Lista de Colocação – Substituições Temporárias
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Set 13 2021
O caso do Tommy, aluno de 13 anos, é paradigmático. Primeiro a recusa a pés juntos sempre que chegava a hora de ter aulas com qualquer professor que não fosse caucasiano. Sem se explicar, corria escola fora à procura do melhor lugar para se esconder durante uma hora por inteiro para não ter de entrar na sala. Depois as conversas com professores, auxiliares e colegas sempre que o tema versava sobre as origens individuais dos presentes. “Mas não”, dizia ele, “Tu não vens de Hackney. De onde é que tu vens mesmo?” sem por isso nomear a cor da pele do interlocutor, não é preciso quando só há um britânico de gema na sala e esse britânico é o Tommy.
Findo o Verão, e porque o Tommy já está mais à vontade, já não é novo na escola, vieram os insultos, tão racistas como directos, sempre que o dia não lhe corra bem, nunca corre, e é urgente encontrar alguém para culpar. “Paki” e “Nigger” são as palavras usadas e dirigidas a quem por ele passe. Se a segunda palavra encontra o seu equivalente em português, o qual nos escusamos a traduzir, a primeira não lhe fica atrás sempre que dirigida a alguém de ascendência asiática. Por fim, o comentário de como todos os imigrantes são violadores e uma reunião com os pais na escola. Mas os pais não querem saber, e talvez aqui uma das raízes do problema.
Por princípio, não atendem o telefone e quando atendem não entendem o sotaque, pedem para falar com outra pessoa, “queixam-se de não perceber o que o André diz” e no dia da reunião não apareceram, um dos filhos está doente, e o Tommy de rédea livre no leme do mundo.
Fomos a casa do Tommy, eu e uma colega. À entrada da rua apontam-nos a casa, “é aquela das bandeiras” e de facto é, uma casa decorada com o sangue de São Jorge de alto a baixo entre bandeiras e emblemas no telhado, nas portas e janelas, no relvado. “É por causa do futebol”, diz o pai à porta em tom jocoso diante desta admiração, mas o Campeonato Europeu já acabou e na rua mais nenhuma casa tem bandeiras. Para além disso, remato, “a Inglaterra perdeu” e o pai do Tommy já não acha piada. Vamos directos ao assunto, as faltas às aulas, as conversas os insultos, os imigrantes que são todos violadores e eu, como exemplo, pergunto ao pai do Tommy se ele acha que eu também sou um violador. Resposta: “Nah, mate, you’re alright, we know you”, traduzido mais ou menos por um “Não pá, tu estás bem porque nós sabemos quem és”. Porque nós sabemos quem és. Mas não sabemos quem são os outros, por exclusão de partes. E os outros, já se sabe, são os invasores, os imigrantes que vêm para viver das regalias sociais, das casas, saúde e educação gratuitas que, pelos vistos e de acordo com o pai do Tommy, não chegam para toda a gente e portanto “nós primeiro”, diz ele, “os que já cá estão”, acrescenta, terminando com um “Britain first”. Não obstante a posição da Grã-Bretanha, o Tommy terá de passar um dia a trabalhar num projecto sobre minorias étnicas para apresentar aos colegas. Agradecemos o tempo e fomos embora antes que nos acontecesse alguma coisa.
O caso do Tommy, apesar de singular, não é único lá na escola. Temos, pelo menos, mais 2 alunos com perspectivas e comentários semelhantes e o trabalho, não só com os alunos mas as famílias também, longe, muito longe de concluído. Infelizmente, as notícias recentes vêm dar-nos razão quando já não é o neo-jidahismo o problema entre crianças e adolescentes no Reino Unido mas a radicalização por grupos e movimentos de extrema-direita. E as estatísticas não mentem: no último ano, 60% das pessoas radicalizadas têm menos de 24 anos e 13% dos detidos são menores, uma subida face aos 5% do ano anterior.
