estarmos a falar no encerramento das escolas, que é uma possibilidade, a constatação quase inevitável é que com o aumento da incidência muitas crianças e professores vão para casa”, aponta.

“Parece óbvio que vamos ter de remontar os sistemas de ensino à distância” ou “manter as crianças nas escolas com a Ómicron a circular, podendo contrair o vírus”, refere adiantando que este risco vai acontecer “em toda a comunidade escolar, progressivamente nas próximas semanas”.

A mesma possibilidade é apontada por Gustavo Tato Borges, vice-presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública. “Podemos assistir a um retardamento ainda maior do início das aulas”, disse quando questionado sobre as medidas que podem vir a ser aplicadas para combater esta nova vaga.

É uma possibilidade em cima da mesa, não podemos dizer que não vai acontecer”, sublinhou, explicando que “estamos a acompanhar as medidas, a sua efetividade e teremos que aguardar um pouco mais para perceber se vai ser necessário implementá-las ou não”.

Diretores só aceitam medida pelo bem da “saúde pública”

Para Filinto Lima, Presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas, “se isso acontecer por questões de saúde pública, se for recomendado, que remédio temos nós senão aceitar. Mas penso que isso será muito mau para os processos de aprendizagem e para os alunos”, refere à Multinews.

“Agora se me diz que os especialistas recomendam, eu mesmo não concordando tenho de aceitar por questões de saúde. Mas alerto que nós já mexemos no calendário escolar, já alterámos as pausas da Páscoa e do Carnaval e é muito tempo (com as escolas fechadas)”, adverte.

Mesmo falando na possibilidade de haver ensino à distância, o responsável sublinha que não é o ideal. “Do mal o menos, mas o ensino à distância cria grandes desigualdades nos nossos alunos”, aponta.

“Isso vai dificultar a vida aos professores, alunos e pais, que vão ter de ficar em casa, muitos não podem trabalhar e é prejudicial. Mais uma vez se isso acontecer é a escola a pagar a fatura pelos desvarios da sociedade e dos adultos”, lamenta.

Aulas terminaram hoje para milhares de crianças e jovens. Vêm aí três semanas de férias.

 

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1 comentário

    • Ana on 19 de Dezembro de 2021 at 17:43
    • Responder

    Cumpram todas as regras e medidas que não teremos de nos preocupar com o fecho das escolas.
    Afinal, os verdadeiros afetados não serão os alunos pela sua desigualdade, pois o ministério tratou da falta de pcs e, mesmo em ensino à distância, continuam a fazer aprendizagens tanto quanto na escola.
    No E@D o verdadeiro problema está na gestão que os pais têm de fazer entre os filhos e os seus trabalhos, caso lhes seja permitido o teletrabalho.
    Porque é que no primeiro confinamento correu tudo bem (sem E@D , nem teletrabalho) e depois a coisa se começou a complicar?!
    As escolas nunca foram local seguro durante a pandemia, muito pelo contrário! Foram o local remendo para permitir que os pais pudessem ir trabalhar e as empresas continuassem a laborar… Uma questão puramente política e económica. Qual saúde pública qual o quê!

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