“A tarefa não é tanto ver aquilo que ninguém viu, mas pensar o que ninguém ainda pensou sobre aquilo que todo o mundo vê.
(Arthur Schopenhauer)
“Descobrir consiste em olhar para o que todo o mundo está vendo e pensar uma coisa diferente”.
(Roger Von Oech)
“Para nós os grandes homens não são aqueles que resolveram os problemas, mas aqueles que os descobriram”.
(Albert Schweitzer)
“Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana”.
(Carl Jung)
“Qualquer nova tecnologia gradualmente cria um novo ambiente para o ser humano”.
(Marshall McLuhan)
“As coisas não são tão tangíveis e dizíveis como nos queriam fazer crer”. (Rilke)
“O ignorante afirma, o sábio duvida, o sensato reflecte”.
(Aristóteles)
“(…) A resposta certa não importa nada: o essencial é que as perguntas estejam certas (…)”.
(Mário Quintana)
“Quanto mais aumenta o nosso conhecimento, mais evidente fica a nossa ignorância”.
(John F. Kennedy)
“A ciência consiste em substituir o saber que parecia seguro por uma teoria, ou seja, por algo problemático”.
(José Ortega y Gasset)
Neste texto-reflexão, fazemos uma abordagem e estudo sobre os perigos da Inteligência Artificial (IA), do digital na escola e de alterações curriculares, cujo objectivo por parte do poder político, é nossa firme convicção, visa a solução final do doutrinamento da mente e pensamento das pessoas, tornando-as amorfas, acríticas, conformadas, de cidadania passiva, em detrimento do exercício de uma cidadania crítica, interventiva, reivindicativa e activa.
Falamos de um futuro de proximidade e em aproximação, em que a instituição escola prepara as futuras gerações com uma formatação mais fria, distanciada, robotizada, obediente, de “pensamento único”; com prejuízo, perda e alienação do humano, da diferença, da pluralidade, do contraditório, por/em oposição à singularidade e unicidade “pensante”.
Em síntese, a IA e o digital na escola, sem regulamentação, são o “cancro e toxicidade” da solução final e doutrinamento para o pensamento único.
Impõe-se a pergunta: “A humanidade corre o risco de uma uniformização e padronização de pensamento, atitudes, valores e comportamentos, sendo a escola a solução final para o doutrinamento das massas, da perda da crítica do «hominem humanus» e da essência humana, através da catequese digital e da IA?”.
A questão é problemática, polémica, sabemo-lo; a “provocação” é propositada, pretende lançar o debate, esmiuçar argumentos e esgrimir o contraditório, em contra-corrente do/contra o deslumbramento fundamentalista da Inteligência Artificial (IA) e do digital na escola, panaceia, elixir e mezinha que tudo resolve no ensino e aprendizagem; mas segundo nós, de acordo com a nossa tese, representa a simplificação da “burrificação”, no sentido da acefalia colectiva massificada e institucionalizada.
É papel da escola exponenciar as capacidades individuais únicas, a crítica e o desenvolvimento harmonioso de cada pessoa humana, das capacidades, das habilidades comportamentais e competências subjectivas, “skills”. Valorizar a diferença, o caminho e a formação de cada Ser em meio escolar situado, e não o seu contrário e formatação standard.
Depois de há tempos atrás termos contribuído para o debate e problemática dos perigos do digital excessivo e sem ponto de equilíbrio q.b., o qual deveria ser apenas e só mais uma opção e ferramenta de trabalho na escola, e do deslumbramento da Inteligência Artificial (IA) na educação, nomeadamente do ChatGPT, propomo-nos agora avançar para o nível seguinte, o real perigo que as novas tecnologias encerram, transportam e transmitem, até pela sua atractividade holística, recreativa, lúdica, enganadora, que tem e resulta na solução final do enchimento e “doutrinamento” do pensamento humano único, de aceitação acéfala e de desumanização.
Querer incutir nas nossas crianças, jovens, estudantes e cidadãos, a ideia da “Felicidade” permanente, é negar e estado de negação do “mundus” real e da “natura humana”. O incómodo do inconformismo, do questionamento, do contraditório e do divergente, por oposição ao convergente, é a salutar crítica humana natural, emergente, insubmissa, inconformada, perene e permanente.
