Basta! Eu, professor de Educação Física que integrei o projeto EstudoEmCasa…confesso

 

Basta!
Eu, professor de Educação Física com muito orgulho, e os meus colegas que integraram o projeto EstudoEmCasa tentámos tudo o que estava ao nosso alcance. No entanto, quer a minha paciência, quer a injustiça têm limites.
Abracei o projeto acima referido com verdadeiro espírito de missão, porque foi um projeto que exigiu muito, mas mesmo muito trabalho e nenhumas regalias. Foram transmitidas, na televisão, aulas por mim totalmente planeadas e gravadas do 1º ao 12º ano.
Já agora, convém referir que a minha/nossa remuneração foi sempre exatamente a mesma (contrariamente ao que alguns pensam), tal e qual como se estivéssemos a lecionar na escola em condições normalíssimas, exceção feita às despesas de deslocação. Quanto ao dinheiro avançado, que cada um de nós adiantou pelo Estado, importa salientar que o respetivo pagamento ainda não foi liquidado. Incrível…!
Para mim e para os meus colegas de profissão, a palavra tem muito valor. Infelizmente, todos sabemos que o mesmo já não se pode dizer de alguns políticos, ou de pessoa/s com cargo de coordenação.
Os professores que estiveram ligados ao projeto #EEC, no ano letivo passado (2020/21), trabalharam muito mais do que o horário semanal estipulado por lei. Além disso, foi-nos sempre dito que o Projeto daria lugar, via oficina de formação, à acreditação de 50 horas. Nunca aconteceu. Tenho colegas que necessitam dessas mesmas horas para progressão na carreira docente, não é o meu caso, mas é como se fosse.
De referir também que apenas ontem ao final da tarde, tive conhecimento da minha avaliação de desempenho docente.
A avaliação de desempenho docente é uma autêntica farsa desde há muito tempo, pois é um estímulo à mediocridade ao invés de refletir a meritocracia na educação.
A minha avaliação foi “Bom”, apesar de todo o trabalho desenvolvido ao longo do projeto ter sido reconhecido como “Muito Bom”. Aliás, infelizmente até por causa de quotas, a grande maioria dos professores é avaliado com esta menção. Contudo, não aceito e vou contestar e lutar pela verdade e pela justiça.
Por fim, importa reforçar que não estou arrependido da função desempenhada, pois todo o trabalho desenvolvido poderá, em algum momento, ter sido útil para os alunos, em primeiro lugar, para alguns colegas, em segundo lugar, e, sobretudo, para o meu crescimento pessoal e profissional.
Reconheço que me custa escrever isto, mas nunca fui de me “encolher” e tenho de respeitar a minha natureza. Por isso, denuncio aqui, agora e publicamente, um pouco do surreal que aconteceu, ao longo do processo de desenvolvimento do #estudoemcasa, e muito mais haveria para dizer…
É lamentável que um Projeto tão interessante na sua essência, cujo valor foi/é reconhecido pública e politicamente, inclusive por entidades estrangeiras, seja, afinal, tratado desta forma e, em particular, os professores, sem os quais nada teria passado do papel nem de um monte de boas ideias. O mais lamentável de tudo é que este comportamento venha, precisamente, daqueles que têm responsabilidades públicas e cargos decisores na política e na educação.
Saudações desportivas e sintam-se livres para partilhar!

 

Link permanente para este artigo: https://www.arlindovsky.net/2021/12/basta-eu-professor-de-educacao-fisica-que-integrei-o-projeto-estudoemcasaconfesso/

17 comentários

Passar directamente para o formulário dos comentários,

    • Mirtha on 11 de Dezembro de 2021 at 19:25
    • Responder

    Muita gente ainda não percebeu que, nós para ELES, não passamos de um número e a grande maioria diz que está de acordo quando vai votar nessa gentalha da política e passa o sinal que concorda com esta pseudo-democracia. E depois se queixam!!! Santa ingenuidade… ou será falta de conhecimento de como funciona o jogo do faz-de-conta das pseudo-democracias.
    Sabem porque o planeta degradado e as condições de vida estão se degradando vertiginosamente? Porque os humanos que se puseram à frente de todas áreas são o piorio da espécie. Gananciosos, oportunistas, enganadores, mentirosos, tiranos, irresponsáveis, sanguessugas, manipuladores, egocêntricos, pseudo-democratas!!! Dizem amar um deus (o bem), mas também amam o demónio (o mal), em simultâneo ou à vez!!!

