E O BURRO SOU EU?…

Prólogo
2019, final de uma tarde primaveril, terminava mais um longo dia de trabalho e estava eu na Covilhã à espera de colegas com quem repartíamos o carro no sistema de boleias. Eis quando, aparece um meu ex-aluno (que fora um «baldas» problemático), agora jovem adulto, que me reconheceu, fez uma festa e me questionou o que fazia por ali àquela hora. Coloquei-o a par da situação e ele, fazendo questão de que o que iria dizer não era para me faltar ao respeito, anotou – Trabalho perto de casa, vou comer a casa, não me chateio e com o salário mínimo, no fim do mês ainda ganho mais do que o setor. E não precisei de andar a queimar as pestanas. E o burro sou eu? – salientando que estudar não valia a pena. Senti o calafrio ao receber aquele atestado de asnice, oferecido com pompa e circunstância.
Entretanto, chegara a minha boleia (somente mais um dos muitos grupos de desgraçados que por aí andariam a sacrificar-se pelo amor à camisola).
Durante a viagem que mergulhava na escuridão da noite, pouco falei, absorvido naquelas palavras cruas que muitos de nós recusamo-nos a querer escutar. Com 25 anos de serviço, o que tinha eu almejado na vida? Prejudicara a filha pela escola, perdera parte da saúde e, agora, restava-me levantar-me às 5h40 e, depois de 3h30 ao volante, regressar a casa às 20h (22h, quando tinha reuniões), deixar grande parte do ordenado na estrada e oficinas e quase não ver a família. Que argumentos tinha eu para responder àquele jovem quando – olhando para a forma como viviam os professores portugueses –, ele estava coberto de razão.

Hoje, 29 de setembro, cinco anos e meio mais velho e cansado, com menor poder de compra e sujeito a mais burocracia e exigência na escola, incapaz de me manter indiferente, lembro esse episódio e tento descobrir o que mudou.
Depois de substanciais valorizações salariais atribuídas a diversas classes profissionais, vou olhando para o aumento do salário mínimo que deverá chegar ou mesmo ultrapassar os 1.020€ no final da legislatura e não posso deixar de me perguntar: então, e nós?
O problema não está no aumento atribuído a outras profissões e na valorização do salário mínimo, atribuições mais do que justas e que já vêm tarde. A questão prende-se com a necessidade de valorizar a profissão docente (por diversas ocasiões, reafirmada pelo ministro da tutela, mas ainda sem nenhum resultado prático). Contudo, com os diversos aumentos salariais que têm sido distribuídos por outros, na realidade, comparativamente, a já de si desvalorizada profissão docente, acaba por ficar cada vez mais mal paga. Cada vez compensa menos ser-se professor.

Na verdade, financeiramente falando, eu diria que só quem for muito burro é que hoje vai para professor (que me perdoem a generalização).
Será que alguém de bom-senso se sente tentado a largar a família para ir trabalhar a centenas de quilómetros durante décadas, com despesas de estadias e/ou deslocações, numa profissão árdua e cheia de responsabilidades, quando poderia ficar a trabalhar perto de casa e a ganhar pouco menos, livre de despesas?
Quem é o génio em contabilidade que vai abraçar uma profissão que, depois de descontadas as despesas inerentes a ter de trabalhar longe de casa, no final do mês fica com menos rendimento do que o salário mínimo?
É psicológica e emocionalmente vantajoso abandonar-se a família durante anos para se dedicar a uma profissão na qual, muitas vezes, descontadas as despesas, se paga para trabalhar apenas para somar tempo de serviço, numa perspetiva de se poder ir aproximando de casa?
Será um projeto de vida optar pela docência pensando que, ao constituir família, terá de se separar dela deixando os filhos como danos colaterais a viver com pais separados na maior parte do tempo e – numa profissão maioritariamente feminina – longe da mãe?

