Qualquer grupo de docentes, qualquer disciplina, qualquer escola tem especificidades próprias que devem ser respeitadas, o grupo 110 (1º Ciclo) não é diferente, é sim, um bom exemplo disso.
Nos últimos anos, temos assistido a várias mudanças no que diz respeito ao funcionamento e organização deste grupo. Do desrespeito pela monodocência, em toda a sua abrangência, ao aumento da carga letiva dos docentes, tudo parece ter caído em cima deste grupo nada beneficiando a sua atividade letiva ou sequer os alunos. Dá a impressão que este grupo funciona como laboratório, experimenta-se no 1º ciclo para depois se implementar a nível global. Ou então tenta-se que o 1º ciclo funcione como os demais, tarefa impossível, levando unicamente ao aumento do horário de trabalho. Tomemos como exemplo desse aumento a implementação das AEC’s. Para que a escola a tempo inteiro funcionasse, ainda quero saber que emprego tem como horário de saída às 17:30, decidiu-se implementar um serie de atividades na escola de forma a ocupar o tempo dos alunos. Muito bem, mas para que isso acontecesse teve, na maioria dos casos que se mexer nos horários dos professores, deixando-os com “furos” no meio da sua atividade letiva. Esses furos roçam o ridículo, então vejamos, um docente começa a sua atividade letiva às 14h e às 14:15 entra o colega de Expressões ou de Educação Física. Temos também a versão de entrar às 10:00 para passado meia hora ouvir o toque de intervalo, ou vermos os colegas de Educação Física a lecionar a sua aula logo a seguir ao almoço, estendendo a hora de almoço do professor titular para 2:15, já para não falar no mais usual que é o horário das 15h às 16h a que se junta o intervalo da tarde de meia hora… Exemplos aberrantes há muitos. Será que quem elabora estes horários não pensa no rendimento que as crianças têm depois de uma atividade lúdica? Não,… não está minimamente interessado na performance académica das crianças, aliás não entende absolutamente nada disso…
Será que as mudanças terminaram? Claro que não. Vem aí mais um aumento de carga horária sobre os alunos, o ensino obrigatório da língua inglesa no 3º e 4º ano, mas como sempre atabalhoada. Que currículo? De que forma? Em que horário? Ninguém sabe. Mais uma vez o desrespeito pelas especificidades deste grupo vai ser notório. Mas isso fica para outra vez…