20 de Agosto de 2023 archive

Escolas pedem apoio para alunos estrageiros

O número de alunos estrangeiros nas nossas escolas têm vindo a aumentar exponencialmente. As escolas não possuem meios para os apoiar na introdução à nossa língua e para colmatar a diferença de programas entre os países de origem e o português. Os alunos oriundo do Brasil nunca ouviram falar de Física ou Francês até ao 9.º ano. As aprendizagens revelam lacunas que dificultam o sucesso destes alunos, mas não estão a ser tidas em conta pela tutela.

Professores e diretores de escola pedem grupo de recrutamento próprio para apoio a alunos estrangeiros

Sem lugares em algumas escolas, estudantes estrangeiros são colocados administrativamente. Já há turmas com mais alunos internacionais do que portugueses. Diretores e professores pedem mudanças para apoiar estudantes e famílias.

Arlindo Ferreira, diretor do Agrupamento de Escolas Cego do Maio, Póvoa de Varzim, e autor do blogue “ArLindo” (um dos mais lidos no setor da Educação), afirma que “nenhuma escola está preparada a nível de recursos humanos e, muitas, nem em termos físicos, para receber os alunos estrangeiros”. “A título de exemplo, posso dizer que, no meu agrupamento, no 1º ciclo, já não tenho espaço nas turmas porque já estão no máximo. Os alunos terão de recorrer a outro agrupamento, mas os das proximidades também estão cheios”, refere.

Nestes casos, conta, os estudantes são colocados administrativamente numa escola onde haja vagas, sendo uma solução muitas vezes, de difícil gestão para as famílias. “Muitos pais não têm carta, não têm carro e procuram, por isso, escolas centrais. No ano passado tive um aluno que chegou em abril e foi para uma das escolas mais longe da sua área de residência. A mãe acompanhava-o três quilómetros a pé até à escola, numa zona sem transportes públicos”, recorda Arlindo Ferreira. O responsável sublinha que são necessárias mudanças urgentes para acolher os estudantes e as suas famílias. Para Arlindo Ferreira, o Ministério da Educação (ME) devia, “em primeiro lugar, criar um grupo de recrutamento próprio para PLNM e, paralelamente, atribuir horas de crédito em função do número de alunos matriculados e não apenas para resolver a questão de PLNM”. Isto porque, esclarece, “os alunos precisam de outro tipo de apoios e não apenas ajuda com a língua do país de acolhimento”. “Precisamos de recursos humanos para acompanhar esses alunos durante o dia e na fase de adaptação”, frisa.

Professores querem Grupo de Recrutamento para a disciplina de PLNM

O Agrupamento de Escolas Cego do Maio conta já com cerca de 120 alunos estrangeiros, nos vários ciclos de ensino e de mais de 20 nacionalidades. “Tenho alunos russos e ucranianos na mesma sala ou estudantes já com algum domínio da língua misturados com alunos sem conhecimento algum a trabalhar no mesmo bloco de apoio de PLNM. Este tipo de questões mais sensíveis devem ser repensadas”, alerta. Neste contexto, Arlindo Ferreira pede a criação de um Grupo de Recrutamento para PLNM. “Muitas vezes, os professores de português não têm formação e não é a mesma coisa dar PLNM e Português de Secundário. Seria importante haver um grupo, como há, por exemplo, o de Língua Gestual”, defende.

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