Continuo à espera de ver a tão anunciada valorização profissional de todos professores (nem só os mais novos, nem os mais velhos que estão a sair para a reforma ou reformados com promessas de suplementos remuneratórios). Enquanto não se melhorarem as condições de trabalho e salariais da classe, nunca se irá resolver o problema da falta de professores, o qual, a continuar no cenário exposto em que a profissão se vai desvalorizando, só tenderá a agravar-se.
Entre as novas gerações que não querem ser professores e os que abandonam a profissão, em breve as manifestações de professores serão substituídas por protestos de pais a querem professores para os filhos e não os hão de ter.
Carlos Santos

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32 comentários

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    • carreira simples e apelativa on 30 de Setembro de 2024 at 9:02
    • Responder

    Excelente testemunho! Tem toda a razão. A classe docente é o garante do progresso das nações em qualquer sociedade minimamente democrática e civilizada.
    Há vários anos que defendo uma reforma disruptiva na carreira docente. Pese embora não seja o único determinante da atratividade de uma carreira profissional, a remuneração é sem dúvida um dos fatores que influenciam não só a escolha de uma profissão como também a perceção sobre o correspondente valor social.
    A estrutura remuneratória da carreia docente tem, como dizem os matemáticos, uma curva (linha de tendência) com a concavidade voltada para cima. Isso significa que a carreira não é atrativa para os jovens profissionais (embora fidelize quem está perto do último escalão). E não é atrativa para os jovens porque a valorização das primeiras cinco progressões na carreira é significativamente inferior à valorização das últimas quatro progressões. De facto, a média dos impulsos remuneratórios das cinco primeiras progressões ronda os 150 euros brutos e corresponde a metade da média dos impulsos remuneratórios das restantes quatro progressões, que se cifra nos 300 euros brutos. Ou seja, quem pretender ingressar na carreira necessitará de 22 anos de serviço (sem considerar outros constrangimentos) para atingir a média de remunerações da carreira (cerca de 2488 euros brutos).
    Assim, seria necessário, em primeiro lugar, inverter a concavidade da curva das remunerações. Depois, seria necessário aplicar, como também dizem os matemáticos, uma translação a essa curva, cujo vetor tenha sentido ascendente e módulo suficientemente apelativo, de forma a colocar a remuneração do 1º escalão em 2500 euros brutos (último escalão poderia atingir digamos os 4000 euros brutos, por exemplo). Dessa forma, ajustar-se-ia a remuneração dos jovens profissionais às exigências de início de vida.
    Paralelamente, seria de ajustar a progressão na carreira. E isso só pode ser feito de forma disruptiva caso de admita que a progressão só depende do tempo de serviço, sem qualquer outro requisito adicional. Terá é de haver incentivos para que se possa atingir o topo em menos tempo. Por exemplo, uma carreira com duração de 40 anos de serviço, cujo topo pode ser atingido por qualquer um pelo simples decurso do tempo. Quem se destaque na profissão poderia beneficiar de incentivos para atingir o topo de carreira em menos tempo. Pese embora, seja difícil definir as métricas para tais incentivos (tudo menos a atual avaliação de desempenho ou outro critério altamente subjetivo e dependente das vontades de alguns), tal tarefa não é certamente impossível. Uma forma poderia ser incentivar os docentes a produzir artigos científicos na área da educação que fossem publicados em revistas indexadas (escusado será dizer que essa atividade de investigação substituiria o trabalho não letivo ao abrigo do artigo 82º ECD, o qual seria extinto). Mas existem outras formas que poderiam complementar esta.

    • costa on 30 de Setembro de 2024 at 9:12
    • Responder

    Mesmo com 2500€ brutos no inicio de carreira os jovens irão pensar duas vezes. Instabilidade familiar não justifica esta profissão. Como diz o texto e bem, porventura ainda nesta década, teremos os pais a fazer manifestações porque os filhos não têm professores.

      • Já vão ver on 30 de Setembro de 2024 at 22:59
      • Responder

      Ainda não viram nada acerca da instabilidade familiar.
      Vai calhar a todos. Mesmo aos quadros.
      Esperem que, com este ou outro governo, a loucura vai acontecer. Está tudo preparado para isso.

    • Ester Neiva on 30 de Setembro de 2024 at 9:25
    • Responder

    É exatamente por estas situações vividas por professores, eu sou uma recém- reformada, que não entendo a moda de já há algum tempo haver muitos professores que põem junto à sua fotografia ‘proud to be a teacher’ . Ainda ontem publiquei na minha página do Facebook um artigo já antigo, pondo em causa o ‘proud ‘de que fazem alarde e a pergunta que fica ” e entao a burra sou eu?”