A FENPROF, dando sequência à luta desenvolvida pelos docentes das Escolas Artísticas António Arroio e Soares dos Reis sempre com o apoio e o envolvimento dos seus sindicatos, chegou a acordo com o Ministério da Educação sobre a criação de um regime de seleção e recrutamento (vinculação e regime de concursos) para os professores do ensino artístico especializado público das artes visuais e audiovisuais. Este acordo prevê ainda a realização de um concurso extraordinário, com produção de efeitos a 1 de setembro, destinado à vinculação de pessoal docente das artes visuais e dos audiovisuais há largos anos em situação precária.
Foram anos de luta, mas a persistência dos colegas, mesmo durante o período pandémico, permitiu chegar aqui. Lembre-se que, em 2021, a Assembleia da República aprovou mesmo uma lei, a Lei 46/2021, de 13 de julho, que vinha sendo ignorada quer pelo anterior, quer pelo atual Ministro da Educação.
O texto doacordo entre a FENPROF e o MEé ligeiramente diferente do que foi assinado por outras organizações sindicais e só foi assinado, após a última reunião, depois de a FENPROF garantir a resolução de alguns problemas que se mantinham na versão apresentada pelo Ministério.
Com este acordo, a luta não irá parar. A FENPROF e os seus sindicatos continuarão a agir no combate à precariedade e, para quem entrar na carreira, a luta deverá centrar-se agora na recomposição da carreira, pela contagem integral do tempo de serviço, contra as vagas na progressão e as quotas na avaliação.
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São serviços especializados existentes na comunidade, acreditados pelo Ministério da Educação, que apoiam e intensificam a capacidade da escola na promoção do sucesso educativo de todos os alunos.
Governo reforçou em 8% as verbas destinadas às escolas profissionais privadas localizadas na AML e no Algarve. Autorizou também as escolas a gastarem até 13,1 milhões para centros de inclusão.
As escolas do ensino profissional localizadas na Área Metropolitana de Lisboa e no Algarve vão receber um apoio financeiro de cerca de 59,2 milhões de euros, anunciou esta sexta-feira o Ministério da Educação, em comunicado.
Em causa está um projeto de resoluçãoaprovado no Conselho de Ministrosde quinta-feira, que autoriza uma despesa de59.224.354,98 eurosrelativa “aosapoios decorrentes da celebração de contratos-programacomescolas profissionais privadasno âmbito doensino profissional nas regiões da Área Metropolitana de Lisboa e do Algarve”.De notar que é precisamente nestas regiões ondea falta de professores nas escolas públicas é mais evidente,segundo um relatório do Conselho Nacional de Educação, divulgado no início deste ano.
Segundo o Governo, este reforço de verbas “responde a uma reivindicação das escolas que lecionam cursos profissionais”, bem como visa valorizar esta via de ensino “que se constitui como um percurso do ensino secundário que responde cada vez mais aos perfis dos alunos e às necessidades de qualificação dos jovens e dos territórios”.
Paralelamente, o Ministério da Educaçãoautorizou ainda a Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares(DGEstE) agastar até 13.112.500,00 euros durante o próximo ano letivo(2023/2024) para osCentros de Recursos para a Inclusão. Neste âmbito, o aumento das verbas é de 25%.
Todos os docentes QZP (excetuando os que ingressaram pela Vinculação Dinâmica), serão opositores a este concurso. Ainda não está definido o calendário e as vagas disponíveis na transição para os novos 63 QZP’s, mas segundo alguma informação dada aos sindicatos, poderá decorrer no último trimestre de 2023. O que está definido no diploma é:
Para perceber os possíveis opositores e a graduação média e mediana para cada um poderão consultar a ferramenta interativa abaixo (clicar na imagem).
Algumas instruções:
Podem filtrar por grupo de recrutamento e ter acesso a uma previsão de lista de ordenação para esse concurso;
Se escolherem o QZP que vos interessa, perceberão qual é a graduação do professor que está a meio da lista (mediana) e a média da graduação;
Conseguem (no gráfico de barras) perceber e organizar a lista de acordo com o local de provimento. Também serve para perceber de onde vêm os colegas colocados em cada QZP;
Na última lista pendente poderão ver os opositores em cada um dos novos QZP’s. Ao lado desse mini-QZP, se clicarem na seta, perceberão o concelho onde cada um dos colegas foi colocado.
