A começar pela Jurista Designada, passando pela Diretora de Serviços Jurídicos e Contencioso, depois pela Diretora Geral (que ainda tem título de Diretor-Geral) e por fim pelo Secretario de Estado do Ensino e Administração Escolar.
Que venha resposta idêntica para mim que eu digo-lhe onde vai parar o processo.
Porque dar uma resposta inútil em 9 meses não lembra a ninguém, a não ser aos 4 que assinaram a resposta do referido recurso hierárquico.
O excelso senhor diretor teve a delicadeza de marcar a reunião para uma sexta-feira, às 19h para que não houvesse desculpa para pais faltosos.
A mim coube-me a incumbência de fazer a ata, sabe-se lá por que razão, sai sempre este bilhete de lotaria aos de Português, cargo que assumi imediatamente levando o meu pequenino Magalhães: “Aos x dias do mês y reuniu-se o Conselho da Turma 7ºG com os respetivos encarregados de educação…”
A DT resolveu iniciar a reunião apresentando os professores. É boa rapariga, a colega, mas quem a veja, pequenina, um pouco franzina e com uma voz líquida, muito serena e ponderada, nem a imagina na sala de aula, a berrar pelos pulmões quando a garotagem lhe começa a trepar as paredes.
Começa, então, por “alertar para o mau comportamento e mau desempenho escolar evidenciados globalmente pela turma, considerando o Conselho de Turma a importância do apoio familiar na alteração de atitudes”, DT dixit.
Prossegue, referindo que “o acompanhamento familiar é aliado do sucesso académico, sendo fulcral que exista uma interação frequente com a escola”, DT dixit.
Continua insistindo que “a presente reunião serve para discutirmos os problemas, encontrarmos soluções”, DT dixit.
E nisto, assim sem mais nem menos, abrem as hostilidades.
Ao fundo da sala o senhor d’óculos dispara com ar incomodado, enquanto a colega de Inglês, encolhida na cadeira, me sussurra, lastimosa “É o pai do Rui…” (o qual é um dos nossos brilhantes alunos que costuma, com muita frequência, mandar um ou vários professores ao mesmo tempo “apanhar alho”, como se fosse essa a nossa profissão ou incumbência).
Está profundamente incomodado com o facto de os professores terem embirrado com o seu filho, porque é bom garoto, educado em casa, cumpridor das tarefas, mas na escola todos dizem mal dele, ele bem vê que há algum engano, a coisa não é assim, a injustiça é óbvia (e, enquanto penso na forma mais airosa de expor isto na maldita ata, percebo logo que estamos a começar bem).
A DT coloca-se na pontinha dos pés para o ver melhor e clarifica que o “menino” (de 15 anitos apenas) tem 6 faltas disciplinares, todas por injúrias verbais, é violento com os coleguinhas, mas até tem bom fundo, se o senhor encarregado tivesse vindo logo no início do ano ou (…lhe tivesse dado umas “galhetas”???…) acompanhado mais de perto, as coisas não tinham chegado a este ponto…
Um ou outro professor tenta desviar o assunto para evitar casos particulares e falar na turma, mas é óbvio que a coisa já se entortou, porque, logo a seguir, consigo vislumbrar outro paizinho nervoso que sorri e entrevejo o brilho de pistoleiro nos seus dentes frios de marfim. Vai ser rápido, faz um esgar súbito e dispara. Atirou de morte na de Matemática. Chamou-lhe incompetente, desinteressada (que é como quem diz, frígida emocional) e burra (porque corrigiu mal um exercício). Ele que é advogado é que tem de ensinar Matemática à filha???
Uiiiii, a de Matemática responde à letra e, caramba que isto vai descambar, porque o prof. de Ciências Naturais tenta acalmar os ânimos e leva com um bofetão da mãe do Pedro que o acusa de maltratar o filho quando ele alertou na caderneta para o facto de o aluno não fazer TPC’s. Entretanto, a mãe do Bruno desata num pranto comovido, “Q’eu não sei o que hei-de fazer com ele st’or, qu’eu não sei…”, porque o colega de Ed. Física diz que ele nunca vai às aulas “e vai chumbar por faltas, minha senhora; vai chumbar por faltas”, mas, por sorte, veio o pai com ela e responde “Vou-lhe arrear, vou-lhe arrear” e ficamos sem saber muito bem em quem é que ele dizia que arreava, se ao filho, se ao prof… A Dt pede “que se acalmem, que se acalmem”, porque estamos todos ali pr’ó mesmo e, durante um bom bocado, a tensão paira sobre as nossas cabeças, até a DT conseguir amenizar o combate e começar, finalmente a encerrar o cabo dos trabalhos.
Nesse momento, vejo a mãe da Joana aproximar-se de mim com um sorriso amigável. Sinto um leve tremor enquanto remato a ata e disfarço o desconforto observando as horas no relógio de pulso.
– A Sô doutora sabe q’ a minha Joana se chumbar a Português, chumba d’ano…
– Mas não será só pelo Português… – a senhora mantém o sorriso e revela-se persistente.
– Que chumba, chumba, e já é o segundo ano, ela até gosta tanto de si, sô doutora, veija lá, veija lá…
– Se a senhora puder, converse com ela, convença-a a cumprir os trabalhos de casa, a participar na aula, a colocar dúvidas…
– Ó senhora professora, a gente não tem escolaridade, a gente só trabalha, mas quero o melhor pr’a ela… Afinal, como está este período de nota?
– Pelos vistos, este ano continua outra vez com negativa…
– Ai, a filha da p**** que não me tinha dito nada!…
?…?
“E nada mais havendo a tratar, deu-se por finda a presente reunião.” Ego dico.
NOTA: Qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência.
O secretário-geral do PS, António Costa, admite acabar com os exames nacionais para os alunos mais novos. Embora o programa eleitoral não seja claro sobre isto, esta segunda-feira no Fórum da TSF Costa declarou que “não é uma boa solução a antecipação de exames para idades tão precoces” e que “as retenções têm um custo enorme”.
Da lista de aposentados do mês de Julho, publicada na passada sexta-feira, existem apenas 40 docentes do MEC, o menor número que tenho registo e a distribuição é de acordo com a seguinte tabela.
Entramos na Segunda Semana de Junho, semana esta que os leitores do blogue elegeram como a semana com maior probabilidade para a publicação das listas de colocações do concurso interno/externo.