30 de Agosto de 2020 archive

“Mais de 6 mil Docentes no Topo”, diz o Expresso na 1ª página – CORRENTES

 

“Mais de 6 mil Docentes no Topo”, diz o Expresso na 1ª página

1ª edição em 19 de Janeiro de 2020.

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Mais de 6 mil docentes no topo“, diz o Expresso na 1ª página (e o Público anteontem). É a insistente estratégia comunicacional da última década e meia, com o objectivo de precarizar os professores que ainda são cerca de 47% da administração central; e o olhar orçamental não resiste em desinvestir nos professores. E é também por isso que a crescente falta de professores é imparável. Já nada há a fazer de civilizado para o curto e médio prazos. Por exemplo, a ideia apressada de um professor leccionar várias disciplinas (onde o modelo funciona com decência tem anos de preparação séria na formação inicial e profissional), não reduz o investimento e degrada o que existe. Leia-se, adaptado, um jovem professor que emigrou para onde o desnorte começou há mais de uma década: em Inglaterra, um professor lecciona qualquer disciplina, basta ter um canudo, mas isso reduz a exigência e deteriora a qualidade de ensino. Para ensinar uma infinidade de conteúdos, e não é possível saber de tudo ao mesmo tempo, tem que se “simplificar” o ensino. Portugal também vai por aí? E regressar por 1200 euros por mês? A 500 quilómetros de casa?“. Só haverá dois modos de atenuar a falta de professores: acabar com várias disciplinas ou reduzir os dias lectivos semanais (um estado americano ultraliberal reduziu para três, mas os mentores duraram pouco) e transformar as escolas em armazéns a tempo inteiro com “guardadores” contratados em plataformas no “modelo-Uber”.

E como as primeiras páginas teimam na desinformação, resta-nos repetir o óbvio: há 115 índices remuneratórios na administração pública (a imagem é do site da Direcção-Geral da Administração e Emprego Público). O topo dos professores está no 57º lugar (sublinhei na imagem). Há 58 índices remuneratórios acima dos professores e o topo recebe quase o dobro; e mais 120% do que a média.

Para além disso, um coro mediático repete há muito que “os professores não podem chegar todos ao topo” e, não raramente, argumenta com as hierarquias militares. De modo sucinto, diga-se que um brigadeiro não realiza as tarefas de um tenente e vice-versa, mas um professor do 1º escalão pode leccionar a mesma turma que um do 10º. O cerne da profissionalidade dos professores é a sala de aula e as progressões oxigenam uma carreira horizontal. O conceito de topo não existe. De resto, há uma discussão sobre direitos e deveres a recuperar (algo de preocupante estará a acontecer quando a sociedade não se questiona sobre a perda de direitos fundamentais que exigiram lutas determinantes). Desde logo, civilizar os horários laborais para que as famílias tenham tempo para as crianças, e rejeitem a incivilizada escola a tempo inteiro, e esclarecer que os cortes nos professores atrasaram milhares (mais de 6 mil) na chegada a um escalão máximo que é o 57º da DGAEP, que há 60 mil que nunca lá chegarão e que os que entrarem aspirarão ao 80º lugar.

Paulo Prudêncio

 

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Em França escolas vão estar fechadas no dia de reentrada no novo ano letivo

 

O ministro da Educação Nacional defende que este seja “o mínimo possível”.

O Ministro da Educação Nacional afirma no JDD de 30 de agosto que as aulas e as escolas vão estar encerradas na terça-feira, 1 de setembro, dia do novo ano letivo. “Isto é decidido por uma análise diária, dependendo da situação de saúde de cada território. Haverá, mas o mínimo possível”, diz Jean-Michel Blanquer. A possibilidade de aulas em ginásios também não está descartada, diz, mas não será ao ar livre. Espera-se que cerca de 12,4 milhões de estudantes franceses regressem às aulas.

O Ministro especifica que, nos primeiros dias do ano letivo, os pais poderão acompanhar os filhos que entram no jardim de infância, respeitando as medidas sanitárias.

Usar uma máscara será obrigatório para todos os adultos e da faculdade, incluindo o recreio para o novo ano letivo. No entanto, não será “obrigatório quando for incompatível com a atividade (comer, internato, práticas desportivas, etc.)”. É concebível que, nas próximas semanas ou meses, se apliquem medidas mais fortes em alguns territórios”, acrescenta o ministro. O Covid-19 está agora particularmente ativo no Ile-de-France ou em Bouches-du-Rhône.

Grenelle dos professores
O protocolo de saúde previsto no Conselho Nacional de Educação “não protege o pessoal nem os alunos e as suas famílias”, disse no sábado um grupo de médicos, pedindo mais precauções. “A escola não está pronta. (…) Tendo em conta o protocolo em vigor, nada parece impedir que as escolas se tornem agrupamentos” (surtos infeciosos), alertam os signatários, incluindo a infectiologista Karine Lacombe, a presidente do sindicato liberal de médicos UFMLS Jérôme Marty e os criadores do coletivo Stop-Postillons. O ministro responde-lhes a estarem atentos à sua opinião, mas que as medidas tomadas estão de acordo com o seu fórum. Convida-os a “trocar com o ministério, será mais construtivo”.

