1 de Setembro de 2021 archive

QZP’s que reclamaram MPD e a viram deferida, verifiquem a RR1

 

Aconselha-se os docentes que reclamaram o indeferimento da MPD e viram a sua reclamação atendida, a verificarem se não foram colocados noutro estabelecimento de ensino na RR1,

É só um conselho…

 

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Ainda Estou para Perceber Porque um Horário Não Ocupado na RR1

… tem de ir novamente para a RR2.

Porque se ninguém concorreu a esse horário e ainda não há regressos à reserva de recrutamento é apenas um desperdício de tempo.

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Reserva de Recrutamento 2 a 10 de setembro

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Lista Colorida – RR1

Lista Colorida com colocados e retirados na RR1.

A legenda é a seguinte:

VERDE – Candidatos colocados nesse grupo de recrutamento
AMARELO – Candidatos colocados noutro grupo de recrutamento
LARANJA – Candidatos retirados (oferta de escola, desistiram…)

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5839 Contratados Colocados na RR1

Foram colocados 5839 professores contratados, distribuídos de acordo com a seguinte tabela. 1792 são horários completos.

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Reserva de Recrutamento 1

 

Publicitação das listas definitivas de Colocação, Não Colocação, Retirados e Listas de Colocação Administrativa – 1.ª Reserva de Recrutamento 2021/2022.

Aplicação da aceitação disponível das 0:00 horas de quinta-feira, dia 2 de setembro, até às 23:59 horas de sexta-feira, dia 3 de setembro de 2021 (hora de Portugal continental).

Consulte a nota informativa.

SIGRHE – Aceitação da colocação pelo candidato

Nota informativa – Reserva de recrutamento n.º 1

Listas – Reserva de recrutamento n.º 1

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Contratação Inicial – Docentes Não Colocados – RAM

 VALIDAÇÃO DO CONCURSO  DE 1 A 3 SETEMBRO 

 

Os candidatos não colocados que pretendam manter-se em concurso devem manifestar a sua vontade, por via eletrónica, na página eletrónica http://agir.madeira.gov.pt, entre 1 e 3 de setembro de 2021.
Informamos que as necessidades residuais que surgirem após a saída da lista de colocação de docentes contratados serão preenchidas seguindo-se as listas ordenadas definitivas de candidatos não colocados, procedendo-se sempre a atualização da mesma lista graduada de candidatos não colocados, nesse sentido, de 1 a 3 de setembro, caso pretenda manter-se em concurso deverá manifestar a sua vontade, por via eletrónica, na página eletrónica https://agir.madeira.gov.pt, e ainda nos seguintes momentos, em que se inclui sábados, domingos ou feriados:
a) De 1 a 3 e de 15 a 17 de outubro de 2021
b) Nos três primeiros dias dos meses seguintes e até abril de 2022

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PREFÁCIO – Carlos Santos

Sabendo-se que o género humano não procura interesses para além do seu umbigo, sobretudo no poder local, o partidarismo, a cunha e a corrupção encontrarão terreno fértil nas escolas.
Os diretores aplaudem o reforço dos seus poderes anunciado pela tutela.
Declarada morte à meritocracia, a colocação de professores deixará de ser feita a nível central, por graduação profissional, tomada de assalto por nomeação/escolha direta pelo poder local.
O poder central apenas financiará as autarquias que a partir de março, por intermédio das escolas, passarão a contratar/controlar, favorecendo a prestação de vassalagem ao autarca e ao diretor.
Recentemente, um filho de um autarca, com zero dias de serviço, conseguira a formidável proeza de ficar colocado em QZP (vá-se lá saber como). Episódios que, no futuro, o governo pretende legalizar, tendo ambicionado implementar esta nova política neste concurso, não tivesse sido travado pelos sindicatos que conseguiram adiar para outubro uma reunião negocial, tempo à justa para auscultarem os professores.
Em 2005 foram rotulados de alarmistas os que anunciavam o ataque que estava a ser preparado aos professores. Três anos depois foram precisos 120 mil professores a protestar na rua para travar uma parte dessa investida, movendo-se sobretudo para evitar que uma criatura dividisse a classe em “Professores” e “Professores titulares”. Já foi tarde. De lá para cá perdeu-se quase tudo. Agora resta o golpe final. A partir do próximo ano, deixará de haver carreira, de haver lugares nas escolas e o desemprego, uma colocação a centenas de quilómetros de casa ou a transferência camarária para um outro serviço, da noite para o dia poderão cair sobre qualquer um dos profissionais de educação.
Tudo se resume numa só palavra – municipalização.
Uma distopia que está para além da nossa imaginação, prestes a se tornar realidade.

