28 de Janeiro de 2025 archive

Começa a Ser Habitual Também no Norte

De 3 horários completos e temporários que tive de colocar para a Reserva de Recrutamento 18 para o grupo 110 foram colocados 3 docentes.

Hoje à meia noite termina a aceitação do horário e nenhum dos 3 aceitou o horário o que vai atrasar ainda mais uma semana a eventual substituição destes 3 docentes.

Já por diversas vezes abordei este assunto aqui no blog e deveria ser possível haver uma fase em que os candidatos pudessem abandonar as colocações na Reserva ou mudar preferências, caso contrário é melhor que as colocações por Reserva de Recrutamento desapareçam no final do 1.º período.

Ou…

Penalizar estes docentes por mais um ano.

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Não tive uma infância omissa: um olhar sobre o caso da Moita quase como se fosse uma criança de 5 anos…

Quando andei na escola era muito pequeno. A minha alcunha era o “Piolho”. Tinha outras, (Spec, mistura de meio Spock meio Spectrum, etc) mas esta era a que vinha do meu tamanho. Não me tornei muito grande, mas, se o meu 1,63 não é assim tão baixo em adulto, em pequeno era mesmo minorca.
Contava com os meus colegas de turma para andar seguro. Essa solidariedade é das recordações mais bonitas do tempo de escola.
Um dia, no ciclo, alguém andava a roubar-nos as pastas que deixávamos num pátio. E eu, subdelegado de turma, andei a ver quem o fazia. Avisados os ladrões de malas, ao tempo, atividade de baixo perfil, ameaçaram-me que “lá fora vais ver”.
Viram eles: os meus colegas a sair da escola até casa comigo (e tiveram de subir uma encosta e voltar para trás).
No Liceu (era assim que ainda chamávamos à escola) tínhamos um colega a quem chamavam calhorda. Um dia, em grupo, decidimos avisar alguns, de outras turmas, que moderassem a língua. Na turma, havia quem chamasse também, mas, na linha daquelas contradições típicas de putos, alinharam também em avisar para parar. Eu fui porta-voz. E ameaçado pela ousadia. Mais uma vez tive escolta para casa.
O clima era diferente da total ausência de apoio e ajuda dos colegas ao miúdo sovado na Moita. Vemos tudo o que se passou (se não houvesse telemóveis ficava oculto) mas, tanta gente a ver, e ninguém faz nada. Não vimos adultos.
O dirigente da escola fica mal na fotografia porque muita gente diz, no concreto, que, no seu trabalho de gestão liga pouco ao problema da indisciplina. Ou não tanto como devia.
Pelos vistos, problema generalizado. Uma parte substancial dos diretores lava as mãos na indisciplina.
Muitos projetos, projetinhos, selos e cartazes, etc ….Muito gabinete, consenso e não fazer ondas com pais. Muita parra e pouca uva.
Muitos diretores acham que a sua função é de burocratas e de produtores, como fábricas de salsichas de papéis e processos arrevesados de apicultura. Mas atacar a indisciplina é processo que não cabe num despacho, ata ou ordem de serviço, nem dá para pairar como as abelhas. Têm ferrão de vespa, os casos, muitas vezes emergentes.
