Chegaram-me várias informações de erros nas colocações do concurso interno/externo.
Ainda estou a analisar as informações que me tem chegado, mas parece que muitos docentes das RA desapareceram das listas de colocados e não colocados.
Ainda não consegui cruzar as listas de ontem com as listas provisórias para analisar esses casos. Durante a próxima semana tentarei fazer isso.
Também me chegam relatos de ultrapassagens nas prioridades. Aqui não poderei analisar qualquer dado, visto que as preferências estão apenas na posse dos candidatos, mas fica este caso que me chegou para poderem também dizer se foram ou não ultrapassados em função das vossas preferências.
Fiquei colocada no 910 no QZP 6 (a minha 5ª opção).
O meu número de ordem é o 2872. No entanto, na lista, depois de mim, aparecem 3 colegas no QZP 1 (a minha 1ª opção), 1 no QZP 3 (a minha 2ª opção), e 1 no QZP 4 (a minha 3ª opção).
Na próxima semana tratarei do recurso, mas achei que gostaria de saber destes erros.
O grupo 120, como se previa, também tem muitos professores excluídos por não terem a sua candidatura não conforme.
Obviamente, que todos os casos devem ser alvo de recurso hierárquico e se vos for dada razão serão colocados no lugar a que teriam direito sem retirar desse lugar quem lá ficou colocado por concurso.
Podem neste artigo relatar a vossa situação para percebermos melhor onde poderão andar mais erros nestas listas de colocações.
É este despacho que define o funcionamento do ano escolar e que já devia ter sido publicado há algum tempo para as escolar prepararem o ano lectivo seguinte.
Fica aqui o Despacho que foi publicado ontem em Diário da República.
Dos 9425 docentes colocados no concurso interno 8363 docentes foram colocados por estarem na 1ª prioridade, ou seja, não mudaram de grupo de recrutamento e não eram do concurso externo extraordinário de 2014.
854 docentes foram colocados por mudança de grupo de recrutamento e 208 docentes colocados no concurso externo extraordinário de 2014 tiveram colocação neste concurso.
Fui bafejado pela sorte. Os resultados do concurso saíram e…bingo…finalmente consegui ficar na educação especial numa escola perto de casa.
Quando comecei a lecionar educação visual achei que era o que queria fazer para toda vida. Com o passar dos anos, acompanhando a degradação do ensino, as experiências com os alunos revelavam-se cada vez menos interessantes, ao contrário das experiências com os alunos com NEE que se tornavam cada vez mais interessantes. Achei que estava no sítio errado e por isso resolvi aceitar o desafio de ajudar os que queriam ser ajudados.
Estive sete anos numa instituição de pessoas com deficiência. Foram sem dúvida os anos mais bonitos da minha vida. Criei o projeto “Está na Hora” que mostrava aos “putos” das escolas o que era fazer “milagres” com poucas capacidades. Tínhamos DJ´s, teatro, animação da hora do conto, a banda “Mente Aberta” e uma panóplia de atividades que animavam a “garotada” das escolas ao mesmo tempo que transmitiam a mensagem: “aprende…aproveita as tuas capacidades”.
Regressei à minha escola (porque tinha que ser) e pensei que ia entrar num processo de luto. Não aconteceu porque me colocaram no grupo de educação especial. Tive um grupo de colegas e a uma direção que não conheciam a palavra não e alinhavam em todas as “maluqueiras” para quebrar o marasmo da educação. Desenvolvemos projetos realmente espetaculares sempre a mostrar aos alunos do currículo normal o que era fazer “milagres” com pouco.
Alguns projetos ficaram a meio. E agora?
A mudança é sempre assustadora mas como diz a jornalista Sónia Morais, há que vencer a genética portuguesa…
Quando recebi a informação, ia já a caminho do cinema. Tinha decidido tirar a tarde. Estava cansada dos papéis, das conversas, da espera. Queria ter apenas um pedacinho de sanidade, de esquecimento.
Decidi deixar o telemóvel no carro, porque sabia que a hora ia chegar e, simplesmente, não me apetecia estragar o momento. Porém, quando a sessão acabou e as luzes iluminaram a sala, percebi que não podia continuar a protelar. E, a cada passo mais perto do carro, senti algo incompreensível. O meu coração ia acelerando, mas os pés colavam-se ao chão. Os sons titubeavam na lonjura, como se eu estivesse quase fechada numa caixa, e cada gesto meu fosse projetado muito lentamente no espaço. Ao olhar em redor, só me ocorria que, dentro de minutos, aquele tempo já não iria existir. Que aquele momento, um segundo prolongado, se desvaneceria para sempre. Tinha a garganta seca, os olhos vidrados e foi com desânimo e esforço que coloquei a chave no carro.
Sentei-me, respirei fundo e agarrei no telefone. 8 mensagens, 15 chamadas. Por breves instantes supus que a alegria fosse alheia e a má notícia costumeira vinha a caminho. Então, abri a primeira mensagem, do meu eterno namorado. E, a custo, li: QZP 7.
Assim. QZP 7. Apenas isto.
Reli, abri outra mensagem e outra, todas com parabéns que começaram, devagarinho, a abrir uma brecha no meu corpo, até ribombarem com uma euforia tal, que um trovão de luz e choro compulsivo me desfizeram em água.
Ali estou eu. Ali estou eu ainda agora. Sentada no carro, um calor demoníaco que sufoca corpos e eu não sinto nada, só um rasgo imparável de lágrimas e soluços descontrolados.
18 anos depois, estou efetiva.
As mãos tremem tanto que nem consigo carregar nas teclas. E, quando tento falar, a voz esganiça-se, esfuma-se e esbate-se num choro sem tino.
Do outro lado, o meu amado ri do meu silêncio entrecortado por soluços e, à distância, dá-me um abraço feito de flores e frutos, tão doce, tão perfumado, que eu inspiro fundo e tenho-o logo ali, respirando-me ao ouvido.
A seguir falo com a minha mãe. Depois, a minha irmã gémea, mais alguns amigos que viveram a minha vida de angústia quando, nos últimos 18 anos, o coração e o medo me emparedavam num sofrimento atroz (e a todos vós desejo que este momento inigualável de felicidade vos seja extensível). Como pode caber tanto carinho num telefone tão minúsculo?
A seguir, um colega, que partilha a minha alegria, “e o que fazemos a seguir?”. Na minha voz entrecortada pela emoção e pela baba de cuspo e suor que me escorre, suspiro: “eu nem sei, nunca li a legislação desse ponto de vista…”
E, depois, finalmente, a primeira chamada de desalento, de dor profunda. A Xaninha, com vinte anos de serviço, que continua, simplesmente, candidata a professora.
E as minhas lágrimas duplicam, porque o meu coração tão feroz, tão destemido, não aguenta mais golpes hoje. Ainda estou no carro parada, as mãos tremendo, um bafo endemoniado à volta, eu e a Xaninha a chorar juntas no vazio que nos rodeia a ambas.
Não, já não choro compulsivamente de felicidade. Choro de raiva, de tristeza, de vergonha pela humilhação a que nos sujeitaram e sujeitam tantos anos.
Este golpe político tão elaborado e genial (parabéns a si, senhor Crato, quase lhe beijava a boca em vez de desejar que lhe trucidassem esses minúsculos órgãos genitais), porém, não me fará esquecer que existe um futuro à minha frente. Sim, estou feliz com uma imensidão que só quem passou por tudo isto pode perceber. E sim, também estou furiosa pela injustiça que este concurso representa.
Sentada no silêncio do meu carro, sorrio.
Posso estar embriagada de felicidade, mas, quando votar, não farão de mim parva.