Em relação aos primeiros anos concordo em absoluto com o que os diretores defendem. Já o propus…
“Diretores querem autonomia para decidir próximo ano”
Por agora só há duas certezas em relação ao próximo ano letivo: as aulas devem arrancar entre 14 e 17 de setembro, de acordo com o que foi já anunciado pelo ministro da Educação, e a vida nas escolas continuará a ser feita de forma muito diferente do normal, com máscaras na cara, pouco convívio nos recreios, encerramentos pontuais à medida de eventuais surtos provocados pelo novo coronavírus e medo entre pais, professores e funcionários.
A ideia será ter soluções mais consistentes do que o improviso a que foram obrigadas escolas e docentes, surpreendidos por um vírus que obrigou a fechar todos os estabelecimentos de ensino quase de um dia para o outro. O anúncio do primeiro-ministro aconteceu quinta-feira 12 de março e na segunda-feira seguinte todos encerraram. A maioria assim ficou durante o 3º período, com exceção dos estudantes do 11º e do 12º, que puderam voltar às salas a 1 de junho. Mas para o próximo ano letivo, defendem os diretores, a prioridade em garantir aulas presenciais não deve ser dada aos finalistas do secundário, mas antes aos mais novos que estão no início da escolaridade obrigatória.
“A experiência que temos destes meses indica-nos que tudo devemos fazer para garantir que os alunos do 1º e do 2º anos possam ter aulas presenciais. O ensino à distância nestas idades, de 6 e 7 anos, provoca enormes perdas. Se não garantimos já a recuperação do que ficou para trás, vão ser precisos muitos mais anos para o conseguir”, diz Manuel Pereira, presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares.
Também José Lemos, presidente do Conselho das Escolas, órgão consultivo do Ministério da Educação, defende que a prioridade tem de ser sempre o ensino presencial. “Também não vejo com bons olhos o ensino híbrido (parte presencial, parte à distância). Porque tudo o que for fora da escola agrava as desigualdades”, acrescenta. Mas como o decurso do ano não dependerá apenas da vontade do Ministério, José Lemos admite quatro cenários, que só devem ser percorridos se a evolução da pandemia assim o exigir: turmas normais, embora com todos de máscara; desdobramento de turmas com metade do horário presencial e a outra parte à distância; turmas mais pequenas na escola apenas em algumas disciplinas e o resto online; e ensino remoto como aconteceu durante o 3º período.
O ministro da Educação já começou a ouvir diretores e sindicatos, mas das reuniões desta semana pouco foi adiantado. É sabido que vão existir €400 milhões de Bruxelas para a compra de computadores e entrega aos muitos alunos que ainda não o têm, acesso à Internet e recursos digitais. A contratação de professores, para permitir desdobrar turmas de forma a garantir distâncias mínimas de 1,5 metros entre os alunos ou ainda para reforçar tutorias para os que têm mais dificuldades, também já foi admitida. Só que para esta eventualidade não foram colocadas verbas específicas no orçamento suplementar.
O REGRESSO À ESCOLA DE 1,5 MILHÕES DE ALUNOS
Outra das questões que pode levar à necessidade de mais contratação tem a ver com os professores que se incluem em grupos de risco para a covid-19. Se não lhes forem atribuídas turmas, para evitar o contacto próximo com alunos, então será preciso um reforço. Quanto aos estudantes, será também preciso pensar em formas de garantir que todos podem ir à escola, sem provocar concentrações. Foi fácil neste 3º período gerir umas dezenas de milhares de presenças, já que só os estudantes do 11º e do 12º regressaram. Mas em setembro é suposto voltarem 1,5 milhões de crianças e jovens.