    • Estudo em casa on 11 de Dezembro de 2021 at 20:25
    • Responder

    Este pensava que por ir para a televisão já tinha muito bom! Cuitado! Fizeram-lhe a folha!

      • Luluzinha! on 11 de Dezembro de 2021 at 21:10
      • Responder

      De facto. Adorei. Lol.

    • José Faneca da Parede on 11 de Dezembro de 2021 at 21:21
    • Responder

    Cumpro o meu horário é chegaaaaa…. E quando o ordenado mínimo chegar ao mesmo nível abandono e vou trabalhar para o Continente. Sem reuniões, sem pais para aturar, sem diretores para aturar e colegas .

    Já sabem a escola é Secundária 🤪

    • Ensino em Casa vs Praça da Aletria on 11 de Dezembro de 2021 at 21:46
    • Responder

    Por acaso, o programa Estudo em Casa rivalizou, e de que maneira, com a Praça da Aletria. Foi mais para os velhos do que para os novos.
    Parabéns ao Sitôr de Ginástica e a todos os outros que quiseram aproveitar esta oportunidade para subir ao estrelato. Da próxima tentem o Morangos com Açucar.

    • Alves on 11 de Dezembro de 2021 at 21:54
    • Responder

    Na sequência do desabafo do Colega de EF, que me causa um sorriso de tristeza pela credulidade, lembro que, a
    cada hora de trabalho cabe uma remuneração de acordo com o montante pecuniário correspondente a uma das
    115 posições previstas na Tabela Remuneratória Única (TRU ), que determina o montante da remuneração base
    devida a cada trabalhador e a respetiva posição remuneratória na estrutura de cada carreira ou categoria. Eheh.
    Não existe forma de comparar o desempenho de um professor que se “esfolou” para viabilizar o #estudoemcasa
    com os que ficaram em casa em teletrabalho com cortes regulares e muitas vezes providenciais de dados de net,
    se escutaram a conversa de indivíduos do ME para os motivar (ou dos habituais instigadores profissionais do PS)
    admitindo pelas suas entrelinhas poderem vir a ser estrelas mediáticas merecedoras de um extra remuneratório
    ou apenas de um faminto crédito para se furtarem às horas estipuladas na legislação, acreditadas nos centros de
    formação, acreditando na possibilidade ténue de reconhecimento dos seus superiores, foram apenas ingénuos…
    Felizmente o nosso sábio e equalizador sistema de ensino esclareceu o devaneio, são funcionários de um estado
    assim mesmo, com letra minúscula, que dá o mínimo para receber tão somente o sangue dos seus assalariados se
    eles forem suficientemente cretinos para se porem a jeito. Mais do que servir para ensinar os “nossos” alunos, o
    #estudoemcasa deverá ter servido para instruir os Colegas idealistas que se dispuseram a participar, deixando a
    conclusão de que, para encabeçar experiências mediáticas, é necessário um contrato suplementar, devidamente
    sujeito a imposto de selo e a (re)cálculo de IRS. Eu pelo meu lado, cabe-me agradecer-Vos o serviço ao País. Alves

    • Calves on 12 de Dezembro de 2021 at 0:18
    • Responder

    A partilha de experiências profissionais e, neste caso, frustrante no que diz respeito às expectativas criadas pela tutela nunca deveria merecer a “risota” e os comentários trocistas e vilipendiosos de alguns. Não são formas de tratar um professor, um colega que aceitou um desafio e deu o seu melhor para cumprir com seriedade a sua missão. Claro que seria digno de ver reconhecido o seu trabalho. O colega não se referiu tão pouco à expectativa de um segundo salário, mas tão somente em ver convertida em créditos de formação contínua as horas dedicadas ao projeto. E ser ressarcido das despesas que fez. Neste espaço de debate, não é suposto a postagem de comentários ofensivos. Afinal a profissão já é tão difícil em tantos aspetos, porque motivo há quem sinta necessidade de ridicularizar as vicissitudes de quem as desabafa?

      • Sardao pró manês on 12 de Dezembro de 2021 at 2:01
      • Responder

      Ó Calves, toma a versão V55.7 do Sardão do Karamba que já ficas fino que nem um alho, em vez de estares aqui na moral.

    • Helder on 12 de Dezembro de 2021 at 11:30
    • Responder

    Eu acho que o trabalho dos colegas na TV foi “bom” e não “muito bom”.
    Querem ser reconhecidos em termos remuneratórios assinem contratos antes do trabalho com os €€€ bem discriminados.
    Fazer trabalho que se quer bem remunerado não pode ser “contratado” por boca.
    Querem ser missionários e depois queixam-se

    • Maria Estafada on 12 de Dezembro de 2021 at 17:05
    • Responder

    Todos estes comentários maldosos, só mostra mais uma vez como é a nossa classe. É uma classe super desunida e injusta uns com os outros, por isso é que nunca avançamos e continuamos na LAMA como estamos.

