24 de Junho de 2022 archive
Jun 24 2022
“Por favor, ajudem-me” – Carlos Santos
Link permanente para este artigo: https://www.arlindovsky.net/2022/06/por-favor-ajudem-me-carlos-santos/
Jun 24 2022
Eliminação da cotas para progressão aos 5.º e 7.º escalões novamente rejeitada
O PS e a IL votaram contra as três propostas a votação.
Continuamos na LUTA…
Link permanente para este artigo: https://www.arlindovsky.net/2022/06/eliminacao-da-cotas-para-progressao-aos-5-o-e-7-o-escaloes-novamente-rejeitada/
Jun 24 2022
A escola e a viola – José Afonso Baptista
A minha tia Narcisa apaixonou-se pela sua escola onde foi colocada na sua juventude, e onde permaneceu até ao limite de idade. O mais estranho é que era uma escola numa aldeia periférica de Vila Velha de Ródão, a dois quilómetros da sua residência, que ela fazia a pé, ir e vir, todos os dias. Adorava fazer aquele caminho pela encosta da serra, entre o arvoredo verde, com vistas deslumbrantes, e sentia que era esta caminhada de ar puro que lhe dava força, vida e resistência. Com a idade, poderia ter ocupado a vaga na escola central da Vila, a escassos metros de casa, mas era ali, na pequena aldeia, que estavam os seus amores, as suas crianças, a população que a adorava, pela dedicação com que se entregava aos filhos dos outros, preenchendo o vazio dos filhos que não teve. Revivi com a minha tia o que era uma boa escola primária.
A tia Narcisa era casada com o meu tio Chico, chefe da estação de caminhos de ferro de Vila Velha, o irmão mais velho de meu pai. Moravam numa bela residência sobranceira à estação e tinham uma vida confortável no plano financeiro. Dois vencimentos, sem filhos, tinham um bom nível de vida. Mas vim ao mundo para lhes dar sorte: no ano em que nasci, saiu-lhes a taluda de natal. E aprendi aqui a diferença entre pai e tio.
De vez em quando visitava os meus tios, casa grande, o quarto onde dormia já era o meu quarto, com belas vistas sobre o rio Tejo. Um dia, já próximo do fim da licenciatura, a minha tia desafiou-me a passar o dia na sua escola com as suas criancinhas. Hesitei, receei, mas acabei por aceitar. Surpresa! A escola da minha tia, em termos de organização e funcionamento, era o retrato fiel da minha escola numa aldeia distante, no tempo e no espaço.
Se eu tivesse de indicar a escola mais eficaz entre as muitas que frequentei, apontaria sem hesitar a minha escola primária, agora replicada na escola da minha tia, porventura com algumas melhorias. Eficácia significa elevado nível de competências dos alunos, excelentes resultados escolares.
Uma turma, uma professora, quatro classes, a rondar ou mesmo ultrapassar os 50 alunos. Quais os segredos do sucesso? Essencialmente três:
1. O fim da lição, impossível com 4 classes de níveis diferentes;
2. O trabalho centrado nos alunos, individualmente, por pares e em grupos;
3. A disponibilidade do professor para acompanhar o desenvolvimento dos trabalhos e para acorrer às dúvidas e dificuldades emergentes.
Em síntese: a centração no aluno, permitia ao professor ficar disponível para acudir às necessidades individuais.
No dia que acompanhei a minha tia Narcisa na sua escola, julguei que ia apanhar uma seca, mas não, ela era uma mulher prática, simplificou tudo: cumprimentou, apresentou-me e passou-me a palavra para cumprimentar. Tudo rápido, que o tempo é curto. Deu início aos trabalhos, os programas de atividades estavam definidos em quatro colunas no quadro, uma para cada classe, todos leram, não havia dúvidas. Deu um tempo para que as crianças se concentrassem nas tarefas, propôs-se acompanhar a 3ª e 4ª classes e pediu-me para acompanhar as duas primeiras.
A tia Narcisa tinha um modo muito interessante de combinar o trabalho individual e o trabalho por pares e por grupos. Naquele dia, para a 4ª classe, tinha previsto uma atividade de escrita de manhã e várias operações de matemática para a tarde. Como atividade de escrita individual, o tema era: “Planifica o teu fim de semana. Pensa no que tens de fazer, no que gostarias de fazer, no que não gostavas de fazer e no que podes fazer. Define o teu programa e justifica as tuas escolhas”. Neste ponto, pretendia abrir espaço à imaginação e ao sonho, em confronto com a realidade, entre o gostar e o poder. Concluída esta atividade, pretendia desencadear a negociação e a conciliação: “Em grupos de 4, cada um apresenta o seu programa, conversam, discutem, a seguir selecionam as atividades de consenso e definem um programa comum”. O programa comum foi aceite e escrito por todos. Se puderem levá-lo à prática, tanto melhor.
Achei esta atividade o máximo. É uma atividade de escrita, mas é sobretudo um desafio à imaginação, à criatividade e à iniciativa; um desafio ao saber estar e saber conviver com os outros; um desafio à cooperação e ao trabalho em equipa. Se a escola não for isto e for apenas uma luta de galos, não é uma boa escola.
O meu diálogo com as crianças das primeiras classes foi tudo menos o que eu esperava. Julguei que ia apoiar na leitura, na escrita e por aí adiante, mas não, não me conheciam e faziam questão de saber quem eu era, as perguntas tinham a ver com a minha pessoa e a minha vida: se eu era filho da senhora professora, ainda se usava a palavra senhora, se eu também era professor, se era casado, se tinha filhos, porque é que ainda era estudante sendo tão “velho”, o que é uma universidade, o que é que se aprende na universidade, se eu era rico… Eu estava desapontado porque afinal não tinha ido ao encontro das aprendizagens programadas. A minha tia, professora de verdade, tranquilizou-me: foi ótimo, puderam falar livremente, satisfazer a sua curiosidade, aprender coisas novas para os guiar no futuro e fugir às rotinas, que os liberta e às vezes é bom quebrar. Adorei acompanhar a minha tia.
O meu tio tinha duas violas, fez questão de me mostrar o seu talento. Achei que só podia tocar uma de cada vez e tive o descaramento de lhe pedir a outra. Foi peremptório, não e não, são recordações que guardo comigo. Nem a taluda de natal chegou para me comprar uma nova. Percebi aí qual é a diferença entre um pai e tio.
José Afonso Baptista
Link permanente para este artigo: https://www.arlindovsky.net/2022/06/a-escola-e-a-viola-jose-afonso-baptista/
Jun 24 2022
O verão do nosso descontentamento
Fazia falta parar um pouco para tratar do relatório de avaliação docente.
O verão do nosso descontentamento
Link permanente para este artigo: https://www.arlindovsky.net/2022/06/o-verao-do-nosso-descontentamento/
Jun 24 2022
Já não tenho paciência
Um diz-me para não ficar doente em agosto (como se alguém ficasse doente de propósito) e não comer bacalhau à brás…
O outro vem afirmar que o povo (arraia miúda) vai fazer um esforço para não ficar doente este verão (como se não o fizesse noutras estações do ano ou pudesse controlar a “coisa”)
Estou eu, para aqui isolado, a ler barbaridades.
Mas parece que ninguém se queixou do preço (22€ a dose) da sardinha no S. João… que ninguém se engasgue com as espinhas que o verão já começou…
Link permanente para este artigo: https://www.arlindovsky.net/2022/06/ja-nao-tenho-paciencia/