9 de Abril de 2022 archive

A Educação de 8 a 80 – Marco Bento

 

A integração da tecnologia no processo educativo sofre de uma grave lacuna entre o que é a realidade e os que são as expetativas, num período de dúvidas de todo o ecossistema educativo.

A Educação de 8 a 80

Assistimos atualmente a um mundo de olhares extremistas, nos quais apenas há lugar ao debate entre o bem e o mal, entre o preto e o branco, entre a esquerda e a direita, entre o certo e o errado, entre a inovação e a tradição, entre o digital e o analógico, entre o professor e o aluno. Essa é uma visão muito radical sobre o que deveria ser a capacidade humana de ouvir, respeitar, debater e incutir o bom senso e o equilíbrio nos pensamentos e discussões.

Na Educação, permanece a controvérsia entre a necessidade de inovação do sistema educativo, e a sua natural evolução social, versus a permanência de um modelo tradicional de ensino consistente, testado e seguro na sua ação pedagógica. Estamos apenas a viver na ilusão social de um mundo voltado para a transformação do sistema educativo pela inovação com tecnologia. Na verdade, a inovação, com e através da tecnologia, é apenas um placebo que nos é dado como se a sua utilização fosse uma prática inovadora num sistema de ensino.

Se as práticas com o digital fossem inovadoras, por que razão permanece a discussão sobre a necessidade ou as potencialidades da introdução da tecnologia em contextos educativos? Qual a razão de tantos Encarregados de Educação não assumirem essa importância e não requererem os computadores entregues pelo Ministério da Educação para os seus educandos? Por que razão as direções das escolas não acreditam nos seus professores e nos seus desenhos de atividades digitais, limitando as suas ações pedagógicas? Por que razão muitos professores não reconhecem a importância de uma inclusão do digital, combinada com outras estratégias e recursos nos seus desenhos pedagógicos? Por que razão os decisores não compreendem a importância de uma infraestrutura e equipamentos de qualidade para essa inovação? Como consciencializar os alunos nos processos de transformação pedagógica, se o que lhes é solicitado é o mesmo formato avaliativo? Qual o impacto das imensas investigações no processo de ensino?

A integração da tecnologia no processo educativo sofre de uma grave lacuna entre o que é a realidade e os que são as expetativas, num período de dúvidas de todo o ecossistema educativo sobre a eficácia ou não da tecnologia na aprendizagem, diabolizando-a e seguindo, assim, o extremismo da discussão.

O primeiro passo é a aceitação pelos alunos, pais, professores, direções e decisores que existe espaço e tempo para integrar a tecnologia com o mesmo equilíbrio com que deveria ser assimilado (e também não o é) o desporto e as artes. É inquestionável, porém, que a competência e confiança dos professores na manipulação da tecnologia é um fator chave para incorporá-la no ensino, e assim surge na formação uma variável decisiva para uma mudança bem-sucedida na cultura docente. O segundo passo é, necessariamente, debater o processo de avaliação, uma vez que tem influência nos processos dos alunos, pais, professores, direções e decisores!

Quando falamos de avaliação, partimos de um equívoco, pois avaliar não é o mesmo que classificar. O sistema está demasiado alienado com a pretensão em classificar, mas, sobretudo, por aplicar os mesmos instrumentos de avaliação em qualquer estratégia pedagógica. A questão de os instrumentos de avaliação serem contestados pela Escola no seu todo, por estes não funcionarem ou não serem eficientes, acontece, muitas vezes, por uma falta de compreensão e noção do que é, realmente, possível fazer num processo pedagógico designado de avaliação.

