7 de Setembro de 2024 archive
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Set 07 2024
A dias do início do ano letivo, há mais 30% de alunos com professores em falta
Comparação dos horários por atribuir a meio da semana com igual momento de 2023 revela agravamento
O problema está diagnosticado, mas agrava-se de ano para ano, afetando cada vez mais alunos. Na quarta-feira passada e com o arranque oficial do ano letivo de 2024/25 marcado para a próxima quinta-feira, havia 1536 horários em oferta de escola por ocupar, o que representa um aumento de 20% face ao mesmo dia do ano passado. Fazendo as contas ao número de alunos afetados pela falta de professores, é possível estimar que, se as aulas tivessem arrancado a meio desta semana, mais de 178 mil alunos do básico e secundário teriam pelo menos uma disciplina sem docente. Repetindo a comparação com o ano passado, o aumento de alunos potencialmente afetados pela falta de professores é superior a 30%.
Os distritos de Lisboa, Setúbal e Faro são os mais afetados pela falta de professores
“Não me recordo de ver tantos horários nesta plataforma”, admite Davide Martins, o professor que tem compilado os dados relativos aos pedidos de professores feitos pelas escolas e que são comunicados após as colocações a nível central que ocorrem a cada semana. Ficando lugares por atribuir, por não haver professores disponíveis nas listas nacionais de graduação, as escolas inserem-nos numa plataforma onde estão todas estas chamadas ofertas de escola. É nesta etapa que é possível contratar profissionais que não têm formação em ensino, por exemplo. Esta espécie de ‘anúncios de emprego’ mantêm-se na plataforma durante três dias. Depois, ou são ocupados, ou voltam a ser carregados, pelo que os números variam todos os dias. Mas há um dado que é certo, comprovado pela análise deste professor de Matemática e colaborador do blogue de educação “DeArlindo”: as dificuldades são maiores este ano e agravaram-se a quase todas as disciplinas e quase todos os distritos. Há três onde claramente se concentram as maiores dificuldades: Lisboa, Setúbal e Faro. Por outro lado, lembra Davide Martins, até agora as escolas só puderam carregar os horários que têm por atribuir para todo o ano letivo e que garantem mais estabilidade aos possíveis candidatos. A partir da próxima semana, as ofertas de escolas vão contemplar também as necessidades de horários de um mês ou pouco mais, para substituições de baixas ou licenças de maternidade, por exemplo, fazendo aumentar o número de alunos sem, pelo menos, um professor. As disciplinas onde há atualmente mais dificuldade em arranjar docentes disponíveis são Informática, Português do 3º ciclo e secundário, Geografia, Matemática, Biologia e Geologia e Física e Química.
Medidas sem efeitos imediatos
Perante as dificuldades que se têm feito sentir nas escolas sobretudo da Grande Lisboa e do Algarve, o Ministério da Educação, Ciências e Inovação anunciou em junho um plano com 15 medidas de emergência, para “prevenir que os alunos fiquem sem aulas durante períodos prolongados: ao longo do ano letivo 2024/2025”. E traçou metas concretas: “conseguir no final do 1º período uma redução em pelo menos 90% do número de alunos sem aulas desde o início do ano letivo em relação a 2023/2024” e garantir que no final ninguém tenha tido interrupções prolongadas. No ano passado, quase mil alunos tiveram alguma disciplina sem qualquer aula dada.
178 mil alunos não teriam professor a pelo menos uma disciplina se as aulas tivessem começado na quarta-feira, segundo as contas feitas por Davide Martins
O problema é que as medidas do Plano Mais Aulas, Mais Sucesso estão longe de produzir efeitos imediatos e significativos. Algumas só começarão a ser aplicadas em 2025, como o recrutamento de docentes aposentados ou a atribuição de uma remuneração adicional mensal para quem atingir a idade de reforma e queira continuar a dar aulas. De efeito mais imediato, está prevista a atribuição de mais 30 mil horas extraordinárias em escolas sinalizadas e o recrutamento de bolseiros de doutoramento e investigadores para dar aulas. “Estas medidas são pensos rápidos incapazes de resolver o problema. Será sempre preciso atrair mais jovens para a carreira docente e estes demoram a ser formados. O que vai acontecer este ano é que vamos ter professores mais cansados e mais pessoas a ensinar sem profissionalização”, antecipa Davide Martins.
O próprio primeiro-ministro já reconheceu a impossibilidade de ter o problema solucionado até ao início das aulas: “Não estamos em condições de poder dizer que, de repente, de um mês para o outro, já vai haver professores em todas as escolas e a todas as disciplinas e não vai haver alunos a serem prejudicados”, declarou na quarta-feira.