CAPÍTULO ÚNICO… do resto das nossas vidas
Primeiro dia de setembro de 2022.
Terminada a minha higiene pessoal, pelo espelho, observo Luísa que repousa na cama, imersa num sono profundo, vencida pela exaustão depois de uma noite em claro. Mais de três décadas dedicadas ao ensino, vinculada há 25 na escola que já considerávamos como a nossa segunda casa, de nada valeram quando, ontem, por carta ficara a saber que fora descartada, sem qualquer outra explicação. Resta-lhe logo à tarde uma entrevista na autarquia que traçará o seu futuro.

Lanço um último olhar antes de fechar a porta em silêncio e, mergulhado nos meus pensamentos, no instante seguinte, sem que me lembre de ter percorrido o trajeto, chego à escola. É percetível um clima denso interrompido pelo barulho de máquinas a erguer um gigantesco painel junto ao portão de entrada. Pergunto à assistente operacional (habitualmente sempre bem-disposta, que agora veste um semblante pesado) – Bom dia, dona Alcina. Aconteceu alguma coisa?
– Bom dia, senhor professor. Não, não aconteceu nada. Mas ouvi da boca do novo diretor qualquer coisa sobre “o novo normal” e “erguer um novo mundo”. – Surge outra assistente que a manda calar afastando-a de mim, algo que se repete com vários dos seus colegas que mantêm o olhar baixo e se distanciam como se eu tivesse uma doença contagiosa. Há olhares de soslaio por todos os cantos fazendo com que aquele organismo de betão, metal e vidro ganhasse vida própria.
Invado a sala dos professores onde reina a maior algazarra. No meio da sala, formara-se um círculo de gente sedenta de sangue. Irrompo pelo meio daquela massa humana onde no centro da arena dois professores se digladiam numa acesa luta de palavras. Serafim (um dos últimos pensadores livres que defende afincadamente os valores em que acredita) esgrime argumentos com uma alma nunca antes vista por estas bandas, a qual exibia um pin para onde direcionava orgulhosamente o dedo enquanto discutia.
Serafim – … a experiência e o conhecimento não contam?
O “Pin” – Um chavão gasto! Importa mais a gestão de recursos. Sais mais caro ao erário público. Ganhas mais vencimento do que eu e ainda tens reduções de componente letiva. Não tenho nada pessoal contra ti, é só uma questão de aritmética.
– Um absurdo! Uma injustiça que prejudicaria os alunos…
– Não sei quem perde, – disse O “Pin”, seguro de si – mas o que interessa…?!
– Portanto, esperas nunca evoluir, nem aprender, nem melhorar com a experiência?
– Claro que espero melhorar! Mas, permite-me que faça esta precisão: quem não serve que pegue na sua mantinha e vá chorar para longe.
Serafim despeja a sua réstia de eloquência – Então, quando ficares mais velho e muita experiência acumulada, o que irão fazer de ti? Já pensaste nisso? Queres um conselho? Guarda a mantinha para ti, porque um dia irás precisar dela!
No momento em que ia cometer a insensatez de me imiscuir naquela discussão, uma mão salva-me e retira-me daquele redondel. É Maria, a melhor amiga da minha esposa.
– Vem, para que não nos vejam. – E arrasta-me para um recanto, prosseguindo, sôfrega – Agora, duas pessoas juntas é uma intriga e três, já é uma conspiração! – bebe um pouco de água e continua com aquele discurso delirante – As pessoas, simplesmente, desaparecem. Não reparaste?
– Sim, há muitos rostos novos. Falta gente… colegas “da casa” que sumiram… não há sinal deles. O que aconteceu, que não estou a entender?!
– Metade das caras novas são família e amigos do diretor ou da presidência da câmara.
– E a outra metade?