O foco deverá ser através da avaliação pedagógica, isto é, uma avaliação que permita ao aluno aprender mais e melhor. A avaliação é um processo pedagógico e não um “fim de etapa”. Naturalmente, muitas escolas estão em final de período e o fenómeno das avaliações é demasiadamente valorizado, esquecendo todo o processo e o que cada aluno faz em cada dia, realçando cada etapa e não apenas aritméticas estatísticas. Mas compreendemos que os professores se sintam pressionados pelo sistema educativo, pela família e pela sociedade, para uma avaliação que seja uma classificação, já que todos procuram números que traduzam resultados. Como tal, necessitamos pensar como é que, pedagogicamente, vamos desenhar uma tarefa para criar condições para o aluno planificar, desenvolver e construir um produto que implique a aplicação dos conteúdos e ilustre as suas competências, sejam individuais ou em grupo, com ou sem avaliação oral, mas monitorizando o trabalho nas diferentes etapas da sua construção, e não, apenas, o produto final, classificado com um número. A conceção e a monitorização do processo de avaliação e das tarefas, numa colaboração e cocriação entre o aluno e o professor é mais exigente, mas o processo melhora a aprendizagem, e esse é um dos objetivos fundamentais da avaliação.

Assim, sabemos que o modelo de acesso ao Ensino Superior constitui um formato ultrapassado e injusto, que condiciona toda a transformação pedagógica no restante ensino obrigatório. Deste modo, é urgente que o Ensino Superior participe, ativamente, nessa seleção e decisão. Liderar o processo de transformação pedagógica deveria ser uma prática de quem ensina e investiga pedagogia.

A Educação não pode continuar a falhar, desde logo, quando se contesta a ciência, mas também deverá ter a hipótese de errar em alguns momentos. O julgamento não poderá situar-se apenas no 8 ou no 80, mas, sem extremismos, definir-se com equilíbrio, participação e compreensão de toda a sociedade.

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Orientações para o Acolhimento, a Integração e a Inclusão de Crianças e Jovens Ucranianos

Clicando na imagem seguinte acedem às Orientações da DGE para o acolhimento, a integração e a inclusão de crianças e jovens Ucranianos.

 

E é também apresentada mais uma ferramenta de apoio a estas crianças e jovens.

RTP Ensina apresenta “Português para Ucranianos”

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Há um Elevado Número de Horários Completos e Anuais

Na Reserva de Recrutamento 28 e 29, assim como nos horários em concurso na Contratação de Escola existiram mais colocações em horário completo e anual do que seria suposto nesta altura do ano.

Na Reserva de Recrutamento 29 existiram 38 colocações em horário completo e anual e na Reserva de Recrutamento 28 existiram 23 colocados.

Este número mais elevado de colocações em Horário completo e anual prende-se exclusivamente com o reforço de crédito atribuído às escolas para a integração nas escolas portuguesas das crianças e jovens provenientes da Ucrânia.

Cada Agrupamento que tenha recebido 6 ou mais crianças deste pais teve um reforço de crédito de 1100 minutos semanais para o apoio do Português Língua Não Materna (ou seja, um horário completo) e abaixo de 6 crianças esse reforço foi de metade desse tempo.

Nas próximas semanas ainda deverá haver um número elevado de colocações em horário completo e anual por este motivo.

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#EPE aos Quadradinhos

Situação de discriminação institucional dos professores do ensino português no estrangeiro: Portugal, Estado de direito? Sim, mas não totalmente!

 

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A suprema hipocrisia: exigir aos outros aquilo que não se pratica…

“As escolas devem ser laboratórios de democracia e oficinas de paz”, terá afirmado João Costa, no passado dia 5 de Abril, à margem do Conselho Europeu de Ministros da Educação…

Frases premeditadas, proferidas à porta de um Conselho Europeu, podem tornar-se em meros chavões inúteis, destinados a mascarar a realidade, desmentidos pela imparcialidade factual:

Nessa visão das escolas parece estar implícita a concepção das mesmas como lugares idílicos, propícios à criação de condições para a observância da democracia, da paz, da felicidade, do pensamento crítico, do pensamento independente ou da experimentação, no seu sentido mais lato…

Lamentavelmente, essa visão encontra-se absolutamente deturpada, sobretudo por não corresponder à realidade. E a realidade é esta: o ambiente que se vive actualmente, na maioria das escolas, é castrador e oposto ao conceito de liberdade individual…

