Reunião FNE/MECI: Medidas são insuficientes para combater a falta de professores

Reunião FNE/MECI: Medidas são insuficientes para combater a falta de professores

Lisboa, 31 jul 2024 (Lusa) – A Federação Nacional da Educação (FNE) considera que é preciso melhorar a nova proposta do ministério da Educação para reduzir o número de alunos sem aulas por falta de professores, caso contrário os problemas irão persistir.

“Não nos satisfaz ainda por completo em cada um dos oito pontos identificados, porque estas medidas de urgência e emergência devem ser acompanhadas por outras que nos façam prever que daqui a quatro ou cinco anos não teremos de recorrer a outras medidas de emergência”, defendeu o secretário-geral da FNE, Pedro Barreiros, no final de uma reunião com a equipa liderada pelo ministro da Educação, Fernando Alexandre, para debater o “Plano +Aulas + Sucesso”.

Para a FNE são precisas medidas que tornem a carreira docente mais atrativa, uma crítica que também foi apontada pela Federação Nacional dos Professores (Fenprof), que voltou a alertar para a necessidade de medidas de apoio à habitação e à deslocação para quem fica colocado numa escola longe de casa.

A FNE aponta alguns problemas no plano do Governo, como a possibilidade de os professores trabalharem mais horas extraordinárias, passando das atuais cinco horas semanais para dez por semana.

“Um professor com uma carga semanal de uma hora poderia significar ter mais dez turmas, ou seja, mais 250 alunos e isso não faz sentido nenhum, porque é uma sobrecarga de trabalho que não se entende”, disse Pedro Barreiros, sublinhando que esta é uma medida que depende sempre da aceitação dos docentes.

Para a FNE esta proposta só poderá ser aceite caso a tutela garanta que os professores “não passam a ter mais dez turmas”, ou seja, acrescentando uma nova alínea que defina qual o número máximo de turmas ou horas que poderão ser aceites pelos professores.

“Mais turmas e mais alunos significa também menos tempos para cada um deles”, alertou Pedro Barreiros, defendendo que é preciso retirar tarefas administrativas e burocráticas para que os docentes possam dedicar-se mais aos alunos e “menos aos papéis”.

Outra das críticas da FNE diz respeito à possibilidade de as escolas contratarem docentes que não são da disciplina que a alunos precisam.

Apesar das criticas, a FNE diz não querer pedir uma reunião suplementar para não inviabilizar a aplicação de algumas das medidas que serão aplicadas já no próximo ano letivo.

Em alternativa, a FNE vai enviar ainda esta semana algumas propostas de melhoria e assim tentar “contribuir para que a dimensão de alunos sem aulas possa ser menor do que a que houve até agora”.

Um dos objetivos do plano do ministério é chegar a dezembro com uma diminuição em 90% do número de alunos sem aulas por falta de professores, comparando com os valores registados no ano passado.

Durante a reunião, sindicatos e ministério discutiram também as “falhas e erros” encontrados no atual concurso de professores, tendo a FNE criticado ainda o facto de haver professores que só em agosto irão saber em que escola vão dar aulas.

Pedro Barreiros revelou que o ministro prometeu ir trabalhar para que os concursos de colocação de professores passem a estar concluídos muito mais cedo, para “no final do mês de maio, saibam em que escolas vão poder trabalhar”

 

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18 comentários

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  1. Ponham os diretores a dar aulas.

    • Mainada on 31 de Julho de 2024 at 17:03
    • Responder

    É muito óbvio que se não se conseguir convencer os jovens a seguir a carreira docente (o que antevejo muito complicado e mais seria ainda se conhecessem a comunidade educativa a partir da posição dos docentes), simplesmente não se vai solucionar o problema, nem no público, nem no privado (que é, claro está, ainda muito menos apetecível -e ainda há quem se queixe dos Diretores!).

    1. A única forma de voltar a tornar atrativa a carreira é aumentando os salários e regalias, ponto final. Não existe outra forma.

    • Jorge on 31 de Julho de 2024 at 19:21
    • Responder

    Volto a dizer, é um mito dizer que há falta de professores, basta olhar para os dados fornecidos pela FENPROF: 22.000 professores náo colocados. O que falta são medidas de apoio para os professores poderem dar aulas nas zonas de Lisboa e Algarve sem terem de passar por dificuldades económicas.

      • Mainada on 31 de Julho de 2024 at 19:28
      • Responder

      Claro que há falta de professores. Um professor não colocado não é um professor (pelo menos, nesse momento) ou eu seria um músico de rock e blues reconhecido há muitos anos. Por exemplo… Isso não significa que não devesse haver medidas de apoio, claro está.

        • Jorge on 31 de Julho de 2024 at 19:37
        • Responder

        “Um professor não colocado não é um professor”, frase sem sentido, porque se estudamos muitos anos para sermos professores profissionalizados, não será por ficarmos de fora de um concurso que deixámos de ser profissionais. A sua lógica é igual a dizer que uma pessoa desempregada não tem uma profissão, um carpinteiro não deixa de ser carpinteiro por estar desempregado. Igualmente, muitos professores não colocados trabalham em áreas de formação, centros de estudo e dão explicações. O que está mal, é a organização dos concursos que deixa áreas do país sem professores porque não tem soluções para atrair estes profissionais. Contra factos não há argumentos, não conseguem rebater o facto de 22.000 não terem colocação nos concursos. Os vinculados fogem de Lisboa com mobilidade interna, os professores em início de carreira não conseguem dar aulas Lisboa com rendas a 700 e 800€ por aluguer de quarto.