    • Miguel on 30 de Setembro de 2024 at 10:49
    • Responder

    Sem contar com aquilo que se gasta a ir estudar para uma universidade durante uns 5 anos, enquanto quem ganha o ordenado mínimo já está a ver entrar dinheiro. Se um estudante universitário num curso para professor gastar um ordenado mínimo por mês durante 5 anos, precisaria de ganhar o dobro do ordenado mínimo nos primeiros 5 anos de trabalho só para recuperar em relação a quem ganha o ordenado mínimo. Como isso não acontece, quer dizer que para recuperar tudo só mais lá para o fim da carreira e com sorte.

      • Tui on 30 de Setembro de 2024 at 11:08
      • Responder

      Larguei a tropa para dar aulas. Se tivesse ficado na tropa estava agora a 5 anos da reforma. Duas licenciaturas e dois mestrados depois, vejo que o queimar de pestanas apenas valeu por motivos de ilustração pessoal.Só perdi dinheiro no ensino. Para pagar propinas passei anos como vigilante em turnos rotativos, a ser insultado por malta de ordenado mínimo e escolaridade básica. Paguei bem caro para ser professor, para ter de aturar pais que são analfabetos funcionais. Para aturar colegas que se escudam no imobilismo e na posição ganha. Portanto, devo ser o rei dos burros. Mortinho por uma oportunidade de saltar fora do meu país, porque percebo tarde demais, que este país não me quer.

        • Maria on 1 de Outubro de 2024 at 11:52
        • Responder

        Como eu o entendo! No ano em que comecei a dar aulas – e fiquei colocada na escola onde tinha sido aluna – vigiei no final do ano letivo um exame onde estava um ex-colega de secundário que entretanto conseguiu entrar no exército, ou seja, eu já licenciada e ele ainda a tentar ingressar. Hoje, passados pouco mais de 20 anos, ele tem uma patente que lhe permite auferir mais 400€ do que eu (e não me estou a referir aos suplementos que recebem). Será caso para dizer: para quê ser professor(a)?

          • Jucundo on 1 de Outubro de 2024 at 12:13

          O «seu» militar é chamado a qualquer momento para serviço, a cara, pode ficar a dormitar descansada, no seu leito. Se ele ganha mais 400 euros que a cara, a cara parou na carreira e ele não. Se as Forças Armadas pagassem tão bem como as dondocas e os queques acham que pagam, seria um fenómeno do Entroncamento perceber como todas as incorporações diminuiram, e como os 3 ramos se desunham para atrair candidatos. Já este ano bastou o Ministro acenar com uns trocos e os mestrados em ensino encheram. Se não sabe do que fala, ocupe as mãos e a mente com outra coisa.

    • Kamelian on 30 de Setembro de 2024 at 14:22
    • Responder

    Faz em Julho próximo 6 anos que “larguei” o ensino, ou se preferirem “que deixei de ser burro”.
    Não gosto especialmente do que faço e tenho a certeza que é algo efémero e que não deixará marca . Mas raios me partam que nunca mais tive um Agosto stressante sem saber o que ia fazer da minha vida.
    Para mim a verdade nua e crua, que o autor do post fala, não foi um aluno, mas foi a PAAC. Ai é que eu percebi que a classe não é unida e que a maioria dos mais velhos apenas se preocupa com a sua progressão, enquanto os mais novos apanhavam as migalhas que sobravam.
    Cada vez que via as reportagens das manif. de professores, ficava espantado com a gritaria dos “6 anos, 6 meses e 23 dias” e o quão pouco se reivindicava a qualidade da profissão ou as condições das escola.

      • AF on 30 de Setembro de 2024 at 17:16
      • Responder

      Adorei a sua intervenção. Depois de resolvidos os “6 anos, 6 meses e 23 dias”, parece que tudo ficou bem. Pelo menso os protestos acabaram.

      E não se preocupem com a falta de docentes, é uma questão de adaptar as habilitações exigidas.

        • FA on 30 de Setembro de 2024 at 23:12
        • Responder

        Resolver? Eu ainda não vi nada.
        Adaptar as habilitações exigidas? Explique lá isso.
        Acho que você facilmente pode passar sem um médico. Qualquer curandeiro lhe faz o mesmo efeito.

