E não querendo ser presunçoso, sexta-feira 13, e não quinta 12, começam as atividades letivas no agrupamento que dirijo com a totalidade dos professores em funções para o 1.º dia de aulas.
100% dos alunos têm professor.
Ao todo são 1111 alunos e 118 professores.
Os alunos são de 22 nacionalidades (incluíndo a portuguesa) e 9,27% são de nacionalidade brasileira. A portuguesa é de 84,97%.
A média de idades dos 118 professores é de 54,1 anos.
95% são docentes QA/QE do agrupamento, e apenas existem 6 contratados, 2 colocados na RR1 e 4 colocados na RR2. Só 4 horários são temporários, dois deles passarão a anuais logo que venham as aposentações.
O Conselho de Ministros, reunido no dia 11 de setembro de 2024, na Residência Oficial do Primeiro-Ministro:
1. Apreciou medidas no âmbito do arranque do ano letivo 2024/2025, designadamente o programa “Aprender + Agora”, relativo à recuperação das aprendizagens, e recomendações sobre o uso de telemóvel nas escolas;
2. Na sequência do plano +Aulas +Sucesso, para reduzir o número de alunos sem aulas, aprovou um Decreto-Lei com duas medidas complementares destinadas às escolas com maior escassez de docentes:
a. Um novo concurso extraordinário de seleção e recrutamento de pessoal docente da educação pré-escolar e dos ensinos básico e secundário, a realizar no ano letivo 2024-2025, para satisfação das necessidades permanentes desses agrupamentos de escolas e escolas não agrupadas;
b. Um apoio extraordinário à deslocação destinado aos professors colocados em escolas carenciadas, independentemente do grupo de recrutamento, a mais de 70 quilómetros do domicílio fiscal. Este apoio varia entre 150 euros e 450 euros mensais, conforme a distância.
Uma das muitas medidas apresentadas pelo governo foi a de simplificar os procedimentos necessários para a certificação de professores imigrantes.
Faltam 2228 professores. Isto de acordo com dados do conhecido blogue Arlindovsky, atualizados ontem. O número é volátil, mas tomemo-lo como referência.
Uma das muitas medidas apresentadas pelo governo foi a de simplificar os procedimentos necessários para a certificação de professores imigrantes. Na altura, o ministro da Educação referiu o objetivo de, por esta via, contar com mais 200 professores no sistema. O único partido da oposição que reagiu foi, naturalmente, o Chega, acusando Fernando Alexandre de “fraqueza”.
200. Não é determinante, mas também não é indiferente. Se este objetivo tivesse sido cabalmente cumprido, teríamos, neste momento, cerca de 9% da falta de professores resolvida.
A agilização desta certificação não parece, até agora, ter suscitado uma alteração normativa, já que as FAQ do Ministério continuam a referir legislação de 2005, que não aparenta ter sido alterada. Assim, o que por ora está em curso será mais uma aceleração processual prática do que uma modificação substancial dos próprios requisitos. Ora, nesse sentido, soube-se ontem, através de um depoimento de fonte anónima do ministério junto da imprensa, que foram já recebidos 129 pedidos desde o anúncio. Destes, 90 aguardam completamento da documentação por parte dos solicitantes e 39 foram apreciados. E, destes, 10 foram deferidos e 29 foram indeferidos.
Portanto, temos 10 novos professores imigrantes em Portugal. Ou seja, 5% do objetivo de colmatar 9% da falta de professores. Destaco, pois será importante para o que aí vem: mesmo que o objetivo de recrutar 200 novos professores estrangeiros seja totalmente alcançado, esses professores representarão cerca de uma milésima e meia parte face ao total de docentes no setor público (131?133, em dados de 2022).
O já referido blogue Arlindovsky é de um valor consensual não só na partilha de informações sobre a Escola Pública, mas também na própria produção de conhecimento sobre a alocação de docentes, com detalhados estudos quantitativos levados a cabo pela sua equipa. O que porventura será terreno mais polémico é a sua política de moderação, que parece estar baseada numa visão maximalista da liberdade de expressão, postura defensável e quiçá emblemática num tempo em que, com frequência, a mera ofensa subjetiva se tem tornado condição suficiente do silenciamento objetivo.
Uma das vantagens desta abertura é termos acesso não mediado a barbaridades.
