ESPÓLIO EDUCAÇÃO; eu vi claramente visto!

ESPÓLIO EDUCAÇÃO; eu vi claramente visto!

 

 

Eu vi, claramente visto, o desvario da Educação em Portugal.

Eu vi, claramente visto, o inverno gélido da Escola Pública que tarda em desabrochar em primavera florida.

Eu vi, claramente visto, o Ensino escolar actual de faz de conta, de ideologia e cultura facilitista, paralisante, embrutecedor da intelecção e da ilusão do virtual sucesso educativo.

Eu vi, claramente visto, o esfrangalhamento da pessoa humana dos educadores e professores portugueses sem autoridade e poder na escola.

É, eu tenho visto, claramente visto, a não assumpção de culpas de um poder político miserável, covarde, de menoridade e mediocridade intelectual histórica.

É, eu tenho visto, claramente visto, a irresponsabilidade, incompetência e leviandade da desgovernação que nos governa.

É, eu tenho visto, claramente visto, a “inimputabilidade” das políticas e reformas educativas de luminárias às escuras, tateando nas trevas e projectos.

É, eu tenho visto, claramente visto, a luta e o grito de revolta da dignidade, insubmissão, resiliência e resistência humana ao choque e à adversidade, contra a opressão e tirania “infra-humana” castigadora.

Sim, eu tenho visto, claramente visto, sorrisos que choram e lágrimas que sulcam rostos determinados pela razão a continuar a lutar, a lutar, a lutar.

Sim, eu tenho visto, claramente visto, a paixão docente, e das palavras a emoção e o sentimento de mulheres e homens que se sentem feridos por uma mágoa que magoa sem igual, num oceano de revolta enfurecida.

Sim, eu tenho visto, claramente visto, que os professores são a classe sócio-profissional mais fustigada pelo burnout, flagelada pelo esgotamento e massacrada pelo cansaço profissional.

É sim, eu tenho visto, claramente visto, a élite intelectual do país a dar um “monumental murro” na mesa, a dizer basta, chega de dor, sofrimento, perda e privação, e a exigir um ponto de ordem à mesa da negociação.

Sim, é mesmo, eu tenho visto, claramente visto, o medo e a covardia da politiquice que foge à responsabilidade do dever, obrigação, proposição, comprometimento e compromisso. Dizer presente na concertação. Boa-fé.

Sim, é mesmo, eu tenho visto, claramente visto, o trono da mentira, injustiça, discriminação, manipulação e toxicidade da opinião pública, em forma de propaganda política de (des)Governo, fugir ao empenho e entendimento com o professorado e os sindicatos; afinal, um ME que não presta contas nem protege os trabalhadores que tutela. Peca, sem lisura.

E sim, é verdade, eu tenho visto, claramente visto, a mão do punho fechado e da rosa espinhosa de Costa & Costa que empunha o chicote, marca com o verdugo, tem no olhar a “traição” e na acção o ferrete de “culpados”.

E sim, “É preciso dizer a verdade apenas a quem está disposto a ouvi-la”. (Séneca)

Carlos Calixto

Os professores são vítimas de uma tristeza que é mágoa e tortura sem fim. Trazem no pensamento a memória do esquecimento de quem os devia lembrar. Vivem a corrosão da acefalia e acriticismo de um povo filho da iliteracia que aliena e que a tudo se acomoda, habitua e aceita.

Foram-se os raios de sol e a anormalidade tornou-se a normalidade degradante. Respiramos a imbecilidade com natural naturalidade, naturalmente. Um povo prisioneiro da sua sina de indigência intelectual trabalhada, burilada, que é fado e destino. Triste povo enganado vezes sem conta, num êxtase de   deslumbramento arrebatado, sem rumo, sem contraditório, sem futuro, mas sempre crente da maquiavélica política que o despedaça e dilacera.

Meu povo, povo meu, acordai, acorda por favor. Liberta-te da mordaça. Pensa!!!

Invoco a tua alma lusitana. Lembra-te que tens a sabedoria de uma longa e honorável História de mais de nove séculos.

Acredito no respeito que tens pelo teu amor próprio. Desejo e quero-te o eco contrário aos narcisos frios e da soberba política. Só tu e apenas tu, meu povo, tens o poder de afrontamento dos “deuses” da política, gente menor que nada sabe e nada entende da nobreza da política e da “res publica”. Deturparam, perverteram e conspurcaram o que é o carácter e o ser responsável pelo outro.

