A não ser que se conceba uma Escola sem Professores…
Referindo-se aos Sindicatos de Educação que decretaram Greves para os próximos tempos, o Ministro João Costa afirmou que:
– “Ninguém tem o direito de prejudicar mais os Alunos. Sempre que as aulas estão paradas, nós estamos a ter prejuízo para os alunos.” (CNN Portugal, em 2 de Setembro de 2023)…
O Ministro da Educação parece ignorar que:
– A Greve é uma forma de contestação e de demonstração de repúdio por determinadas medidas governativas, prevista na Constituição da República Portuguesa;
– Ninguém, certamente, fará Greve por prazer, nem com especial agrado;
– Quando se adere a uma Greve é porque existem motivos factuais e incontestavelmente válidos para o fazer…
Ignorar o anterior é não reconhecer que existem fortes motivos de contestação e de reivindicação, tentando deslegitimar o direito à Greve…
Trata-se, portanto, de uma estratégia sórdida e ignóbil que se escuda na falsa defesa dos interesses dos Alunos para desacreditar a luta dos profissionais de Educação…
Assim sendo, o direito de prejudicar os Alunos parece estar reservado ao próprio Ministério da Educação, talvez reflexo da sua obstinação em negar a realidade:
– Pelas políticas educativas que desrespeitam e desvalorizam os Professores, a profissão Docente deixou de ser atractiva, mas isso não prejudica os Alunos;
– Os milhares de Alunos que ficarão sem aulas, por falta de Professores, não são prejudicados;
– Os Professores não são ressarcidos do roubo do tempo de serviço, mas isso não tem reflexos na sua motivação e não prejudica os Alunos;
– A maior parte dos Professores nunca atingirá o topo da Carreira, mas isso não lhes provoca mal-estar e não prejudica os Alunos;
– Parte significativa dos Professores ficará colocada em escolas situadas a dezenas ou centenas de quilómetros da sua área de residência e da sua família, mas isso não cansa nem deprime e também não prejudica os Alunos;
– Em suma, os profissionais de Educação não têm quaisquer motivos para contestações ou reivindicações, pelo que as Greves não passam de irresponsáveis veleidades…
Se a anterior “linha de pensamento” não for absurda, o que será um absurdo?
O que prejudica os Alunos, na perspectiva do Ministério da Educação, parecem ser as Greves e os malvados profissionais de Educação que adiram às mesmas, mas nunca os erros da própria Tutela…
Nenhum erro do próprio Ministério é reconhecido ou assumido como tal, pelo que o ónus dos “prejuízos” respeitantes aos Alunos é, invariavelmente, atribuído a terceiros…
Não reconhecer os próprios erros e fracassos, remetendo, sistematicamente, a terceiros a responsabilidade pelos mesmos, é de resto uma estratégia que, no limite, terá como principal função proteger o ego e manter e/ou elevar a auto-estima, acabando por influenciar negativamente a acção, limitando ou até mesmo impedindo o questionamento e a reflexão acerca de si e das respectivas práticas…
No limite do ilógico e do disparatado, será caso para considerar que o direito de prejudicar os Alunos parece estar reservado ao próprio Ministério da Educação e ser exclusivo do mesmo…
Por outras palavras, ninguém tem o direito de prejudicar os Alunos, a não ser o próprio Ministério da Educação…
A tentativa, por parte do Ministério da Educação, de instrumentalizar os interesses dos Alunos contra os Professores, parece fazer parte de uma estratégia populista e propagandista, através da qual se pretende obter o apoio e o agrado da “opinião pública”…
Sem qualquer esperança de que o actual Ministério da Educação seja acometido por algum rasgo de clarividência e de honestidade intelectual, só restará Resistir…
Resistir, mas, de preferência, sem cair na ilusão do optimismo tóxico e sem esquecer que, na realidade:
– “Nada é tão horrível que não possa piorar” (Paula Dione)…
Nenhum Governo poderá legitimamente afirmar que a prioridade são os Alunos, se as suas políticas educativas forem dominadas pelo sistemático e retumbante prejuízo infligido à Classe Docente…
A não ser que se conceba uma Escola sem Professores…
(Paula Dias)
7 comentários
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Senhor ministro e o senhor não tem o direito de prejudicar mais os professores.
Se existem EE neste país devem verificar se a culpa é dos professores ou do ME, PM e PR.
Os EE também foram verificar que um tal diretor plagiou o projeto!
Isto é estranho, ou não?
Saíram logo os dois projetos na lista!…
Os EE devem tentar os jogos da sorte/azar!.…
Irão ficar ricos e já não precisarão da escola pública!…
Portugal e os ideais dos espertos!…
Nunca pensei viver isto, no meu país!… PORTUGAL
A maioria dos EE quer uma escola assistencialista. Os alunos não respeitam os professores visto serem, na sua grande maioria, o reflexo dos pais.
Milhares de professores todos os dias a tentar transmitir os mesmos conhecimentos . Que desperdicio – venha a IA.
Tentar atribuir as culpas a terceiros é o apanágio destes costas e ‘su casta’.
O que eles queriam mesmo era professores caladinhos e carneirinhos, a fazerem vénias a S. Exas.
O que ensirariam estes professores? O mesmo que os professores do antigo regime, em que o Presidente do Conselho era a figura ao lado de Deus. E o Ministro da Educação seria um Santo.
Não haveria espírito critico. Democracia seria uma ilusão. E todos de maozinha estendida a saudar as S. Exas.
Bafientos nojentos.
O que eles queriam mesmo era retirar o direito à greve aos professores, aos médicos e a outros trabalhadores.
Por isso é que digo. Este PS, que é o mesmo de Sócrates, não passa de uma versão moderna e rídicula de fascismo. Não fosse André Ventura o melhor amigo de Costa, retirando votos ao PSD (se bem que estes agora são mais liberais de Sociais-Democratas).
Os professores são, de longe, os mais desrespeitados por estes governantes, que fingem estar preocupados com a Educação Pública deste pobre país, quando impingem a todos, as suas políticas completamente desadequadas a uma Educação de qualidade! O país a andar para trás, a uma velocidade estonteante e a areia nos olhos do Zé Povinho, todos os dias, sem que muita gente se dê conta. E assim vai o 25 de abril, que já morreu há muitos e muitos anos.
Não existem cidadãos como antigamente!…
Sabem lá os nossos governantes o que foi o 25 de Abril!…
No mínimo, para irem para a política deveriam, obrigatoriamente, de passar pela “tropa”.
Adquirirem competências mínimas de sacrifício, respeito, obrigações!…
Retirar o fato e gravata e vestir a “farda”.
Só assim se trabalharia com, “amor á camisola”!…
Só fazendo sacrifícios é que sabem quanto custa a vida.
Já agora, quem fez o 25 de Abril?…