Engoliu?
Pura e simplesmente os professores foram “assassinados”, no sentido literal e objetivo de uma perseguição nojenta e ignóbil… e é melhor eu ficar por aqui…
Aos “Velhos” Não Limparam Apenas 6,5 Anos De Serviço – O Meu Quintal
Jun 20 2022
Engoliu?
Pura e simplesmente os professores foram “assassinados”, no sentido literal e objetivo de uma perseguição nojenta e ignóbil… e é melhor eu ficar por aqui…
Aos “Velhos” Não Limparam Apenas 6,5 Anos De Serviço – O Meu Quintal
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Jun 20 2022
PSP detém duas jovens por falsificação de identidade nos exames nacionais
PSP confirma detenções e em breve divulgará um comunicado sobre a operação.
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Jun 20 2022
No próximo dia 23 de junho vai novamente a debate e votação na Assembleia da República a petição que criei em 2021 pelo fim das vagas de acesso ao 5.º e 7.º escalão.
É uma votação renascida que calha precisamente no dia a seguir ao Debate com o Primeiro-Ministro sobre política geral.
O debate sobre a iniciativa vai demorar 30 minutos e será feita de acordo com os tempos do quadro seguinte.
Acompanha a petição dois projetos de resolução (um do PCP e outro do BE) e um projeto Lei do PAN.
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Jun 20 2022
A esfera deu a volta completa ao sol e estou de regresso à trágico-cómica última reunião de avaliação. Com tantos assuntos sérios que podem acabar com a guerra, a fome e a seca, como a vida amorosa e artística de Maria Leal, as aparições públicas de José Castelo Branco e as frases de elevado recorte intelectual das personalidades do “Big Brother”, e andamos aqui nós a perder o nosso precioso tempo com estas coisitas de notas. Enfim…
Bem, manhã cedo, rumo a uma escola despojada de alunos, entro na sala onde esperava encontrar almas moribundas, mas, surpreendentemente, encaro com a felicidade celestial de pessoas com aspeto de quem tomou calmantes na mesma ordem de racionamento com que os miúdos devoram M&M’s.
No entanto, noto uma dupla personalidade no secretário, cuja parte do corpo vestida com camisa e blazer, veio para uma reunião presencial, enquanto os membros inferiores, vestidos com boxers, parecem acreditar piamente estarem ainda nas reuniões online. A colega de Educação Musical, ainda com os rolos no cabelo, dividida entre documentos e biberões, acampou ao fundo da sala com um rancho de filhos à volta, porque acabaram as aulas e não tem com quem os deixar. No meio de duas professoras a tentarem ressuscitar com auxílio de café forte, está sorridente um colega com uma peúga de cada cor e outro, ainda com a espuma na parte da barba que deixou por fazer, a enfardar um generoso pequeno-almoço à inglesa.
(que fique bem claro que, por minha conta e risco, me internei voluntariamente na sala onde iria decorrer a derradeira reunião daquele conselho de turma do ensino básico)
Atolada num respeitável arsenal de documentação a forrar a sua mesa e arredores, descubro a diretora de turma escondida atrás de um portátil da escola que, depois de consideráveis peripécias para encontrar carregador e extensão e em conseguir pô-lo a funcionar, agora paralisou sem ligação à internet. O recente anúncio ao mundo pelo 1º ministro da chegada da transição digital foi demais para os poucos bites do microchip emocional da pobre máquina, porque, ao que parece, a coisa morreu, nem liga nem desliga.
Verifico que a colega que mora no outro extremo do país já cá está faz tempo e o que vive do outro lado da rua, por razão desconhecida, chega já no limite do período de tolerância sendo bem recebido pelo grupo de bons cristãos que lhe fazem uma espera com olhares mais do que afetuosos.
Alguém incontactável – que certamente terá desaparecido da superfície terrestre – aumenta a demora até que a presidente resolve, finalmente, dar início à reunião.
