“Mais de 6 mil Docentes no Topo”, diz o Expresso na 1ª página – CORRENTES

 

“Mais de 6 mil Docentes no Topo”, diz o Expresso na 1ª página

1ª edição em 19 de Janeiro de 2020.

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Mais de 6 mil docentes no topo“, diz o Expresso na 1ª página (e o Público anteontem). É a insistente estratégia comunicacional da última década e meia, com o objectivo de precarizar os professores que ainda são cerca de 47% da administração central; e o olhar orçamental não resiste em desinvestir nos professores. E é também por isso que a crescente falta de professores é imparável. Já nada há a fazer de civilizado para o curto e médio prazos. Por exemplo, a ideia apressada de um professor leccionar várias disciplinas (onde o modelo funciona com decência tem anos de preparação séria na formação inicial e profissional), não reduz o investimento e degrada o que existe. Leia-se, adaptado, um jovem professor que emigrou para onde o desnorte começou há mais de uma década: em Inglaterra, um professor lecciona qualquer disciplina, basta ter um canudo, mas isso reduz a exigência e deteriora a qualidade de ensino. Para ensinar uma infinidade de conteúdos, e não é possível saber de tudo ao mesmo tempo, tem que se “simplificar” o ensino. Portugal também vai por aí? E regressar por 1200 euros por mês? A 500 quilómetros de casa?“. Só haverá dois modos de atenuar a falta de professores: acabar com várias disciplinas ou reduzir os dias lectivos semanais (um estado americano ultraliberal reduziu para três, mas os mentores duraram pouco) e transformar as escolas em armazéns a tempo inteiro com “guardadores” contratados em plataformas no “modelo-Uber”.

E como as primeiras páginas teimam na desinformação, resta-nos repetir o óbvio: há 115 índices remuneratórios na administração pública (a imagem é do site da Direcção-Geral da Administração e Emprego Público). O topo dos professores está no 57º lugar (sublinhei na imagem). Há 58 índices remuneratórios acima dos professores e o topo recebe quase o dobro; e mais 120% do que a média.

Para além disso, um coro mediático repete há muito que “os professores não podem chegar todos ao topo” e, não raramente, argumenta com as hierarquias militares. De modo sucinto, diga-se que um brigadeiro não realiza as tarefas de um tenente e vice-versa, mas um professor do 1º escalão pode leccionar a mesma turma que um do 10º. O cerne da profissionalidade dos professores é a sala de aula e as progressões oxigenam uma carreira horizontal. O conceito de topo não existe. De resto, há uma discussão sobre direitos e deveres a recuperar (algo de preocupante estará a acontecer quando a sociedade não se questiona sobre a perda de direitos fundamentais que exigiram lutas determinantes). Desde logo, civilizar os horários laborais para que as famílias tenham tempo para as crianças, e rejeitem a incivilizada escola a tempo inteiro, e esclarecer que os cortes nos professores atrasaram milhares (mais de 6 mil) na chegada a um escalão máximo que é o 57º da DGAEP, que há 60 mil que nunca lá chegarão e que os que entrarem aspirarão ao 80º lugar.

Paulo Prudêncio

 

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8 comentários

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    • Bazófias on 30 de Agosto de 2020 at 13:20
    • Responder

    O expresso e a SIC são órgãos de contra informação do governo. Não são confiáveis. Eu optei não vejo a SIC nem compro o expresso

  1. Faz parte da estratégia de pressão para o início do ano lectivo e para ”ganhar” a opinião pública contra os professores por não aceitarem o quase nada feito para assegurar a segurança sanitária nas escolas… Esquecem-se os estrategas que as crianças regressarão a casa todos os dias e poderão infectar os agregados familiares… ah, mas aí a culpa será das direcções das escolas que não gizaram bem o plano para o Covid…

    • Atento on 30 de Agosto de 2020 at 15:07
    • Responder

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    António Bosta é uma BESTA. António Bosta (também conhecido pelo TORRESMO) é um ser asqueroso, mas vai ter azar porque vai ter que contar os CAIXÔES de alunos, funcionários e professores.

    A probabilidade dos CAIXÕES serem muitos é grande e António Bosta vai ter que assumir a responsabilidade de ter aberto o ano letivo com Aulas Presenciais.