– Adivinha lá…? Agora quem manda é a autarquia e o seu discípulo, o excelentíssimo senhor diretor. Nunca te esqueças de o tratar por “senhor” ou por “doutor”, entendes? – Acerca-se ela de que não irei olvidar o seu conselho, como se a minha vida dependesse do uso desses vocábulos pretensiosos. Prossigo – E o que mudou?
– Tudo. A tua vida deixou de te pertencer. Agora tu, eu e todos nós somos propriedade da autarquia e de nós farão o que bem intenderem sem dar satisfações a ninguém.
– Mas se assim é, não nos deveríamos unir e fazer uma greve, uma manifestação, sei lá, alguma coisa…?
– Nem penses nisso! Agora, se o fizesses, não estarias a dar a cara contra uma figura longínqua, abstrata, como o ME ou um ministro! Estarias a manifestar-te contra o teu diretor e o presidente da câmara. Eles conhecem-te a tal ponto, que te perseguiriam a ti e à tua família. Tu e os teus ficavam todos sem emprego num ápice. E mais… aconselho-te a entregares o cartão de sócio do sindicato. Lembras-te do Licínio e da Isabel, sempre tão mobilizadores e reivindicativos pelo sindicato?
– Sim, sei…
– Pois, já cá não estão. E porque será…?
– Então, mas os sindicatos não podem…
– Quais sindicatos?! Com as pessoas tomadas pelo medo a optarem por entregar os cartões sindicais, não tarda nada os sindicatos são pouco mais do que uma morada de um espaço devoluto. Além de que a entrada deles nas escolas, agora ficou vedada.
– Agora começo a perceber o que aconteceu à Luísa… coitada, não sei como a consolar… – por instantes o meu pensamento regressa a casa…
– Não me digas que a Lu foi excluída!
– Recebeu ontem uma carta sem grandes explicações… Mas será que ninguém faz nada?!
– O medo está presente no rosto de quase toda a gente. Mas é com aqueles que exibem um rosto sem medo de que nos devemos preocupar. São o braço-direito destes ditadores. Figuras dissimuladas com falsos sorrisos que conseguiram os seus lugares sem esforço à custa da desgraça alheia.
– Queres tu dizer, são os “bufos”…
– Mais um pormenor. Cuidado com uma miúda morena, alta e magrinha que por aí anda a meter conversa. É nossa colega e diz-se em surdina ser filha do… – Aproxima-se uma assistente operacional, uma cara sem medo, com um sorriso fingido que, com sobranceria, olha para Maria e anuncia – O senhor diretor informa que, de imediato, se deve deslocar à direção. – O sangue gelou-me nas veias. Maria sente o mesmo e afasta-se sem dizer palavra lançando-me um olhar como se dissesse “Vês?”. A assistente mira-me de soslaio de cima a baixo esboçando um olhar de desdém e afasta-se. Tornara-se claro que, agora, mais do que nunca, era absolutamente necessário sobreviver.

Entrementes desaguo novamente na sala dos professores onde reina um denso silêncio taciturno; mais parece uma câmara ardente onde se vela um defunto; um defunto chamado Ensino.
Mal me sento, alguém anota – Se fosse a si mudava de lugar. – Incrédulo de termos regressado ao tempo dos lugares supostamente marcados, ignoro o comentário.
Este que, outrora, fora o nosso habitat, estranhamente transformou-se numa selva. Entre olhares nervosos e sorrisos disfarçados, a escola dividiu-se entre presas e predadores… e eu, seguramente, não fazia parte dos predadores. As hienas espalhafatosas, de riso irritante, observadas de longe pelos soturnos abutres, calados à espera das sobras das carcaças de qualquer ataque iminente, silenciavam os aflitos. Olhares indiscretos que nos querem devorar ou domesticar, deixam evidente o regresso a uma época em que vocalizar os pensamentos era um ato de ousadia. Suspeito que, rapidamente, iremos desaprender o que é a liberdade.

