«A morte de qualquer homem diminui-me, porque sou parte do género humano…» Ernest Hemingway
Amigos, acredito que para alguns de vós a tarde tenha sido longa, muito longa. Há dias em que o tempo para ali à nossa frente como se quisesse atropelar-nos.
Hoje, durante três horas e dezassete minutos, ouvi a história, que há tantos anos conheço, de uma colega, mãe de três filhos, hóspede num qualquer T1 ,com os trocos contados. Ouviram bem? Três horas e dezassete minutos.
Dizia-me ela, como se eu não soubesse, que há 25 anos que conhece as estradas do norte do país como as linhas da mão. De a z, ao jeito de Saramago, ia soletrando uma a uma. Depois, baixava a cabeça, como quem quer deixar cair a dor em qualquer canto, e repetia « Agora, que faço à vida? Em Lisboa, com o Rodrigo, a Maria , o Tomás e 1000€ , que faço à vida?». Eu dizia-lhe que estava frio, muito frio. O tempo ia mudar. Ela prosseguia «as casas andam pela hora da morte». Asseguro-vos que a tarde estava fria, o vento soprava de este e eu começava a temer o provérbio. Bom vento, estava à vista que não era. «Deixar os filhos com a minha mãe, tu sabes que ela já tem 80 anos e eu não posso, não posso ficar sem eles». Atalhei novamente com o tempo, mas a voz embargada e os olhos encharcados não me deixaram acabar a frase. Avistava-se claramente um temporal.
Entrei em casa gelada e derreada de medo. Como é possível tanta crueldade e tanto ódio? Que mal lhe fez esta gente? Divida com eles as suas ajudas de custo e, certamente, eles partirão com outro ânimo. Afunde a embarcação e morreremos todos, mas poupe-me ao pesadelo de o ver a atirar um a um pela janela.
A noite será longa, muito longa.
Fonte: Facebook de MF
4 comentários
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Votem no governo! Geralmente eles até ganham com maioria ou muito perto dela! Portanto em Portugal está sempre tudo bem!
Arrepiante! E muito, muito verdadeiro! E são tantos, tantos casos assim. Que miséria de país, que nojo de governantes temos tido!
Este tipo de discurso sentimentalóide, de pretensões enfáticas, a arrastar a asa à comoçãozinha fácil e bacoca, não me emociona absolutamente nada!
“Luluzinha” que apelido tão carinhoso para um carácter tão frio. Sofre do síndrome de insensibilidade. Está na moda. Perderam-se valores. Por isso é que nas escolas existem tantos cães de fila.