    António Bosta vai abrir as Escolas porque tem a perfeita noção que, atualmente, as Escolas não são mais do que ARMAZENS onde se colocam os rebentos para que os pais possam ir tranquilamente para os seus postos de trabalho.
    Se as Escolas funcionassem em Regime Não Presencial não cumpririam o seu DESIGNIO que é o de serem ARMAZENS onde se depositam as crianças para dar socego aos progenitores.

    Neste contexto de Escola Armazem” é obvio que podemos e devemos questionar se um “Encarregado de Armazem” (digo, “professor” deve auferir um salário de 3.364,14 Euros por mês em fim de carreira. Penso que não. É exagerado esse valor. Um “Encarregado de Armazem” não deve ultrapassar os 900,00 Euros/mensais e já está muito bem pago.

    Diga-se que estes “Encarregados de Armazem” (digo “professores”) tem contribuido para este estatuto de mediocridade.

    É triste, mas é a mais pura das verdades, as Escolas são hoje Armazens de crianças (de preferência a Tempo Inteiro) para que os pais as possam lá colocar. Cumprem ainda outra função que é a de “Cantinas Sociais” onde se dá 1 Refeição diária aos filhos dos proletários miseráveis que por aí deambulam.

    Estas funções de “Escola/Armazem”, “Escola/Cantina Social” e “Escola/Estabelecimento de Caridade” é INSUBSTITUIVEL.

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    • Fernando, el peligroso de las verdades. on 30 de Agosto de 2020 at 21:32
    • Responder

    Topo: 1980,00 gansos limpos. Mas com mais de 62 anos.

    • ... on 31 de Agosto de 2020 at 13:15
    • Responder

    …o chulo do irmão do Costa a fazer o trabalho sujo…
    Grande porco.

    • Paulo Gomes on 31 de Agosto de 2020 at 13:43
    • Responder

    Mais um exemplo de fake news. A tabela de vencimentos que tem de ser considerada é a que é utilizada pele estrutura da carreira docente e não esta. Aliás, os índices de vencimento e os valores são diferentes, como podem constatar. Apelo a que vejam a tabela de vencimentos de professores no EDUPROFS.

    • Matilde on 31 de Agosto de 2020 at 15:19
    • Responder

    Para estes jornalistas ou analistas políticos, o que é preciso é vender jornais e alimentar o ódio e a invejazinha, tão ao gosto português!Distrair do essencial, do problemático e dividir para reinar!…é sempre mais fácil pôr o foco nos “privilégios????!” e desviar dos problemas da governação E o povo, bruto e cada vez mais embrutecido por estes políticos e “elite” corrupta, não sabe discernir, analisar e perceber que está a ser manipulado e deixa-se levar, sem se indignar, aceitando tudo, toda a carga, sem nada questionar, tal qual um jerico que, cada vez mais carregado e espicaçado, baixa as orelhas, sacode a mosca, mas vai sempre suportando uma vida mais difícil.
    De resto, os professores/educação, serve para quê? para formar cidadãos mais críticos? Não, isso não lhes interessa, porque um povo embrutecido é sempre mais fácil de governar/manipular!
    E, já agora, seria importante dizer que subi de escalão por direito e continuo à espera de receber o que é meu por direito!
    Ah! já agora o expresso podia analisar os conteúdos televisivos/jornalísticos e concluir que todo o lixo é muito bem pago e qualquer voz esganiçada ganha fortunas!…mas isso não os incomoda!…

    • Alexandra Almeida on 31 de Agosto de 2020 at 18:23
    • Responder

    MENTIRA!
    Em Inglaterra um professor NÃO leciona qualquer disciplina!
    O que acontece é qualquer professor poder ter uma “aula de substituição”. Isso é diferente! Nesse caso, dá aos alunos aquilo que o colega da disciplina deixou para essa “aula”.
    Era lindo!… Eu, que sou de Português-Franvcês e sempre reprovei a Matemática, dar aulas de Matemática!… LOL!
    Agora, no tempo das “aulas de substituição” da treta, se a colega de Matemática me deixasse uma ficha para dar aos alunos e a correção para lhes dar no fim, com certeza.
    Isto NÃO É qualquer professor lecionar qualquer disciplina! Sejamos verdadeiros!

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