Vivemos tempos conturbados e “sui generis” de ideários, fundamentalismos e digitalizações. Parolices de “parolos” que são filhos do analógico e que ainda não perceberam que o preconceito cega para perdição. Digital ou analógico é irrelevante. O que realmente conta é alcançar o objectivo, a meta, a evidência da real aprendizagem e plenitude do sucesso, formação e realização da pessoa do educando no, repito, no ritmo e adaptação sábias da organização escola.

Estadistas não são e sentido de Estado não têm. Vão indo “à bolina” dos ventos das sondagens, num falsear de navegação encalhada. Meu pobre e triste povo que a tal gente estás entregue. Gente de aridez lavradia no erro.

Grita!!! Liberta-te!!! Volta a sonhar!!! Quem te governa acha-se superior, sendo inferior e tendo crueldade e falta de humanidade. Sim, povo meu, a tua ética, moral, simplicidade, genuidade e valores são únicos. Descobre-te!!! Já é tempo!!!

Parece que nos abeiramos do arroto do fim. Nada mais enganador. Meu povo, faço parte de ti e sei que temos o poder e a última palavra. Que dói, dói! Mas sabes, estamos mais fortes e com uma consciência de classe robustecida. Encontra-te!!!

Não desistimos!!!

Falas de selvajaria. Do maldito esmagamento sem cessar. Estamos desiludidos; desmotivados; sem empenhamento; tudo parece desabar. Sensação de perda e perdidos. Corre-te uma lágrima pela face. Tens agora um rosto ainda mais lindo, acredita. Sorri, tu és o tesouro cristalizado do meu Eu.

Pois é, parece que se abeira o fim. Mas olha, somos lutadores de endurance, de fundo, maratonistas invictos e nós amamos a nossa causa. Sofremos, mas sorri com o sorriso da esperança que é certeza da vitória final. Somos cúmplices no olhar das tribulações e no pulsar do coração.

A sombra que nos aflige e o anátema que nos atormenta vai passar. Nós vamos continuar por cá. Acredita!!! Toca-me! Vamos tocar-nos na arena. A chaga vai curar, sarar e passar. Então, cantaremos o nosso hino e riremos do tabu bastardo do outrora abismo.

Sabes meu povo, povo docente, povo comunidade educativa, povo nação, impõem-se as perguntas incómodas aos senhores ministros Costa & Costa:

– Srs. Ministros, até quando a aberração desviante da burocracia & probacia anacrónica?

– Srs. Ministros, até quando o fundamentalismo ideológico da insanidade digital?

– Srs. Ministros, até quando a/da reversão do artigo 79º do ECD?

– Srs. Ministros, até quando a aposentação/leccionação para toda a docência, tão tardia para uma profissão de tamanho e comprovado desgaste intelectual?

– Srs. Ministros, até quando a não devolução do tempo de serviço?

– Srs. Ministros, até quando um sucesso educativo de reputação “infame”?

– Srs. Ministros, até quando a desconsideração inqualificável pelos professores em mobilidade por doença?

– Srs. Ministros, até quando a vigente, hedionda e angustiante avaliação “kafkiana”?

– Srs. Ministros, até quando uma Educação e Ensino desvalorizados e “em saldo”?

– Srs. Ministros, até quando uma Escola Pública de “penúria intelectual”?

– Srs. Ministros, até quando a “falta de seriedade” na proposição e negociação?

– Srs. Ministros, até quando a indigência a que foram banidos e ostracizados os professores e educadores portugueses, desautorizados e empobrecidos?

Senhores Ministros, precisam-se respostas urgentes à dúzia de questões colocadas como alerta e recomendação. Obrigado.

Pasme-se do atrevimento de falar de casas de rendas baixas para os professores. Como?! Como diz?! Os professores não precisam de casas de rendas acessíveis. Os professores precisam é de uma carreira valorizada, de ordenados dignos consonantes com a função que desempenham. Da legalidade de poderem chegar naturalmente ao topo da carreira. De ajuda de gastos, custo.

Se os professores até já dormem em carros, tomam banho na escola e comem meia dose, a culpa é toda, todinha do Governo e do Ministério da Educação. Significa que a sociedade portuguesa no seu conjunto falhou; e que os políticos, o Estado e o regime falharam rotundamente. Falamos simplesmente do grupo sócio-profissional com mais habilitações académicas e da élite intelectual do país. Os deputados têm ajudas de custo para as despesas. Os juízes têm ajudas, subsídios, como lhe queiram chamar. Os médicos a caminho vão e bem, idem. Os professores não têm nada porquê? (…) Qual a causa, o motivo, a explicação? Há casos em que se deslocam até centenas de quilómetros por dia. Deslocando-se a diferentes concelhos, em trabalho que é sacrifício pessoal, dos alunos e familiar. Em que é que ficamos Srs. Ministros? Haja seriedade! Haja vergonha na cara!

