Votar é gratuito, não implica nenhuma subtracção em termos salariais, ao contrário da eventual adesão a algum dia, ou a vários dias, de Greve, que corresponderá sempre a uma determinada redução no vencimento…
Ao longo dos últimos meses, de pretensa contestação, ouviu-se, recorrentemente, o argumento de que a adesão a determinadas Greves, como as decretadas por tempo indeterminado, era financeiramente incomportável, dadas as respectivas implicações negativas ao nível do vencimento mensal, pelo que essa foi a principal justificação para se renunciar à participação nas mesmas…
Sendo compreensível e legítimo o anterior argumento, existe, agora, uma alternativa de contestação gratuita, porventura, até, constituindo-se como a forma mais válida de expressar indignação, e que não comporta quaisquer custos, em termos de vencimento:
– No próximo dia 10 de Março, não deixar de exercer o direito (e o dever) de voto…
Que forma mais eficaz e mais válida de expressar indignação ou descontentamento poderá existir?
Relembrando a política educativa/acção governativa dos últimos oito anos e os motivos existentes para não deixar de exercer o direito de voto no próximo dia 10 de Março:
– Durante os oito anos de Governação por António Costa, inicialmente através da Geringonça e depois pela maioria absoluta parlamentar, as políticas do Ministério da Educação foram sucessivamente dominadas pelo “pensamento iluminado” de várias “eminências pardas” que, em prol da fantasia e de ideias delirantes, frequentemente confundidas com inovação educacional, ajudaram a transformar a Escola Pública num misto de incoerência, desacerto e alucinação…
– Os oito anos de Governação de António Costa contribuíram, de forma determinante, para a descredibilização da Escola Pública e para a desvalorização do trabalho docente…
– A Classe Docente sofreu o maior vilipêndio de que há memória em 2017, traduzido pelo ignóbil roubo do tempo de serviço, e, como se isso não bastasse, viu-se obrigada a executar um ininterrupto trabalho insano, principal consequência de tão prolixo “pensamento iluminado”…
– No geral, as escolas funcionam como se fossem infernais “rodas de hamster”, muitas vezes sem consciência, sem senso e sem pensamento crítico e, em oito anos de Legislatura, nunca o Governo manifestou a intenção de alterar o actual modelo de gestão e administração escolar…
– As demissões de membros do Governo foram muitas, quase sempre motivadas por diversos escândalos, trapalhadas e, sobretudo, suspeitas… Muitas suspeitas… Suspeitas de corrupção, de favorecimentos, de tráfico de influências ou de participações ilícitas em negócio, alegadamente com consequências lesivas para o erário público…
– O Governo, agora formalmente demitido, caiu como uma “maçã podre”, sem a intervenção directa de terceiros, ainda que António Costa prefira atribuir essa culpa ao célebre parágrafo da Procuradoria-Geral da República, tentando, assim, ilibar-se de qualquer responsabilidade pelo seu próprio fracasso…
Os Professores que sentiram na pele os efeitos perniciosos da acção governativa da dupla António Costa/João Costa estarão dispostos a conceder-lhes algum tipo de indulto e a confiarem, outra vez, o seu voto ao Partido Socialista?
Ao contrário da adesão a uma Greve, votar é gratuito…
Protestar e demonstrar indignação através do voto é fácil e é barato, pelo que se esvaziam as desculpas para não o fazer…
A oportunidade sublime para protestar contra as políticas educativas vigentes não poderá deixar de se traduzir pelo exercício do direito de voto no próximo dia 10 de Março…
Se as políticas educativas concebidas pela dupla António Costa/João Costa forem, de facto, as principais causas da insatisfação e do mal-estar docente, como comummente é afirmado pelos próprios Professores, espera-se, em coerência com o anterior, que os mesmos não confiem o seu voto ao Partido Socialista…
Até porque os dois candidatos à liderança desse Partido Político, José Luís Carneiro e Pedro Nuno Santos, além de serem figuras indissociáveis do Governo de António Costa, são também seus seguidores confessos e assumidos…
O silêncio dos que se abstêm, optando por não votar, enfraquece a Democracia e retira legitimidade a quaisquer reclamações posteriores…
E quem, por comodismo, não exerça o seu direito de voto no próximo dia 10 de Março, que se cale para sempre… As lamúrias e os arrependimentos deixam de ser admissíveis depois desse dia…
Urge pôr cobro às “imitações postiças” de Democracia, onde abundam os “democratas de plástico” e os “democratas pechisbeque”, que ostentam cravos vermelhos na lapela, previsivelmente, para disfarçar a sua arrogância e a sua prepotência…
E a melhor forma de alcançar esse desígnio será sempre por via da participação massiva nas eleições…
Agora, mais do que nunca, é imprescindível votar…
Declaração de Interesses:
Não tenho qualquer filiação partidária, mas serei, com certeza, “objectora de consciência” ao voto no Partido Socialista e no Partido Chega.
Por aí não irei, com certeza.
Abomino tudo o que me faça lembrar do Estado Novo, ou que o tente revalidar, como o Programa Eleitoral do Partido Chega, que considera o lema “Deus, Pátria, Família e Trabalho” como parte intrínseca da sua identidade.
Não suporto as manifestações de arrogância, nem os tiques de censura, como os que foram evidenciados pelo Governo de António Costa, paradigmaticamente ilustrados pela instauração de um processo disciplinar a uma Directora de Agrupamento de Escolas, sancionada pelo “crime” de exibição de uma frase numa tarja, que não apresenta qualquer conotação política, sindical ou partidária ou expressão de ofensa, difamação ou injúria dirigida a alguém.
O conteúdo deste texto apenas me compromete a mim, que o escrevi.
Paula Dias