A partir da publicação do Decreto-Lei nº 75/2008 de 22 de Abril, a ditadura foi instaurada nas escolas públicas. Depois desse Decreto, as escolas regrediram “às trevas” e mergulharam na opressão e no obscurantismo, de onde nunca mais conseguiram sair…

No geral, as escolas foram transformadas numa espécie de “feudos senhoriais”, como se fossem propriedade privada; o Poder foi centralizado, as decisões são, muitas vezes, tomadas de forma unipessoal, inflexível e arrogante; a doutrinação e o culto à personalidade do “líder supremo” são frequentes, podendo chegar-se ao ridículo da existência de rituais a lembrar o “Beija-Mão” de outras épocas…

Os privilégios concedidos aos detentores do Poder permitem-lhes exercê-lo de forma absoluta, abusiva e discricionária, se for essa a sua vontade…

A contestação costuma ser barrada; oficiosa e cinicamente, a oposição é proibida; existe censura, concomitante com represálias e castigos, previstos para quem ouse levantar-se…

Muitas vezes existe assédio moral e psicológico, repressão, controlo e intimidação… Existe “vigilância política” e existe, enfim, um hediondo “terrorismo de Estado”, através do qual se mantém a ordem e a hierarquia e se desincentivam eventuais insurreições…

Na prática, órgãos como o Conselho Geral, o Conselho Pedagógico ou o Conselho Administrativo, resumem-se todos apenas ao Poder de uma só figura: o Director, ou aqueles em quem o próprio delegue determinados Poderes…

Nessas circunstâncias, a escola tornou-se estéril de discussão saudável, esvaziada de democracia participativa, minada pela farsa diária, pelos sorrisos forçados e pela hipocrisia do “faz de conta”…

No contexto anterior, considerar que “as escolas devem ser laboratórios de democracia e oficinas de paz”, não pode deixar de ser qualificado ou como uma piada de mau gosto, eivada por um certo sadismo; ou como a recusa de aceitar e assumir a realidade, substituindo-a pela imaginação, pela fantasia e pelo pensamento mágico…

Em parte significativa das escolas, não existe democracia, nem paz… Ditadura encapotada de democracia talvez haja e muita “paz podre” também…

Não reconhecer isso é deixar-se enredar por uma espiral de dogmatismo e de hipocrisia…

O Ministério da Educação não pode deixar de ser apontado como o principal responsável pelo défice democrático que grassa nas escolas, sobretudo desde 2008… Fatalmente, em Educação, o (bom) exemplo raramente vem de cima…

E o presente Ministro, que também desempenhou funções governativas na área da Educação nos últimos seis anos, enquanto Secretário de Estado, não poderá demitir-se ou desvincular-se dessa responsabilidade, nem desse ónus…

Não parece legítimo que o Ministério da Educação exija às escolas aquilo que o próprio não tem conseguido ou querido fazer: devolver a democracia às escolas, permitindo o efectivo exercício da liberdade individual e colectiva…

Como podem as escolas, em consciência e com plena convicção, dar aquilo que elas próprias não têm?

O tamanho da hipocrisia costuma medir-se pela distância entre o que é dito e o que é feito…

No caso presente, parece que a hipocrisia terá uma dimensão assinalável, uma vez que não se vislumbra qualquer vontade política para revogar o Dec. Lei Nº 75/2008 de 22 de Abril, prevalecendo o aforismo: “faz o que eu digo, não faças o que eu faço”…

E a primeira causa para não se proscrever o referido Decreto parece ser esta: os principais executores locais das medidas de política educativa são os Directores, a quem é conferida a autoridade necessária para implementar tais políticas, conforme consta nos próprios fundamentos da criação desse cargo (Preâmbulo do Dec. Lei Nº 75/2008 de 22 de Abril)…

Por outras palavras, o Ministério da Educação precisa dos Directores para executar as suas políticas educativas, custe o que custar, e os Directores precisam da desmesurada autoridade que lhes é conferida por esse Ministério para exercerem o Poder da forma que mais lhes convier…

Enquanto assim for, essa interdependência entre Ministério da Educação e Directores não deixará de assumir um carácter perverso e vicioso, com uma estratégia clara: procurar o benefício de ambas as partes, por via do mutualismo…