Jean-Michel Blanquer anuncia ainda que vai lançar uma negociação com os professores para discutir o aumento dos salários para 2021. Os grupos de trabalho serão criados já este outono e espera-se que se inicie uma fase de negociações em novembro. “Os professores felizes são alunos felizes”, diz, ainda no JDD.

 

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Na Alemanha não houve nenhum crescimento significativo de corona devido à abertura da escola

 

Nenhum crescimento significativo de corona devido à abertura da escola

O Comissário da Saúde da UE, Kyriakides, não espera um aumento significativo dos casos de Corona devido à reabertura de escolas.

Estudos realizados em vários países da UE demonstraram que a transmissão entre crianças e crianças nas escolas é rara, disse Kyriakides ao jornal italiano La Stampa. Se fossem observadas medidas de proteção como a manutenção da distância ou a divisão dos alunos em grupos, era pouco provável que as escolas fossem uma fonte maior de infeção do que outros locais.

 

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Aos Pais, Educadores e Professores, sobre o início do ano escolar 2020

 

Início do ano escolar 2020

O início deste ano escolar é um motivo de preocupação para pais, crianças, educadores, professores e profissionais de saúde, que procuram certezas num mundo em que as informações mudam rapidamente.

Sabemos hoje que, contrariamente à grande maioria das infeções víricas, a infeção pelo novo coronavirus SARS-CoV-2 tem causado doença menos grave em idade pediátrica do que no adulto. As crianças parecem ter menor incidência da doença e desenvolver sintomas ligeiros e transitórios, de evolução benigna, sendo os internamentos e as fatalidades excecionais. Apesar disso, os pais continuam a sentir angústia no regresso à escola.
A interrupção das atividades escolares e extra-escolares ditada pelo confinamento teve grande impacto na saúde das crianças, a nível da aprendizagem, da socialização e da saúde mental. As crianças, sobretudo as do 1o ciclo, sentiram insatisfação com as novas modalidades de ensino por videoconferência, dificuldades de concentração e na realização de tarefas, e saudades da escola e dos colegas. As dificuldades de acesso a meios informáticos veio acentuar ainda mais as diferenças nas crianças mais desfavorecidas. O apoio a crianças com necessidades educativas especiais foi escasso. Crianças com doença crónica complexa ficaram privadas das diferentes terapias de que beneficiavam em ambiente escolar, o que contribuiu, em muitos casos, para a regressão da condição de base. A escola deixou de ser o espaço para brincar, processo essencial ao desenvolvimento infantil, e o espaço seguro, onde existe alimento e ternura, tão necessários em alguns casos. Foi exigido enorme esforço às famílias na conciliação entre o trabalho e a vida familiar, que não se poderá prolongar no tempo. São todas fortes razões para que se retome o ensino presencial.
A inquietação quanto ao ensino presencial deve-se, sobretudo, ao possível impacto da abertura das escolas na propagação da COVID-19 na comunidade. A informação existente sobre a carga viral nas crianças infetadas é escassa mas sugere que estas não sejam o grande veículo de transmissão da infeção SARS-CoV-2. Especificamente, os poucos estudos disponíveis sobre a transmissão da infeção na comunidade escolar, em países onde o ensino presencial foi retomado, indicam que os surtos escolares são raros e tendem a ocorrer sobretudo por transmissão entre os profissionais adultos, em zonas onde a transmissão na comunidade é elevada, não parecendo ser a transmissão criança a criança nem adulto a criança relevante na propagação de surtos. Embora seja fundamental manter vigilância, pois os dados podem vir a sofrer alterações com a reabertura total das escolas, até agora as crianças parecem ter menor probabilidade de contrair a infeção na escola do que na comunidade.
Assim, para proteção de todos, o mais importante continua a ser o comportamento responsável dos adultos, na escola mas também na comunidade, com cumprimento estrito das normas de distanciamento social físico e de higienização recomendadas, o isolamento precoce de casos sintomáticos e o rastreio rápido dos contactos.
A evidência sobre os potenciais benefícios do uso de máscaras por crianças na transmissão do novo coronavírus são ainda limitadas, mas os estudos que avaliaram a eficácia do uso de máscaras na prevenção de outras infeções apontam para que sejam menos eficazes nas crianças mais jovens, possivelmente pela menor adaptação à face, menor tolerância e uso inapropriado. A idade em que se preconiza o uso de máscaras na escola terá de ter em conta os novos dados que estão a surgir na literatura.
Assim, para que o ano escolar decorra sem necessidade de interrupções, deverão ser mantidas as medidas propostas que evitem o cruzamento desnecessário de grandes grupos de crianças mas, em cada grupo, dever-se-á assegurar normalidade nas relações entre crianças, não impondo medidas estritas que sejam impossíveis de cumprir, sobretudo pelas mais jovens. É essencial que se retomem as brincadeiras nos intervalos das aulas e que estes tenham uma duração adequada.
Finalmente, deve existir flexibilidade no cumprimento das normas, em cada momento e tendo em conta os dados locais de transmissão na comunidade. No início do ano escolar, para as crianças que vão contactar pela primeira vez com a escola, devem criar-se condições de segurança que permitam o acompanhamento de um familiar ao novo espaço, dando tempo à criação de vínculo afetivo.
Agosto de 2020
Direção da Sociedade Portuguesa de Pediatria (SPP)
Direção da Sociedade de Infeciologia Pediátrica da SPP
Direção do Colégio de Especialidade de Pediatria da Ordem dos Médicos

 

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