Apoios em discussão
Já depois da apresentação do plano, o Governo anunciou mais duas medidas que visam contrariar a falta de professores nas escolas e nas disciplinas mais carenciadas. Uma tem a ver com um novo apoio à deslocação, outra com um concurso de vinculação extraordinário e ambas estarão em negociação esta segunda-feira, numa reunião com os sindicatos.
Sobre o novo subsídio de deslocação – entre €75 e €300 para professores deslocados em escolas onde tem havido dificuldade no recrutamento e em algumas disciplinas específicas -, tanto a Fenprof como a FNE e também o movimento Missão Escola Pública já manifestaram as suas críticas. Seja pelos valores indicados – considerados “baixos” -, seja por não abrangerem todos os profissionais deslocados. O ministro da Educação já manifestou abertura para alterar alguns aspetos da proposta inicial.
Quanto ao concurso de vinculação extraordinário para escolas com falta de professores ainda não se conhecem mais detalhes. Certo é que não conseguirá ter impacto já no arranque das aulas.
As escolas abrem portas aos alunos entre 12 e 16 deste mês, mas o ministro da Educação, Fernando Alexandre, apelou a que todas iniciem as atividades já na próxima quinta-feira. Nos estabelecimentos de ensino, o ano letivo arranca com os ânimos mais serenados, depois do acordo sobre a recuperação total do tempo de serviço e com milhares de professores a começarem a receber os acertos. Resta saber quantos estarão em falta no primeiro dia de aulas, num ano que voltar a contar com mais alunos no sistema.
ISABEL LEIRIA
https://expresso.pt/sociedade/2024-09-05-a-dias-do-inicio-do-ano-letivo-ha-mais-30-de-alunos-com-professores-em-falta-171f5848
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Set 07 2024
Uma sala de aulas sem professor – a inteligência artificial nas escolas
Temos dois alunos sentados diante de dois computadores, minto, diante de dois écrans de dois computadores, um aluno por computador e em cada écran a anatomia do corpo humano entre diagramas e legendas.
Cada um dos alunos tem ao seu dispor um par de auscultadores (“headphones”, ou “phones”, para quem já não se lembra) bem como um par de óculos de realidade virtual e poder-se-ia dizer estarmos de volta aos tempos do ensino à distância mas não estamos: bem vindos à primeira sala de aulas sem professor no Reino Unido, onde cerca de 20 alunos do David Game College aprenderão os conteúdos necessários aos exames do ensino secundário através da inteligência artificial.
Uma turma inteira, portanto.
Sem professores, plural, nas disciplinas de Inglês, Matemática, Biologia, Física, Química, Ciência de Computadores e talvez Geografia.
O programa de inteligência artificial apreende de modo igual os pontos fortes e fracos do aluno, adaptando e individualizando os conteúdos leccionados ao ritmo de cada um.
Os alunos são peremptórios: os professores não sabem individualizar os conteúdos enquanto a um programa de inteligência artificial bastam algumas perguntas para de imediato identificar as áreas na quais o aluno terá mais ou menos dificuldades.
Mais, os alunos afirmam sentirem-se mais bem preparados com uma melhoria imediata da sua autoconfiança e concomitante baixa dos níveis de ansiedade entre bem estar mental e físico, factores a ter em conta num ano onde exames e stress andam de mãos dadas dia após dia.
No entanto, e para quem já teme a perda do seu emprego, a ausência de professores não é total nesta sala de aula onde cerca de três mentores estarão presentes para responder a questões dos alunos bem como oferecer apoio individual e comportamental.
E para acalmar as vozes de quem já alerta para a ameaça da inteligência artificial aqui está o governo britânico a sublinhar a impossibilidade de substituir os professores e a relação única estabelecida com os alunos e por conseguinte e por consequência não há nada a temer até termos tudo a temer.
Até porque de acordo com a Direcção do David Game College somos todos falíveis, sem excepção, e nada como uma máquina para garantir a aprendizagem e os resultados dos seus alunos.
É caso para dizer: fala por ti quando ainda em Julho o mundo sofreu um apagão informático e alguém nos acuda ou não estivessem, e estão, empregos em risco e a inteligência artificial como ferramenta última para o lucro imediato ao invés do seu uso em função do bem comum e em nome da tal sociedade salutar e igual.
Uma utopia caso nada se faça no sentido inverso.