    • Paulo Gomes on 30 de Setembro de 2024 at 15:14
    • Responder

    Revejo-me aqui nas palavras do Carlos Santos. Sim, sou professor desde 1995, sim, deambulei por este país fora (incluindo Madeira e Açores), sim, andei na estrada e estive a muitos quilómetros de casa, sim, durante 4 anos estive longe da minha esposa e do meu filho recém-nascido. Valeu a pena? Em grande medida não, pois o tempo perdido foi também tempo de família perdido. Só valeu a pena por ir obtendo tempo de serviço que acabou por me ajudar a vincular e a efetivar muitos anos depois do que deveria ter sido. Tenho ao longo do tempo aconselhado os meus alunos a nãos erem professores, pois num país que tão maltrata aqueles em quem devia confiar mais o futuro da formação das gerações seguintes, não merece os seus professores (lembro-me aqui da vida de Confúcio numa era de desprezo pela família e pelos valores culturais numa China conturbada). E agora a propagandice de pagarem mais 750 euros a quem se aposentou para voltar a dar aulas… pobres colegas que já tanto sofreram, gozem a vossa liberdade pois voltar a uma profissão que tanto vos maltratou é pudo masoquismo.

    • mariag on 30 de Setembro de 2024 at 17:14
    • Responder

    Excelente reflexão. E a deixar aqui uma perplexidade: foi com grande espanto e alguma comiseração que li isto no Decreto Lei da abertura para o Concurso Extraordinário 2024: “A escassez de professores, sobretudo nas regiões da Área Metropolitana de Lisboa, do Alentejo e do Algarve, tem afetado de forma severa as aprendizagens de centenas de milhares de alunos que têm sido privados de aulas a uma ou mais disciplinas por períodos muito prolongados. Esta grave perturbação, que prejudica a escola pública e urge corrigir, coloca em risco as legítimas expetativas dos alunos, bem como o investimento das famílias e do Estado. (…) ”

                     E cá me ponho a pensar que essa falta de docentes não impede depois esta grande contradição com a atual conjuntura que se vive no ensino em Portugal: então não há professores e, só porque nem todos aceitam a colocação em Contratação Inicial, logo em agosto, são fortemente penalizados e retirados da RR e, muito mais grave, não podem depois concorrer a ofertas de escola e ficar colocados em escolas onde durante todo o ano letivo ficam largas centenas de alunos sem aulas. Veja-se o que se passa em Lisboa e Algarve. Preferem que se aceite a colocação e que se denuncie o contrato ? Atrasando todo o processo de colocações posteriores? Isto é absolutamente incongruente e de uma falta de sensibilidade que não beneficia os alunos e as famílias. Não bate a bota com a perdigota! Senão, vejamos o que diz a tutela do alto da sua sabedoria: 

    ” 8. O não cumprimento do dever de ACEITAÇÃO é considerado, nos termos do artigo 18.º doDecreto-Lei n.º 32-A/2023, de 08 de maio, para todos os efeitos legais, como não aceitação da colocação e determina a:
    Impossibilidade de os docentes com contrato de trabalho em funções públicas atermo resolutivo serem colocados em exercício de funções docentes nesse anoescolar, através dos procedimentos concursais regulados no presente decreto-lei,após audição escrita ao candidato a seu pedido, no prazo de 48 horas (via aplicaçãoinformática da DGAE). ”

    Querem mais professores, chegam ao ponto de irem buscar os reformados e depois não permitem que quem não aceitou a colocação possa leccionar esse ano letivo em Contratação de Escola. ” E o burro sou eu? “

      • Notify on 1 de Outubro de 2024 at 0:56
      • Responder

      Com tantos professores no desemprego preferem pagar aos reformados..O que eles pretendem ,verdadeiramente , é justificar o aumento da idade de reforma agora vêm com paninhos quentes mas depois é instaurado a reforma aos 70anos! Porque já têm argumentos para o fazer…

    • AF on 30 de Setembro de 2024 at 17:21
    • Responder

    E ainda não percebi em que circustâncias se recorre a um docente reformado. Só onde não há professores disponíveis para lecionar ou em todo o país? Inclusi ve onde há docentes desempregados?

