O ano letivo arranca já na próxima semana e a falta de professores continua a crescer. A plataforma que agrega os pedidos de docentes por parte das escolas tem, neste momento, 1403 horários a concurso, correspondendo a 26706 horas, atingindo quase 180 mil alunos (178040). Na segunda-feira eram 122 mil os estudantes que, se as aulas começassem esta semana, não teriam professor a pelo menos uma disciplina.
Os números foram avançados pelo blogue «ArLindo» (dedicado à Educação), que alerta para o facto de se tratarem apenas de horários anuais, não contemplando substituições, prevendo, assim, um agravamento da falta de professores nas escolas. Lisboa continua a ser a zona mais crítica, com 867 horários a concurso. Segue-se Setúbal, com 304 e Faro, com 56. Contudo, a falta de docentes já atingiu outras zonas do Centro e Norte do país, onde se encontram a maioria dos docentes da escola pública.
Arlindo Ferreira, diretor do agrupamento de Escolas Cego do Maio, Póvoa de Varzim, e autor do referido blogue não se recorda de um número tão elevado de horários por preencher na primeira semana de setembro e prevê um ano muito difícil no que se refere à escassez de professores. Questionado pelo Diário de Notícias sobre a causa do agravamento, o diretor escolar acredita que se deve à “desorganização no apuramento de vagas no concurso interno”.
“O concurso permitiu que muitos professores que ficaram colocados em Lisboa tenham ficado em Mobilidade Interna no Norte e descalçou as escolas mais a Sul”, explica. Arlindo Ferreira admite que o número de horários possa baixar com a publicação da Reserva de Recrutamento 2 (dia 9 de setembro), mas alerta que, nesta contagem, ainda faltam os horários de substituição de professores doentes, algo “imprevisível”.
O autor do blogue ArLindo salienta o previsível agravamento do problema com a necessidade de substituições, alargado a todas as zonas do País. “Já há pedidos de horários a Norte e, em alguns grupos de recrutamento, não há professores suficientes, como Informática, Português, Matemática ou Geografia. Daqui a dois meses vamos ouvir falar de falta de professores na zona Norte porque não há professores suficientes para garantir as substituições”, conclui.