Lutar contra a indisciplina é um processo social, dialético, conflitual, criativo e estocástico que exige formação (ai as formações do Vale do Douro e Sousa…), disponibilidade, vontade de agir (vulgo coragem) e alinhamento da escola. Correr riscos.
Ao ver o caso, e saber que o aluno vítima é autista (portanto tem algum grau de diminuição da sua capacidade de reação a agressões sociais) lembrei-me de uma discussão, que tive com professores, quando era diretor de uma TEIP (corria o ano de 2008): se tiver de graduar penas, o que é mais grave, bater num aluno incluído em medidas de educação especial (e já sei que a linguagem mudou….balelas) ou um aluno falar “grosso” a um professor?
Deixo um texto com mais de uma década sobre esse tema de que ainda se aproveitará alguma coisa: https://vistodaprovincia.blogspot.com/2012/02/naiade-gerir-indisciplina-numa-escola.html
E tendo “má fama” como diretor, porque me metia nos “assuntos de indisciplina” e corria riscos e responsabilizava os pais, só digo (e haverá muitas testemunhas de que isso que conto era mesmo verdade):
– Se eu tivesse de lidar com o caso do vídeo do momento, a frase chave para lidar com ele era: “bateste no teu colega, porquê?” À resposta esfarrapada, diria “Ai sim? Então achas normal bater? Não tem problema? Então bate-me a mim, se é normal….”
Disse isso a vários. Nunca me bateram, mas o olhar mostrava que, lá dentro, se soltavam umas porcas e parafusos do pensamento (em especial nos mais jovens, e ainda não totalmente descarrilados, como o do caso).
O resultado paradoxal era que o aluno ía suspenso uns 6 ou 7 dias para casa, com comunicação à CPCJ e Ministério Público (Lei tutelar educativa), mas a pensar se bater era realmente normal, porque ele próprio perceberia os limites a pensar neles.
E os pais eram sempre confrontados por mim (daí a minha popularidade ser baixa em certos setores e até entre certos professores, que não gostam de muito vento com pais, não se vão descobrir certas negligências e problemas bem escondidos na sala de aula….)
Chamem-me reacionário e radical: sem combater realmente a indisciplina (e eu tenho uns tiques e visões peculiares que me vêm de 6 anos a trabalhar no Ministério da Administração Interna e com as polícias, a lidar com os produtos finais da indisciplina escolar), a escola degrada-se todos os dias. E a sociedade vai por arrasto.
E responsabilizar os pais é essencial: não podemos ter gente que, por um lado, não larga do pé sobre as supostas “injustiças” de avaliações e que, por outro, acha justo ou normal o rebento andar à sarrafada….
Sobre responsabilização: já dei para o peditório (https://www.dn.pt/arquivo/diario-de-noticias/peticao-foi-apoiada-por-mais-de-17-mil.html ) e conseguiu-se mudar a lei e prever multas aos pais relapsos (mas aconteceu alguma coisa realmente com a ferramenta posta na lei?).
Começo a achar que isto tudo descambar é o que os governantes querem para dar negócio a privados, como estão a fazer na saúde e no sistema de pensões.
Aquele arruaceiro do vídeo (e outros que vão aparecendo) criou muito mercado para colégios….ou não têm essa “perceção”?
Luís Sottomaior Braga (professor há 3 décadas, diretor, com formação especializada, 6 numa TEIP)