Como é possível assistirmos a um desmando destes de rendas “baratuchas” para os “profs.”, dito com tamanha “leviandade”, não medindo as consequências das palavras, que ofendem pelo miserabilismo que transportam e encerram. Até já há um quartinho, numa casinha, antiga caixa de previdência. Mas afinal, isto é o quê?! Os professores não precisam de esmolas. Precisam é de ser tratados com respeito e dignidade, justamente pagos, e não vítimas do assistencialismo de Estado. É preciso acordar e “dar um murro na mesa”. Sou e estou em crer que professores e sindicatos reagirão em conformidade na condenação de tamanho óbolo (pequena moeda de valor insignificante usada na Grécia antiga), em detrimento de uma carreira docente valorizada, bem remunerada e tendo em linha de conta as muitas despesas dos professores na sua actividade profissional. Nem caridade nem esmolas nem donativos. Não! Valorização, remuneração e ajudas, pagamento de despesas. Sim!

A talhe de foice, um exemplo esclarecedor de esbanjamento de dinheiros públicos. A brincadeira geringo-socialista de reversão-priv. da TAP custou 3200 milhões de €uros. Alegadamente vai ser alienada, vendida por 1200 milhões de €uros. E dramaticamente se perdem, alegadamente 2000 milhões de €uros. E a culpa morre solteira. Sem palavras. Comentários para quê? Fazer pior é impossível. E em nome do “interesse público”! Moral da história: Não há dinheiro para pagar aos professores o que é justo e devido. Ou optativamente, outras formas de compensação, como por exemplo, a antecipação da aposentação.

Incontornável. Uma palavra de homenagem à Professora Manuela Teixeira. Um vulto do movimento sindical e do sindicalismo docente em Portugal. Lutadora incansável pelas causas dos professores e educadores portugueses. Carreira, Estatuto, etc. (…) Obrigado Professora! Bem haja. Descanso à sua alma.

Disse.

Nota: professor que escreve de acordo com a antiga ortografia.

CCX.            

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9 comentários

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    • Luluzinha! on 25 de Setembro de 2023 at 21:57
    • Responder

    Mais um pretensioso texto pseudopoético, enjoativamente abusador de anáforas e lugares-comuns. Não há frescura, não há originalidade, apenas um enorme cansaço. Enfim…

      • Byebye Lulu on 25 de Setembro de 2023 at 23:39
      • Responder

      A única pretensiosa aqui é mesmo você, Lulu.
      Sempre que escreve aqui fá-lo com altivez, como se fosse a “última bolacha do pacote”.
      Não é. É apenas mais uma daquelas bolachas bolorentas de um pacote aberto há muito, e do qual já ninguém quer comer.
      Está na hora de mudar … ou de se mudar. De preferência para bem longe, para perto de outros amigos seus que sejam tão altivos como você.

        • Tarzan dos Símios on 26 de Setembro de 2023 at 20:31
        • Responder

        Essa do “pacote bolorento e aberto há muito” é digna de Gil Vicente. Aposto que a nossa amiga vai achar gongórico 🙂

      • Manuel J. V. on 26 de Setembro de 2023 at 11:20
      • Responder

      Marilú, diz-me se és mesmo tu…

      • Manfredo Malta on 26 de Setembro de 2023 at 16:06
      • Responder

      Uma boa anáfora me saíste tu…

    • Carlos Calixto on 25 de Setembro de 2023 at 22:49
    • Responder

    Boa noite.
    Obrigado pelo seu comentário.
    Se é professora, deve fazer um esforço para não dar erros. Escreve-se: lugares-comum e não lugares-comuns. Aprenda sff.
    Continua a ler o que escrevo. Confesse que até gosta. A crítica avulsa fica-lhe mal.
    Mostre a cara e escreva qualquer coisita.
    Pois, não sai nada (…)

      • ÉFazerAsContas on 25 de Setembro de 2023 at 23:38
      • Responder

      Lugares-comum?!

    • Carlos Moreira on 26 de Setembro de 2023 at 9:14
    • Responder

    Sublinho:
    “Eu vi, claramente visto, o esfrangalhamento da pessoa humana dos educadores e professores portugueses sem autoridade e poder na escola.

    É, eu tenho visto, claramente visto, a não assumpção de culpas de um poder político miserável, covarde, de menoridade e mediocridade intelectual histórica.”

    • Ana Maria Navas on 26 de Setembro de 2023 at 10:38
    • Responder

    Parabéns.Mais um artigo que merece bem ser lido atentamente por todos nós professores.Quem nao vê” claramente visto”, são os nossos governantes ,que estão a degradar a nossa classe e teimam em continuar com a sua teimosia.

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