A coisa ia bem lançada quando chega o colega desaparecido obrigando a começar tudo de novo. Mal se sentou já pergunta pela folha de presenças para assinar, deixando a DT capaz de bater em alguém… e ainda reunião não começou.
Cantadas as notas, eis senão que chega o instante pelo qual todos esperavam: o confessionário – ocasião propícia para a má-língua, o queixume e a autopunição, demonstrando com evidências os sacrifícios a que se sujeitaram para serem merecedores de elevação ao estatuto de santo (ou, na ausência de melhor, a uma cotazita que lhes permita subirem de escalão).
Durante o relato do mau comportamento de um aluno em particular, lá vem a professora de ciências – muito inconvenientemente – interromper, contradizendo “comigo porta-se muito bem!”, uma bela candidata ao beatífico altar, não fosse segredo para ninguém que, nas aulas a esta turma, os gritos dela se escutavam do outro lado do atlântico. Começam, então, a enovelar-se episódios ocorridos na sua aula e, a certa altura, quando todos querem partilhar experiências libertadoras, depressa a reunião transforma-se numa mistura de muro de lamentações com um consultório de psicanálise, mas sem divã nem psicanalista.
Até aqui as coisas até nem iam mal de todo com a discussão a manter-se ainda ligeiramente acima do nível de novela mexicana; até que chega o tão temido momento em que é preciso «fermento» para que certas notas possam levedar e manda-se chamar o professor de EMRC que está noutra reunião. Sabemos que a nossa liberdade, definida pelo woke-washing do ministério, de podermos dar as notas que quisermos, é mais ou menos como o livre-arbítrio dado por Henry Ford aos seus clientes quando lhes dizia que “O seu Ford Modelo T pode ter qualquer cor, desde que seja preto”.
Bom, assim que surge o professor de «moral», com um terço na mão e ar de quem acabou de assistir a um exorcismo noutra reunião – mas nada de grave que possa comprometer a preservação da espécie humana ou o seu bilhete de entrada no reino dos céus – eis senão quando aparece uma funcionária a tentar arrancar daqui, à força de braços, o professor de TIC para ir urgentemente a outro conselho de turma onde já correm lágrimas e gritos. Está visto que todos nós levamos tudo isto muito a sério, porque, pasme-se, os alunos visados devem estar imensamente preocupados nas piscinas e praias, atrás de um ecrã de telemóvel, tv ou de jogos de computador, ou nas bicicletas em enorme ansiedade relativamente à injusta possibilidade de «chumbarem», quando até fizeram um enorme esforço de irem aparecendo na escola.
Mais tarde, depois de acesa, prolongada e inútil discussão acerca da nota e do mérito de alguns alunos com resmas de negativas, recorre-se ao muito pedagógico «nivelar por baixo» (mesmo rente às unhas dos pés) uma vez que hoje em dia quase todos os alunos são abrangidos pelas milagrosas Medidas de Suporte à Aprendizagem e Inclusão. Finalmente, conclui-se que ninguém irá merecer nível dois, uma vez que uns foram dando sinal de vida aparecendo na maior parte das aulas, outros até trouxeram material escolar (os quais merecem subida para o nível quatro) e, por uma questão de justiça, sobe-se para «cinco» aqueles que mantiveram os olhos abertos, abriam o caderno diário e não emitiam nenhum som perturbador.
Neste momento, no meio de enorme tensão de uma tribo de mulheres na menopausa agitando violentamente os seus leques e uma minoria de homens à janela encurralados entre o frenesim daqueles abanicos e o ar abrasador, o professor de ET, aflito, confessa ter um aluno que conseguia utilizar mais do que o polegar e o indicador quando manipulava ferramentas, a quem não sabe que nota dar, pois a escala termina no «cinco». A colega de Cidadania admitiu que quer dar nível seis a um aluno que, muito contra vontade, numa aula acabou por demonstrar uma atitude altamente altruísta emprestando uma borracha a um colega. Eis senão quando a professora de Inglês explode: “Se esses têm «seis», então que nota vou dar aos dois alunos que sabem mais do que os outros que só sabem dizer “OK”? O colega de Matemática conclui: “Referes-te aos ucranianos?”. Sem que tivesse tempo para responder, todos os outros colegas acenam afirmativamente com a cabeça.