          • Mainada on 31 de Julho de 2024 at 19:52

          Alguém que tem um curso de arquitetura e não consegue exercer não é, na prática, um arquiteto. Alguém que tem um curso de engenharia e não consegue exercer não é, na prática, um engenheiro. Alguém que tem um curso de economia ou contabilidade e não consegue exercer não é, na prática, um economista ou TOC. Etc. etc. etc. A lógica é sempre a mesma. No máximo, pode afirmar que é o que quer que a sua formação indique em espírito. Mas o espírito é demasiado inefável. Exceto, talvez, para a Fenprof.

        • Jorge on 31 de Julho de 2024 at 20:41
        • Responder

        Falar de ordens profissionais é um outro assunto, porque só podem exercer se pertencerem à ordem e se pagarem as quotas. Para perceber como faz confusão, um engenheiro desempregado que pertença à ordem dos engenheros continua a ser engenheiro certificado. Dou o exemplo de um engenheiro civil desempregado mas que pode assinar projetos de construção civil porque está certificado pela ordem. Uma coisa é falar de ordens de advogados, arquitetos, médicos engenheiros. Um professor profissionalizado é sempre um professor certificado! A prova disso é que os professores quadro de escola ou de QZP que entraram e não têm horário ou escola atribuída vão receber o ordenado na mesma, mesmo sem poderem dar aulas. Um professor não deixa de ser professor, não confunda as coisas, o exemplo das ordens profissionais é um argumento sem qualquer sentido.

          • Mainada on 31 de Julho de 2024 at 21:43

          Não estou a falar de ordens. Estou a ser meramente prático. Teoricamente, um professor pode ser profissionalizado e nunca mais dar aulas. É professor? Em título.

        • Jorge on 31 de Julho de 2024 at 22:11
        • Responder

        Apenas para salientar duas coisas, não conseguiu rebater um único argumento apresentado, segundo, não se trata de professores com o título ou que nunca deram aulas, trata-se de 22.000 professores que concorreram e não foram colocados, numeros da FENPROF.

        • Jorge on 31 de Julho de 2024 at 22:13
        • Responder

        Não posso deixar de sorrir com o seu comentário de que “não falava em ordens” quando falou delas!

          • Mainada on 31 de Julho de 2024 at 22:44

          Já reparou que o seu avatar tem uma expressão muito zangada? É como lhe digo, entre várias outras coisas, fiz o Conservatório, compus muito, fiz parte de diversas bandas, fui tocando ao vivo e não me considero músico. Também não me considero outras coisas que fiz muito tempo, com as quais ganhei dinheiro, algum reconhecimento. Posso dizer: fui. Vá lá… Se alguém não der aulas, ninguém o vai considerar professor. E é esse reconhecimento social que é necessário. Mas devemos ter graus de exigência diferentes… Ecestou-me normalmente nas tintas para o que a Fenprof alvitra. E agora, paz, ok?

        • Jorge on 1 de Agosto de 2024 at 0:38
        • Responder

        Olhe bem para o seu raciocínio: há falta de professores porque há muitos professores que já não são professores. Pergunto: Não querem ser professores mas concorreram? De rir mesmo, fique bem.

          • Mainada on 1 de Agosto de 2024 at 10:17

          Tanta falácia… Seja. 22 mil professores não foram colocados (segundo a Fenprof) provavelmente porque não concorreram para o Algarve, Lisboa, interior, zonas mais deprimidas… Compreendo-os, claro. Mas a minha interrogação para si (independentemente da responsabilidade pessoal dos ditos professores) é: como propõe, de modo razoável, solucionar o problema?

          • Jorge on 1 de Agosto de 2024 at 14:22

          Afinal já concorda comigo, a sua pergunta deve ser feita ao ministro da educação, abraço!

    • É exigente, pois É! on 31 de Julho de 2024 at 20:27
    • Responder

    Não há curso de professor. Não deve haver.
    O que está certo é haver curso de engenheiro, de arquiteto, etc e depois esse engenheiro, se tiver médias e apetências, faz pedagógicas e torna-se professor de Matemática. E o arquitecto, idem.Torna-se orofessor de Desenho ou de Geometria Descritiva.
    É assim que tem que ser a partir dos alunos com 10 anos e mais!

      • Paula on 1 de Agosto de 2024 at 23:19
      • Responder

      Cada macaco no seu galho! Sabia que antigamente um barbeiro sabia tirar dentes? Se além de um pente e uma tesoura também tinha aprendido a usar um alicate, então era um cabeleireiro e um dentista, certo?

        • Mainada on 2 de Agosto de 2024 at 10:02
        • Responder

        Eu sei usar um alicate e nem sou barbeiro, nem dentista. 🙂

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