Os Números Podem Ter Várias Formas de Ser Lidos

E depende sempre da forma como são apresentados e tratados. Se as contas do abate desde 2011 dão perto de 11.000 professores que saíram do sistema, se for contabilizado desde 2012 já daria 6.662.

E se retirarmos o ano 2012, pois os 4.197 vínculos apenas aconteceram desde 2013 então o abate foi de 2.569 docentes.

Mas se ainda retiramos o ano 2013 e consideramos apenas a partir do ano 2014, então o saldo passa para um abate de apenas 173 docentes do quadro, pois em 2014 e 2015 apenas saíram por aposentação 2.238 docentes e 1342 por rescisão e entraram 1.954 em 2014 e 1.453 em 2015.

E agora vem a parte do crescimento (curiosamente em ano de eleições). Apenas aposentaram-se 1011 docentes até Setembro de 2015 e entraram no quadro 1453 docentes. Julgo que pela primeira vez há um saldo positivo nestes anos todos, sendo esse saldo de 442 docentes.

Resumidamente o quadro é este:

saldo

Resta saber se a tendência será para continuar o crescimento após as eleições ou se o abate vai voltar a números pós eleitorais.

Julgo que já perceberam como funcionam os esquemas em anos eleitorais, não perceberam?

 

Nuno Crato abateu onze mil professores ao quadro

Nos últimos quatro anos, o Estado integrou 4197 novos docentes mas perdeu 15 106. Governo fala em processo de estabilização, depois de escolas terem perdido 215 mil alunos.

Os quadros do Ministério da Educação e Ciência (MEC) ficaram com menos 10 909 professores em quatro anos. Desde 2011, ano em que o governo da coligação PSD–CDS entrou em funções, reformaram-se ou rescindiram com o Estado um total de 15 106 docentes, enquanto as entradas nos quadros se ficaram pelas 4197. O contingente de professores nas escolas é reforçado anualmente por contratações como a dos 3782 colocados na sexta-feira, e os cerca de 2100 horários que ainda vão a concurso a partir de quinta-feira.

A quebra do número de professores quer nos quadros quer contratados (que chegaram a ser mais de 17 mil em 2010-2011) não pode ser dissociada da redução do número de alunos: menos 215 mil desde 2010-2011. O que faz que a regra da contratação da função pública – de que por cada dois funcionários que saem entra um – não se aplica na educação. Neste momento, por cada três professores que saem do sistema, entra um.

Aliás, os concursos para admitir professores nos quadros têm intervalos de quatro anos, embora este ano tenha havido um extraordinário, quando o próximo deveria ser apenas em 2017. Desta forma, o MEC deu também cumprimento à norma europeia que proíbe a renovação abusiva de contratos e integrou nos quadros todos os professores que nos últimos cinco anos tinham dados aulas, com horários anuais e completos no mesmo grupo de recrutamento.

O ministério liderado por Nuno Crato tem sublinhado por diversas ocasiões os esforços para a “estabilização dos quadros” e para garantir apenas as entradas de docentes que o sistema precisa. Ainda na sexta-feira, com a publicação das listas de contratados, a tutela escreveu no comunicado que, no processo de contratação, “teve sempre presente e acautelou a necessidade de implementar medidas que refletem uma gestão cuidada dos seus recursos humanos no sentido de proporcionar um melhor aproveitamento dos docentes de carreira”.

A ideia da reorganização dos quadros dos professores – a educação é o maior empregador público com cerca de 200 mil funcionários – tem sido uma constante. “O MEC iniciou em 2011 um processo de reorganização dos recursos humanos e de estabilização dos quadros, o que possibilitou uma maior eficiência na gestão e rentabilização dos recursos existentes”, sublinhou o gabinete de Nuno Crato, quando do lançamento dos concursos para os quadros, em fevereiro.

Garantindo que só têm entrado nos quadros professores que correspondam às “necessidades definidas pelos estabelecimentos de ensino e as projeções demográficas”, a tutela não esconde também as medidas que levaram à libertação de funcionários. “Entre outras medidas, destacam-se a conclusão, no essencial, do processo de reordenamento da rede escolar, o alargamento dos Quadros de Zona Pedagógica, o desbloqueamento dos pedidos de aposentação e o programa de rescisões por mútuo acordo.” Só para a reforma – que o ministro garantia serem fundamentais para evitar que outros docentes de carreira ficassem sem turmas – saíram, desde 2011 e até setembro deste ano, 13 764 professores. Aderiram ao programa de rescisões mais 1342 docentes. O que dá um total de 15 106 que deixaram as escolas públicas.

Mesmo subtraindo as entradas dá uma redução significativa de funcionários vinculados. Apesar da diminuição da população escolar – que segundo o MEC “justifica uma atuação atenta e ágil dos governos” -, a Fenprof já veio a público defender que “vários fatores deveriam ter contribuído para que aumentasse a colocação de docentes”: “A aposentação de milhares de professores; a saída de quase 2000 docentes por rescisão; o alargamento da escolaridade obrigatória, cuja concretização se concluiu no ano que terminou; a criação de um novo grupo de recrutamento [120 – Inglês do 1.º Ciclo]”, refere.