    Em vez de apoiar o colega e estar no seu lado, não, estão a rir-se e a dizer mal. Bolas! Vamos ser unidos e lutar por aquilo que merecemos! Hoje pelo colega, amanhã por nós.

    Por sermos tão desunidos é que continuam a esmagar-nos e a fazer de nós o que querem.

    • A austeridade não existe on 12 de Dezembro de 2021 at 17:19
    • Responder

    Dois assuntos distintos:
    O facto do Ministério não ter honrado os seus compromissos financeiros e de acreditação são motivo muito válido para protestar e chamar os bois pelos nomes: caloteiros e pantomineiros.
    O facto de ter sido avaliado com apenas bom é o mais natural entre todos devido às quotas. Por ter desenvolvido trabalho no Estudo em Casa, que considero importante, não lhe dá automaticamente o direito a Excelente o Muito Bom. Tantos de nos dão mais do que o litro em diversos projetos, que levam os agrupamentos para a frente e ficam com a nota Bom como toda a gente?
    Infelizmente o sistema que temos e que MLR refinou conseguiu os seus objetivos.

    • Rita Vicente on 12 de Dezembro de 2021 at 19:37
    • Responder

    «Da mesma forma que não ando à estalada e ao empurrão para entrar primeiro num comboio, não ando à “estalada” e a prejudicar outros para levar um “muito bom” ou “excelente”.»

  1. Que professor tem formação capacidade para lecionar do 1 ao 12?
    Este? Deixem-me rir. Os mais desconhecedores são pelos vistos os mais convencidos de si, pois até ignoram aquilo que ignoram. Voluntarismo a mais e desinteressado? Não acredito. Foi ter visto ali o furo para o estrelato e para tocar as empresas pessoais? Não sei.
    Há que ser sério desde o início. Para já não se deve acreditar em patranhas de quem não é honesto há muitos anos. Depois há que ter humildade de reconhecer os limites pessoais e a própria ignorância. Depois ter em conta o impacto de um voluntarismo excessivo na contribuição para uma maior degradação da carreira. Se a escravatura está de regresso? Sim e já há alguns anos. Há é que ser honesto.
    Que o ME foi larápio? É-o há muito e com requintes de sadismo.

    • Antero on 13 de Dezembro de 2021 at 12:52
    • Responder

    Adorei ver as aulas de HGP, da miss Piggy aqueles trajes de bom gosto de gorda de Inglês dos dois primeiros ciclos verdadeiros tesouros vernáculos da decadência do ensino público. Ganhem juízo idiotas.

    • Paula Isabel Simão Dias Espírito Santo on 13 de Dezembro de 2021 at 22:00
    • Responder

    Fico imensamente triste por saber tudo isto. 😔 Lamentável a falta de palavra dos que nos “obrigam” a ser exímios.
    Sinto total empatia perante os sentimentos do(s) colega(s) que passaram por isto e principalmente, o descuidado na avaliação, a tal que não tem qualquer valor e é tão desmotivante….
    Resta-nos a esperança de melhores dias…🙏

    • José Martins on 14 de Dezembro de 2021 at 7:56
    • Responder

    Gostaria de salientar que o percebo perfeitamente. Mas, quanto à avaliação não é em nada diferente do que os alunos sofrem. E que os senhores professores por norma pouco querem saber e chegam a responder:”Esforça-te mais para o próximo! ( quando um aluno tem nos testes fichas e afins (conhecimento) 14-15- e vê na avaliação intercalar Conhecimento-Suficiente!
    Em que por vezes têm boas notas nos teste têm comportamento.ajustado, mas a participação poderia ser melhor ou simplesmente não há nada! E as notas finais não correspondem.
    Pois é, – encolho os ombros- no próximo período você consegue! Está nas suas mãos!😉

    • Luís Guilherme on 16 de Dezembro de 2021 at 22:12
    • Responder

    Talvez fosse interessante divulgar os valores de prémios e ajudas de custo de politicos e dirigentes intermédios da função pública, e até de empresas públicas. Conseguem assim duplicar salários, bem sentadinhos nos seus gabinetes…

Deixe um comentário

Your email address will not be published.

WP2Social Auto Publish Powered By : XYZScripts.com
Seguir

Recebe os novos artigos no teu email

Junta-te a outros seguidores: