12 de Junho de 2023 archive

Carta aberta dos sindicatos ao ministro da educação

 

Senhor Ministro da Educação

As organizações sindicais de docentes ASPL, FENPROF, FNE, PRÓ-ORDEM, SEPLEU, SINAPE, SINDEP, SIPE e SPLIU, em nome dos professores e educadores que representam, pretendem, o mais urgentemente possível, o regresso à tranquilidade no funcionamento das escolas, o que passa por ultrapassar as circunstâncias anormais que estamos a viver.

Face à situação em que nos encontramos, que resulta da ausência de resposta às propostas apresentadas por estas organizações sindicais, reafirmamos total disponibilidade para retomarmos o diálogo e a negociação consequentes, pelo que importa haver igual disponibilidade da parte dos responsáveis do Ministério da Educação para tal, ainda no presente ano escolar.

A tutela ignorou as propostas que lhe foram apresentadas pelas organizações sindicais no início do ano letivo e sofremos hoje as consequências da ausência de medidas apropriadas para superar os problemas. O Ministério da Educação não foi capaz ou não teve vontade política para:

  • Garantir às escolas todos os professores de que os alunos necessitam;
  • Assegurar que não seriam ultrapassados os limites do tempo de trabalho dos professores, sistematicamente superados, muitas vezes com atribuição de tarefas e reuniões para períodos do dia em que deveriam ter direito ao seu tempo de vida pessoal e familiar;
  • Reduzir a carga burocrática dos professores, agudizada pela necessidade de formalizar planos de aula e documentos desnecessários ou de questionável relevância;
  • Determinar uma solução justa para o enquadramento dos docentes em Mobilidade por Doença, garantindo o respeito pela dignidade humana;
  • Recuperar o tempo de serviço cumprido e que esteve e se mantém congelado: 6 anos, 6 meses e 23 dias (2393 dias);
  • Eliminar o regime de vagas para progressão aos 5.º e 7.º escalões e, de imediato, dispensar todos e não apenas alguns docentes das vagas;
  • Resolver o problema das ultrapassagens na carreira;
  • Eliminar as quotas na avaliação de desempenho;
  • Garantir a paridade entre o topo da carreira docente e a dos técnicos superiores da Administração Pública;
  • Dar resposta aos problemas acrescidos que se vivem na monodocência;
  • Criar um regime específico de aposentação e a possibilidade de os docentes requererem a pré-reforma;
  • Aprovar o regime de concursos e de vinculação extraordinária dos docentes das escolas de ensino artístico
  • Definir medidas de combate à indisciplina e violência nas escolas;
  • Criar condições adequadas para a formação contínua;
  • Rever adequadamente o regime de contratação de docentes e garantir a igualdade entre os docentes em Portugal e aqueles que exercem no EPE e nas escolas portuguesas no estrangeiro;
  • Assegurar a dotação das escolas com todos os docentes, bem como de todos os recursos, que sejam indispensáveis para o seu funcionamento;
  • Atrair mais jovens para a profissão docente e criar condições para que todos aqueles que já a exercem, queiram continuar.

As organizações sindicais tiveram a oportunidade de, ao longo dos últimos meses, enviar a V. Exa. vários contributos com a expressão, quer das suas preocupações, quer das respetivas propostas. A verdade é que até agora não obtivemos qualquer resposta ou disponibilidade para discutir os contributos, nem tão pouco vimos que eles se refletissem de forma relevante nas posições que o Governo tem aprovado.

Os Professores e Educadores portugueses têm realizado nas escolas um trabalho notável, embora se deva reconhecer que o têm feito em situação de muita incerteza e angústia, pela insuficiência das medidas que têm sido adotadas, que não garantem a proteção das pessoas envolvidas e a indispensável valorização da profissão docente. A este nível, se as propostas que apresentámos A V. Exa. pudessem ter sido discutidas e aproveitadas, não estaríamos a viver um período tão conturbado como aquele que se vive na Educação. Também a outros níveis de desenvolvimento do sistema educativo, se as propostas pudessem ter sido analisadas e tidas em consideração, já poderíamos estar a percorrer caminhos mais valorizadores dos profissionais da Educação.

É, pois, neste quadro que se justifica a necessidade de, em sede de negociação, serem discutidas e acordadas medidas que permitam dar resposta e resolver, entre outros, os problemas identificados. É responsabilidade indeclinável do ME e do Governo criarem condições para tanto.

É por estas razões, pelos nossos alunos e pela qualidade da Educação e da Escola Pública que nos dirigimos a V. Exa., na expetativa de que se possam abrir processos negociais cuja iniciativa pertença a cada uma das partes e permita a celebração de acordos. À cabeça, e porque já foi entregue há três meses, em 13 de março, p.p., entendemos que deverá ter lugar a negociação da proposta fundamentada apresentada formalmente pelas organizações sindicais, o que, aliás, nos termos da lei, é obrigatório.

As organizações sindicais privilegiam o diálogo e a negociação como caminho para a resolução dos problemas, pelo que reiteram a sua disponibilidade para tal. Admitem, mesmo, parar as greves e outras ações de luta e contestação que estão previstas até ao final do ano escolar, cabendo ao Ministério e ao Governo criar condições para tal e não aos docentes abdicarem da exigência da resolução de problemas que se arrastam há demasiado tempo.  Não sendo essa a disponibilidade do Ministério da Educação e do Governo, será com determinação acrescida que irá prosseguir a luta.

Lisboa, 12 de junho de 2023
As Organizações Sindicais de Docentes
ASPL, FENPROF, FNE, PRÓ-ORDEM, SEPLEU, SINAPE, SINDEP, SIPE e SPLIU

 

Link permanente para este artigo: https://www.arlindovsky.net/2023/06/carta-aberta-dos-sindicatos-ao-ministro-da-educacao/

Está Perto de Fazer um Mês Que foi para a Presidência da República o Diploma da Correção das Assimetrias

No dia 18 de maio foi “aprovado em conselho de ministros o decreto-lei que estabelece um regime especial de regularização das assimetrias na progressão na carreira dos educadores de infância e dos professores dos ensinos básico e secundário dos estabelecimentos públicos de educação pré-escolar e dos ensinos básico e secundário do Ministério da Educação.

Este diploma tem como propósito promover a aceleração das progressões dos docentes afetados pelos dois períodos de congelamento, ocorridos entre 2005 e 2007 e entre 2011 e 2017, e que impediu a sua valorização remuneratória durante esse período.

 

Sendo este documento um ramo morto, será que Marcelo Rebelo de Sousa está disposto a tirá-lo da árvore?

 

 

Link permanente para este artigo: https://www.arlindovsky.net/2023/06/esta-perto-de-fazer-um-mes-que-foi-para-a-presidencia-da-republica-o-diploma-da-correcao-das-assimetrias/

𝗘𝘀𝗰𝗼𝗹𝗮 𝗣𝗼𝗿𝘁𝘂𝗴𝘂𝗲𝘀𝗮 𝗱𝗲 𝗠𝗢𝗖̧𝗔𝗠𝗕𝗜𝗤𝗨𝗘 – procedimentos concursais para os 𝗴𝗿𝘂𝗽𝗼𝘀 𝗱𝗲 𝗿𝗲𝗰𝗿𝘂𝘁𝗮𝗺𝗲𝗻𝘁𝗼 𝟭𝟬𝟬 (𝗣𝗿𝗲́-𝗘𝘀𝗰𝗼𝗹𝗮𝗿), 𝟭𝟭𝟬 (𝟭.º 𝗖𝗶𝗰𝗹𝗼) 𝗲 𝟲𝟮𝟬 (𝗘𝗱𝘂𝗰𝗮𝗰̧𝗮̃𝗼 𝗙𝗶́𝘀𝗶𝗰𝗮).

𝗘𝘀𝗰𝗼𝗹𝗮 𝗣𝗼𝗿𝘁𝘂𝗴𝘂𝗲𝘀𝗮 𝗱𝗲 𝗠𝗢𝗖̧𝗔𝗠𝗕𝗜𝗤𝗨𝗘
𝗖𝗲𝗻𝘁𝗿𝗼 𝗱𝗲 𝗘𝗻𝘀𝗶𝗻𝗼 𝗲 𝗟𝗶́𝗻𝗴𝘂𝗮 𝗣𝗼𝗿𝘁𝘂𝗴𝘂𝗲𝘀𝗮
Informa-se que estão abertos procedimentos concursais destinados à seleção de docentes com qualificação para lecionação nos horários disponíveis nos 𝗴𝗿𝘂𝗽𝗼𝘀 𝗱𝗲 𝗿𝗲𝗰𝗿𝘂𝘁𝗮𝗺𝗲𝗻𝘁𝗼 𝟭𝟬𝟬 (𝗣𝗿𝗲́-𝗘𝘀𝗰𝗼𝗹𝗮𝗿), 𝟭𝟭𝟬 (𝟭.º 𝗖𝗶𝗰𝗹𝗼) 𝗲 𝟲𝟮𝟬 (𝗘𝗱𝘂𝗰𝗮𝗰̧𝗮̃𝗼 𝗙𝗶́𝘀𝗶𝗰𝗮).
Condições de Contratação de Escola (2023/2024): https://www.epmcelp.edu.mz/…/Condicoes_Contratacao…
Declaração de Compromisso de Honra: https://www.epmcelp.edu.mz/index.php/avisos
Aviso de Abertura n.º 1 – Grupo 100 – Pré-Escolar – H1: https://www.epmcelp.edu.mz/…/Aviso_No1_2023_Pessoal…
Aviso de Abertura n.º 2 – Grupo 110 – 1.º Ciclo – H1: https://www.epmcelp.edu.mz/…/Aviso_No2_2023_Pessoal…
Aviso de Abertura n.º 3 – Grupo 110 – 1.º Ciclo – H2: https://www.epmcelp.edu.mz/…/Aviso_No3_2023_Pessoal…
Aviso de Abertura n.º 4 – Grupo 620 – Educação Física – H1: https://www.epmcelp.edu.mz/…/Aviso_No4_2023_Pessoal…
Aviso de Abertura n.º 5 – Grupo 620 – Educação Física – H2: https://www.epmcelp.edu.mz/…/Aviso_No5_2023_Pessoal…

Link permanente para este artigo: https://www.arlindovsky.net/2023/06/%f0%9d%97%98%f0%9d%98%80%f0%9d%97%b0%f0%9d%97%bc%f0%9d%97%b9%f0%9d%97%ae-%f0%9d%97%a3%f0%9d%97%bc%f0%9d%97%bf%f0%9d%98%81%f0%9d%98%82%f0%9d%97%b4%f0%9d%98%82%f0%9d%97%b2%f0%9d%98%80%f0%9d%97%ae/

Mais um acórdão de Serviços Mínimos…

 

O Colégio Arbitral, nos termos do Acórdão n.º 28/2023/DRCT-ASM, decidiu fixar os serviços mínimos relativamente à greve decretada, nos seguintes termos:

 

  • Acórdão n.º 28/2023/DRCT-ASM, referente a greve decretada pela ASPL, FENPROF, FNE, PRÓ-ORDEM, SEPLEU, SINAPE, SINDEP, SIPE e SPLIU, com incidência nas diversas tarefas relativas às provas finais do 9.º ano, para os dias 16, 19, 20, 21, 22 e 23 de junho de 2023, e com incidência nas diversas tarefas atinentes aos exames dos 11.º e 12.ºs anos, para os dias 19, 20, 21, 22 e 23 de junho de 2023, o Tribunal Arbitral decidiu:

 

«Em face do exposto, o Colégio Arbitral delibera, por maioria, relativamente às greves decretadas fixar os seguintes serviços mínimos e meios estritamente necessários para assegurar a realização das provas finais do 9.º ano e dos exames dos 11.º e 12.º anos, garantindo:

(1) A receção e guarda dos enunciados das provas em condições de segurança e confidencialidade – 1 docente

(2) A existência de 2 professores vigilantes, por cada sala, e 1 professor coadjuvante por disciplina;

(3) A existência de docentes classificadores em número estritamente necessário à classificação das provas realizadas;

(4) A constituição de secretariados de exames e existência de técnicos responsáveis pelos programas informáticos de apoio à realização das provas, assegurados pelos docentes estritamente necessários, nos termos previstos no Regulamento das Provas de Avaliação Externa e das Provas de Equivalência dos Ensinos Básico e Secundário para o ano lectivo de 2022-2023».

 

Link permanente para este artigo: https://www.arlindovsky.net/2023/06/mais-um-acordao-de-servicos-minimos/

A liberdade de expressão pratica-se. De preferência, todos os dias…

A liberdade de expressão pratica-se. De preferência, todos os dias…

 

As agressões à Classe Docente, infligidas por António Costa, enquanto 1º Ministro, não têm sido metafóricas… As sucessivas bordoadas aplicadas por si aos Professores têm sido muito reais e concretas, com consequências desastrosas e danos irreparáveis…

A propósito das comemorações do Dia de Portugal, em Peso da Régua, António Costa, cinicamente, tentou passar a ideia de que existiu um “descongelamento” integral da Carreira dos Professores e que isso se devia a si…

É praticamente impossível que alguém se comova por essas palavras de António Costa, ou se demova da presente luta, uma vez que esse discurso é cabalmente desmentido pela versão dos factos…

E, por muito que custe a admitir a António Costa, a verdade que acompanha esses factos será esta:

– Em 2017, a Classe Docente sofreu o maior vilipêndio de que há memória (subtracção de mais de 9 anos de tempo de serviço), com implicações definitivas e prejuízos irrecuperáveis na Carreira, em termos salariais, patrocinado pelo 1º Ministro António Costa;

– Em 2019, o 1º Ministro António Costa fez uma inadmissível chantagem, ameaçando com a demissão do Governo, se a Assembleia da República aprovasse o Diploma que previa a recuperação integral do tempo de serviço dos Professores;

– Em 2023, mantendo-se António Costa como 1º Ministro, continuam por recuperar 6 anos, 6 meses e 23 dias do tempo de serviço sonegado em 2017;

– Em 2023, António Costa, enquanto 1º Ministro, é o principal responsável por um embuste denominado Vinculação Dinâmica.

 No fundo, António Costa é um fingidor…

Os Professores estão cansados das mentiras, da desonestidade intelectual, das ideias delirantes, da prepotência, da obstinação, da arrogância e do cinismo que têm vindo a ser observados na actuação do Ministro da Educação e do 1º Ministro, de resto, muitas vezes acompanhados nesse insano desígnio por determinados Directores…

A paciência e a tolerância dos Professores parecem estar a esgotar-se, face aos constantes atropelos à sua dignidade profissional e ao recorrente desrespeito de que têm sido alvo…

Também parece óbvia a indignação crescente dos Professores relativamente às tentativas de limitar a sua liberdade de expressão, o direito de reunião e de manifestação e, de forma ainda mais acintosa, o direito à greve…

António Costa parece não ter ainda percepcionado, nem aceite, a realidade anterior, optando, em vez desse reconhecimento, por conduzir as políticas educativas em “contra-mão”…

A actuação habitual do Ministro da Educação e do 1º Ministro faz lembrar a anedota de um homem que conduzia em contra-mão numa auto-estrada, sem perceber o motivo dos inúmeros sinais de luzes e das muitas buzinadelas dos outros condutores…

Do ponto de vista daquele homem, as reacções dos outros condutores eram incompreensíveis, pelo que o melhor seria ignorá-las…

Temos um Ministro da Educação e um 1º Ministro em “contra-mão”, que recusam percepcionar a realidade; que se mostram incapazes de compreender os motivos pelos quais são criticados; que se vitimizam frequentemente, aproveitando para deturpar as evidências fornecidas pela realidade, interpretando-a de forma enviesada e de acordo com o que melhor lhes convém em cada ocasião…

Mas as sucessivas declarações do Ministro da Educação e do 1º Ministro têm sido, frequentemente, desmentidas pelas evidências fornecidas pela realidade, o que, inevitavelmente, torna as suas interpretações cada vez menos credíveis…

O respeito não se impõe pela autoridade ou pelo medo. O respeito conquista-se pela seriedade, pela honestidade e pela justiça das acções e, neste momento, parece muito difícil respeitar as figuras do Ministro da Educação e do 1º Ministro, pelo reconhecimento dessas três qualidades…

A propósito das comemorações do Dia de Portugal, em Peso da Régua, António Costa, viu-se confrontado com alguns cartazes incómodos, qualificados por si como “racistas”…

Contrariamente ao afirmado pelo 1º Ministro, parece difícil vislumbrar nesses cartazes algum vestígio de racismo, pelo que será legítimo inferir que António Costa enveredou pela estratégia da vitimização, tentando, dessa forma,  desviar as atenções do essencial e colher apoios pela pretensa condição de “mártir”…

Ao que tudo indica, o mais certo é que o 1º Ministro se veja, cada vez mais, confrontado com muitas vozes incómodas e discordantes, algumas potencialmente desagradáveis, mas esse também será o preço a pagar por uma governação marcada por tiques ditatoriais, pelo autoritarismo, pela sobranceria e pelo despotismo…

Pessoalmente, não teria optado por aqueles cartazes, se me fosse dado a escolher, mas, e ainda assim, não os renego nem me demarco dos mesmos, como alguns estão a fazer…

Não os interpreto como um insulto pessoal, vejo neles uma alusão ao “O Triunfo dos Porcos”, incontornável obra literária de George Orwell e, nesse sentido, considero-os como uma forma legítima de protesto, de indignação e de liberdade de expressão…

Censurar aqueles cartazes, pretendendo, de alguma forma, bani-los de um protesto, em defesa do politicamente correcto, será sempre uma forma de obstrução ao exercício da liberdade de expressão, pela tentativa de impedir que a mesma possa ser ilustrada pela indignação e pela sátira…

Sátira. É disso que se trata naqueles cartazes.

E a sátira, onde se incluem o escárnio, a caricatura, o mal-dizer e até a obscenidade, não costuma, por definição, ser politicamente correcta…

O politicamente correcto pode, na verdade, e em determinadas condições, ser muito mais ofensivo do que a sátira explícita…

As ofensas à dignidade profissional e os atentados à inteligência alheia, perpetrados pelo 1º Ministro e pelo Ministro da Educação, alegadamente, sempre “bem intencionados” e infligidos com “muito carinho” e com toda a polidez linguística, são disso um exemplo…

Na verdade, a ditadura do politicamente correcto não tem trazido nada de bom aos Professores, começando pela Tutela e acabando na actuação das maiores estruturas sindicais…

E por muito que se tente, não é possível “pegar num pedaço de excremento pelo lado limpo”, conforme a definição de politicamente correcto dada por um Aluno da Griffith University, Austrália…

Em resumo, “o politicamente correto é uma tirania bem educada”. (afirmação atribuída a Rita Lee).

Confesso o meu enjoo por todas as tiranias bem educadas, quase sempre disfarçadas de bons modos…

O inalienável direito de exercer a liberdade de expressão das mais variadas formas, incluindo a satírica, não pode ser intransigentemente defendida somente quando ocorrem tragédias, como a que sucedeu em 2015, no Jornal francês Charlie Hebdo…

Independentemente de se concordar ou não com determinada “linha editorial”, não é aceitável, numa Democracia, limitar o respectivo direito à liberdade de expressão…

A liberdade de expressão também se teoriza, mas, sobretudo, pratica-se. De preferência, todos os dias…

 

(Paula Dias)

Link permanente para este artigo: https://www.arlindovsky.net/2023/06/a-liberdade-de-expressao-pratica-se-de-preferencia-todos-os-dias/

IN MEMORIAM 06 / 06 / 23 – Carlos Calixto

 

Aviso: Texto político directo, puro, duro, grosso e brutal nas palavras vincadas pelo sentimento que é dor e sofrimento sentidos. Em nome dos Professores portugueses.

