Aprendizagens essenciais- Raquel Varela

Não creio que as pessoas devam fazer confissões públicas individuais da sua vida pessoal, mas era importante termos um estudo, anónimo, sobre onde estudam os filhos das elites económicas, intelectuais e políticas do país? Esta é uma questão pública. Compreender se também estas crianças e jovens são cobaias e vítimas da degradação da qualidade da escola pública ou se há nichos onde se reproduzem elites com acesso ao conhecimento.
Uma escola inclusiva não é a que cria currículos aligeirados mas justamente o seu contrário, quanto mais as classes trabalhadoras e médias tiverem dificuldades mais aos seus filhos deve ser dado um currículo exigente.
O currículo é a sistematização do belo, justo e do bom, da ciência, da filosofia e da arte, do melhor que a humanidade ao longo da sua história produziu e realizou. As aprendizagens essenciais aligeiram o currículo para adaptarem uma força de trabalho a um mercado pobre, sem exigência ele mesmo.
Todo o país é turbinado nesta pobreza – a alunos poucos exigentes adaptam-se cursos de formação pouco exigentes, professores pouco qualificados, que cada vez sabem e podem ensinar menos, para uma força de trabalho barata que por sua vez arrasta para baixo todos os salários de manutenção dessa mesma força de trabalho – porquê pagar bem a um médico e a um enfermeiro que cuida e trata pessoas que ganham 600 euros e cujos a qualificação é saber carregar nuns botões de máquinas compradas ao estrangeiro? É mais barato não tratar bem essa pessoa e substitui-la. É um exemplo, podia dar mais – os salários em Portugal e no mundo são definidos pelo preço da forca de trabalho industrial, fundamentalmente. Uma escola pública degradada, para um mercado dependente e automatizado arrasta para baixo quase todo o país.
A rigor aprendizagens essenciais deveria ser o máximo, o máximo é essencial, o que Ministério propõe é o mínimo.

https://www.facebook.com/1085430783/posts/10219431698598228/?d=n

 

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14 comentários

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    • Zabka on 29 de Julho de 2021 at 20:36
    • Responder

    La vem a pitonisa burguesa mandar o seu bitaite no intervalo de duas linhas

      • Rui Manuel Fernandes Ferreira on 30 de Julho de 2021 at 17:19
      • Responder

      Onde se lê… deve ler-se…

      pitonisa burguesa… esclarecida professora
      bitaite… opinião assertiva

        • Sandra on 30 de Julho de 2021 at 19:51
        • Responder

        Mas esta não era a tal que defendia a escola privada acima de tudo?!? Que acusava o ensino público de não valer nada? Dá agora o dito por não dito?

          • Antonio Lopes on 31 de Julho de 2021 at 8:51

          É exatamente isso. Questiona a qualidade de muitas escolas. O conforto da não concorrência leva à mediucridade. É o que se vê em muitas escolas infelizmente.
          Temos que ter a capacidade de olhar para nós próprios e ter sentido crítico.
          Já relativamente ao currículo, estamos a fazer o pior que se pode fazer. Já que os resultados são baixos então baixamos o grau de dificuldade.
          Sabemos contudo que escolas de elite onde os “importantes” colocam os seus filhos, não vão baixar o seu grau de exigência. Ora, desta forma, a diferença entre ricos e pobres será cada vez maior. Os primeiros escolhem os melhores cursos, os outros ficam com o resto.
          Em vez de estarmos na luta entre publico e privado deveriamos estar na luta da competência, da exigência, e da melhoria, e já agora, da saída de muitos elementos que estão no ensino apenas para ganhar o seu ordenado e só contribuem para a mediocridade

    • Tiago on 29 de Julho de 2021 at 21:14
    • Responder

    Como professor de História observo que as aprendizagens essenciais são dúbias em alguns itens no que diz respeito ao grau de aprofundamento e apresentam iatos que impossibilitam continuidade na compreensão histórica. Neste aspeto é mais aceitável as metas curriculares, embora pecassem por excesso.
    Na correção de exames de História A, apercebi-me que os alunos esforçam-se por mobilizar conhecimento através da documentação fornecida mas não têm conhecimento suficiente para o conseguir.
    O esforço deste governo e anteriores na diversificação dos instrumentos de avaliação por parte dos professores é uma marca positiva

    • Sardão pró Karamba manhoso on 30 de Julho de 2021 at 1:17
    • Responder

    Professor Karamba: o que a Varela quis dizer não é o que tu interpretas, ou melhor, aproveitas a cena para mandares a tua posta de pescada.
    Que grande oportunista tu és para levares as tuas ideias parvas para a frente.
    Sim, porque por atrás andas tu sempre muito entalado de sardoaria, como sabes e sentes, grande mânfio!

    • maria on 30 de Julho de 2021 at 10:07
    • Responder

    “… professores pouco qualificados, que cada vez sabem e podem ensinar menos” (Raquel V.)

    Se repararmos, há uns anos a esta parte a qualidade e exigência posta na formação dos professores tem-se quedado pelos … “objectivos mínimos”. Ora, estendendo a bênção dos “mínimos” aos alunos , diremos que docentes e discentes “estão bem uns para os outros”.

    Assim vai o futebol em Portugal .

  1. Aceitemos, como premissa, que nem todos os docentes e alunos conseguem ensinar/aprender, por múltiplas razões, os 100% dos conteúdos.
    A tutela diz: para uniformizar os conteúdos ensinados/aprendidos entendemos que isto, x , é essencial (digamos 75 % dos conteúdos iniciais) Temos então as aprendizagens essenciais que correspondem a 75% dos conteúdos prévios.
    Problema: na prática os 75% de conteúdos antigos passaram a 100% de conteúdos atuais, havendo professores e alunos que não conseguem ensinar/aprender os 100% atuais. Se aprenderem, agora, 75%, na prática estão a aprender 50% do anterior. Tudo isto porque alguém pensa que a estatística é mais importante e, mais grave, que o trabalho, o estudo, o esforço de aprendizagem pressupõe não envolver isso mesmo: trabalho, estudo e esforço.

    1. Quem antes aprendia 100%, agora aprende 75%. Em resumo, todos perdem.

    • Catarina on 30 de Julho de 2021 at 12:10
    • Responder

    Como se conjuga aprendizagens essenciais com exames nacionais????

    Mas as Associações e os Sindicatos de professores andam a dormir?

    1. Sra. Catarina os sindicatos não têm “voto na matéria”relativamente a estes assuntos. Quem pode fazer algo são os legais representantes das associações de pais. Mas para esses tudo o que o Ministério da Educação (atualmente é mais ministério da futebolada e olímpicos) faz está bem. Vá se lá saber por que razão…

  2. Aprendizagens essenciais o canas…foi das maiores porcarias que fizeram! Mais valia dizer aos professores para cada um ensinar o que quisesse e achasse JUSTO! Ter-se-ia melhor proveito, de certeza!

    • Ricardo Pereira on 30 de Julho de 2021 at 18:03
    • Responder

    Mas há escolas públicas, como por exemplo a de Eça de Queiroz (Póvoa de Varzim) e D. Maria ( Coimbra), em que as regras parecem ser diferentes!
    Como se podem perceber tais discrepâncias!?

    1. É pq as Direções dessas escolas são decentes e inteligentes.
      Não embarcam em devaneios promovidos pelo homem que ama a disciplina de Cidadania, secretário de estado Costa.

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