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Mediadores têm de conhecer costumes e História de Portugal

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Olha a Novidade!

Salários dos professores europeus em queda: Onde é que a situação é mais crítica nas salas de aula?

 

Os salários dos professores, quando ajustados para a inflação, têm sofrido uma tendência de queda em várias partes da Europa nos últimos anos. Esta realidade reflete-se na dificuldade cresente em atrair e reter docentes, problema que afeta tanto os países da União Europeia (UE) como outros na região.

No Reino Unido, por exemplo, apenas metade dos professores de ensino secundário necessários para o ano letivo 2023/24 foi recrutada, de acordo com o relatório da Fundação Nacional para a Investigação Educacional (NFER). Apesar de o ensino ser considerado a melhor profissão no país para 2025, segundo a plataforma de emprego Indeed, a escassez de docentes é uma realidade que atravessa fronteiras europeias.

A insuficiência de profissionais não surpreende, dado o contexto de desafios complexos enfrentados pelo setor. Entre os fatores que contribuem para o problema, os salários dos professores, em termos reais, têm-se revelado um indicador central. Desde os anos 2000, em particular na última década, países como Inglaterra, Irlanda, Itália, Grécia e Finlândia registaram quedas significativas nos rendimentos dos seus docentes.

Entre 2015 e 2023, os salários estatutários de professores do ensino secundário inferior caíram em termos reais em 10 dos 22 países analisados, de acordo com o relatório Education at a Glance 2024 da OCDE. O Luxemburgo registou a maior queda, com os rendimentos dos docentes a descerem 11% no período, seguido pela Grécia (9%) e por Irlanda, Finlândia e Itália (6%).

Em Inglaterra, os salários diminuíram 5%, enquanto Portugal viu uma redução de 4%. Em menor grau, também a Hungria sofreu uma queda de 3%.

Por outro lado, alguns países registaram aumentos. A Turquia liderou com uma subida de 31%, seguida pela República Checa (16%) e Escócia (12%). Em média, os países da UE-25 registaram um aumento de 4%, embora economias fortes como Espanha (2%), Alemanha e Itália (1%) apresentassem incrementos abaixo dessa média.

Num horizonte temporal mais longo, entre 2005 e 2023, os professores gregos viram os seus salários cair em um terço (33%) em termos reais. Portugal registou a segunda maior queda, com uma redução de 13%, seguido por Itália e Inglaterra (12%). Espanha e Finlândia registaram quedas menores, de 5%, enquanto em França a redução foi de 2%.

Entre os aumentos mais significativos, a Turquia destacou-se novamente com um crescimento de 59% nos rendimentos dos professores, seguida pela Polónia (28%), Alemanha (16%) e Noruega (15%).

Após a pandemia de COVID-19, a descida nos salários reais tornou-se ainda mais evidente. Em Inglaterra, por exemplo, os salários dos professores, indexados a 100 em 2015, subiram ligeiramente durante a pandemia (101 em 2020 e 102 em 2021), mas caíram para 95 em 2023, indicando uma perda de poder de compra.

Desafios no recrutamento e retenção
A escassez de professores é um reflexo direto destas condições. O relatório da NFER revelou que, em 2022/23, houve um aumento de 44% no número de professores a considerar abandonar a profissão, face ao ano anterior. Além disso, projeta-se que, em 2024/25, 10 das 17 disciplinas do ensino secundário no Reino Unido não consigam preencher as vagas necessárias.

Jack Worth, especialista em força de trabalho escolar da NFER, alertou em entrevista à Euronews para a necessidade urgente de medidas políticas ambiciosas e eficazes. “O fornecimento de professores está em estado crítico, o que coloca em risco a qualidade da educação recebida por crianças e jovens”, afirmou.

Os salários dos professores variam significativamente na Europa, com diferenças marcadas entre países e níveis de experiência. Segundo a Comissão Europeia (Eurydice), os rendimentos anuais brutos dos professores iniciantes em 2022/23 variavam de 9.897 euros na Polónia a 84.589 euros no Luxemburgo.

Na Alemanha, os professores ganhavam quase o dobro dos seus colegas em França, com salários médios de 62.322 euros face aos 32.186 euros franceses. Espanha apresentou uma média ligeiramente superior (36.580 euros), enquanto em Itália o valor foi inferior, situando-se nos 27.079 euros.

Nos países candidatos à UE, os rendimentos eram consideravelmente menores, com salários anuais inferiores a 12.000 euros.

Quando ajustados pelo padrão de poder de compra (PPS), que elimina diferenças de custo de vida, os salários dos professores variavam de 11.826 PPS na Eslováquia a 49.015 PPS no Luxemburgo. Apesar de reduzir as disparidades, as diferenças continuavam evidentes, com alguns países da UE apresentando salários ajustados inferiores aos de países candidatos.

A OCDE sublinha que os salários são apenas um dos fatores para atrair professores. A oferta de oportunidades de desenvolvimento profissional e a garantia de uma carreira intelectualmente estimulante são igualmente cruciais.

Com crescentes desafios económicos e sociais, a profissão docente enfrenta uma encruzilhada. A implementação de políticas robustas e investimentos adequados será determinante para assegurar uma educação de qualidade em toda a Europa.

 

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