Resposta aos ataques proferidos por João Costa aos Professores

Resposta aos ataques proferidos por João Costa aos Professores

 

O senhor ministro está enganado! 

Os problemas da Escola Pública que afetam professores, alunos e famílias resultam das políticas de desinvestimento do seu e de outros governos

 

Depois de um ano de luta, os professores estão prestes a prossegui-la em pleno período de avaliações e exames. Ao longo do ano alertaram para a necessidade de evitar que aqui se chegasse e, por isso, apresentaram propostas que não mereceram resposta, propuseram protocolos que o ministro nunca discutiu, disponibilizaram-se para negociações que, de forma gradual, solucionassem os problemas, só que essa não foi a opção do governo.

Da parte do Ministério parece haver uma agenda fechada, impeditiva de um diálogo consequente que desemboque em processos negociais efetivos. Começou pela Mobilidade por Doença, excluindo milhares de docentes dessa mobilidade; seguiu-se o diploma de concursos que não mereceu o apoio de qualquer organização, dados os aspetos negativos que não foram eliminados; é agora o chamado “acelerador” ou “corretor de assimetrias” da progressão na carreira que não garante uma coisa nem outra.

Há, hoje, uma evidente falta de investimento na Escola Pública e nos seus profissionais que se reflete na crescente falta de docentes, por abandono de alguns e quebra de procura por parte dos jovens que concluem o secundário. Este é um dos problemas que depois se abate sobre os alunos, levando a que milhares não tenham todos os professores por largos períodos de tempo e um número igual ou superior tenham aulas com diplomados em outras áreas, que não a docência.

Os alunos e as famílias sofrem com a falta de docentes qualificados, com o excessivo número de alunos em muitas turmas, com a falta de recursos que garantam uma educação efetivamente inclusiva ou com uma ação social escolar que, num tempo de empobrecimento das famílias, não fez a discriminação positiva que se justificava. Estes sim são problemas que prejudicam muitos os alunos e contra os quais  os professores se manifestam e lutam.

Lutam, também pela valorização da sua profissão, indispensável para reter os jovens que a ela chegaram, para recuperar os que a abandonaram, para atrair outros que fazem muita falta. Lutam pelo que é seu: o tempo de serviço que cumpriram e não lhes querem considerar. Lutam por melhores condições de trabalho, que garantam melhores aprendizagens aos seus alunos. Lutam pelo que é de todos: uma Escola Pública de qualidade.

A FENPROF responsabiliza o governo por ter deixado chegar o final do ano letivo sem dar resposta aos problemas que estão na origem da luta dos professores. A FENPROF responsabiliza o ministro e a equipa ministerial por incapacidade negocial e reafirma que a negociação não se resume ao número de reuniões realizadas, mas às soluções que delas advêm.

É este o quadro que leva os professores à Greve e à participação em duas manifestações (Porto e Lisboa) em 6-6-23, bem como à greve nos períodos de avaliações e exames. Contudo, como tem afirmado, a FENPROF mantém-se disponível para encontrar soluções que permitam devolver a tranquilidade à vida das escolas. Se do Ministério da Educação não surgir a mesma disponibilidade, com abertura para negociar soluções, desde logo a recuperação do tempo cumprido e a dispensa de vaga para todos, terá a equipa ministerial de assumir a responsabilidade pelo que se passar neste final de ano letivo.

 

 

Lisboa, 4 de junho de 2023

O Secretariado Nacional da FENPROF

 

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3 comentários

    • Luís Miguel Cravo on 5 de Junho de 2023 at 14:07
    • Responder

    A Fenprof e Cia. NUNCA menciona algo que, em parte, é a fatia do bolo que é tabu….. Ao que parece.
    A escola perdeu toda a capacidade de ser elevador social porque a Fenprof permitiu a infantilização do ensino, o facilitismo levado ao limite, o corte indiscriminado de conteúdos, a substituição do Professor pela escola virtual e “amigos”, a anulação do Professor como elemento crítico e guia intelectual e dotado de toda a autonomia dentro da sala de aula, o menosprezo por uma enorme quantidade de alunos que sentem a necessidade de uma escola que leia, reflicta, discuta e avalie seriamente, de uma selecção rigorosa daqueles que frequentam as nosass universidades, de um novo riquismo plasmado em Capacitação Digital (a completa anulação do Professor!) ….. Em suma, Fenprof e CIA, vocês nunca quiseram saber disto para nada e, na verdade, se chegámos até aqui, com direções que nem sequer são escolhidas democraticamente e agem, muitas vezes, de forma muito pouco de acordo com um Estado de Direito, a escola pública como prato gourmet que deveria ser servida a TODOS os alunos, teve a vossa grande quota de responsabilidade.
    A melhor notícia deste Verão, na minha vida, é que vou deixar de fazer parte deste grande logro pantanoso em que enterámos este país, ao fim de 28 anos a observar isto a caminhar para o abismo. É só nauseante.

    • João Lamego Freitas on 5 de Junho de 2023 at 19:23
    • Responder

    Dou-lhe razão genericamente. Mas não me parece que seja culpa da Fenprof ou dos outros sindicatos. Terão parte da culpa por terem deixado que os governos, sobretudo os dos amigos deles, fizessem o que queriam.
    Foi o caso das ultrapassagens na carreira promovidas pelo Despacho 118/2019 e outras porcarias que este e outros governos atiraram aos professores.
    Também eu sairei daqui a mês e meio, após 17 anos da lecionar. Não estou para acabar a carreira no 4.º escalão e a receber uma miséria de reforma. Saio para trabalhar no meio empresarial. Só lamento o tempo que dei à Escola. Pública ou privada. É tudo igual.

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