    • LGDâmaso on 30 de Setembro de 2024 at 17:31
    • Responder

    Sim, eu afirmo convictamente que tenho orgulho em ser Professor. Mais! Gosto profundamente de ser Professor e não me vejo a exercer outra profissão. Serei “burro” por isso? Talvez, mas posso garantir a toda a gente que sou profundamente feliz no que faço. Se podia ganhar mais dinheiro a fazer outra coisa? Talvez pudesse…Mas também tenho de dizer que nunca morri à fome ou deixei os meus morrer com o ordenado que ganho. Ah, só mais uma coisa, antes de “assentar” relativamente perto de casa, a uma hora e qualquer coisa de caminho, ainda assim, coisa que aconteceu este ano, também corri uma parte do país, sei, portanto, o que é isso.

    1. É um burro feliz!
      Os milhares de euros que os professores foram roubados, com os congelamentos, davam para ter uma qualidade de vida muito superior.
      Eu estou no 5º escalão e deveria estar no 9º escalão (basta verificar no simulador do maior sindicato de professores!

        • PetrvsVenancivs on 4 de Outubro de 2024 at 20:10
        • Responder

        Já tu, para além de burro, és infeliz. Se estás assim tão mal, tens bom remédio.

    • Desabafo on 30 de Setembro de 2024 at 18:08
    • Responder

    Nós jovens temos interesse na carreira docente sim! Nota-se pelo número de inscritos nos cursos de educação básica este ano.
    Um salário de 2500 euros brutos infelizmente para nós jovens é aliciante, tendo a conta a situação do país.
    Um à parte, tanto se fala da falta de professores, lançaram um concurso extraordinário onde existem para já 5000 inscritos, as vagas para substituir professores andam a voar.
    Mas depois se formos ao fundo da questão em relação à falta de professores chegamos a conclusão que “98%” das vagas são por doença, um pouco curioso.

      • Hugo on 2 de Outubro de 2024 at 9:19
      • Responder

      Aprecio a sua disponibilidade e interesse pela carreira. Tenho dúvidas é que permaneça quando conhecer de perto a realidade dos factos. E só para citar algumas: indisciplina cada vez maior, burocracia, anos a fio com a casa às costas até estabilizar, anos a pagar para trabalhar (combustivel, rendas, etc…). De que serve um ordenado bruto de 2500 euros se, para poder exercer a sua profissão, terá de gastar uma grande parte desse montante?

    • Emilyenparis on 30 de Setembro de 2024 at 19:46
    • Responder

    Tal e qual…A reposição foi uma quimera política para ganhar a maioria nas próximas encontra-se congelada. E os cabimentos que não saiem enquanto não aprovarem o orçamento alguns parece que tiveram sorte, mas será que já começaram a receber?

    • Anónimo on 30 de Setembro de 2024 at 23:01
    • Responder

    E cada vez mais burros.
    Quem está a chegar são os mais burros, os que nada de jeito querem fazer, os que gozam com os que já lá estão há mais tempo (não necessariamente os mais velhos. Há muitos que chegam tão ou mais velhos e a postura é a de galifões atrasados).
    A Educação está a transformar-se numa distopia.
    Qualquer um dá tudo. É a loucura.

    • Ops. Agora já disse on 30 de Setembro de 2024 at 23:09
    • Responder

    Quem chega só pensa em aproveitar-se de tudo o que foi construído.
    Claro que não são todos assim. Mas muitos são-o.
    Já os havia, mas agora a entrada é massiva.
    Não são professores. São aproveitadores. A maior parte destes aproveitadores (excluo desde já aqueles que são professores), estão lá porque os deixaram entrar e estar “à vontade” nas escolas.
    Estes são a má moeda … que vai correr com a boa moeda, e destruír de vez o sistema.

    • Notify on 1 de Outubro de 2024 at 0:47
    • Responder

    Quem ainda está no 1 escalão com horário incompleto retirando às deduções e as despesas de deslocação recebe líquidos a vergonha de 500euros ou menos para aturar gente mal educada e até violentos Que só estão na escola para não perder os subsídios.
    Para que serviu queimar as pestanas tirar mestrado se é o tempo de serviço que conta?? Independente do horário todos os contratados deviam receber por inteiro como os efetivos assim já não havia falta de professores.