A professora de Cidadania insiste que fique registado em ata o pedido para que, a nível excecional, possa atribuir um «sete» a estes dois alunos, pois são extremamente educados, cumpridores, respeitadores, dão os bons dias, agradecem, cedem passagem aos professores, pedem desculpa, estão prontos a partilhar e a ajudar, não dizem palavões nem perturbam a aula, têm iniciativa e participam de forma responsável… mas é logo interrompida pela colega que tem a ingrata missão de tentar ensinar a língua de Camões: “Eu também lhes quero dar o nível sete, pois ao fim de três meses em Portugal, já falam e escrevem melhor português do que os restantes alunos da turma”. Perante aquela bizantinatentativa de rebentar com a escala oficial por parte de todas aquelas almas pacíficas que estão capazes de fazer um motim, a DT, num colapso nervoso, desata num pranto, desabafando por entre um rio de lágrimas sobre as pressões que tem sido alvo por parte dos pais desde que estes alunos vieram para esta escola. Então, lá ficou registado em ata que estes alunos deverão moderar a sua participação nas aulas e as suas atitudes excessivamente disciplinadas com padrões morais utópicos que provocam bullying psicológico sobre os colegas, uma vez que há pais que se vêm queixando que, desde que estes ingressaram na turma, o nível de exigência dos professores aumentou consideravelmente. É ver a resma de registos de observação, grelhas de avaliação e portfólios de evidências de aprendizagem que se preencheram, a irem agora com os porcos, para se imaginar que não haverá candidatos a se atreverem a redigir outra pilha documental para justificar a retenção de um aluno.
A colega de ciências, inconsolável, vocifera: “Então, para quê que preenchemos tantos documentos para os maus alunos se depois isso são detalhes absolutamente irrelevantes, porque, no fim, mesmo que eles não se esforcem, passam todos? Como de costume, continuamos a castigar os professores e os alunos esforçados e a premiar os preguiçosos!”. Faz-se um silêncio conformado logo abafado pelo murmúrio de satisfação por mais uma candidata às míseras cotas de avaliação de desempenho que foi de vela.
Na realidade, depois daquela balbúrdia, o aproveitamento global ficou ali a uma ou duas décimas de ser considerado «Muito Insatisfatório» (o que nos levaria a todos a sermos dizimados por um batalhão de inspetores adeptos das novas doutrinas pedagógicas), mas oficialmente, com notas em segunda mão, ficou-se pelo «Muito Bom» com a maioria da turma a figurar no honroso quadro de excelência. A medo, a colega de ciências questiona como se irão justificar aquelas notas e como iriam convencer os pais de que os seus filhos eram uns génios. O professor de «moral» tenta fundamentar “E quem somos nós para julgar os outros, santo Deus?”. Em seu auxílio, rendido às evidências de toda aquela matemática quântica avançada que acabáramos de assistir, o colega de Matemática acrescenta “Segundo, o princípio da incerteza de Heisenberg em que as grandezas não podem ser medidas simultaneamente com exatidão, claro que uma percentagem de 21%, bem vistas as coisas, pode muito bem corresponder a 50%. É o projeto MAIA e o programa de capacitação Escolas Ubuntu a funcionar em pleno!”, concluindo embevecido “Somos muito à frente!”. Todos concordaram (mesmo desconfiando que o colega estaria a falar em código – bem poderia estar a mandá-los todos prás urtigas – pois não perceberam peva, nada, zero), o que mereceu uma unânime e extasiante ovação de pé até as mãos ganharem calos, ficando estas palavras citadas em ata.
