Publicitação das listas definitivas de Colocação, Não Colocação, Retirados e Listas de Colocação Administrativa – 30.ª Reserva de Recrutamento 2021/2022.
Aplicação da aceitação disponível das 0:00 horas de segunda-feira dia 18 de abril, até às 23:59 horas de terça-feira dia 19 de abril de 2022 (hora de Portugal continental).
A tentativa de instaurar a igualdade nos intervenientes do processo de ensino, resultou na inopinada inversão da pirâmide hierárquica no processo ensino-aprendizagem. Muitos dos que por tudo e por nada criminalizam os professores, exercitam agora a sua memória selectiva quanto à realidade mais austera em que estudaram, em que foram sujeitos aos rigores punitivos da escola e da família, aos quais não só sobreviveram como alguns aludem, como exemplos da severidade ao tempo necessária. Não creio que possa o enquadramento histórico explicar e justificar todos os exageros perpetuados pelos docentes e pelos pais no passado, mas creio igualmente que também não pode agora justificar, toda a impunidade que os alunos beneficiam no que ao seu comportamento escolar diz respeito.
O aproveitamento da má memória coletiva associada aos corretivos aplicados com a cumplicidade geral da sociedade até aos anos 90 do século passado, não podem agora ser a fundamentação para uma espécie de justiça histórica, que ao atropelo da verdadeira equidade, vinga os docentes do presente pelos erros do passado e radicaliza as opiniões públicas contra os profissionais da educação. Hoje são os docentes que experimentam o medo, que são escrutinados todos os dias pelos alunos e pelos pais, culpados por todo o insucesso escolar, por todo o insucesso estatístico, pelas dificuldades de inclusão social dos alunos e enquadrados numa carreira em que é matematicamente impossível ascender ao topo. A manipulação da opinião pública relativamente à classe docente chegou a ser usada como “bode expiatório” na criação de falsas crises políticas, arquitetadas para aplicar austeridade às carreiras dos professores e alargá-la a toda a função pública. Enquanto isso, sucede que os alunos passam automaticamente, infernizam as aulas, executam cada vez mais e só, atividades que vão ao encontro dos seus interesses e apenas com um desempenho extraordinariamente negativo reprovam de ano. Alunos, pais, poder local, são pares em superioridade, e os docentes o elo mais fraco da comunidade.
Na classe, cresce a resignação. As ofensas à dignidade dos professores estão sempre a aumentar, enquanto, opostamente, as denúncias aos abusos à sua dignidade, sejam elas físicas, verbais, individuais, de grupo ou simples omissões cirúrgicas à importância do papel que desempenham tem vindo a diminuir. Sempre que alunos se agridem entre si, com mais ou menos impacto na comunicação social, a consequência é serem alvo de um processo e como consequência irem uns dias para casa jogar videojogos. Da mesma forma, se os alunos agridem os professores, são notícia na escola, vão uns dias para casa e regressam alegres depois de um breve interregno. Por sua vez, quando professores agridem alunos, são criminalizados, demonizados na comunidade, sobretudo nos meios de comunicação social, motivo de milhares de comentários ressabiados nas redes sociais, banidos da escola e proibidos de voltar a exercer a profissão. As remotas agressões que os professores praticavam são hoje justamente penalizadas, mas o alarido que se desenvolve à sua volta é grotesco, vingativo, sensacionalista, ressabiado e em muitos casos nada ingénuo.
O revanchismo e a desvalorização do papel docente é sorrateiramente apoiado pelos partidos habituados a exercer o poder, serve os interesses orçamentais de políticos que governam frivolamente para 4 anos de mandato, sem nunca avaliarem as consequências das suas agudezas no longo prazo. Em vez de valorizados, os professores são tratados como dispensáveis, obsoletos, os primeiros a serem dispensados numa cadeia de valor em que as profissões serão secundarizadas pela robotização, em que tudo quanto servir o propósito de estigmatizar o seu papel e esvaziar o seu poder para reduzir ainda mais os seus salários tem acolhimento. O resultado é a falta de professores que já se regista e que será o maior obstáculo ao sistema num futuro próximo.
O autoritarismo do passado não devia justificar o desequilíbrio hierárquico inconsequente a que se assiste, sobretudo quando a balança pende para o lado de inocentes, empoderados, decisores dos conteúdos e das regras na sala de aula, maioritariamente menores, a quem a escola, e muitas vezes a família, não proporciona as devidas lições de ética e maturidade.
Desvalorizar os professores é rendermo-nos ao sensacionalismo, ao populismo, é deixar para as gerações futuras a responsabilidade de resolver uma divida de valores equivalente à divida financeira, por ventura bem mais difícil de debelar, mas igualmente fácil de ignorar.