O fogo, este fogo, não é agora, já dura há anos. Legitimada pelo Brexit e pelo populismo político, o confinamento e as horas passadas on-line têm sido terreno fértil para o recrudescer da extrema-direita entre notícias falsas e teorias de conspiração disseminadas nas redes mas também nos jogos on-line, angariando seguidores nas camadas mais jovens da população. Os mesmos seguidores que vêm à escola, fruto da idade, todos os dias e acerca dos quais devemos estar atentos discutindo pontos de vista, questionando factos, promovendo debates e projectos, partilhando experiências pessoais, sublinhando acontecimentos históricos, educando sem nunca baixar os braços. Porque o caso do pai do Tommy é paradigmático. Já o Tommy é uma criança, ainda tem tempo para aprender todos os dias na escola.
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Set 13 2021
Entre o regresso, para uns, e a novidade, para outros, assiste-se por estes dias a um certo “estado de graça”, previsivelmente reinante na maior parte das escolas do país…
Como em quase todos os “regressos” e como em praticamente todas as “novidades”, paira no ar uma certa alegria e uma certa animação, típicas do entusiasmo de quem está prestes a encetar uma nova jornada, na mesma escola ou noutra diferente…
Muitos discursos de boas-vindas, muita simpatia, muitos sorrisos, muitas estratégias de integração, muita aparente benevolência e tolerância para com todos…
Mas os “estados de graça” costumam ser transitórios e efémeros e este também o será certamente… As benesses iniciais desvanecer-se-ão e tudo voltará a ser como antes, ou pior…
Em pouco tempo tudo mudará: a azáfama e a vertigem do dia-a-dia; a pressão para o cumprimento de inúmeras tarefas de natureza burocrática, muitas vezes de relevância duvidosa, mas quase sempre sobrepostas ao que realmente importa; ou a adaptação ao ritual dos velhos hábitos e das velhas rotinas, todos estarão de volta…
Estarão de volta, e porventura até, ainda mais marcantes e evidentes, expectável consequência da imensidão de Programas, Projectos, Roteiros, Guiões, Regulamentos e Receituários, inscritos no Plano de Recuperação das Aprendizagens 21/23 que cada escola tiver já elaborado ou que vier a elaborar…
A par disso, existirá todo um “cerimonial de evangelização”, no sentido de fazer acreditar que as “novas” fórmulas agora “descobertas” se constituirão como um remédio ou como uma mezinha infalível que tudo e todos “curará”… Desgraçadamente, não chegarão sequer a ser um placebo…
E é isto: dentro de pouco tempo, voltará a “normalidade”, perfeitamente anormal e falhada, em que está submersa grande parte das escolas…
O défice democrático não desapareceu…
As tarefas burocráticas em catadupa não desapareceram…
As injustiças, da mais variada ordem, não desapareceram…
A insanidade e o delírio não desapareceram…
A hipocrisia e a pantomima não desapareceram…
A indiferença e o alheamento não desapareceram…
Por seu lado, o Ministério da Educação continuará na senda da ilusão e da manipulação da opinião pública, coadjuvado pelo silêncio de muitos Directores… Aos profissionais de Educação continuará a ser exigido que façam sempre mais, com cada vez menos recursos, e que, de preferência, consigam ignorar as suas próprias vidas, assim como as pessoas que são significativas para si…
Em suma, as escolas continuarão a Funcionar, mas não a Viver…
Evitando o discurso, muitas vezes oco, do politicamente correcto: o próximo Ano Lectivo não vai ser bom para ninguém…
Conseguir Sobreviver, talvez seja o lema mais adequado… Nada mais do que isso: Sobreviver por nós e por aqueles que nos são próximos e que precisam da nossa atenção e da nossa presença… Tudo o resto são balelas e discursos para entreter…
Ter consciência da realidade é muitas vezes o melhor caminho para obstar à frustração e ao desânimo… E isso não significa ser pessimista ou “profeta da desgraça”…
(Matilde)
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Set 13 2021
COVID-19: Utilização de Máscaras
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Set 13 2021
O valor revelado pelo ministro representa um aumento de cerca de um terço nos últimos seis anos.
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Set 13 2021
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Set 13 2021
Entre o arranque do ano lectivo passado e o regresso dos estudantes às aulas nesta semana, chegaram vacinas para professores e alunos e centenas de milhares de computadores. As turmas estão mais pequenas. Mas continuam os problemas com o acesso à Internet e a ventilação das salas.
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