Embora os alunos saibam cada vez menos, o importante para a felicidade e autoconfiança dos jovens e do crescimento económico do país, neste maravilhoso sistema de educação inclusiva, é que todos passem, que a imagem externa da escola fique abrilhantada e a taxa de sucesso escolar se situe no ponto ideal definido pelo ministério para que possa mostrar o quanto contribui para termos a geração mais bem formada de sempre!
Ultrapassado o clímax orgástico com laivos de tragédia grega, sente-se uma paz e um alívio libertador e, a certa altura, a presidente deste meeting apercebe-se que está a falar para ninguém; uns, considerando que a reunião acabou li, ficaram em pleno transe emocional a fixar o infinito, outros estão no face (provavelmente quem está a ler isto – este é o momento que todos se entreolham e tentam disfarçar), outros a verem a imprensa da manhã e, porque por aqui é tudo gente jovem, a maior parte entretém-se a mostrar as fotos dos netos.
Felizmente, houve quem não tivesse falado durante toda a santa reunião; estivera todo o tempo de boca cheia a avaliar os dotes culinários da DT que não conseguiu disfarçar as olheiras de uma noite a preparar a reunião, suponho que dividida entre papéis, computador e tachos.
A manhã já ia imensa quando finalmente se escutam as benditas palavras “a reunião terminou, podem sair”. Quando já estão todos à porta, eis que a colega que não tugiu nem mugiu de tão ocupada a limpar pratos e travessas com a língua, revelando uma clara falta de vontade de ir para casa aturar o marido, resolve abrir a boca, mas desta vez para falar, reclamando todos de volta às cadeiras de pau (os quais agora exibem uma vontade férrea de irem buscar um caldeirão, lenha e fósforos para cozinhar uma «Muamba de galinha à moda da Tia Manela»… ou, talvez lhes bastasse ir ao bar e trazer algo comestível para a calar outra vez).
«Angústia» é a palavra que eu escolheria para qualificar o sentimento da DT e do secretário quando se aperceberam que, assim que terminou a reunião e todos saíram daquela atmosfera densa, ficou um documento por assinar, outro por preencher e outros, ainda, que não lhe foram entregues. Começa, então, uma autêntica perseguição aos professores que estão noutras reuniões, dos que ainda estão na escola, daquela que está de regresso a casa a meio país de distância e, para desespero da DT, daquele colega que voltou novamente a ficar incontactável, devendo ter remigrado da face da terra e, provavelmente, estará agora no planeta vermelho a beber uma bejeca ao lado de Elon Musk.
Nada que uma dose extra de Xanax não possa resolver!
Carlos Santos
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Jun 20 2022
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Jun 20 2022
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Jun 20 2022
Ser atropelado ou ser contagiado na rua será sempre muito melhor do que dentro da escola. Já os alunos que pagam um extra para entrarem antes das 9h15m parecem estar imunes…
Todas as manhãs, quando vou levar um dos meus filhos à escola, tenho de esperar no carro pela hora certa para ele entrar. Em 2020, quando a escola reabriu depois da pandemia, foi decretado que todos nos contagiaríamos menos se os alunos não esperassem pelo início das aulas no recreio, mas sim no meio da rua. A rua é estreita, não tem passeio, os carros passam com dificuldade, mas certamente o amontoado de crianças (e adultos) que esperam num espaço reduzido pela abertura da porta – faça chuva ou faça sol – estará muito mais seguro ali fora do que a brincar no recreio como fará, de qualquer forma, ao longo do dia. Ou seja, ser atropelado ou ser contagiado na rua será sempre muito melhor do que dentro da escola. Já os alunos que pagam um extra para entrarem antes das 9h15m parecem estar imunes.
Embora todas as manhãs me enerve ter de compactuar com aquele absurdo, agora que as aulas estão quase a acabar penso que pode ser que o próximo ano traga o bom senso de volta a quem ainda não o recuperou.
Se não fosse o caso de ser aconselhado o caixão estar fechado, concluiria que todas estas regras seriam para não infetar o defunto, sendo que os vivos podem estar livremente em jantaradas, discotecas e bares sem terem de cumprir distanciamento ou usar máscara.
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