No meio desses “Jogos de Poder” encontram-se milhares de alunos e de profissionais de Educação que, cada vez mais, parecem ser instrumentalizados como meros “peões”, postos ao serviço ora de uns, ora de outros…

No final, perde a Educação, cada vez mais despojada dos principais Valores da cidadania, apesar de até existir uma componente de currículo denominada Cidadania e Desenvolvimento, supostamente muito grata ao Ministro da Educação e à qual atribuirá muita importância…

“Os professores têm como missão preparar os alunos para a vida, para serem cidadãos democráticos, participativos e humanistas” (DGE, Aprendizagens Essenciais/Cidadania e Desenvolvimento)…

E os profissionais de Educação, que também são cidadãos, verão respeitados, na escola onde trabalham, o seu igual direito à democracia, à participação e ao humanismo?

Ou estaremos perante mais uma evidência de flagrante hipocrisia?

(Matilde)

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Lista Colorida – RR29

Lista Colorida atualizada com colocados e retirados da RR29.

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193 Contratados na RR29

Foram colocados 193 contratados na reserva de recrutamento 29, distribuídos da seguinte forma:

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A falta de formação dos formadores dos novos professores?

 

Parece que se começa a descortinar um bode expiatório para levar com as culpas de um problema de todo o ensino superior, os professores do ensino superior.

A uma parte dos professores que lecionam no ensino superior pouca ou nenhuma prática têm, não são só aqueles que lecionamos cursos via ensino, até porque, esses serão os que aina vão tendo alguma,  lá vão dando umas aulas. Mas pergunto, se noutras profissões, a experiência dos docentes “formadores” será alguma além do trabalho desenvolvido como docentes?

A maior parte dos meus professores iniciaram a sua carreira como docentes do ensino básico e secundário. Um desses professores disse-me, um dia, que nunca devia permitir que me tratassem por “doutor” porque eu era um professor.

Andam muitos doutores por aí e a maioria não está nas escolas nas escolas, os que lá andam são professores com muita experiência.

 

“Há margem de melhoria e de mudança na forma como se formam os professores”. Isto porque, ainda que se verifique um nível de qualificação elevado – dado que a maioria dos docentes responsáveis por essa formação são doutorados – a preocupação cai sobre o facto de “um terço dos professores não ter formação no ramo educacional”. Para agravar a situação junta-se ainda o elevado número de docentes que “nunca tiveram experiência no ensino básico e secundário”.

Há, sempre, margem de melhoria, nos antigos e candidatos a ministros da educação nem se fala o quanto…

 

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Falta de professores? Algumas considerações – Alberto Veronesi

 

Falta de professores? Algumas considerações

A grande notícia desta semana foi a de que “mais de 100 mil alunos estarão sem pelo menos um
professor já no próximo ano”. Não é uma novidade, pois já em novembro do ano passado,
quando o Governo apresentou um estudo encomendado à Universidade Nova SBE, se sabia que
40% dos professores se iriam reformar até 2030 e, em consequência, será necessário recrutar,
em média, 3400 novos docentes por ano.
Geralmente, na altura em que decorre o concurso de professores, o tema da sua falta costuma
voltar à ordem do dia. No entanto, parece-me que as soluções que foram apresentadas pelo
governo são manifestamente insuficientes e sobretudo ignoram o real problema da profissão.
Nas Linhas Gerais do Programa do Governo as soluções consideradas como sendo as que irão
acautelar a falta de professores são: tornar a carreira de professor mais atrativa, nomeadamente,
através de novos modelos de recrutamento e de vinculação; permitir a vinculação ao quadro de
escola, ao quadro de agrupamento e ao de zona pedagógica o mais rapidamente.
Considerar que estas medidas terão resultados práticos é estar mal informado quanto às reais
razões para que os professores desistam da profissão e os jovens nem sequer a equacionem.
Abrindo o concurso de professores a mais candidatos, através da revisão das habilitações
mínimas para a docência, oferecendo uma entrada na carreira mais lesta, baixando a fasquia e o
rigor na seleção, pode-se conseguir aumentar o nível de interessados em ingressarem na
profissão, mas não se conseguirá nem captar os melhores, nem evitar que outros tantos dela
desistam.
A carreira de professor, tal como está, deixou de ser interessante para a maioria dos que o são e
menos ainda para quem algum dia até possa ter equacionado segui-la. De que serve oferecer
uma mais rápida inclusão nos quadros se, por exemplo, isso significa estagnar durante décadas
no mesmo escalão remuneratório? De que serve oferecer essa integração aos que entram se
faltaram ao respeito, aos que dela fazem parte, quando saquearam mais de seis anos efetivos de
trabalho, com todas as repercussões negativas que isso teve na vida desses milhares de
professores?
O problema da falta de professores não está só, creio até que esse seja um problema de
somenos, no recrutamento e vinculação. Está sobretudo na falta de condições globais. Ajustando
e melhorando estas condições, os candidatos surgirão naturalmente. O foco deve ser esse. Caso
contrário, iniciaremos um caminho, penso até que o possamos já ter iniciado, que levar-nos-á à
efetiva falta generalizada de professores. Esta, por sua vez, conduzir-nos-á a um estado de