Depois de uma prolongada, xaroposa e excruciante exposição a “concílios”, vulgo reuniões, frequentemente empatados por costumeiras discussões inconsequentes e por monólogos supérfluos e desnecessários, fica-se, muitas vezes, com a sensação de que se arrastou cada “sínodo” desses por mais de duas horas, quando cada um deles se poderia ter realizado em menos de metade do tempo…
Poderia, poderia, se:
– A comunicação entre os respectivos intervenientes fosse realizada de forma pragmática e eficiente;
– Alguns intervenientes não repetissem, até à exaustão, o que já foi dito e redito, sem acrescentar nada de novo;
– Alguns intervenientes não apresentassem recorrentemente dados irrelevantes ou fúteis;
– Alguns intervenientes não gostassem muito de se ouvir a si próprios;
– Alguns intervenientes evitassem os discursos fastidiosos, “redondos” e redundantes, marcados por grande dispersão…
“Concílios” que se arrastam por tempo infinito, costumam significar desperdício de horas em actividades inúteis e improfícuas; onde se passa a maior parte do tempo a discutir minudências inúteis, como o “sexo dos anjos”; e quando se olha para o relógio, muitas vezes, já não há tempo para tratar de assuntos que seriam realmente importantes…
De qualquer forma, reconheçamos que é preciso alguma sapiência e mestria para empatar “concílios”…
Em praticamente todas as escolas, existem intervenientes peritos ou especialistas naquilo que comummente se designa por “conversa de treta”, apesar de, quase sempre, colocarem um tom muito enfático em todas as suas palavras…
O que afirmam é sempre tido por si como muito pertinente e deve, por isso, suscitar a maior atenção e o maior interesse por parte de quem os ouve, quer estejam a dissertar sobre o estado do tempo ou sobre os benefícios do chá de malva na prevenção e no tratamento das hemorróidas…
Como se fossem a “ultima bolacha do pacote”, existem também os intervenientes que parecem considerar que devem ter sempre a “derradeira palavra” e que a sua suprema competência e superior sabedoria lhes confere a prerrogativa de estarem acima de qualquer crítica, reparo ou opinião…
A noção do ridículo e do absurdo é algo que parece faltar a alguns desses intervenientes, tornando-se, nas anteriores circunstâncias, muito tentador afirmar: “a sua mensagem foi recebida e ignorada com sucesso” (roubado da internet) ou desconversar, por exemplo, assim: “eu disso não sei nada, eu é mais bolos” (Personagem José Severino, Herman José) …
Resiliência é aguentar um “concílio” de duas horas, muitas vezes a ouvir discutir o conceito de Abstracto, de Infinito ou de Profundo, sem perder o controlo ou a compostura e sem mostrar sinais de irritabilidade, conseguindo recalcar a frustração e dissimular muito exaspero e alguma raiva… Isso, sim, é resiliência…
Claro está que os “concílios” realizados por via dos meios telemáticos ao dispor acabam por se tornar um pouco mais suportáveis do que os que ocorrem presencialmente, de onde é praticamente impossível “fugir”, pelo menos do ponto de vista físico:
Porque a paciência infinita é um desígnio apenas alcançável pelos Santos, e sendo possível desligar o som e a imagem, mas continuar “em modo presente” no “concílio”, torna-se legítimo fazer algumas pequenas “pausas” de natureza diversa, sobretudo quando a loquacidade alheia desrespeita todos os critérios de razoabilidade…
Nessas situações parece perfeitamente aceitável e desculpável que se possam “contornar ligeiramente” as regras, tendo como principal objectivo a mitigação de possíveis efeitos irreversivelmente entediantes…
E quem nunca “prevaricou” em tais circunstâncias, que “atire a primeira pedra”…
(Bom descanso neste pequeno interregno, rumo aos “concílios finais”, onde por certo continuará a tagarelice vácua e redundante…).
O Dec. Lei 21/2019 de 30 de janeiro, concretiza o quadro de transferência de competências para os órgãos municipais e para as entidades intermunicipais no domínio da educação. Apesar do Decreto-Lei ter sido publicado em 30 de janeiro de 2019, na prática a maioria das reuniões de “negociação” entre a tutela e os municípios arrastaram-se para o final de 2021 e, com a concordância ou não, a partir de 1 de abril de 2022 as competências foram transferidas para os municípios.
Perante esta realidade temos assim três cenários nos nossos municípios:
Cenário 1 – Municípios que aceitaram as competências, não porque o presidente da Câmara esteja preocupado com os alunos, o futuro da educação ou a melhoria das condições das escolas, mas porque vê aqui mais uma oportunidade de alargar o seu espaço de influência política e controlo das organizações do município, na prática “vai ter o Diretor na mão”;
Cenário2 – Municípios não querem estas competências, foram-lhes impostas contra a sua vontade. Acabam por delegar as competências nos Diretores das escolas. Na prática o que vamos ter é uma duplicação de procedimentos, aumento da burocracia, menor agilização nos processos. Em suma, nenhuma das partes está satisfeita com esta solução e quem perde…. é a escola;
Cenário 3 – Municípios que já estavam na vanguarda da educação, autarquias que já viam a educação como uma prioridade e investimento e, como tal, souberam negociar e preparar com tempo a transferência. Vêm na delegação de competências mais uma oportunidade para alargar dinâmicas de funcionamento e rentabilização de recursos. Há objetivos e uma visão conjunta da autarquia com a escola e, como tal, o futuro da educação nestes municípios vai continuar na vanguarda do que de melhor se faz a nível nacional.
Senhor Primeiro Ministro Dr. António Costa e senhor Ministro da Educação Dr. João Costa, os estudos feitos e a experiência de vida dizem-nos que descentralizar ou delegar competências de órgãos centrais em autarquias ou outros de dimensão regional só funcionarão com a vontade e aceitação de ambas as partes, nunca por decreto. Caso contrário quem perde é sempre o cidadão! No caso da educação, são os alunos e toda a comunidade educativa que vê o futuro ser pior que o presente.
Lamentavelmente como diz a canção popular “para melhor está bem, está bem, para pior, já basta assim”!