Com um carácter perverso e vicioso, o Dec. Lei Nº 75/2008 de 22 de Abril, criou uma maliciosa interdependência entre o Ministério da Educação e os Directores, procurando-se, implicitamente, o benefício de ambas as partes, através do mutualismo…
Os principais executores locais das medidas de política educativa, preconizadas pelo Ministério da Educação, são os Directores…
Dos Directores, a quem foi conferida a autoridade necessária para implementar tais medidas, espera-se que sejam uma extensão do Ministério da Educação, dentro de cada escola:
– “com este decreto-lei, procura-se reforçar as lideranças das escolas” (Preâmbulo do Dec. Lei Nº 75/2008 de 22 de Abril)…
– “para que em cada escola exista um rosto, um primeiro responsável, dotado da autoridade necessária para desenvolver o projecto educativo da escola e executar localmente as medidas de política educativa.” (Preâmbulo do Dec. Lei Nº 75/2008 de 22 de Abril)…
Em resumo, a Lei é muito explícita quanto ao protagonismo outorgado ao cargo de Director e quanto à importância atribuída à existência de uma liderança forte em cada escola, concedendo-se a essa figura um Poder praticamente ilimitado e, inclusive, a possibilidade de o exercer de forma autocrática, se for essa a sua vontade…
E também foi a Lei que propiciou que cada Agrupamento de Escolas ficasse praticamente confinado à figura do respectivo Director e cativo da mesma:
O Projecto de Intervenção na Escola (Dec. Lei Nº 75/2008 de 22 de Abril, Artigo 22º) e a Carta de Missão (Portaria Nº 266/2012 de 30 de Agosto, Artigo 6º), são considerados documentos fulcrais, por supostamente regerem toda a acção do Director no decurso do(s) respectivo(s) mandato(s) e onde o próprio assume e explicita os compromissos e objectivos a atingir…
Ambos os documentos espelham, inequivocamente, a edificação de projectos pessoais e intransmissíveis e, por isso, dificilmente conseguirão ser vistos e sentidos como plenamente representativos de outros que não dos próprios…
Mas, e paradoxalmente, esses “outros” são chamados a concretizar tais propósitos…
Ou seja, espera-se que “outros” participem activamente na consecução de desígnios pessoais e de projectos alheios, como se fossem seus ou como se tivessem sido ouvidos e tidos em consideração em alguma parte desses processos…
Sobretudo do ponto de vista motivacional, esse parece ser um potencial “campo minado”, onde milhares de profissionais de Educação acabam por ser, de certa forma, instrumentalizados como meros “peões”, postos ao serviço de desígnios estranhos a si…
Mas os Directores não nasceram Directores, quiseram tornar-se Directores…
Querer ser Director é uma opção e uma escolha pessoal, de vida e de carreira, apenas imputável aos próprios e, sendo assim, não será legítimo impor as respectivas consequências a terceiros, em particular quando se pretende exercer o Poder de forma autoritária e discricionária…
Tratando-se de uma opção voluntária, dificilmente poderão existir “mártires” no universo dos dirigentes escolares…
Além disso, bastará a respectiva demissão para renunciar ao exercício do cargo de Director, caso se considere que o “peso desse fardo” se tornou insuportável… Apesar de existir essa prerrogativa, não parece, contudo, que a mesma seja accionada por um número expressivo de Directores…
Ao que tudo indica, a imagem de muitos Directores, junto dos Professores, parece encontrar-se maculada e a sua reputação, em vários casos, posta em causa… Parte significativa do universo de Directores não será vista como um efectivo par, mas antes como o prolongamento do Ministério da Educação, dentro de cada escola…
Muitos Directores parecem esquecer que:
– O reconhecimento da autoridade e o respeito em relação ao líder não se faz pela imposição, mas através da confiança recíproca, assente na negociação e no comprometimento mútuo; um líder escuta aqueles que dirige, não se limita a ouvir; admite, perante os mesmos, os seus erros quando os comete; delega, não centraliza o poder em si próprio e não toma todas as decisões unilateralmente; um líder não instiga a delação, nem cria pequenos grupos “confiáveis”, constituídos apenas por aqueles que jamais assumirão qualquer divergência ou desacordo consigo; um líder (re)conhece as dificuldades e as especificidades profissionais dos que são dirigidos por si…
Em vez do anterior, muitos Directores mostram, amiúde, uma postura tendencialmente “persuasiva”, inevitável eufemismo de uma atitude autoritária e prepotente, com fins iminentemente intimidatórios e, enquanto assim for, continuarão sozinhos “em frente ao espelho”…
Nessas circunstâncias, o único rosto que verão será o seu…
No mais íntimo de si, quantos conviverão bem com aquilo que vêem no espelho?