emergência educativa e a termos de recorrer a “qualquer um” que aceite desempenhar a função
de professor por um valor bem mais atrativo para quem contrata.
Uma vez que não me parece que as soluções passem só por uma flexibilização no recrutamento,
revendo as habilitações para a docência, recrutando qualquer licenciado, fazendo da profissão
uma espécie de escape do desemprego, nem por uma vinculação acelerada, que soluções então
deverão ser equacionadas para combater este flagelo?
Dignificar e tornar a carreira mais atrativa, passa em primeiro lugar por devolver alguma
dignidade aos professores, devolvendo o tempo de serviço efetivamente trabalhado para efeitos
de progressão, eliminando as quotas e revendo os índices remuneratórios que, como já tive
oportunidade de escrever, sofreram desde 2009 uma atualização ridícula. No índice 167, que
corresponde aos professores contratados e no primeiro escalão da carreira, o aumento foi de
18,27€, bruto em 13 anos. Revelador! Alargando as possibilidades de vinculação de acordo
com as reais necessidades do sistema, dando incentivos para professores deslocados,
garantindo a equidade nos descontos para a segurança social entre professores com horários
completos e incompletos, completando estes últimos para se tornarem mais apelativos para os
candidatos.
Criar condições organizacionais promotoras de ambientes saudáveis de aprendizagem,
começando desde logo por rever o modelo de gestão dos estabelecimentos de ensino,
recuperando a sua democraticidade. Revalorizando o currículo que tem sofrido demasiadas
alterações de eficácia pedagógica questionável. Reduzindo o número de alunos por turma e
definindo o máximo de alunos por professor. Revendo a Avaliação de Desempenho
Docente, abolindo a classificação do desempenho, entre pares. Atribuindo mais meios para a
inclusão, pois a forma como se tem tentado implementá-la nas escolas tem sido altamente
ineficaz promovendo muitas vezes, citando Santana Castilho, “uma exclusão dupla, mais
gravosa ainda para os que nasceram diferentes”. Reduzindo drasticamente a burocracia
escolar. É sabido que uma das causas que leva os professores à exaustão é a excessiva carga
burocrática com que se veem a braços diariamente nas escolas. Redefinir as tarefas que são da
competência dos serviços e as que são dos professores, devolvendo-lhes o tempo necessário
para que se possam focar na sua primordial tarefa, ensinar. Combater veementemente a
indisciplina e violência em meio escolar. É essencial que haja um sinal claro por parte da
tutela de que haverá tolerância zero no que toca a indisciplina em meio escolar.
Simultaneamente, deverão ser criadas redes de apoio sociais e comunitárias que, em
colaboração com as escolas, deverão prevenir estas situações a montante, no seio do problema
que é maioritariamente fora da escola.

Colocando em marcha estas medidas, naturalmente os jovens tenderiam a sentir-se mais
motivados a seguir esta tão nobre profissão.

 

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