À vista de todos, o desempenho do Ministro da Educação, durante quase dois anos, terá sido sensivelmente assim:
– A acção do Ministro da Educação foi frequentemente pontuada por uma certa desfaçatez, traduzida, muitas vezes, pela pretensão de impor as suas próprias “verdades”, tentando substituir a realidade por determinados “factos alternativos”…
– A acção do Ministro João Costa contribuiu, de forma determinante, para a descredibilização da Escola Pública, tais foram os devaneios e as fantasias, frequentemente confundidos com inovação educacional…
– A acção do Ministro da Educação mostrou a sua indisponibilidade para melhorar as condições de trabalho dos Professores, parecendo antes enveredar pelas “soluções” mais tortuosas, desleais e perversas…
– A acção do Ministro da Educação relevou-se, enfim, como um retumbante fiasco…
– Ao longo de quase dois anos, o Ministro da Educação não manifestou qualquer intenção de ceder perante as principais reivindicações da Classe Docente, nomeadamente a recuperação integral do tempo de serviço dos Professores, conforme demonstraram os simulacros de negociações com os Sindicatos de Educação, que se arrastaram por vários meses…
Em termos públicos, o argumento irredutível do Ministro da Educação para impossibilitar a recuperação integral do tempo de serviço dos Professores, foi sempre a inexistência de cabimento orçamental…
Estranhamente, o mesmo Ministro da Educação apareceu há poucos dias com um discurso muito bem encenado, muito delicodoce, admitindo, agora, a existência de margem para a recuperação total do tempo de serviço dos Professores:
– “Em entrevista à Renascença, em vésperas de eleições, João Costa – que é apoiante declarado de Pedro Nuno Santos à liderança do PS – espera que, com uma gestão “liderada por Pedro Nuno Santos enquanto primeiro-ministro”, seja possível “dar resposta” à reivindicação dos docentes, que é “justa e legítima“. (Entrevista à Rádio Renascença, em 5 de Dezembro de 2023)…
Estaremos, assim, perante um discurso completamente oposto, incoerente e dissonante daquilo que foi a prática governativa de João Costa, depreendendo-se que seja umaderradeira tentativa de angariar votos para o Partido Socialista junto da Classe Docente…
Estaremos, assim, perante um discurso que não poderá deixar de ser considerado como uma forma impostora de propaganda, feito à medida da mais elementar demagogia e da mais evidente hipocrisia…
Será este o discurso de um “lobo mascarado de cordeiro”?
Será este o discurso de quem verá os Professores como profissionais facilmente ludibriáveis e manipuláveis?
Tantas palavras bondosas, empáticas, comoventes e enternecedoras dirigidas aos Professores causam muita estranheza…
Tanta estranheza, que mais parecem uma armadilha ao serviço da propaganda…
Os Professores que sentiram na pele a acção governativa de João Costa estarão dispostos a conceder-lhe algum tipo de indulto e a confiarem nas suas suspeitosas palavras?
Em 13 de Dezembro passado, o Polígrafo perguntou:
– “Ministro da Educação defende agora a recuperação do tempo de serviço dos professores depois de braço-de-ferro de 2 anos?”
– “O que está em causa? Foi no dia 5 de dezembro que João Costa admitiu em entrevista à rádio Renascença haver abertura para recuperação total do tempo de serviço e que isso o deixaria “muito contente e mais contentes ainda ficarão os professores”. A “abertura” de agora não deixou de surpreender. visto que o ministro esteve em braço-de-ferro com a classe docente nos últimos dois anos. Esta posição é contrária ao que defendia no passado?”
E o Polígrafo respondeu: “Verdadeiro.”
Quantos Professores acreditarão nas palavras de João Costa proferidas no dia 5 de Dezembro passado, deixando-se cair no ardil: “Os unicórnios são nossos amigos”?
Quem acredita em unicórnios?
Paula Dias
1 comentário
Muito bem!! 👏👏👏👏