No post em que o blogue divulga a notícia desta dezena de professores estrangeiros que entrou no sistema – sete do Brasil, dois de Espanha e um de Cabo Verde –, um comentário apela a “uma posição dos Encarregados de Educação, caso não aceitem que os seus filhos fiquem a falar português açucarado”.
Mantendo-nos na esfera digestiva, outro utilizador constata: “Agora facilitam os estrangeiros. Dá vómitos”.
E, num acesso de pânico, há ainda um terceiro que se interroga: “Já são dez? Daqui a algum tempo vão contar-se aos milhares”.
Serão realmente docentes, os autores destes comentários? Gostaria de achar que não, mas suspeito que sim. Há toda uma idiossincrasia de zanga e azedume numa parte das interações com este blogue, felizmente minoritárias, infelizmente recorrentes.
Por isso, lamento, mas só consigo terminar este texto assim: Deus nos proteja destes parasitas. Não me refiro aos imigrantes, mas a quem perdeu há já muito tempo o humanismo que deve nortear todos aqueles que trabalham numa escola.
Aos meus novos colegas brasileiros, espanhóis e cabo-verdiano: bem-vindos!
Cerca de 3.000 alunos do agrupamento de Agualva Mira-Sintra começam as aulas esta quinta-feira, sendo que centenas não terão professor a, pelo menos, uma disciplina. No total, por todo o país, vão ser cerca de 200.000 os estudantes sem docentes.
A um dia do arranque do novo ano letivo os diretores das escolas fazem os possíveis para preencherem todos os horários. A falta de professores vai continuar a afetar cerca de 200 mil, que não vão ter aulas a, pelo menos, uma disciplina. A SIC foi a uma escola em Sintra onde faltam ainda cerca de 30 profissionais.
As preocupações dividem-se na sala da direção entre a recuperação do tempo de serviço, a colocação de alunos e o recrutamento de professores, mais complicado em comparação ao ano passado.
No agrupamento de escolas de Agualva Mira-Sintra, as falhas sentem-se mais nas disciplinas de português, línguas estrangeiras e informática.
A um dia do arranque das aulas, a solução da escola passa por sobrecarregar os profissionais colocados até conseguir preencher todos os horários. Uma gestão difícil, assume o diretor do agrupamento, sobretudo este ano letivo com 30% do corpo docente renovado, consequência do maior concurso de sempre de professores.
Em Sintra, além da falta de professores, há ainda alunos em lista de espera a aguardar vaga numa escola.
Cerca de 3.000 alunos do agrupamento de Agualva Mira-Sintra começam as aulas esta quinta-feira, sendo que centenas não terão professor a, pelo menos, uma disciplina. No total, por todo o país, vão ser cerca de 200.000.
Esta quarta-feira, a partir das 16h, o Governo vai anunciar, no briefing após o Conselho de Ministros, as medidas pensadas para responder à falta de professores.
Estes dias, através de um secretário de Estado (que já foi Diretor Geral de Educação, em tempo de João Costa) anunciou-se uma mudança do regime de gestão das escolas. Não me parece que vá no sentido que faz falta, conhecendo os protagonistas e ouvindo com atenção o discurso do Ministro sobre isso.
Mas, além de mexer nessas coisas, o Ministério devia focar-se na questão central do quotidiano das escolas que é a burocracia.
Burocracia é diferente de excesso de burocracia
A palavra burocracia vulgarizou-se no contexto da teoria da burocracia de Weber.
E, na origem do sentido criado por Max Weber, é uma coisa boa: organização formal, regulada, previsível e legitima. Burocracia, na visão teórica original de quem começou a usar a palavra, é uma coisa positiva, que supera a tirania e o feudalismo.
Burocracia é um caso linguístico engraçado, porque no uso comum a perversão dela é designada pelo mesmo nome do conceito.
A perversão da democracia não é democracia é demagogia. Mas a perversão da burocracia não é no uso comum designada como excesso de burocracia, mas simplesmente pelo nome do conceito que é pervertido: burocracia. Esta situação linguística coloca problemas nos debates.
Licínio Lima, que é reconhecidamente um dos mais notáveis especialistas da administração escolar neste país, usa o termo hiperburocracia para distinguir a boa da má, a que é demais da que faz falta.
Por exemplo, como defendo modelos weberianos de burocracia (e acho que o problema do excesso de burocracia é uma perversão) penso que a situação que se vive nas escolas, sendo gravíssima, não justifica tiradas como “temos de acabar com a burocracia”.
