28 de Fevereiro de 2024 archive

Criar a carreira de TÉCNICO AUXILIAR DE EDUCAÇÃO

TÉCNICO AUXILIAR DE EDUCAÇÃO

Para: EXMO. SENHOR PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA DA REPUBLICA

Criar a carreira de TÉCNICO AUXILIAR DE EDUCAÇÃO

OBJETIVO: reconhecer as funções específicas e valorizar os trabalhadores Assistentes Operacionais a exercer funções na rede escolar.

Premissas: todos os cidadãos que tiveram um percurso escolar – que se iniciou desde cedo, para alguns desde as creches até ao 12.º ano de escolaridade – , relevam a importância atribuída aos Não Docentes – assistentes operacionais – tem um valor universal.

A sua importância no acompanhamento e desenvolvimento de crianças e adolescentes é decisivo para o futuro de todas as gerações.

Há que criar condições para que o desempenho seja efetivo, alicerçando a profissão com uma designação que esteja adequada às tarefas, importantes e complementares, da Docência e a criação de conteúdos profissionais específicos.

Propõe-se que os ASSISTENTES OPERACIONAIS a exercer funções nas escolas tenham a designação de TÉCNICOS AUXILIARES DE EDUCAÇÃO.

Relembramos que a escola precisa cada vez mais de funcionários bem preparados pedagogicamente, com saber e pratica desde a pedagogia infantil, adolescente e pré adulto, saber em primeiros socorros e cuidados a crianças com necessidades especiais, saber no relacionamento interpessoal visando crianças, jovens e adultos, entre outros saberes.

Só com profissionais com qualificações e com um reconhecimento profissional teremos uma escola de qualidade.

SINAPE – SINDICATO NACIONAL DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO ( DOCENTES E NÃO DOCENTES )

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A Música do Blog em Estreia

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Professores a remendar os erros concebidos pela Tutela?

 

O Ministério da Educação, liderado por João Costa, decidiu que, no presente Ano Lectivo, as Provas de Aferição (2º, 5º e 8º Anos de Escolaridade), assim como as Provas Finais de Ciclo (9º Ano de Escolaridade, Disciplinas de Português e Matemática) seriam, todas, realizadas em formato digital…

 

Entretanto, o Governo integrado por João Costa demitiu-se, mas essa medida, ao que tudo indica, manter-se-á, pelo menos no presente Ano Lectivo…

 

É impossível não censurar essa decisão, desde logo porque:

 

– No Ano Lectivo transacto ficaram bem visíveis os constrangimentos e as limitações existentes ao nível do apetrechamento tecnológico em muitas escolas, desde deficientes redes de acesso à internet, até computadores inoperacionais ou em número insuficiente para a realização das Provas…

 

Em muitas escolas, os inúmeros problemas técnicos ocorridos durante a realização das Provas levaram a que muitos alunos não as tivessem conseguido concluir no tempo regulamentar…

 

Em muitas escolas, a gravidade dos problemas técnicos existentes impediu mesmo o acesso à Plataforma, levando ao adiamento da realização de determinadas Provas…

 

Em suma, é esse o “fantástico e maravilhoso” mundo tecnológico existente na maior parte das escolas do país, ainda que o Ministério da Educação não tenha assumido nem reconhecido a real dimensão do problema, optando antes por desvalorizá-lo e escamoteá-lo…

 

– Sujeitar crianças, pelo menos as do 2º e 5º Anos de Escolaridade, à realização dessas Provas, exclusivamente em formato digital, submetendo-as a uma situação potencialmente stressante, ansiógena e angustiante, sem qualquer justificação inteligível ou plausível, denota, no mínimo, insensibilidade e falta de bom senso, face às competências informáticas que poderão ser esperadas ou exigidas a crianças nessas faixas etárias…

 

– Dado que o Ministério da Educação não providenciou, de forma significativa, os desejáveis melhoramentos ao nível do apetrechamento tecnológico, será de esperar que no presente ano possam ocorrer problemas semelhantes aos que se verificaram no ano transacto…

 

Introduzir uma “variável estranha”, como o formato digital, que pode afectar de forma negativa e preponderante a realização das Provas Finais do 9º Ano de Escolaridade, cujos resultados contam para efeitos de progressão ou de retenção dos Alunos, é algo absolutamente inusitado e insensato…

 

– Em resumo, de forma obstinada e incompreensível, o Ministério da Educação persistiu no erro e, como se isso não bastasse, ainda o amplificou, estendendo-o, no presente Ano Lectivo, até ao 9º Ano de Escolaridade… “Salvaram-se” os Exames no Ensino Secundário…

 

E perante a pretensão estapafúrdia do Ministério da Educação de impor o formato digital nas Provas de Aferição e nas Provas Finais de Ciclo, o que farão os Professores?