E voltando ao exemplo desta sala de aula, repararam na ironia da aprendizagem do corpo humano através da inteligência artificial? Aprendizagem essa claramente obsoleta para a inteligência artificial apenas à espera da primeira oportunidade para tomar conta da sociedade e quem diz a sociedade diz o planeta?
E porque razão será a Humanidade a explorar e popular o universo quando a sua maior criação estará muito mais capaz de realizar tal façanha?
Apertem os cintos: esta viagem ainda mal começou e se calhar este texto foi escrito através da inteligência artificial.
https://news.sky.com/video/school-introduces-uks-first-teacherless-classroom-using-artificial-intelligence-13206022
João André Costa
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Set 07 2024
Desvalorizados, maltratados e muito mais…
Para ganharem mil e tal euros, ficam perto de casa e fazem outra coisa”, referiu, num seminário de abertura do ano letivo em Barcelos, distrito de Braga
Carreira de professor foi “desvalorizada durante muitos anos”
Fernando Alexandre referiu-se, concretamente, a “milhares de professores” que nos últimos anos deixaram o ensino e enveredaram pela mediação imobiliária.
“O que o país fez aos professores é um bocadinho inexplicável, a carreira foi mesmo desvalorizada. Temos hoje uma carreira que não faz sentido nenhum”, sublinhou.
O resultado é que, ao contrário do que aconteceu durante muitos anos, hoje as pessoas já não querem ser professores, lamentou.
Para inverter essa situação, o Governo vai começar, em outubro, a rever a carreira de professor.
Na sua intervenção, Fernando Alexandre disse ainda que Portugal continua a ter “falhas graves” na universalização do acesso à educação, um problema que o Governo quer corrigir.
O ministro sublinhou ainda a necessidade de as escolas saberem acolher e incluir os alunos imigrantes.
Lembrou que o número de alunos em Portugal está a aumentar por causa dos imigrantes e que isso é um fator positivo.
“A Europa toda precisa dos imigrantes e é bom que a sociedade portuguesa perceba isso”, referiu.
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Set 07 2024
Sobre o Concurso Extraordinário
Na segunda-feira deveremos ter as novidades todas, ou durante o fim de semana deverá ser enviada aos sindicatos uma primeira proposta.
PR questiona “como é que não se falou mais” do concurso extraordinário de professores que promulgou
Marcelo Rebelo de Sousa admite estar preocupado com o início do ano letivo. Segundo o Presidente da República, “o Governo teve a noção de que havia um problema de professores, que havia professores com horário zero, muitos, em certas áreas do país, e havia vagas sem professores, muitas, noutras áreas do país”.
FENPROF
A formalidade dos processos negociais é de respeito obrigatório no relacionamento institucional entre organizações sindicais e patronais
Até ao momento, a FENPROF não recebeu qualquer proposta do MECI para a reunião de 9 de setembro, apesar de a lei determinar que um qualquer processo negocial exige a apresentação de uma proposta por parte de quem o inicia.
Perante esta situação, a FENPROF aprovou e decidiu enviar ao MECI a sua posição.
FNE
Reunião negocial entre FNE e MECI sobre concurso externo extraordinário e apoio à deslocação acontece a 9 de setembro
O Ministério da Educação, Ciência e Inovação (MECI) convocou a Federação Nacional da Educação (FNE) para uma reunião negocial sobre o Decreto-Lei relativo ao regime excecional e temporário que regula o concurso externo extraordinário e apoio à deslocação, a decorrer nas instalações do Ministério da Educação, no Centro de Caparide (Rua Principal do Alto do Espargal, n.º 382), no próximo dia 9 de setembro, às 09:00H.
Esta reunião vai contar com a seguinte ordem de trabalhos:
Ponto único – Negociação do decreto-lei que cria um regime excecional e temporário que regula o concurso externo extraordinário de seleção e de recrutamento do pessoal docente da educação pré-escolar e dos ensinos básico e secundário, a realizar no ano letivo de 2024-2025, e que cria, ainda, um apoio à deslocação destinado aos educadores de infância e aos professores dos ensinos básico e secundário colocados em agrupamentos de escolas ou escolas não agrupadas considerados carenciados, nos termos da Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas.
A FNE aguarda que a tutela envie proposta/documento sobre as matérias acima referidas, de forma a ter uma base mais concreta para poder trabalhar a sua contraproposta.
Porto, 03 de setembro de 2024
A Comissão Executiva da FNE
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Set 07 2024
Enquanto a carreira docente não for valorizada…
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