Mais do que soluções uniformes e aplicáveis a todas as escolas, Manuel Pereira quer que a tutela garanta aos diretores autonomia e poder de decisão para serem eles a definir, em função do seu perfil de alunos, instalações e recursos, se é necessário ou não dividir turmas, reforçar apoios, reorganizar horários. “O Ministério não pode continuar a legislar para uma escola média que não existe. A realidade de Cascais é diferente da de Fornos de Algodres. Pedimos que confiem nas escolas e que deem autonomia aos diretores”, defende, frisando não acreditar que seja possível as escolas funcionarem com alguma normalidade durante o próximo inverno.
Quanto à data do regresso às aulas — a mesma para todos os níveis de ensino —, o presidente do Conselho das Escolas admite que o 1º período poderia arrancar uma semana mais cedo para os alunos do 1º ciclo, até para começar logo o trabalho de recuperação das matérias. No entanto, assegura, o calendário não permite muito maior flexibilidade, já que a 2ª fase dos exames do secundário foi atirada este ano para a primeira semana de setembro. “Quase todas as escolas funcionam do 5º ao 12º e é impossível arrancar o ensino básico mais cedo sem conflituar com a realização dos exames.”
In Expresso
16 comentários
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Os diretores que temos nas Escolas são maioritariamente de baixissimo nível de competência e, por consequência, não lhes deve ser dada autonomia para coisa nenhuma.
A maioria dos diretores possui uns cursecos de administração escolar feitos á pressão e que não preparam para a Gestão.
É urgente entregar as Escolas aos Municipios para que estes definam a rede nos respetivos territórios e intervenham na Gestão executiva. Aos professores deve apenas estar destinada a questão “pedagogica”.
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Exacto, se há competencia com fartura é nas Câmaras! Se na escola são cursos da treta, então nas Câmaras há quem nem os tenha (e não são poucos). Com o factor da “cunhola”, o nível de capacidade de atuacao/gestão dessa gente é de alto nível. Bem observado piu piu!
Muito bem, seu Pardal ! Cada vez gosto mais das suas opiniões. Você não quer um saco de alpista moída?
Isso mesmo, saem da gestão os ditadorzecos e entram os corruptos!
Mas não estão já lá juntos?! Não são os comissários políticos já lambe-botas das câmaras e do ministério ( e de todos os que lhes possam garantir o tacho)?
Nem mudarão as moscas nem a m@rd@.
Srº Pardal,
Não tem noção do século em que vivemos?
Acha que consegue enganar as pessoas com tanta parvoíce da sua parte?
Poupe-se, que fica a ganhar…
“É urgente entregar as Escolas aos Municipios…”
Entregar as escolas aos Municípios é torná-las dependentes de uma determinada cor política e pô-las ao serviço do caciquismo político… Isso é bom para quem?
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Cara colega
E agora não estão dependentes de cor política????????…. Quem é o Diretor Geral da DGEST????? De que cor é?????? Quem é o Diretor Geral da DGAE ??????? De que cor é????????….. A que cor pertencem a maioria dos Diretores dos Agrupamentos???????
Responda ás questões e diga alguma coisa!….
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Nota prévia: “Colega” só se for de blogue… 🙂
Claro que todos os organismos que mencionou têm cor política, de acordo com determinados resultados eleitorais, mas as orientações emanadas por esses órgãos destinam-se, regra geral, a todas as escolas e não particularmente a nenhuma (a não ser que seja um assunto específico de alguma)…
Já a proximidade física dos órgãos autárquicos em relação às escolas permite o exercício da pressão directa, sob as mais variadas formas, explicitas ou subreptícias… Só se quiser ser muito ingénuo é que não percebe isso…
O “faz de conta” tem limites, senhores!!
Educação Especial (EE):
Um jovem – deficiente pro-fun-do – 18 anos, que não fala nem escreve, , só (só !) por ter essa idade está “matriculado” (!!) numa turma do 12º ano científico- naturais.
Mas há mais, respirem: os professores de EE têm, obrigatoriamente, de estar presentes nas reuniões de avaliação ainda que seja pelo simples facto de lá estar apenas, e apenas … o nome do dito aluno.
