O delito de opinião felizmente não é figura jurídica, masera importante pensar muito bem em quem “batemos com mais força” pois insistimos na mesma falácia: virar professores contra professores e esquecer os grandes problemas. É o chamado “tiro ao lado”!
Se há erro que o Dr. Domingos Fernandes (MAIA) e do Dr. José Verdasca (PNPSE) fizeram, foi o de desafiarem as escolas a melhorar e de acreditarem que, sem verdadeira autonomia e lideranças locais fortes, se podem fazer projetos locais/ descentralizados. Ambos conseguiram numa fase inicial mobilizar muitos professores e diretorese, ambos acabaram, mais tarde, julgados em praça pública, pelos erros cometidos de forma natural em processos de melhoria de cada escola (só não erra quem não faz!).
Nestes dois projetos nacionais o racional foi devolver à escola o poder de decidir e construir o seu próprio caminho em função das dificuldades dos alunos, dos problemas da organização, dos profissionais disponíveis,… Mas quem tomou todas as decisões destes projetos foram “professores que acreditaram” e que se colocaram do lado da solução, mas que nem sempre estavam devidamente preparados e orientados.
Posto isto, quando lemos alguma opinião publicada, parece que todos os males das escolas, dos alunos e dos professores se podem resolver acabando com estes projetos! Se fosse assim tão fácil, seria o primeiro a dizer: acabe-se com o MAIA! Mais uma vez estamos a minar a capacidade de iniciativa e destruir confiança dentro das escolas.
Atrevo-me a enumerar uma lista de situações que requerem a nossa atenção e merecem um debate mais aceso:
Não me atrevo a fazer uma lista exaustiva pois de certeza iria falhar: se entramos no campo da gestão da “transferência de competências”, da forma “aleatória” como o IGEFE liberta verbas que “virtualmente” são das escolas, da ausência de pagamento de horas extraordinárias nas escolas portuguesas,… não faltam problemas!
Não podemos, no entanto, esquecer alguns problemas que insistimos em “varrer para debaixo do tapete” e que são,na realidade, “autodestrutivos”:
Paro por aqui para não arranjar mais problemas… Mas sem deixar de apelar ao sentido ético e cívico de cada um!
Deixo então o meu sincero apelo ao espírito crítico, que se diversifiquem os “bodes expiatórios” e que o debate livre e participado continue a contribuir para melhorarmos a nossa escola e obviamente a sociedade! E todos sabemos que bem precisamos! Isto está muito difícil!
Em Portugal até a “ditadura teve de cair de podre”,porque, reina a pequena, média e grande corrupção (vejam a transposição das diretivas europeias neste campo queforam e extremamente mal preparada). Fica uma dúvida: o Decreto-Lei n.º 109-E/2021, de 9 de dezembro, a MENAC e RGPC também se aplicam às instituições públicas?Também as escolas devem criar canais de denuncia da corrupção?
Infelizmente, as pequenas, médias e grandes reformasestão sempre atrasadas e são quase sempre indesejadas e enjeitadas!
Armando da Silva