 

– Expectavelmente, e à luz do que sucedeu no Ano Lectivo transacto, contribuirão, de forma voluntária, para ajudar o Ministério da Educação a concretizar essas pretensões estapafúrdias, em particular pelo treino dos Alunos para a realização de tais Provas…

 

Adivinha-se que, em breve, se dará início a mais uma tarefa insana, pautada pelo alvoroço e pela inquietação, semelhante à que se verificou no ano anterior, na maior parte das escolas:

 

– Milhares de Professores a treinar exaustivamente Alunos para a realização dessas Provas…

 

Dessa forma, os Professores estarão, por um lado, a mitigar e a legitimar as trapalhadas do Ministério da Educação e, por outro, a potenciar o esvaziamento de motivos que justifiquem pôr cobro a mais um desvario da Tutela, contribuindo para validar a continuidade dessas Provas em formato digital…

 O treino dos Alunos para as Provas externas em formato digital é apenas um exemplo das contradições existentes na acção de muitos Professores que, por um lado, afirmam discordar das medidas emanadas pelo Ministério da Educação, mas que, por outro, acabam por cumpri-las diligentemente, indo, até, além do que seria esperado, participando de forma voluntária e activa na concretização dessas determinações…

 

Não fosse esse treino dos Alunos no Ano Lectivo anterior, os resultados nas Provas de Aferição teriam sido ainda mais catastróficos…

 

Só não o foram porque o treino dos Alunos e a abnegação de muitos Professores acabou por, de alguma forma, mascarar e atenuar as muitas dificuldades existentes na concretização das Provas em formato digital…

 

Contudo, lembra-se que as virtudes do “espírito de missão”, frequentemente patente na acção de muitos Professores, não lhes têm trazido nada de bom em termos de reconhecimento e muito menos em termos de benefícios…

 

Em vez de se boicotar a insanidade das Provas em formato digital, alegando a falta de imprescindíveis condições materiais e humanas que permitam a sua concretização de forma tranquila, sem atribulações e sem impedimentos técnicos, ou de se fazer apenas o mínimo indispensável para que ninguém possa ser formalmente acusado de incumprimento, acaba, na prática, por se acobertar o desvario e a fantasia “made in” Ministério da Educação…

 

O treino dos Alunos para a realização de Provas em formato digital acabará, inevitavelmente, por traduzir-se num monumental engano sobre o desempenho discente…

 

Engano para as escolas, para os Alunos, para os Professores e para os Pais/Encarregados de Educação…

 

No limite, talvez isso corresponda ao que é pretendido pelo Ministério da Educação: por um lado, camuflar as reais dificuldades dos Alunos e, por outro, fazer de conta que as escolas estão dotadas das condições técnicas necessárias para a realização de Provas em formato digital…

 

Expectavelmente, os Professores darão, assim, o seu contributo para que o Ministério da Educação possa, mais uma vez, vir a afirmar que a realização das Provas decorreu com toda a normalidade e que foi um êxito, independentemente de quem ganhar as próximas eleições legislativas…

 

Essa atitude dos Professores, muitas vezes dominada pela abnegação, aparentemente incoerente com as próprias críticas endereçadas à Tutela, acabará por se tornar, na prática, numa forma de colaboração com a fantasia e com a insanidade do Ministério da Educação, que também poderá virar-se contra si, sob a forma de um embaraçante “tiro nos pés”…

 

 Ir, num dia, a uma Manifestação gritar: “Não paramos!”, “Não paramos!” e, no dia seguinte, estar na escola a treinar os Alunos para algo absurdo e com o qual não se concorda, dando argumentos favoráveis às pretensões disparatadas e fantasiosas do Ministério da Educação, não parece lógico nem congruente, independentemente de quem ganhar as próximas eleições legislativas…

 

A normalidade nas escolas é, cada vez mais, meramente fictícia…

 

Enquanto a maioria dos Professores continuar a pactuar, explícita ou subliminarmente, com o absurdo, dificilmente alguma forma de luta de classe profissional singrará…

 

Torna-se impreterível e urgente denunciar e mostrar a todos que a realidade existente nas escolas está muito longe da fantasia frequentemente propagandeada e propalada pelo Ministério da Educação ao longo dos últimos oito anos…

 

Os Pais/Encarregados de Educação só reconhecerão a existência de um problema sério e só agirão face ao mesmo quando se confrontarem com o logro efectivo nas Provas em formato digital… Enquanto isso não acontecer, continuar-se-á no reino da normalidade fictícia…

 

Os Professores continuarão dispostos a remendar os erros concebidos pela Tutela?

 

Os Professores estarão, ou não, disponíveis para deixarem de contribuir para desagravar os efeitos da insensatez demonstrada pela Tutela?

 

Os Professores serão ou não capazes de recusar o papel de legitimadores dos erros concebidos pela Tutela?