Não perderei tempo com comentários. Verbero a falta de respeito por pessoas diminuídas, pensando que estão a “incluí-las”.
Evidentemente que o grupo 910 é alheio a tão inqualificável procedimento.
A Maria ou é uma docente de Ed. Especial frustrada ou não é docente do grupo de Ed. Especial.
Alunos de educação especial que não frequentam as disciplinas do currículo comum mas têm um RTP/PEI e PIT e devem participar das atividades da turma como visitas de estudo, por exemplo, devem ser representados nas reuniões de CT, dando a conhecer o trabalho e desenvolvimento do aluno aos restantes docentes.
Os alunos que não falam nem escrevem , existem e têm direito a frequentar a escola. Para mal de muitos!
No caso que apontei – e há outros – o aluno tem uni-ca-men – te o nome na pauta, nada mais. Até está noutra escola do agrupamento sem “participar” em nada, ou sem que alguém o conheça.
Os abusivos alvitres acerca do meu estatuto são da sua conta.
As escola devem ser entregues a uma gestão democrática que era a que existia antes da figura do Diretor todo poderoso. Ou seja Conselhos Executivos. E devem cumprir determinações do ME a nível NACIONAL, igual para todos para que não exista desvantagens de escola para escola a nivel de aprendizagens.
Municípios ainda sao piores que diretores. É o amigo “tecnico” que vai dar aulas no curso profissional escolhido pelo partido da Camara Municipal, é o professor a ser ameaçado para dar boa nota ao filho do vereador, etc etc
Concordo plenamente com o Rui.
Se assim não está bem (e não está!) entregar a Educação aos municípios, será o fim de alguma liberdade de pensamento e atuação dos professores no ensino! Será a subserviência total, o caciquismo a dominar e substituir a competência e o profissionalismo! Será um” vergar constante a suas Exas!”
E o que percebem os presidentes de Câmara, Vereadores, Assembleias Municipais de gestão? E de educação? Nem sensibilidade têm para isso, quanto mais conhecimentos técnico-pedagógicos (salvo raras exceções).
Acho preocupante que haja um único professor que defenda aquela ideia!
Vejam como gerem os municípios! o descalabro total, é só esbanjar dinheiro dos nossos impostos!…que projetos têm de desenvolvimento das suas populações, de criação de empregos, de dinamização e inclusão de toda a população? Sobretudo em municípios de menor dimensão, (nos grandes passa mais despercebido, mas é igual ou pior!) em que todos se conhecem, o compadrio, incompetência e troca de favores (entre os da mesma cor, ainda que nulos ou incompetentes) é algo que revolta, sufoca , assusta e ameaça qualquer liberdade de pensamento e atuação. Acho que só não vê quem não quer .
Só por clubite/partidarite cega (fazer parte do séquito) ou por não refletir seriamente sobre o assunto, um professor pode defender tal solução. Façam jus ao nome que carregam: SER PROFESSOR e o que isso implica, mesmo no nosso exercício de cidadania ativa.
Passa tudo a AEC… Que bom, tanta democracia!
Agora que todos se habituaram ao bem-bom vai ser difícil voltarem à escola.
Olá,
Sou professora e pertenço ao grupo de risco: artrite reumatóide (doença auto-imune), logo sistema imunitário debilitado, com medicação que ainda o debilita mais e também hipertensão (que só há pouco tempo éque soube também ser de risco).
Disseram-me hoje que, para o ano, professores no grupo de risco terão baixa médica, mas não encontro essa informação em nenhum documento sobre o ano letivo 20/21.
Alguém me pode fazer o favor de esclarecer? Neste momento estou a trabalhar na escola, mas acabo sempre por ter de contactar com alunos (apesar de saberem que sou de risco, estou a fazer vigilâncias, enquanto outros colegas também de risco não têm vigilâncias precisamente por serem de risco).
Agradeço resposta.