 

06/06/23, mais que uma data, mais que anos, meses e dias, encerra e transporta consigo o peso institucional de Um Roubo de Estado.

Representa a mais flagrante e vil violação do Estado de Direito Democrático. Atropelo e má fé a toda uma classe sócio-profissional. Um ataque vil, baixo e miserável do Governo/Tutela Costa & Costa a todo o professorado.

Significa o Heroísmo, o Grito, a Luta e a Revolta dos Professores da lusa terra de Camões, pelo Direito, pela Dignidade, pelo Respeito, contra a calamidade da Escola Pública.

Parafraseando Paulo Guinote: “6 anos, 6 meses, 23 dias O Tempo Roubado à Vida e Dignidade dos Professores”.

 

Carlos Calixto

 

Segundo o Direito Constitucional e a Constituição da República Portuguesa, Artigo 2.º – Estado de Direito Democrático, (princípios fundamentais), “A República Portuguesa é um Estado de Direito Democrático, baseado na soberania popular, no pluralismo de expressão e organização política democráticas, no respeito e na garantia de efectivação dos direitos e liberdades fundamentais e na separação e interdependência de poderes, visando a realização da democracia económica, social e cultural e o aprofundamento da democracia participativa”. 

Mais, Artigo 1.º, “Portugal é uma República soberana, baseada na dignidade da pessoa humana e na vontade popular e empenhada na construção de uma sociedade livre, Justa e solidária”.

Democracia política e democracia económica estão justapostas, implicam-se e complementam-se mutuamente. São as partes do todo da justiça democrática (que consiste na Igualdade), consagradas na Lei suprema do país, a Constituição da República.

Exmo. Senhor Primeiro-ministro, o que é que o senhor não entende?! Qual é a sua dificuldade em perceber, entender, assimilar, digerir, Respeitar e Cumprir o significado e significância do princípio do cumprimento da lei e da legalidade democrática. Com certeza que não precisa que lhe façam um desenho. Se necessário for, nós professores e educadores de Portugal, teremos todo o gosto em ajudá-lo.

Sabe, é que o ridículo comportamental, perturbado e desorientado do Governo chefiado por Vossa Excelência, e do seu partido socialista maioritário, de maioria parlamentar, retira-lhe autoridade política, qualquer ínfima razão, e transforma-o num “tiranete perturbador de vidas”; coisa, aliás, que o senhor não tem o direito, de todo. Não toleramos mais a infâmia e as indignidades.

Mais ainda, V. Ex.ª já reparou que a sua teimosia é um sinal de arrogância, autoritarismo e prepotência, eivadas, contaminadas, infectadas, manchadas e viciadas da frieza da miséria humana insensível.                                                                Incisiva e cirurgicamente maltratante dos professores.

E ainda mais, o senhor ao fazê-lo, demonstra cabalmente a sua impreparação para o exercício do cargo, a fraqueza da “tirania” do poder, vulgo despotismo, autocracia, absolutismo, “ditadura” do dogma do pensamento único como ideologia dominante. Com tiques de quero, posso e mando. A resvalar para o impositivo negativo. A Democracia passa pela partilha e obriga a ouvir O Outro. Nós Os Professores. Dizemos NÃO ao “totalitarismo” das ideias e das políticas.

E ainda mais e mais, vem consumando o facto político da mais elementar arbitrariedade com os professores, falta e ausência de inteligência, tacticismo e leitura, racionalidade “Cartesius”, sagacidade acutilante e não verdade política. Política educativa de mentiras expressas, avulsas e descaradas.

