Eu queria escrever um texto bonito e cheio de esperança sobre o Natal, mas, com franqueza, não sou capaz…
Não sou capaz de afirmar Esperança, Paz e Amor, quando não acredito nessas bondades, só por ser Natal…
Confesso o meu enjoo com músicas de Natal, anúncios de Natal e decorações de Natal, alguns começaram logo em Outubro, com óbvios intuitos meramente consumistas e comerciais…
Confesso o meu enjoo com todas as obrigações, sim muitas obrigações, e corridas de Natal, quase sempre aliadas a muita ansiedade e abundante stress: compras, comidas, compras, comidas, compras, comidas…
Confesso o meu enjoo com as aparências do Natal, como alguns discursos muito delicodoces, onde quase sempre entram as palavras Paz e Amor, proferidos, muitas vezes, por pessoas que, notoriamente, durante os restantes 364 dias do ano não respeitaram o próximo, nem se preocuparam com ele…
No Natal fazem de conta que se preocupam, sacam de discursos que soam a falsidade e a hipocrisia, mas o que fica realmente sobre si serão sempre as suas acções, praticadas ao longo de cada ano…
Lamenta-se, mas, na verdade, o Natal não costuma anular a maldade das pessoas más e também não as torna melhores…
Afinal, no dia 26 de Dezembro a “normalidade” será certamente retomada: quem é mau continuará mau e quem é bom assim continuará…
Há uns tempos deparei-me com esta afirmação, num qualquer sítio da Internet:
– “No Halloween as pessoas fingem ser más, no Natal fingem ser boas”…
E não é que será mais um menos isso? Pois, talvez seja…
E será possível contrariar os rituais consumistas e comerciais do Natal? Pois, talvez não seja…
Seja como for, o meu espírito natalício deve estar parecido com o de uma anémona… Pois que seja…
Num esforço derradeiro para não arruinar por completo a magia do Natal, o que quer que isso seja, direi isto:
– Deixemos que, pelo menos, as crianças possam acreditar no Pai Natal, não nos esqueçamos que até os militantes do Partido Socialista acreditaram em Pedro Nuno Santos…
“Um bom exemplo é o melhor sermão.” (Benjamim Franklin)…
O que mais temos por aí são muitos e grandes sermões, mas bons exemplos muito poucos…
O Natal é um dia e os outros trezentos e sessenta e quatro dias do ano?
Que saibamos dar bons exemplos… Se dermos bons exemplos, em cada dia que passa, todos os dias poderão ser Natal…
Com ou sem espírito natalício, votos de boa Saúde, física e mental, para todos!
Subscrevendo esta Prece de Fernando Pessoa, que me acompanha frequentemente:
“Senhor, protege-me e ampara-me.
Dá-me que eu me sinta teu.
Senhor, livra-me de mim.” (Fernando Pessoa)
Paula Dias
3 comentários
Paula “Scrouge” Dias não se enoje com o Natal. O Natal já fez a sua magia. Note-se que só durante o Natal é que é possível escrever textos como o seu.
Feliz Natal!!
Brilhante reflexão natalícia.
A verdade pura e dura!
Excelente! Boas Festas!🎆