“Uma escola não funciona sem assistentes operacionais”
Durante o debate no Parlamento sobre o início do ano escolar, o Ministro da Educação, Fernando Alexandre, foi questionado sobre a necessidade de se aumentar o número de assistentes operacionais. Fernando Alexandre surpreendeu por desconhecer o número de assistentes operacionais que trabalham nas escolas.
O ministro tem feito um grande esforço de acomodar os professores, melhorar as suas condições para exercer a sua função.
Todavia não saber quem trabalha numa escola, para além dos professores? É grave. Eu não queria acreditar. Como é que um ministro pretende trazer a paz e a serenidade às escolas se não houver funcionários para apoiar os professores ou zelarem pela disciplina e bom ambiente nos intervalos?
Uma escola para funcionar precisa de pessoal docente, mas também de pessoal não docente: assistentes operacionais.
Foi um erro crasso a municipalização da educação. Os assistentes operacionais estão sob a tutela das câmaras – isso não tem pés nem cabeça.
Há uma redução da já parca autonomia das escolas na gestão pedagógica do processo educativo, com a alienação de responsabilidades, retirando capacidade às escolas para fazerem a sua própria gestão dos problemas: turmas, horários, apoios.
Não chegava isto, há algum tempo o recrutamento de assistentes operacionais compete às câmaras.
Mas não fica por aqui, a ação social, refeitórios e bares, rede de oferta educativa e condições de funcionamento dos estabelecimentos escolares passaram para as câmaras.
Um governo mantém centralizadas decisões cruciais para a organização das escolas e para o sucesso educativo dos alunos, ao invés, de descentralizar, transfere para as câmaras (municípios) competências que eram exercidas pelos órgãos de gestão das escolas. Pior a emenda que o soneto. No fundo descentraliza do ministério para voltar a centralizar nas câmaras.
Em vez de resolver, piorou por falta de disponibilidade financeira ou por desconhecimento como funciona uma escola.
O diretor de uma escola tornou-se um verbo de encher, limita-se na maioria das vezes a receber ordens, não tem autonomia nenhuma, têm um nome pomposo que não passa disso.
Uma escola, atualmente, em vez de ter autonomia vive a constante ingerência de um Ministério da Educação, e agora, a ingerência de um presidente de câmara. O caminho para o ensino público estar politizado.
Uma escola anda ao deus-dará.”
Joaquim Jorge, In Notícias ao Minuto
5 comentários
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Uma escola não funciona sem assistentes operacionais, mas também não funciona sem assistentes técnicos e o Ministro da Educação não deve saber isso. Eles também são recrutados pelas Câmaras que não conseguem resolver todos os outros problemas , agora ainda mais a educação. Sem dinheiro e sem gestores que conheçam os assuntos, as escolas foram de mal para pior. Só arranjam dinheiro para os professores, então e os outros não trabalham nas escolas? Poucas foram as coisas positivas que os ASS.Técnicos ganharam ao passar para os municípios. Consultas de Medicina para o trabalho, o dia de aniversário e pouco mais. Avaliações continuam atrazadíssimas e progressões a passo de caracol. Os problemas de há 30 anos continuam. Sem estatuto e salários mínimos para técnicos com mais de 20 anos de serviço. ze toi
As escolas não são estaleiros municipais e os professores não podem andar a fazer jardins nem feiras na hora de serviço!
Não funciona sem ATs, claro que não. Mas, já agora, convém que saibam do que falam e o que fazem e, nomeadamente no que diz respeito aos dados do Igefe, tão promovido para a opinião pública para setembro, convinha que colocassem os dados de modo correto para não ter tudo a zeros e esta coisa da RTS ser mais do que uma miragerm.
Ah, operacionais, claro que não. Mas, por acaso, estava a falar dos assistentes técnicos. Aliás, é interessantes ver como as interpretações variam radicalmente entre escolas e entre diferentes ATs. Bolas.
Muito lúcida esta opinião.
Centralizou-se nas câmaras por causa do loby autárquico. É o poderzinho de dar emprego, de mudar o assistente daqui para ali, de lhe dar uma muito boa avaliação. É o primo, o amigo, a mulher do funcionário! Mesquinhez.
Algumas câmaras (ingénuas) acharam que iam ganhar dinheiro com isto. Enfim.
Um desastre. É bem verdade: descentralizou-se do ministério para centralizar nas câmaras e os órgõas de direção das escolas são verbos de encher