Mais ainda, sendo político profissional e chefe de um Governo maioritário, não tem Vergonha de falhar rotundamente num dos pilares fundamentais para o desenvolvimento e futuro do país, a Educação e o Ensino. 

Mais ainda e concretamente, qual é o seu problema, acrimónia e alegada “má fé” com os professores?!(…).

E mais, continuando, já se deu conta que os professores estão diariamente a ser flagelados, atormentados, sofrendo “mobbing – assédio moral”   nas escolas. E lá vem o burnout.

E mais, mais, já reparou na anedota, mais tragicomédia, que é hoje o  “Não Direito à Greve” dos profissionais da Educação, com “acórdãos de facção” hilariantes, “grotesque” monstruosidade, que mais parecem a implementação consumada, contínua e continuada de uma permanente “Requisição Civil” para os professores. Artifício teatralizado eufemisticamente chamado de “serviços mínimos”. “Maximus” transformers.

E sempre mais, instalada está a confusão, a dúvida e o medo nas escolas. E o senhor, o seu Governo e o seu partido, Promotor e promotores desta guerrilha sem fim à vista nas escolas. Em nome da denúncia da humilhação. 

O Senhor Primeiro-ministro António Costa também é o cidadão António Costa. Um dia vai perder o poder e com toda a certeza que não toleraria no exercício da sua cidadania, atropelos aos seus mais elementares direitos. Protestaria. É o que fazem os professores, filhos de boa gente, com sábia humildade, dignidade e superior educação, valores e axiologia, na mais absoluta responsabilidade pelo outro, tolerado na sua diferença e respeitado na sua razão.

Donde, com todo o respeito e consideração pessoal (aqui discutimos o contraditório de ideias, princípios, valores, democracia, políticas, lei(s) e legalidade), recomendar-lhe vivamente a leitura de “Ética e Infinito”,    de Emmanuel Levinas. O senhor bem precisa de sábias e humanistas leituras, digo eu. Penso eu de que (…). 

Já agora, não precisa de “Galambadas”, isto é, “Costismo”, e com certeza ser-lhe-ia de grande utilidade e mais valia, Ouvir, Escutar, Pensar, Respeitar, Reformar, Governar a sério e à séria. Ter a humildade e disponibilidade de interiorizar os seus interlocutores. Ser solidário. Obrigado!

06/06/23, representa e significa todo o ideário e articulado supracitado e muito mais. Cabe ao XXIII Governo Constitucional e ao Sr. António Costa pacificar o sector da Educação.

Os educadores e professores portugueses querem a paz e trabalhar em paz. O senhor Primeiro-ministro bem sabe que temos toda a razão. Vamos falar olhos nos olhos, dialogar e negociar. Vamos encontrar a solução para os problemas da classe docente que tão castigada tem sido. Pela sobrevivência e qualidade da Escola Pública. As nossas crianças e jovens são merecedores do melhor do sistema educativo português.

Fica o repto desafiante: Vamos Ser Cúmplices! Sem tribunais. Apenas a urbanidade, civilidade e emergência da “humanitarium civitas”.  “Primus” frontalidade, assertividade e vontade política. “Decisivus momentum”. 

06/06/23 é igual a Professorado e a Vidas adiadas.

Repito e repetimos: 

06/06/23 é igual a Vidas de Professores adiadas.

Este é o tempo do fim que é princípio.

Disse.

 

Nota: professor que escreve de acordo com a antiga ortografia.

