Muito se tem falado sobre a municipalização. Confesso que por vezes fico muito confuso e não sei que opinião devo ter. Compreendo perfeitamente os prós e contras, mas sinceramente isto está tão mau, tão mau, mas tão mau… que estou aberto a a qualquer ideia que possa trazer algo de novo.
A mudança é sempre algo assustador, mas mergulhar no escuro pode ser um perigo. Embora considere que possam existir alguns municípios capazes de contribuir para a melhoria da qualidade do ensino, há certamente outros que seriam um perigo. Veja-se o caso de Portalegre.
Quem é que teve a infeliz ideia de fazer semelhante atividade no dia da criança?
Por muito que tenha procurado, e procurado, e procurado algum interesse pedagógico ou lúdico nesta atividade, sinceramente não consigo. Limitação minha? Talvez…Mas duvido que os educadores de Portalegre também tenham reconhecido algum interesse pedagógico em colocar escudos nas mão de crianças para simular motins.
Não me espanta que alguém se tenha lembrado desta atividade. Espanta-me e assusta-me que um conjunto de pessoas tenham deixado avançar esta atividade.
Errar é humano e qualquer um de nós já propôs e planificou disparates. Disparates que não foram para a frente porque vivemos numa democracia onde foram discutidos e alguém com mais bom senso nos despertou para o facto de que o que estávamos a propor poderia ser um disparate. Viver em democracia é agradecer a essas pessoas por nos terem despertado e terem evitado a exposição ao ridículo.
Será que este exercício de cidadania (que para alguns não é fácil) foi realizado em Portalegre, ou é obra de um iluminado que acha que ele é que percebe muito sobre crianças?
Einstein dizia-nos que “O mundo é um lugar perigoso de se viver, não por causa daqueles que fazem o mal, mas sim por causa daqueles que observam e deixam o mal acontecer.”
O respeito pela democracia, pela hierarquia e a colaboração com o município assim como com outras entidades deve ser fomentado na escola, mas submissão a caprichos…não.
A municipalização pode vir a ser uma realidade mas cabe-nos a nós, professores, o exercício da cidadania. A Roma o que é de Roma. Só para não ficarmos (todos) mal na fotografia.
3 comentários
“mergulhar no escuro”? Basta tirar um bocadinho de tempo e ler estudos internacionais – e os professores deveriam fazê-lo – irão perceber o que está em causa. Entre apostar em estratégias que deram maus resultados noutros sítios, onde a cultura das sociedades até seria uma mais valia coisa contrária cá, ou melhorar a realidade actual, prefiro a última.
Basta ver como tudo se passou, os CG calados e a nem quererem ouvir os colegas, as pressões e tentativas de calar os que se opunham , os directores a estenderem-se que nem tapetes perante o poder edil, a tentativa de impedir , mesmo agora, a consulta aos professores. Sobre tudo isto, basta conhecer minimamente os bastidores da esmagadora maioria das autarquias para ter uma ideia de como se vai passar.
Os contratos de municipalização não são mais do que meras
transferências de competências administrativas, sem as respetivas transferências
financeiras, transformando os presidentes de câmara em ministros da educação e
as câmaras municipais em mini-MEC, ficando aberta a caixa do nepotismo,
influência partidária, atos persecutórios e retaliatórios, tão tipicos do
regime politico tuga…
Consulte-se os contratos que já foram assinados e conclua-se…