“Depois da colossal degradação salarial, não se percebe tamanha demanda persecutória. Não conheço médicos com cirurgias ou consultas assistidas. Não há notícia de juízes com julgamentos assistidos ou constrangidos a portefólios repletos de reflexões holísticas ou de outros achaques meditadores. Irra, que é de mais!”
Que a classe política tenha noção do ridículo!
A campanha eleitoral confirmou o que já aqui havia afiançado: os partidos não revelam possuir pensamento estratégico para um setor tão crucial como a Educação.
Aliás, são os partidos que, numa pífia deriva populista, se concentram nos professores, afirmando ódios e reservas mentais por resolver.
Não é por acaso que, confrontados com a provável escassez de docentes, persistem em negligenciar a motivação do professorado, exaurido por múltiplas tropelias cruelmente esclarecedoras.
Os professores trabalharam mais de nove anos sob o imperativo de aceitar sacrifícios da mais diversa índole: congelamento de carreiras, cortes salariais, aumento do IRS e subtração dos subsídios de Natal e de Férias – entretanto declarados inconstitucionais.
Como paga, o Estado, essa entidade de bem, proclamou: o tempo de serviço prestado – e sobre o qual já pagaram todos os impostos – não conta sequer para efeitos de progressão na carreira!
Perante tão disruptiva forma de gestão motivacional dos seus recursos humanos mais habilitados, o Ministério da Educação, em complemento, decidiu mergulhar os seus professores na mais intragável sanha bur(r)ocrática de que há memória no ensino português!
Agora, vemos o maior partido da oposição propor que, para efeitos de avaliação do seu desempenho profissional, os professores sejam obrigados a conceber um portefólio, igualmente burrocrático, onde se devem acumular montanhas de evidências administrativas para rivalizarem com aulas assistidas por terceiros.
Depois da colossal degradação salarial, não se percebe tamanha demanda persecutória. Não conheço médicos com cirurgias ou consultas assistidas. Não há notícia de juízes com julgamentos assistidos ou constrangidos a portefólios repletos de reflexões holísticas ou de outros achaques meditadores. Irra, que é de mais!
Que a classe política tenha noção do ridículo!
Para os mais distraídos, ainda há (muitos) professores que votam. Gente que ajuda, pela sua credibilidade, a fazer opinião. E as suas famílias também!