Alguma tem de haver, porque tem de haver formas padrão e formalizadas de fazer as coisas. As escolas não podem funcionar à base de vontades de agir individuais, mas como organizações coletivas, para mais públicas, tem de ter burocracia.
Aliás, muitos diretores que fazem discursos pela desformalização, na verdade, querem é abrir espaço à sua discricionariedade individual. A burocracia, bem dimensionada, defende direitos, porque implica regras claras.
Ou as coisas não funcionam.
(A perversão da palavra resulta também de ter havido teóricos liberais do início do século XX que criticaram o conceito, para criticarem o peso do Estado, sendo a burocracia um modelo de organização típico do que é público, embora não só; e como os governantes atuais, liberais económicos, não gostam do Estado e do seu peso na educação prevê-se a abordagem que vão acabar a dar ao problema).
Há uma norma que me citam sempre nestes debates sobre burocracia que diz que nas questões de escola devem prevalecer as considerações pedagógicas sobre as administrativas.
Esse artigo de uma lei devia ser debatido com mais profundidade e menos tendência panfletária. O pedagógico implica o administrativo que retroage com o pedagógico. E a má compreensão disto também agrava os problemas com a burocracia.
Se se debatessem melhor os documentos (e com o devido processo) nos órgãos – ação que se diz ser administrativa- não havia MAIA, essa perversão burocrática. Ninguém vota pela maluquice burocrática daquilo, no seu perfeito juízo, num sistema que não dê azo a pensamento grupal.
Até porque um dos problemas mais graves é a “burocracia pedagógica”.
Faz sentido, por exemplo, haver critérios de avaliação de disciplina com 32 páginas? Um caso em que o “pedagógico” prevaleceu sobre o administrativo e deu asneira, porque burocracia, no sentido preciso, implica funcionar bem.
Mas não vos maço mais com teorizações….
Consertar a burocracia: uma questão de participação
Numa democracia todos podemos dar ideias sobre as regras que nos governam.
A burocracia das escolas, juntamente com a indisciplina, é uma das coisas da minha vida de professor que me incomoda mais. E o incómodo agrava-se porque estudei o tema com profundidade e vejo o contraste entre o que devia ser e o que é.
É como um cozinheiro que vai a um restaurante e lhe servem ovos estrelados mal fritos. Aquilo dói-lhe mais, que a outra pessoa que não treinou estrelar ovos até perceber as nuances mais subtis de uma coisa tão básica. E estrelar ovos exige método, mas não é complicado.
Porque combater a burocracia excessiva também não é coisa complexa. Começa pela atitude interiorizada de exatamente não querer aumentar a complexidade burocrática. Ser simples e ter ideias claras e distintas sobre o processo de fazer as coisas.
E muitos professores não a têm e são carrascos de si próprios.
Combater a burocracia é usar muito a navalha de Ockham e simplificar sempre e não complicar. E fazer algo que arrepia muita gente: cumprir a lei.
Gosto muito e apelo muito a leis como o CPA ou a LADA e sou gozado por isso.
Mas a razão básica para insistir tanto é porque são leis desburocratizadoras em alto grau e que garantem direitos individuais dos administrados (que é uma das formas mais eficazes de reduzir a burocracia).
Mas imaginemos que passávamos a funcionar como outros países democráticos e apelávamos à participação dos cidadãos para refletir na resolução dos problemas.
No despacho sobre burocracia, que fez no ano passado, o Governo PS colocou, entre as medidas, que cada escola fizesse um plano interno de redução da burocracia.
Quantas fizeram?
Eu perguntei na minha e nem me responderam, além de gozarem comigo.
Fazer festas e projetos supostamente criadores de empatia é relativamente fácil. Combater a burocracia exige estudo, é penoso, implica mudar de atitude e confrontar. Às vezes, não é simpático porque implica combater devaneios que fazem pessoas felizes. Por isso, ela cresce todos os dias.
A burocracia excessiva não desaparece por magia. Implica ações contra o aumento de complexidade dos processos, aumento que é um processo entrópico.
Processos “no osso” significam eficácia e simplicidade. O mal começa quando alguém junta mais uma fichinha ou uma tabelinha….
Mas, imaginemos que o Governo lançava uma consulta nacional para ideias para reduzir a burocracia nas escolas.
Aposto que a mais popular ideia concreta era: “acabar com o Maia”, esse totem da perversão burocrática (que curiosamente é pedagógica e, por isso, prevalece imune, mesmo com as críticas intensas dos “gestionários”, como eu).