Não combina comigo escutar conversas alheias, mas no meio de todo aquele silêncio sepulcral tornara-se impossível não ouvir o diálogo entre uma miúda elegante, morena (provavelmente, recém-formada) e um colega claramente mais próximo do dia de entregar a alma ao criador, cujo estilo parecia o de um vendedor de aspiradores (ambos, almas desconhecidas, embora eu suspeitasse quem seria a miúda).
A “miúda” – Chegou-me aos ouvidos, em primeira mão, que irão erguer painéis para afixar o Quadro de Honra.
O “aspiradores” – Para exibir o nome dos melhores alunos?
A “miúda” – Não, queridinho. É para o retrato dos professores-modelo, ou lá como se irá chamar…
O “aspiradores” – Então é por isso que estão a erguer um painel à entrada e outro aqui no templo dos professores (e sorri mostrando um reluzente dente de ouro).
A “miúda” – Sim, colega amigo. Há que manter uma certa hierarquia. Ela sempre houve desde que mundo é mundo.
O “aspiradores” – Há que chamar os bois pelos nomes, ah, ah, ah… E quem os elege?
A “miúda” – E isso pergunta-se? – E riem os dois, contrastando com o sentimento reinante na sala, rematando – Pois o mérito é coisa bonita de se ver. Não há que esconder nem ter vergonha. Parece que já estou a ver ali a minha foto…
O “aspiradores” – Estou a acreditar que já marcaste uma visitinha ao cabeleireiro e esteticista antes de tirares uma foto que evidencie esse rosto bonito. – O “aspiradores” olha na minha direção com semblante inquisitório e ataca – Não concorda? – Balbucio qualquer coisa impercetível e ele volta a investir para impressionar a jovem. – Então o que diz…? – Sentindo a minha fraqueza, o outro predador não resiste em dar a sua mordidela – Votou no presidente? – quase catatónico, articulo um vocábulo – Q… Q… Quem? – respondem num uníssono – O presidente da câmara, claro! – em desespero, pensando com o instinto de sobrevivência, cobardemente a minha boca trai-me dizendo o contrário do que sinto – S… sim, sim. – A expressão daquelas duas hienas mudou repentinamente para um sorriso diferente e, aproximando o rosto, ela encurrala-me – É militante do partido? – hesito – Hã… bem, não ligo muito à polí… – “aspiradores” sentencia – Não é, mas vai passar a ser! Não imagina o que um simples cartão pode fazer por si – enquanto, de relance, mostra o cartão partidário que guarda religiosamente no bolso do blazer. Naquele instante, abre-se a porta da sala do diretor por onde sai Maria. Passa por mim, baixa o olhar e afasta-se como se não me conhecesse. As lágrimas correm-lhe pelo rosto e inundam-me a alma num estranho sentimento de culpa. Ainda passo uma perna para a frente da outra na tentativa de ir ao seu encalço, mas sou logo travado por outro sorriso asqueroso que me barra o caminho gesticulando na direção da porta de acesso ao covil do todo-o-poderoso. Como um filme a grande velocidade relatado por quem passa por uma experiência de morte e regressa ao mundo dos vivos, vem-me a imagem da minha esposa chorosa, da prestação da casa que vence hoje, das compras no supermercado que íamos fazer logo, na inspeção do carro e a compra do selo que agendei para amanhã depois da revisão na oficina, no que iremos dizer à filhota quando chegar da faculdade no fim de semana por não termos como pagar a continuação dos seus estudos… do que a nossa vida se está a transformar de um dia para o outro como se fosse um pesadelo.

O sorriso untoso desperta-me do transe momentâneo – Ande, despache-se que o senhor diretor tem mais o que fazer…
Abre a porta e anuncia-me reverentemente dando-me uma palmada nas costas a caminho do matadouro. Entro para a sala do juízo final e encaro de frente com uma majestosa secretária de carvalho ornamentado, visivelmente amaciado pela melhor cera do mercado local, onde repousa um conjunto de objetos meticulosa e simetricamente organizados, amuralhando o diretor, figura imensa nomeada pela autarquia, tão desconhecida de mim como a decoração daquele majestoso aposento. Sem levantar o olhar de um processo onde jaze a minha foto de há 30 anos, ordena que me sente. As pernas tremem-me e a cadeira afigura-se como o apoio que iria acabar, de qualquer modo, por me amparar, para não me estatelar ali no chão. Naquele momento, eu esperava por uma salvação, pela absurda chegada de heróis… mas o estrondo da porta a fechar-se atrás de mim comprova, sem surpresa, que não irão chegar, expondo a evidência de que a salvação está em cada um de nós e de que, agora, os heróis teremos de ser nós mesmos. “Nós”, esse lugar-comum que esteve ausente durante tanto tempo das escolas e, neste momento, nos deixou sós. Recusámos lutar juntos e agora teremos de enfrentar sozinhos o monstro que se prepara para nos devorar, como um papa-formigas que lança a sua língua pegajosa apanhando tudo o que, à sua vista, for insignificante e tiver a incúria de se mexer. Abandonado pela fé, questiono-me para onde terão ido as nossas pessoas…

Na tentativa de me libertar do diálogo com os meus pensamentos, não sei se falo, se espero, se a minha boca me denunciará, se farei de conta que nada se passa, se não estarei a imaginar cenários fictícios, se me imponho, se ameaço… mas de uma coisa eu sei; se cair, caio em pé, pois jamais eu, filho de lutadores pela liberdade, envergonharei o nome dos meus pais e me humilharei ou me prostituirei por um emprego. Independentemente do que aqui se irá passar, estou certo de que sairei por aquela porta mais determinado do que nunca em fazer ouvir a minha voz, a voz de Isabel, de Maria e de todos os que estão a ser varridos do alcance da vista destes predadores sem escrúpulos.
Encurralado, de costas coladas no encosto da cadeira, vejo o diretor levantar o olhar na minha direção, varrer o meu rosto como um scâner na tentativa de encontrar um indício de medo, recostar-se na poltrona capitonê que vai até ao céu do seu ego e abrir a boca de onde sairão palavras que irão saber a música para os meus ouvidos, ou balas para fuzilar a minha alma, os meus sonhos, a minha vida…
Carlos Santos

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A equação da saúde não se resolve proibindo o presunto – Santana Castilho

 

Entre 14 e 17 deste mês, todas as escolas deverão iniciar um ano lectivo que, esperamos, seja menos atribulado que os anteriores, permitindo concentração nos grandes problemas do sistema de ensino. Neste quadro, o Despacho n.º 8127/2021, que introduziu muitas restrições à venda de produtos alimentares pelos bares escolares, merece análise.
Embora assinada por um político que é linguista, a prosa do despacho é pobre e a construção frásica usada é descuidada. Por exemplo, o que serão “refrescos em pó”? Algumas proibições são questionáveis, mesmo no âmbito nutricional. Com efeito, estão no mesmo nível uma empada de carne, cozinhada no forno, ou um chocolate negro com baixo teor de açúcar, e snacks carregados de gorduras trans, sal e estabilizadores químicos. Será razoável? Por outro lado, importaria distinguir produtos cujo consumo habitual é desaconselhado mas que, sem risco de maior, podem ser consumidos uma ou outra vez, pelo prazer que lhes está associado, de outros produtos fortemente prejudiciais. Mas, acima de tudo, são a pedagogia e a política subjacentes que suscitam múltiplas perplexidades.
Nesta matéria, a proibição drástica não favorece a tomada de boas opções por parte dos alunos, particularmente quando se assume em confronto evidente com realidades paralelas, ali à mão: tudo o que é agora proibido vender na escola está autorizado e pode ser comprado em locais múltiplos, ao lado da escola. Antecipo que com estas orientações apodreçam a couve roxa ripada, as infusões de ervas e o requeijão nos bares das escolas e aumentem as vendas das bolas de Berlim e da Coca-Cola nos cafés da vizinhança. Estas medidas terão efeito nos alunos do escalão A da acção social. Os outros comprarão fora, pagando mais, o que a escola proíbe.
É crucial saber como comunicar com os jovens adolescentes para os levar a aderir a princípios, nutricionais ou outros. Em contexto pedagógico, boas intenções técnicas podem ser adulteradas por estratégias de actuação conducentes a resultados finais que se afastarão do desejado. Para perdurarem bons hábitos alimentares, o que é vital é proporcionar aos jovens um conhecimento sólido sobre a composição dos alimentos e as interacções que têm com a fisiologia humana. O grande problema não é banir na escola. O grande problema é educar na escola e na família, de modo a induzir comportamentos informados e saudáveis, que persistam vida fora e se transmitam de geração em geração. Parece-me irreal querer mudar paradigmas culturais alimentares pela proibição.
É redutor pensar que o comer mal radica na simples adesão à fast food. Muitas crianças comem mal porque em casa não há dinheiro para comer melhor ou não há mesmo dinheiro para comer, seja o que for. E dando de barato que as refeições servidas nos refeitórios escolares têm os valores nutricionais das tabelas, não é verdade que a sua qualidade deixa muito a desejar? Seria possível esperar mais de um preço médio por refeição que não chega aos dois euros e, mesmo assim, deixa apetecíveis lucros às empresas de catering? Não é verdade que os alunos que podem fogem dos refeitórios escolares? Que tal voltar às cozinheiras e à confecção das refeições na própria escola? É hipócrita o Governo decidir como decidiu e nada fazer quanto à qualidade da alimentação servida nos refeitórios.
A obesidade de crianças e jovens é um problema sério em Portugal, cujas causas não se esgotam na alimentação. À alimentação soma-se o menosprezo da Educação Física e desportos na escola e a crescente introdução precoce da parafernália informática na vida das crianças. Se houvesse uma preocupação genuína de combate à obesidade e ao sedentarismo das crianças, não as submetíamos a horários escolares que lhes roubam a juventude, obrigando-as a permanecer sentadas todo o dia dentro de uma sala de aula. E estudaríamos o modo de reorganizar a vida laboral dos pais, de forma a poderem acompanhar os filhos quanto a hábitos e comportamentos activos e saudáveis. O que temos é uma inversão de responsabilidades patrocinada pelo Estado: do mesmo passo, atribuem-se cada vez mais funções, que não lhe cabem, à Escola e desresponsabilizam-se os pais de obrigações primárias na educação dos filhos.
A equação da saúde não se resolve proibindo o presunto.

In “Público” de 1.9.21

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Dia 1 de setembro e os professores necessários não estão todos na escola

 

A vida das escolas começa, hoje, a dar os primeiros passos para este novo ano letivo. O dia 1 de setembro é considerado como o início de um novo ano para as escolas, porque se começam os trabalhos finais de preparação para o ano letivo que se avizinha a passos largos.

Reuniões gerais e preparatórias, de coordenação e de grupo, de estabelecimento e de ano, de departamento e… afinam-se documentos, constroem-se e desconstroem-se horários, organiza-se, dá-se um toque aqui e ali. Nas escolas com Pré-escolar e 1.º Ciclo os CAF´s e AAAF’s já estão a funcionar em pleno com crianças a correr pelos corredores e a brincar nos recreios…

Mas… os professores não estão todos colocados. os professores que vão ocupar os horários incompletos, ainda não foram colocados. A primeira Reserva de Recrutamento não “saiu” a tempo.

Hoje é dia 1 de setembro os professores não estão todos colocados. As escolas não têm os professores que necessitam.

O ME, por uma medida, puramente, financeira e de eficácia dúbia não lançou a concurso os horários incompletos na MI/CI ou a tempo deste dia.

Não se preocupem. Os professores que já estão na escola farão o que for necessário para que o ano letivo, com os alunos, arranque como sempre. Os professores que forem colocados nos horários incompletos, quando chegarem às escolas, logo se integrarão e, os contratados, verão o seu magro salário cortado em mais uma ou duas fatias.

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