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11 comentários

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    • Agnelo Figueiredo on 31 de Agosto de 2015 at 1:31
    • Responder

    Os 11 mil de 2011 não podem ser imputados a Nuno Crato. Só tomou posse em Junho e não alterou qualquer legislação de concursos até Setembro.


  1. Mas o problema maior nem está no número de efetivos. O problema maior é que desde 2005 não entrou ninguém nos quadros. Como consequência o número de contratados aumentou significativamente pois alguém teria de substituir os que se iam passando à reforma. Em 2011 o número de contratados julgo que chegou a ultrapassar os 40 mil. Neste momento são apenas 3 mil e tal. Ao longo do ano este número aumentará significativamente mas duvido que alguma vez chegue a ultrapassar os 15 mil! Ou seja, desapareceram do sistema cerca de 30 mil, e não 11 mil… acho que o que seria interessante era comparar o número de docentes que o sistema tinha (efetivos e contratados) no dia 1 de janeiro de cada ano (ou outro dia qualquer que não seja no início do ano letivo porque aí pode haver distorções)! Esses números seria aterradores para este governo, esses números são, quanto a mim, significativamente mais importantes, porque nos dão uma ideia mais exata da situação. Não sei se seria possível alguém do blog colocar aqui esses números?!


    1. “Não sei se seria possível alguém do blog colocar aqui esses números?!”

      Bom desafio para o Arlindo…

    • Passionário on 31 de Agosto de 2015 at 10:35
    • Responder

    Lá anda o sindicalista Berlinde a brincar às estatísticas.Engoliu a cassete do PCP?No tempo do Sócrates a ministra é que foi valente.Professores em linha : esquerdo-direito.Se o senhor Berlinde é tão amigo dos seus colegas porque é que não pede para as AEC´s terem um quadro como na região autónoma da Madeira?
    Este é primo do passarão da ANPVC.Se não fosse a Maria de Lurdes o ministério da Educação ainda dava habilitações a todos e mais alguns para serem professores.O Crato ainda admitiu gentinha no quadro.
    Volta José Sócrates para pôr os professores arruaceiros nos eixos.


  2. Pelo que entendo da nova legislação, agora, supostamente, tem que existir um concurso externo todos os anos, pois todos os anos há professores a completarem 5 contratos sucessivos com o MEC.
    CERTO?
    Será que o MEC vai respeitar isso?

    Vai acabar o Concurso Externo de 4 em 4 anos, só continua o Concurso Interno. Será mesmo assim?

      • Lobão on 31 de Agosto de 2015 at 15:47
      • Responder

      ora vê como aí vem o PS manter os professores do quadro em estátuas de sal? Ainda não percebeu que os bandalhos dos contratados é que tem a pele safa?

        • Miguel on 31 de Agosto de 2015 at 17:35
        • Responder

        “os bandalhos dos contratados”…
        Oh idiota, bandalho és tu! Ficaste efetivo no tempo das vacas gordas, não foi? só os teus direitos é que agora precisam ser garantidos, os outros que se f*dam! já nem te lembras que um dia foste contratado também…TRISTEZA! o que vale é que a justiça tarda mas não falha, por isso muitos de vos estão quase na requalificação e a um passo de voltarem à origem – a de ser outra vez contratados. E é MUITO BEM MERECIDO! GENTALHA!

          • lobao on 31 de Agosto de 2015 at 18:15

          .Ah tu pensas que eu sou professor? Por acaso não sou.Estou a pagar muito cara a educação da minha filha mais nova que apanhou uma professora contratada no 1 ciclo.Sempre renovada por dormir com os tipos da direção do agrupamento.Devo dizer que a professora efetiva que ensinou os meus dois filhos mais velhos me poupou muito dinheiro.Ensinou os bem

          • Miguel on 1 de Setembro de 2015 at 15:06

          Eeeeeera….!!!!!!para estares preocupado com o “manter os professores do quadro em estátuas de sal” e chamares de bandalhos os contratados não me venhas com histórias que és professor e do quadro sem dúvida alguma. O cheiro a “umbiguismo” é coisa que vocês, por mais que tentem jamais conseguem disfarçar. Passe bem….passe bem mal e volta a referir “REQUALIFICAÇÃO” é o que lhe desejo! Imbecil!

    • semcunha on 31 de Agosto de 2015 at 15:03
    • Responder

    na casa de crato devia de haver menos um. ele próprio. Sabem porquê? porque os criminosos não deviam estar em casa mas ao pé de sócrates. Um individuo que dá autonomia às escolas para darem lugar aos amigos, tirando para isso à graduação docente a importancia que nunca deveria deixar de ter, tratando -se de um concurso público, é criminoso.

      • Lobão on 31 de Agosto de 2015 at 15:45
      • Responder

      a autonomia das escolas já tinha sido ideia do PS; aquela moda do eduquês.O Cacto deu continuação às ideias dos amigos.Nunca ouviu dizer que cães e lobos comem todos?

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