João Costa teve responsabilidades governativas durante oito anos no Ministério da Educação, inicialmente como Secretário de Estado e depois enquanto Ministro…
A propósito da trapalhada do apuramento de vagas patente no último Concurso de Professores, João Costa ex-Ministro da Educação, a quem não pode deixar de ser imputada a principal responsabilidade política por esse imbróglio, justificou-se desta forma:
– O “apuramento escola a escola, que não teve apenas em conta as necessidades indicadas pelas escolas, mas teve em conta o histórico.” (Jornal Público, em 24 de Julho de 2024)…
Depreende-se, assim, que foram necessários mais de oito anos para que o ex-Ministro mostrasse que teve em conta ou que deu importância a um certo “histórico”, neste caso relativo às vagas postas a concurso…
Ou seja, foram necessários, não dois ou três ou quatro anos, mas mais de oito para se assumir e reconhecer a existência de um certo “histórico”, se de boa-fé acreditarmos nestas palavras do ex-Ministro… Em alternativa, poder-se-á qualificar a justificação apresentada como uma plausível desculpa esfarrapada…
Neste caso, “histórico” significará que existiu um evento real, verdadeiro, concreto, que se repetiu durante um determinado tempo… Não se tratará, portanto, de um evento isolado, que tenha acontecido uma única vez…
Assim sendo, porque se demorou tanto tempo a reconhecer que existia um “histórico” relativo a vagas?
Porque motivo não se teve em consideração esse “histórico” em anteriores Concursos de Professores, ocorridos durante uma acção governativa que se estendeu por oito anos?
Curiosamente, parece que foi preciso verificar-se o cessamento de funções governativas para ficarmos a conhecer a alegada importância dada por João Costa a certos “históricos”…
Curiosamente, durante oito anos de acção governativa, parece que houve outros “históricos” que nunca foram tidos em conta, apesar da sua estridente magnitude…
Entre esses “históricos”, é impossível não destacar estes dois:
– A notória degradação da Carreira Docente, agravada anos após ano, incapaz de atrair novos candidatos a Professor, ou a incontornável insatisfação daqueles que se encontravam a desempenhar funções docentes, tantas vezes maltratados por uma Tutela que, na verdade, nada fez para os respeitar…
– O notório sucesso escolar fabricado e artificial que iludiu, em primeiro lugar, os próprios Alunos e as respectivas famílias e a que se chamou “inclusão”, sem nunca o ter sido verdadeiramente…
Pena é que ainda não se tenham reconhecido também como “históricos” os dois anteriores acontecimentos que, de resto, são recorrentemente considerados como eventos reais, verdadeiros, concretos, que foram sendo repetidos e ampliados durante oito anos…
Espera-se que ainda o possam ser, a bem da honestidade intelectual…
Lamentavelmente, e porque oito anos de experiência governativa não parecem ter sido suficientes para a consumação desse reconhecimento, outros, agora, terão que remediar, da melhor forma possível, os males que resultaram dessa incapacidade…
Oito anos de alguns “históricos”, que nunca foram assumidos ou reconhecidos, resultaram num desastre para a Escola Pública…
Paula Dias