Os computadores comprados pelo Governo através do programa Escola Digital estão a chegar às escolas sem os prometidos dispositivos para ligação à internet. O problema está a atrasar a entrega dos portáteis a alunos e professores, porque há escolas que preferem esperar pelos kits antes de entregar e têm centenas de computadores armazenados.
Com o passar dos anos tem-se vindo a verificar uma descredibilização, um completo desinteresse pela Carreira dos Assistentes Técnicos.
Temos assistido a uma aproximação vertiginosa da nossa carreira à Remuneração Mínima Mensal Garantida (RMMG).
Conforme o Diário da Républica um Assistente Técnico exerce funções de natureza executiva, de aplicação de métodos e processos, com base em diretivas bem definidas e instruções gerais, de grau médio de complexidade, nas áreas de atuação comuns e instrumentais e nos vários domínios de atuação dos órgãos e serviços.”
O grau de complexidade inerente à nossa carreira e função exige diferenciação para as demais, não sendo aceitável que esta situação se continue a verificar. Notando-se assim descontentamento e desmotivação, que obviamente se poderá refletir na produtividade dos serviços e no próprio bem-estar dos colaboradores, uma vez que não nos sentimos remunerados de acordo com as funções que exercemos, tendo em conta a discriminação de que estamos a ser alvos.
Como é possível que em 13 anos a RMMG tenha aumentado 255€ e a remuneração da Carreira de Assistente Técnico apenas tenha atualizado 26,33€?
Portugal tem prevista uma inflação de 1,7% em 2022 e aumentam os ordenados em 0,9%?
Os Assistentes Técnicos perderam completamente o poder de compra que tinham em anos passados passando a ser considerados classe baixa.
Chega a ser humilhante e inaceitável a não atualização das posições remuneratórias da Carreira de Assistente Técnico face à atualização do salário mínimo nacional, uma vez que neste momento o que nos distingue são apenas 4,46€.
Onde está a justiça e a equidade?
Onde está a Igualdade de Direitos e de Oportunidades?
Deveria manter-se a mesma distância de vencimentos que existia em 2009 (entre o salário mínimo nacional e a 1ª posição remuneratória da Carreira de Assistente Técnico, isto é, 233,13€).
Posto isto, a base da Carreira de Assistente Técnico deveria ser a correspondente à atual posição 5, ou seja, 955,37€, pois só desta forma se mantém a justa e correta equidade entre as carreiras, respeitando a complexidade inerente às funções de cada carreira obedecendo aos níveis definidos no sistema remuneratório da Administração Pública para as carreiras gerais em 2009.
Apesar desta carreira não possuir a representação de outros grupos profissionais em termos de efetivos, estamos conscientes da fragilidade da nossa situação profissional, que tem vindo a degradar-se continuamente, pelo que apelamos ao sentido de justiça e reconhecimento profissional.
Somos igualmente importantes para o bom funcionamento de qualquer instituição e também contribuímos para que haja uma procura incessante de excelência na prestação do serviço público.
O que se pretende é uma carreira bem estruturada e que responda às expectativas dos profissionais, por forma a sentirem-se motivados e remunerados de acordo com as funções mais diferenciadas que desempenham.
O topo da carreira não deveria ser uma miragem, mas sim uma possibilidade alcançável.
Qualquer professor é como o professor, Chen Rongqiang, ao chegar à sala de aula com ar cansado, coloca um sorriso no rosto antes de enfrentar uma sala repleta de alunos.