Aqui há uns meses li com a minha filha um livro fantástico. “A Invenção de Hugo Cabret” de Brian Selznick desenrola-se entre muita ilustração e texto. Os desenhos levam-nos até a um ponto de suspense mas se quisermos saber o resto da história temos que forçosamente ler algumas páginas, como já estamos tão curiosos, ler acaba por ser uma necessidade e um prazer.
Como sou professor de educação especial pensei imediatamente que esta poderia ser a estratégia “milagrosa” para alguns alunos que são mais “preguiçosos” a ler ou que pelas suas dificuldades criaram alguma aversão à leitura. Se bem o pensei melhor o fiz. Escrevi uma interpretação da fábula da “Cigarra e da Formiga” e adaptei-a a um suporte digital que mistura animação e texto, permite inclusive ao aluno escolher rumos para a história, o que aguça ainda mais a sua curiosidade.
Em seguida testei com alguns alunos com NEE, e o que verifiquei? Que liam com mais entusiamo e que não se cansavam a ler. Porquê? Porque ao intercalar a animação com a leitura dá momentos de descanso ao cérebro e ao aguçar a curiosidade dá-nos a motivação para ler. Resultado? Mais entusiasmo e mais palavras lidas.
Entretanto desenvolvi outro projeto com outra história e encontrei outra vez o mesmo entusiasmo dos alunos. Fiquei eu próprio entusiasmado a ponto de pensar que podia partilhar estes resultados com o objetivo de criar alguns materiais para passarem em tablet e assim motivar a leitura noutras crianças.
Como não sou perito em informática desenvolvi todo o trabalho em Power Point onde funciona perfeitamente, mas reconheço que não é o suporte ideal. Enviei uma série de emails para editoras e instituições do estado e o que descobri? Que o meu material é tão mau, tão mau que nem sequer merece resposta.
Passam o tempo a encherem-nos os ouvidos com empreendedorismo e outras “tretas”, dizem-nos que devemos encontrar alternativas e soluções para motivar os alunos, mas quando o fazemos somos completamente ignorados. Que o sejamos por parte das editoras que só pensam em euros… que para estas um projeto para alunos com NEE seja pouco rentável…mas ser ignorado por quem muitas vezes nos acusa de sermos pouco empreendedores…há alguma incoerência no discurso.
Vejam lá e digam-me se não vivemos no país errado?
Se tivesse uma “cunhita” talvez isto andasse para a frente.
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