Link permanente para este artigo: https://www.arlindovsky.net/2023/06/in-memoriam-06-06-23-carlos-calixto/

O contador de histórias ou como coordenar necessidades educativas – João André Costa

 

De acordo com Lobo Antunes nas suas cartas de guerra, a perplexidade diante da incapacidade geral dos outros para se expressarem por escrito é uma constante e a verdade é a de se viver uma vida a escrever sem nunca nos escreverem de volta.
E se a ausência de um interlocutor no extremo de uma guerra é condição para a solidão, então a solidão é escrita e o escritor, mesmo se rodeado e quando rodeado, vive irremediavelmente só.
E quer estar só. E pede para estar só.
Sem solidão, não há escrita.
E não confundir solidão com tristeza e o escritor tem direito à felicidade mas uma felicidade só e sujeita ao papel, uma felicidade a preto e branco para partilhar com os outros.
E se vos disser como coordenar necessidades educativas no Reino Unido culmina na redacção das vidas das crianças e alunos de todos os dias, assim se explica o porquê de o cargo de coordenador de necessidade educativas (“SENCo” em inglês, a sigla para Special Educational Needs Coordinator) estar essencialmente nas mãos de professores de inglês.
Professores de inglês e um lusitano com gosto pela escrita, mesmo se noutra língua.
Chamamos-lhes Education Health and Care Plan (EHCP), ou dezenas de milhares de libras anuais para um aluno só, disponíveis desde a creche até aos 25 anos de idade em função das necessidades de cada aluno.
Compete ao SENCo redigir o porquê e justificar o porquê de tão avultada quantia e a justificação vem sempre por escrito e em média à custa de não menos de 16 horas por cada EHCP.
Por norma, as tardes de Sexta-feira são dedicadas à escrita enquanto se exploram novas sonoridades no daily.bandcamp.com e escrever é transcendental.
E, por norma, ninguém respeita o transcendentalismo do escritor para grande desespero do mesmo.
Juro, não há nada pior quando uma ideia, uma elação, uma conclusão, uma súbita e inesperada, uma brilhante associação de ideias se esfuma num instante enquanto nos batem à porta, dez e-mails caem na caixa, o fixo toca e a chefia liga para o telemóvel, tudo ao mesmo tempo ou em catadupa incerta.
Porque a vida não pára, as crianças não param, as famílias também não e nós também não.
A não ser de madrugada quando todos dormem menos alguns ou então ao fim do dia, lá está, por forças circadianas ou o ritmo biológico dos outros a dar de si e portanto um pouco de paz e um par de horas para analisar todo o historial de um aluno a começar pelo certificado de nascimento e a acabar nos relatórios de professores e terapeutas da fala, psicólogos e psiquiatras, polícia e serviços sociais entre tantos outros profissionais onde também se incluem os pais e restante família.
As conclusões, inevitáveis histórias de faca e alguidar ou então tragicomédias, consomem tantas páginas como horas e o último EHCP passou as 200 páginas e a natureza não agradece.
Mas as crianças sim e as famílias ainda mais quando no fim do processo se libertam fundos essenciais para a educação de um aluno entre apoio individual, uma cadeira de rodas adaptada, um táxi para trazer a criança para a escola e da escola, um lugar numa escola de ensino especializado ( e não especial, entenda-se a diferença ou como uma palavra menoriza), ensino em pequenos grupos, terapia ocupacional, terapia da fala, terapia comportamental entre tantas outras e antes não fossem precisas.
Mas são. E o apoio existe e está à espera. Compete-nos, como SENCos, requerer e requerer não é trabalhar mas escrever e escrever é um estado de espírito do qual muitos fogem com tudo quanto têm, com tudo quanto podem.
E perco a conta às escolas incapazes, inoperantes, quando chega a hora de redigir um EHCP, escolas essas sempre predispostas e a fazer fila à porta e nunca menos de 4 alunos em lista de espera.
Perplexo, só peço um pouco de paz em troca. Paz e solidão. Para escrever. Para viver. E, por favor, sem interrupções.
Ninguém me percebe. Ninguém compreende. Só quem escreve e quem escreve habita galáxias distantes.
Ainda não desenvolvemos a tecnologia e, por conseguinte, prosseguimos sós à deriva no espaço.

Link permanente para este artigo: https://www.arlindovsky.net/2023/06/o-contador-de-historias-ou-como-coordenar-necessidades-educativas-joao-andre-costa/

WP2Social Auto Publish Powered By : XYZScripts.com
Seguir

Recebe os novos artigos no teu email

Junta-te a outros seguidores: