Não creio que as pessoas devam fazer confissões públicas individuais da sua vida pessoal, mas era importante termos um estudo, anónimo, sobre onde estudam os filhos das elites económicas, intelectuais e políticas do país? Esta é uma questão pública. Compreender se também estas crianças e jovens são cobaias e vítimas da degradação da qualidade da escola pública ou se há nichos onde se reproduzem elites com acesso ao conhecimento.
Uma escola inclusiva não é a que cria currículos aligeirados mas justamente o seu contrário, quanto mais as classes trabalhadoras e médias tiverem dificuldades mais aos seus filhos deve ser dado um currículo exigente.
O currículo é a sistematização do belo, justo e do bom, da ciência, da filosofia e da arte, do melhor que a humanidade ao longo da sua história produziu e realizou. As aprendizagens essenciais aligeiram o currículo para adaptarem uma força de trabalho a um mercado pobre, sem exigência ele mesmo.
Todo o país é turbinado nesta pobreza – a alunos poucos exigentes adaptam-se cursos de formação pouco exigentes, professores pouco qualificados, que cada vez sabem e podem ensinar menos, para uma força de trabalho barata que por sua vez arrasta para baixo todos os salários de manutenção dessa mesma força de trabalho – porquê pagar bem a um médico e a um enfermeiro que cuida e trata pessoas que ganham 600 euros e cujos a qualificação é saber carregar nuns botões de máquinas compradas ao estrangeiro? É mais barato não tratar bem essa pessoa e substitui-la. É um exemplo, podia dar mais – os salários em Portugal e no mundo são definidos pelo preço da forca de trabalho industrial, fundamentalmente. Uma escola pública degradada, para um mercado dependente e automatizado arrasta para baixo quase todo o país.
A rigor aprendizagens essenciais deveria ser o máximo, o máximo é essencial, o que Ministério propõe é o mínimo.
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14 comentários
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La vem a pitonisa burguesa mandar o seu bitaite no intervalo de duas linhas
Onde se lê… deve ler-se…
pitonisa burguesa… esclarecida professora
bitaite… opinião assertiva
Mas esta não era a tal que defendia a escola privada acima de tudo?!? Que acusava o ensino público de não valer nada? Dá agora o dito por não dito?
É exatamente isso. Questiona a qualidade de muitas escolas. O conforto da não concorrência leva à mediucridade. É o que se vê em muitas escolas infelizmente.
Temos que ter a capacidade de olhar para nós próprios e ter sentido crítico.
Já relativamente ao currículo, estamos a fazer o pior que se pode fazer. Já que os resultados são baixos então baixamos o grau de dificuldade.
Sabemos contudo que escolas de elite onde os “importantes” colocam os seus filhos, não vão baixar o seu grau de exigência. Ora, desta forma, a diferença entre ricos e pobres será cada vez maior. Os primeiros escolhem os melhores cursos, os outros ficam com o resto.
Em vez de estarmos na luta entre publico e privado deveriamos estar na luta da competência, da exigência, e da melhoria, e já agora, da saída de muitos elementos que estão no ensino apenas para ganhar o seu ordenado e só contribuem para a mediocridade
Como professor de História observo que as aprendizagens essenciais são dúbias em alguns itens no que diz respeito ao grau de aprofundamento e apresentam iatos que impossibilitam continuidade na compreensão histórica. Neste aspeto é mais aceitável as metas curriculares, embora pecassem por excesso.
Na correção de exames de História A, apercebi-me que os alunos esforçam-se por mobilizar conhecimento através da documentação fornecida mas não têm conhecimento suficiente para o conseguir.
O esforço deste governo e anteriores na diversificação dos instrumentos de avaliação por parte dos professores é uma marca positiva
Professor Karamba: o que a Varela quis dizer não é o que tu interpretas, ou melhor, aproveitas a cena para mandares a tua posta de pescada.
Que grande oportunista tu és para levares as tuas ideias parvas para a frente.
Sim, porque por atrás andas tu sempre muito entalado de sardoaria, como sabes e sentes, grande mânfio!
“… professores pouco qualificados, que cada vez sabem e podem ensinar menos” (Raquel V.)
Se repararmos, há uns anos a esta parte a qualidade e exigência posta na formação dos professores tem-se quedado pelos … “objectivos mínimos”. Ora, estendendo a bênção dos “mínimos” aos alunos , diremos que docentes e discentes “estão bem uns para os outros”.
Assim vai o futebol em Portugal .
Aceitemos, como premissa, que nem todos os docentes e alunos conseguem ensinar/aprender, por múltiplas razões, os 100% dos conteúdos.
A tutela diz: para uniformizar os conteúdos ensinados/aprendidos entendemos que isto, x , é essencial (digamos 75 % dos conteúdos iniciais) Temos então as aprendizagens essenciais que correspondem a 75% dos conteúdos prévios.
Problema: na prática os 75% de conteúdos antigos passaram a 100% de conteúdos atuais, havendo professores e alunos que não conseguem ensinar/aprender os 100% atuais. Se aprenderem, agora, 75%, na prática estão a aprender 50% do anterior. Tudo isto porque alguém pensa que a estatística é mais importante e, mais grave, que o trabalho, o estudo, o esforço de aprendizagem pressupõe não envolver isso mesmo: trabalho, estudo e esforço.
Quem antes aprendia 100%, agora aprende 75%. Em resumo, todos perdem.
Como se conjuga aprendizagens essenciais com exames nacionais????
Mas as Associações e os Sindicatos de professores andam a dormir?
Sra. Catarina os sindicatos não têm “voto na matéria”relativamente a estes assuntos. Quem pode fazer algo são os legais representantes das associações de pais. Mas para esses tudo o que o Ministério da Educação (atualmente é mais ministério da futebolada e olímpicos) faz está bem. Vá se lá saber por que razão…
Aprendizagens essenciais o canas…foi das maiores porcarias que fizeram! Mais valia dizer aos professores para cada um ensinar o que quisesse e achasse JUSTO! Ter-se-ia melhor proveito, de certeza!
Mas há escolas públicas, como por exemplo a de Eça de Queiroz (Póvoa de Varzim) e D. Maria ( Coimbra), em que as regras parecem ser diferentes!
Como se podem perceber tais discrepâncias!?
É pq as Direções dessas escolas são decentes e inteligentes.
Não embarcam em devaneios promovidos pelo homem que ama a disciplina de Cidadania, secretário de estado Costa.