 

Cair na tentação de afirmar que se treinam os Alunos para as Provas em formato digital para não os prejudicar é exactamente o argumento que o próprio Ministério da Educação espera dos Professores, independentemente de quem ganhar as próximas eleições legislativas…

 

Cair na tentação de afirmar que se treinam os Alunos para as Provas em formato digital em prol do sucesso escolar, é dar força às pressões que fomentam estatísticas irreais e enganadoras, com taxas de progressão a rondar os 100%, independentemente de quem ganhar as próximas eleições legislativas…

 

E, além disso, a pior forma de prejudicar os Alunos consiste em enganá-los… 

 

Quando o Ministério da Educação impõe a realização das Provas de Aferição e das Provas Finais de Ciclo em formato digital está a assumir que as crianças e os jovens têm as competências indispensáveis para tal e que as escolas também estão devidamente apetrechadas com os meios tecnológicos necessários para o concretizar…

 

É urgente demonstrar a todos que uma e outra não são verdade e que estão, até, muito longe de corresponder à realidade…

 

Paula Dias

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O fim do 2.º Ciclo deve demorar uma década

 

 

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Pouco senso, demagogia e cartaz

Pouco senso, demagogia e cartaz

 

Sobram-nos diagnósticos e propostas, com tanto de criatividade quanto de irrealismo e populismo. Faltam-nos políticos capazes de conceber planos globais coerentes e integrados de intervenção política.
No actual contexto de crise que o país atravessa, e sobretudo após a apresentação pública de tantos programas partidários e a cascata de debates sobre eles havida, seria legítimo esperar que os cidadãos se sentissem inspirados/influenciados para votar a 10 de Março próximo. Não me parece que assim seja. Antes lhes será bem mais fácil produzir sucessivas antologias da asneira e do insólito, depois do que lhes foi dado a ler e a ouvir.
Por dever de ofício e por a qualidade do sistema de ensino ser determinante para a nossa sobrevivência no seio do mundo moderno, julgo pertinente denunciar neste momento, ainda que sob registo caricaturado, alguns disparates com que os políticos nos brindaram, num período que se queria de esclarecimento e análise rigorosa.
1. Lemos e temos dificuldade em acreditar. Mas não foi notícia falsa. Aconteceu. A sodomização com um cabo de vassoura, de que foi vítima uma criança de 11 anos de uma escola de Vimioso, foi, afinal, uma “brincadeira entre alunos, simulando exames médicos à próstata”, segundo um comunicado do Ministério da Educação, que ficará para a posteridade.
Branqueado com a sua chancela o comportamento dos oito pequenos marginais, que mais podemos esperar, senhor ministro? Vai prover os recreios das escolas com cabinhos de vassouras, polidos e aferidos por calibres, para generalizar a sua temerária sugestão didáctica? Já escolheu o prosélito que vai redigir o manual de instruções?
2. À medida que os debates foram correndo, o semblante de Pedro Nuno Santos foi entristecendo. Penso mesmo tratar-se de um fenómeno que o distingue dos adversários. Será que, finalmente, caiu em si e encontrou tempo para analisar os disparates que irreflectidamente tem proposto?
Um desses disparates foi oportunamente denunciado por Arlindo Ferreira no seu blogue. Trata-se de aumentar o vencimento de entrada na carreira docente, como instrumento para a tornar mais atractiva. Como Arlindo Ferreira, e bem, sublinhou, tratar-se-á de repetir um dos mais perniciosos erros de Maria de Lurdes Rodrigues quando, em sede de aprovação do actual estatuto da carreira foi instituído o 167 como índice remuneratório de entrada e extinto o 151. O resultado então colhido foi termos milhares de professores que não viram contabilizados os anos de serviço prestados sob os índices 126 e 151 e foram ultrapassados por colegas de menor antiguidade, com um incessante acumular de prejuízos futuros.
Que pretende PNS? Mais do mesmo?
3. Sem réstia de sarcasmo, honestamente, pergunto-me o que levou o sensato e sóbrio Rui Tavares a exibir a sua nudez de bebé na SIC?
Ou a circunspecta Mariana Mortágua a afundar-se em demagogia rasteira, a propósito do envolvimento da avó com a decantada Lei Cristas, do arrendamento?
Ou, ainda, a contida Inês de Sousa Real a apresentar um cartaz brejeiro sob o lema “Touradas só na cama e com consentimento”.
Com tais prestações, o que é que estes políticos acrescentaram ao debate sério sobre o futuro do país e à credibilidade de que necessitam junto do eleitorado?
Concluindo, no que à Educação respeita, aquilo a que os partidos chamam programas não passa de um dilúvio de intenções palavrosas, globalmente com nexo escasso, que deixa sem tratamento os grandes problemas que prejudicam o bom funcionamento das escolas públicas.
Como já anteriormente aqui referi, a educação vive a maior crise da democracia. Temas centrais, geradores de conflitos que já duram há demasiado tempo (contagem do tempo de serviço, redução da burocracia imperante, mobilidade por doença, respeito pelos horários legais de trabalho consagrados na lei, criação de condições para o rejuvenescimento da profissão docente, discriminação laboral dos professores em monodocência, destruição sistemática da coerência curricular, interferência governamental na independência intelectual, científica e metodológica dos professores, entre outros) foram, quando foram, insuficientemente tratados, por forma a anteciparmos mudanças significativas numa sociedade desinteressada e perigosamente alheia ao que se passa.

Santana Castilho, In “Público” de 28.2.24

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