Mas a coisa tem de ir mais fundo e ser mais abrangente e geral. Acabar com o MAIA não garante que não venha coisas semelhantes ou pior em nome da “bondade dos processos pedagógicos” em nome “do bem da escola e dos alunos”.
Os hiperburocratas agem sempre em nome do bem (até Eichmann dizia isso).
10 ideias gerais de um parolo de Viana para ponderar na luta contra a burocracia excessiva
Deixo as minhas ideias, que não tenho a veleidade de achar que chegam.
Mas com 29 anos de serviço, 8 anos a gerir escolas, experiência de gestão serviços de 2 ministérios e uma mão-cheia de cursos de gestão pública e administração escolar, mesmo sendo um provinciano vianense, tenho ideias que acho não faz serem partilhadas e que podem ser partilhadas, como as de qualquer cidadão, mesmo que calcule que vai haver muita gente que lhes vai achar pouco mérito.
Mas um debate é isso. Um, lança ideias e, outros, criticam e, depois, quem lançou, volta a defender ou a conceder.
Medida 1 – Digitalizar a gestão de alunos – O e360, o programa de gestão de alunos e aulas que o ME inventou há uns anos, está a ser um fiasco.
Os processos dos alunos continuam divididos entre papel e programas e isso agrava os problemas. Como o programa é partilhado entre as escolas, o governo devia criar um Instituto de Informática como existe noutros ministérios e assumir a gestão partilhada com um órgão de representação das escolas.
E aí é preciso gastar dinheiro e colocar gente que perceba e tenha tempo.
Medida 2 – Agir nos pontos críticos – As tarefas em que as pessoas se queixam de mais peso da burocracia são as que dizem respeito às funções de DT (sejam no 2º, 3º ciclo e secundário, seja a componente desse tipo nas tarefas de titular no pré-escolar e 1º ciclo).
É aí que vale a pena atuar, mudando lógicas, e só como exemplo, nos processos de faltas e de educação especial. Não vou falar muito disto, mas acho que todos os professores percebem.
Mas falar de educação especial leva-nos logo a pedagogismos muito aborrecidos, que são sempre bramidos para justificar mais um papel e mais um processo (que normalmente não acrescentam valor ao mesmo nível do que custam a executar).
O Maia cai no mesmo tipo de debate.
Quem quiser acabar com esta burocracia toda tem de atuar como Alexandre no nó górdio e talvez tenha de se zangar e verbalizar um “deixem-se dessas tretas”.
Sem essa coragem política anti-pedagogismos ocos, nada feito (por isso, João Costa não conseguiria nada a lutar contra a burocracia excessiva, ainda que tivesse vontade, porque uma parte dela nasceu e agravou-se nos seus 8 anos).
Medida 3 – Reduzir autonomia a mais – Isto soa mal, mas a verdade é que uma parte substancial da burocracia de que as pessoas se queixam vem de iniciativas das escolas (“fichinhas e tabelinhas” como lhe chamo).
Já todos foram a palestras e conferências em que um professor de uma qualquer escola apresenta orgulhoso a sua ficha “muito jeitosa” para fazer a monitorização de uma coisa qualquer que a última moda acha que deve ser monitorizada.
Isso é burocracia a crescer. E multiplicada por centenas de escolas e milhares de missionários.
Os processos de gestão de alunos e os documentos necessários têm de ser mais ou menos os mesmos em todas as escolas, se estas não se puserem a inventar.
Era fazer um manual nacional e impedir originalidades locais sem fundamento racional. Isto é uma atitude que faz falta: impedir autonomia a mais, usada para inventar o inútil e complicar.
Medida 4 – democratizar e regular por lei e não por negociações de “lobbies” intra escola – Alguns diretores e conselhos pedagógicos acham que brilham a inventar processos, passos de processos e documentos inúteis e que não acrescentam valor. Se não estivessem em roda livre, a mandar sem que as vítimas se possam opor, sem controle democrático, não o podiam fazer e podia haver controle do crescimento burocrático local.
Faz sentido que um regulamento interno de uma escola tenha mais artigos que uma lei de bases de um setor económico fundamental? Ou que se ache e verbalize “que o diretor é soberano” e que o RI não tem de se subordinar à lei geral do país?
Por exemplo, porque não fazer uma auditoria nacional aos regulamentos internos das escolas e expurgar tudo o que fosse burocratizador e inútil e até o que é manifestamente ilegal, mas é imposto?
Em termos simples, a hipertrofia do diretor fez com que a gestão das escolas não tenha “checks and balances”, no meio da fantasia da autonomia, o que gera burocracia e complicação (quanta burocracia são devaneios dos lobbies dominantes de certas escolas?).
Medida 5 – Moderar o ímpeto complicativo dos serviços do MECI como opção política– Isso passa por definir, como lógica de governação, que notas informativas, despachos e ordens de serviços que criem burocracia (via plataformas ou outra coisa qualquer) têm de ter um processo de elaboração controlado e sujeito a múltiplas autorizações.
Isto é combater a burocracia com controles burocráticos aos burocratizadores (e há experiências estrangeiras no tipo das chamadas “normas kafka” que funcionam).
“Se queres impor um passo burocrático tens de provar que tem ganhos e acrescenta valor, ou esquece, porque não o podes fazer sem autorização do membro do governo.” (que um burocrata puro tem medo de pedir).
Muitos técnicos de DRE e outros perdiam a razão existencial (e teriam de ir dar aulas, ….o que até daria jeito).
Aliás, quantas horas e dinheiro de custos ocultos se consomem em passos burocráticos inúteis (alguém fez a conta? Devia fazer….mesmo sendo um dos problemas mais grave, a “a recolha desmultiplicada em plataformas de dados estatísticos”).
Medida 6 – compilar todas as leis e normas administrativas existentes e realmente vigentes no MECI. Nas cadeias existe um “regulamento geral”, comum a todas.
Fazer um para as escolas e só dar espaço à diferença local burocratizadora no que fosse realmente necessário parece-me boa ideia (os franceses têm isso e funciona).
Criar manuais (coordenados com o suporte informático) para todos os processos comuns às escolas. A lei, a norma geral e abstrata protege contra as arbitrariedades burocráticas.
Medida 7 – dar formação generalizada aos dirigentes e membros dos órgãos de gestão nas leis desburocratizadoras, em especial o CPA (mas também nas outras). Muita burocracia vem de ideias vulgarizadas, mas peregrinas, sobre a lei. E discussões ociosas sobre como interpretar.
Ninguém pode ser dirigente superior da Administração Pública não escolar sem ter um curso chamado CAGEP e os intermédios têm de ter FORGEP (os cursos mudaram de nome há meses, mas os novos nomes ainda não são muito conhecidos).
Um coordenador de departamento, que gere e gera (e gerar é o problema) burocracia nas suas funções, devia estudar o contexto teórico e legal que permite evitar esse fenómeno. Quantas arbitrariedades se evitavam por exemplo na ADD?
Aliás, lembrar aos dirigentes das escolas e do ME que têm de cumprir a lei porque é lei e não apenas por medo do tribunal (que não têm e, por isso, não cumprem) era um bom princípio de trabalho.
Medida 8 – Impedir (proibindo), como regra geral, a duplicação papel /digital e impedir a coisa mais perversa, que é andar a passar dados de um programa para outro, com um papel pelo meio.
Isso é perda de tempo, é burocracia inútil e é absolutamente ridículo. Mas acontece demasiadas vezes.
Medida 9 – reorganizar sistemas de arquivo e acabar com as dificuldades à gestão de dados digitais. As medidas 8 e 9 deviam ter por trás uma intenção de acabar com o papel como recurso operativo em todos os serviços do ME num certo prazo (como data, proporia o próximo aniversário redondo da Lei de Bases).
Associado a isto o MECI devia por as escolas a cumprir realmente as leis sobre cibersegurança, proteção de dados e transparência administrativa. Isto não custa nada (é só cumprir o que já está definido e quase ninguém quer saber, até “alguém se lembrar de encostar uma escada a um muro” e dar borrasca).
Medida 10 – Aplicar recursos – Em cada Concelho devia existir uma equipa de apoio informático aos processos das escolas, constituída por técnicos habilitados a tempo inteiro para apoiar a mudança (não professores) e dimensionada às necessidades de cada território.
A nível nacional devia ser criada uma Agência Interna de Desburocratização, com poderes de recomendar ao ministro, coisas como “não deixe sair essa portaria ou esse despacho porque agrava processos” ou “acabe com esse projeto bonitinho, porque é bonitinho, mas agrava a burocracia e mói o tempo disponível nas escolas que custa dinheiro e faz falta noutras coisas”.
Só o facto de haver um sítio para verbalizar … (eu sei que o Conselho das escolas e o CNE deviam ser isso, mas têm sido? E eu estou a pensar numa coisa mais técnica e menos política).
Podem dizer….”e quem és tu para vires com este arrazoado e ousares propor estas coisas?”.
Se leram até aqui é porque não é assim tão desinteressante e talvez alguma coisa se aproveite.
Para Weber, a burocracia era um sistema organizacional que, por ser geral e abstrato, permitia legitimar a hierarquia.
Numa democracia todos temos o direito de participar.
E é isso que estou a fazer, professor, que sofre, mais que a média, porque para mim não é uma fatalidade (mas um ato voluntário de alguém), com a burocracia excessiva, mal pensada e hiperburocrática.
Paradoxalmente, quero uma burocracia melhor para que haja melhor pedagogia. Porque a burocracia boa é boa para a pedagogia.
Escolas continuam à procura de professores para mais de dois mil horários. Há, pelo menos 126 horários vazios em Informática, mas há também 92 horários por preencher a Português, 83 horários para professores de Matemática, 80 para docentes de Física e Química e 75 horários para História e de Geografia.
A um dia do arranque do ano letivo, as escolas ainda procuram professores para mais de dois mil horários que continuam vazios, a maioria anuais, deixando cerca de 117 mil alunos sem aulas a, pelo menos, uma disciplina.
Depois de conhecidos os resultados da segunda reserva de recrutamento, em que foram colocados 2.500 professores, as escolas continuam à procura de professores para ocupar 2.228 horários submetidos desde segunda-feira.
A contabilização, feita por Arlindo Ferreira, autor do ‘blog’ sobre educação “Blog DeAr Lindo” e diretor do Agrupamento de Escolas Cego do Maio, Póvoa de Varzim, inclui apenas os horários disponíveis na oferta de contratação de escola, o último recurso disponível para o recrutamento de professores.
Além destes, poderão somar-se ainda os horários a concurso em contratação de escola submetidos nas semanas anteriores e que ainda não foram preenchidos e aqueles que serão disponibilizados na próxima reserva de recrutamento, cujos resultados serão conhecidos na segunda-feira.
À semelhança dos anos anteriores, é para a disciplina de Informática que as escolas têm maiores dificuldades em contratar, mas o cenário é preocupante em quase todos os grupos de recrutamento, à exceção do pré-escolar e 1.º ciclo.
Para Informática, por exemplo, as escolas têm ainda, pelo menos, 126 horários vazios, mas há também 92 horários por preencher na disciplina de Português, 83 horários para professores de Matemática, 80 para docentes de Física e Química e 75 horários para História e de Geografia.
“Acho que (a situação) está pior neste momento”, disse o diretor escolar em comparação com o ano passado.
De acordo com a contabilização feita até às 17:30 de terça-feira, os mais de dois mil horários traduzem-se em cerca de 117 mil alunos sem aulas a, pelo menos, uma disciplina.
Medidas para responder à falta de professores
As aulas começam entre os dias 12 e 16 de setembro, num novo ano letivo que o ministro da Educação, Ciência e Inovação já admitiu que vai arrancar com “milhares de alunos sem aulas”.
O Governo aprovou, para este ano, um conjunto de medidas para tentar responder à falta de professores nas escolas, que passam pela possibilidade de contratar professores aposentados com uma remuneração extra ou de bolseiros de doutoramento.
Além do plano “+ Aulas + Sucesso”, o Governo vai criar um apoio a professores deslocados colocados em escolas para onde é difícil contratar docentes e vai realizar, ainda durante o 1.º período, um novo concurso de vinculação extraordinária para as escolas mais carenciadas.
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Fora o governo, ainda não ouvi os outros partidos a comentar a falta de professores neste início de ano letivo.
O PNS, cada vez que aparece numa qualquer feira, comenta o futuro OE e os dados que não dispõe, fala também que os problemas quem os tem é o governo.
O Chega está mais chegado a pedir satisfações de tudo e de todos, ao OE que não apoiará, mas da educação nada diz.
Dos outros podemos dizer que ainda nada disseram… pelo menos que se tenha ouvido.
Devem estar todos à espera do dia 12 de setembro para mandar vir.
Oposição ou não, arranjem lá soluções para o problema que muitos de vós, neste século, ajudaram a chegar a este ponto. Aprovem no Parlamento soluções como já fizeram. Ou será que a Educação não é prioridade para a oposição?