    • Cândida on 1 de Outubro de 2024 at 2:45
    • Responder

    A quantidade de erros que se vê nestes comentários! É uma vergonha! Questiono-me se são mesmo professores! Como é que ensinam os alunos?

    1. Eu não os ensino. Trago uma faca de casa e desato a matá-los. Todos os dias. Depois asso-os e como-os.

  1. Claro que só quem é burro se sujeita a ir trabalhar para longe, com imensas despesas e preocupações. para chegar ao fim e ganhar o salário minimo ou menos.
    Em qq supermercado ganha-se 1200 euros sem as chatices de aturar pais.
    Ou nas limpezas, ou nas obras, é preciso é ter vontade de trabalhar e não pensar que existem profissões menos nobres só porque se tem uma licenciatura, que aliás não é o garante de nada.
    Ir para long,e pode ser bom para quem ainda não tem raízes nem dor nas costas de tanto conduzir.
    Em 95, qd comecei, enviava um monte de currículos para todo o lado e para todo o tipo de emprego.
    Por mero acaso, as oportunidades de emprego melhores para mim foram sempre no ensino, embora tivesse recusado vários horários porque chegava ao fim do mês e não me sobrava dinheiro descontando despeas. Nessas alturas trabalhava noutros locais.
    Quem não tem uma rede familiar, não se pode dar ao luxo de ir fazendo tempo, ou até mesmo de ter um carro, porque precisa de chegar ao fim do mês e precisa de ter dinheiro para comer.
    Hoje e por mero acaso, sou professor do QA e perto de casa, mas o meu percurso profissional poderia ter sido outro, porque por necessidade e de forma objetiva, nunca me prendi no inicio a esta profissão.

      • dany35 on 1 de Outubro de 2024 at 19:08
      • Responder

      Percebo perfeitamente o colega. Se o colega tiver ainda longe de casa mais vale mudar de profissão!
      Quando somos novos não sentimos muito os problemas.Agora com família , cansados de mudar de escola e outros problemas sentidos torna-se muito difícil ser professor. Se todos os que estamos na carreira nessas condições saíssemos do ensino o ministério teria que mudar as nossas condições de trabalho (o que já se começa a ver!).Cumprimentos

    • kamelian on 2 de Outubro de 2024 at 10:04
    • Responder

    “Em qq supermercado ganha-se 1200 euros sem as chatices de aturar pais.”

    1200 €!!! Mas vocês tem a noção do que é a vida no privado?

    Eu já estive dos dois lado e posso dizer que a vida de professor não é fácil, mas do outro lado (fora do ensino) à tanta ou mais gente com os mesmos problemas. Eu neste momento tenho colegas meus que fazem 100 km diários para vir trabalhar. Bem sei que à prof que fazem muito mais, mas não menos prezem desta maneira o resto do trabalhadores.

    Para além disso não à as ofertas de emprego que vocês pensam. Nas grandes localidades consegue-se emprego com alguma facilidade, mas muitas vezes com constrangimentos que um professor não costuma sentir. Por exemplo trabalho nocturno ou turnos ou apoio ao cliente.
    Fora dos grandes centros urbanos é agarrar um emprego com unhas e dentes quando se consegue, porque se o perde pode não haver outro.

    espero que não me levem a mal no que vou escrever, porque não é por desprezo que o escrevo. Mas sempre senti que os professores, não todos mas muitos, se sentem as pessoas mais importantes do mundo, quando apenas são mais uns trabalhadores na “colónia de formiguinhas” que todos partilhamos.

      • Tui on 2 de Outubro de 2024 at 17:48
      • Responder

      a avaliar pela ortografia, compreende-se a tua opinião sobre os professores

    1. Concerteza. Não somos os únicos a sofrer neste radioso regime súcialista.

  2. Perseguir os professores foi a bandeira eleitoral do PS durante muitos anos, com o apogeu no regime socrático de Lurdes Rodrigues. Agora ninguém quer ser professor (era que eles queriam; destruir o ensino e transformá-lo num centro de dia para miúdos, como os pais gostam).
    Mas os estimados colegas continuam a cantar as virtudes do vintácincudábrilepá!!! E votam a condizer, contentes, na cauda afastada da Europa.

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