A relutância de muitos profissionais de Educação em confiarem nos respectivos Directores parece insanável e isso dever-se-á, sobretudo, ao facto de se considerar que grande parte das escolas é gerida de acordo com uma incondicional subserviência ao Ministério da Educação…
O que têm feito os Directores para contrariar essa desconfiança? Talvez, muito pouco…
A maior parte daqueles que exerce o cargo de Director também já desempenhou a função de Professor, mas, quase sempre, há muito, muito, tempo… Tempo, talvez, suficiente para ter esquecido as espinhosas vicissitudes da profissão docente e não conseguir “pôr-se na pele” daqueles que estão em seu redor…
Parte significativa dos Directores parece padecer de uma “doença em estado crónico”, que deveras incomoda pelos sintomas permanentes e persistentes:
– Aceitar tudo o que provém do Ministério da Educação…
Ou seja:
– Por um lado, acolhem-se todas as exigências dirigidas às escolas, mesmo aquelas que, à partida, se antecipam como impossíveis de serem concretizadas ou, até, as que se identificam como absurdas…
– E, por outro, anui-se com as decisões emanadas pela Tutela, sem colocar limites às expectativas sobre as acções que a Escola pode e tem competência para empreender…
Aceitar todas as exigências e criar falsas expectativas conduz, quase sempre, à frustração, à decepção, ao desânimo e ao fracasso, além de não ser uma atitude realista, sensata e honesta…
As Associações de Directores, que poderiam ter um papel importante como “contrapeso” às políticas do Ministério da Educação, não se têm mostrado capazes de enfrentar as fantasias e os desacertos da Tutela, preferindo enveredar, frequentemente, por inconsequentes “alertas” e “avisos”…
Muitos “alertas”, muitos “avisos” e algum “bluff”, mas nenhuma recusa efectiva em pactuar com os erros da Tutela…
O último dos “alertas” parece ter sido este:
– Filinto Lima, Presidente da direção da ANDAEP, afirmou que os Directores estarão “à beira de um ataque de nervos” com a reformulação do crédito horário realizada pelo Ministério da Educação, que permitia o reforço de Professores, de acordo com o Plano de Recuperação das Aprendizagens, em vigor desde a pandemia (Jornal Diário de Notícias, em 9 de Agosto de 2023)…
Se, como se antevê, faltarem, sobretudo, recursos humanos, mas também previsivelmente materiais, impeditivos do normal funcionamento das escolas no próximo ano lectivo, porque se aceitará e tolerará continuar a “tapar os buracos” que vão sendo abertos pelo próprio Ministério da Educação?
Sacrificando, ainda mais, e se necessário, aqueles que em nada contribuíram para o expectável desastre?
Em nome de uma paz meramente “cinematográfica”, prevalecem as aparências e a democracia de fachada, mescladas com apelos ao espírito de missão, ao trabalho colaborativo e ao positivismo, todos feitos à medida da mais elementar demagogia…
Quando é que as Associações de Directores conseguirão encontrar a coragem necessária para deliberarem uma tomada de posição colectiva, pública e consistente, que permita contrariar, de forma inequívoca, as medidas erráticas da Tutela, à semelhança do que fazem outros grupos profissionais?
Porque não se delibera, por exemplo, que os portões das escolas só se abrirão quando existirem as condições necessárias para se verificar a normalidade desejada, nomeadamente quando forem providenciados suficientes recursos humanos?
A criação do cargo de Director permitiu que alguns fossem elevados ao estatuto de “divindades”, uma espécie de semideuses, movidos por um inultrapassável pensamento egocêntrico, muito embevecidos e deslumbrados pela sua “imagem no espelho”…
Mas os espelhos não costumam ter filtros… E sem filtros, alguns rostos poderão tornar-se francamente assustadores…
O que dirá o espelho dos Directores?
Nota: Por uma questão de facilidade da escrita, foi utilizada a expressão Director/Directores, apesar de a mesma não se referir apenas ao género masculino, mas a todas as identidades de género.