Afinal, não terão sido 21 mil os alunos sem professor a uma disciplina no 1º período do ano passado, nem a anunciada redução de 90% será real. Perante as dúvidas, Fernando Alexandre diz ao Expresso na edição desta sexta-feira que pediu a revalidação dos números, recebeu dados díspares e vai avançar com uma auditoria aos serviços
Até à semana passada, havia 2238 alunos que ainda não tinham tido aulas a pelo menos uma disciplina desde o início do ano letivo. E, segundo as contas apresentadas no final da semana passada pelo ministro da Educação, esse valor corresponderia a uma redução de 90% face aos 21 mil em idêntico período de 2023/24. Mas afinal as contas podem não ser essas e qualquer comparação com o ano letivo passado é neste momento impossível, reconhece agora o responsável da pasta, depois de todas as dúvidas que surgiram, nomeadamente por parte do ex-ministro da Educação João Costa, e dos dados contraditórios que recebeu dos serviços em diferentes
Um grupo familiar “invadiu”, na terça-feira, a Escola Secundária de Maximinos, em Braga, alegadamente à procura de uma aluna que estaria desaparecida, uma ocorrência já participada ao Ministério Público, disse hoje fonte da PSP à Lusa.
Segundo a fonte, o grupo de pessoas terá “forçado” a entrada, desrespeitando as ordens da funcionária que se encontrava na portaria, e “irrompeu” escola adentro.
“A PSP foi chamada ao local e rapidamente repôs a normalidade, até porque a menor já tinha sido, entretanto, localizada”, acrescentou a fonte.
A polícia identificou os pais da aluna e a própria menor, tendo remetido o caso para o Ministério Público.
Segundo o relato da mãe de dois alunos, terão sido cerca de 20 as pessoas que “invadiram” a escola.
“Primeiro entraram duas pessoas, pouco depois entraram as restantes. Davam pontapés aos caixotes, terão agredido uma funcionária, acederam a dois pavilhões, houve uma aluna que teve um ataque de pânico”, relatou Sofia Rocha.
Esta encarregada de educação criticou a falta de policiamento junto à escola e o facto de os portões estarem constantemente abertos, sem qualquer controlo de entradas.
“Agora foi assim, para a próxima pode ser bem pior. E o que é pior é que a escola parece que quer abafar o problema”, acrescentou.
À Lusa, a vereadora da Educação na Câmara de Braga, Carla Sepúlveda, disse que não tem conhecimento de qualquer agressão.
Carla Sepúlveda acrescentou que a ocorrência foi participada na plataforma da Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares.
“São situações que ocorrem com alguma frequência, envolvendo elementos de uma certa comunidade”, disse ainda.
Adiantou que ainda na semana passada se registou uma situação do género na EB2/3 Frei Caetano Brandão, também do Agrupamento de Escolas de Maximinos.
No final da passada semana, o Ministro da Educação garantiu que tinha resolvido 90% do problema dos alunos sem professor desde o início do ano a, pelo menos, uma disciplina. Com isso, quis dizer à opinião pública que já tinha cumprido antecipadamente uma das promessas feitas no Verão.
O que pode ser tecnicamente verdade, mas oculta diversas outras verdades. Desde logo, a do número de alunos que continuam sem professor a uma ou mais disciplinas. Outra verdade é que não sabemos se esses alunos que estiveram com professores em todas as disciplinas, os tiveram em simultâneo e por quanto tempo. Será que conta o tempo em que determinados horários foram “atribuídos” a alguém que nem sequer leccionou uma semana de aulas, antes de ir para outras paragens?
O indicador que foi definido parece de verificação objectiva, mas deixa de fora muitas questões, a começar por “como foi isso conseguido”? Embora existam pistas. Por exemplo, no documento divulgado no dia 22 de Novembro, o Ministério da Educação informa que foram atribuídas 8.540 horas a 3.615 docentes e que em 67% dos casos isso significou um acréscimo de 1-2 aulas semanais. Claro que, por contacto directo, se sabe que muitos docentes receberam mais horas do que essas, pois é permitido “atribuir” até 5 horas extraordinárias, sem a anuência de quem é contemplado.
Em notícia do Expresso desse mesmo dia, era divulgado que “uma das medidas com mais impacto” na redução dos alunos sem professor tinha sido – note-se a escolha de palavras – o “pagamento” de horas extraordinárias a mais de 2.000 professores.
Acrescenta-se que a maioria só está a fazer mais 1-2 horas, “o que não representa uma grande sobrecarga”. Ou seja, dá-se a entender que pagando horas o problema se resolve. Do que se extrapola que só existem ainda alunos sem aulas porque não se pagaram mais horas e não se quis “sobrecarregar” os professores. No limite, que a falta de professores tem fácil solução: basta “pagar” horas extraordinárias. Não é bem assim. Estão mesmo a ser cumpridas as horas “atribuídas”?
Mas, há outra via rápida para que os alunos fiquem com todas as aulas: numa interpretação curiosa de uma formulação vaga no artigo 9.º do Decreto-lei 51/2024, em formação dada aos directores, foi-lhes sublinhado que existe a possibilidade de contratarem técnicos especializados “sem habilitação científica adequada” (sic) que podem realizar “actividades com os alunos, mas não concorrem para a disciplina e não são avaliadas, e no ano seguinte as aulas têm de ser repostas”.
Em outra sessão, acrescenta-se que tais técnicos nem sequer precisam ser da área disciplinar de que falta professor.
Em suma, basta contratar uma espécie de monitores de ATL e os alunos passarão a estar ocupados.
No fundo, a falta de professores é capaz de nunca ter existido.
Quase 9% dos professores colocados no concurso extraordinário têm menos de 30 anos. Na FCSH, em Lisboa, houve 350 candidaturas para 142 vagas nos mestrados em ensino. Os jovens estão a regressar.
A idade da reforma deverá subir para os 66 anos e nove meses em 2026, um aumento de dois meses face ao valor que será praticado em 2025, segundo os cálculos com base nos dados provisórios divulgados hoje pelo INE.
De acordo com a estimativa provisória da esperança média de vida aos 65 anos para o triénio 2022-2024, divulgada hoje pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), este valor foi estimado em 20,02 anos, o que corresponde a um aumento de 0,27 anos (3,24 meses) relativamente ao triénio anterior (19,75 anos em 2021-2023).
Com base nestes dados é possível calcular que em 2026 a idade legal de acesso à reforma será de 66 anos e nove meses.