7 de Janeiro de 2015 archive

Paris aqui tão perto…

Ali aterrou na minha aula quase no final do segundo período.

Não falava uma palavra de português, inglês ou francês. Para que pudesse haver um entendimento mínimo , lembrei-me de pedir ajuda a um outro aluno mais velho, da mesma nacionalidade e que já frequentava a escola há alguns anos. Pedi-lhe que dissesse ao colega para se apresentar e que traduzisse a apresentação da turma. Fê-lo com alguma dificuldade uma vez que, explicou depois, apesar do país comum, o seu dialeto era distinto.

Por razões que não recordo, Ali, de 14 anos, não integrou naquele ano o português língua não materna e passava as aulas circunspeto e distanciado da turma, apesar do esforço de professores e colegas para que houvesse comunicação.

Por opção pessoal, voluntariei-me para lhe dar apoio extraordinário, de modo a que adquirisse o alfabeto, os fonemas, até iniciar, devagarinho, a leitura, a oralidade. Muitas vezes socorri-me de desenhos para pequenos truques de vocabulário e memorização que o faziam sorrir discretamente.

Porém, face ao incremento do trabalho burocrático, vi-me forçada a largar essa hora extraordinária e optei por dar esse apoio na aula de português, enquanto os restantes alunos, cumplicemente, faziam algum trabalho prático.

Certo dia, apercebi-me que ele abandonara a tarefa que eu lhe dera e lia com afinco um pequeno livro de orações. Isto repetiu-se diversas vezes daí em diante.

Outra vez, passando pela Biblioteca, vislumbrei-o a ver, com particular atenção, videos de um líder islâmico que vociferava a sua interpretação do Alcorão.

É claro que só percebi o conteúdo com a ajuda do tal aluno mais velho que, fortemente aculturado no nosso país, me ia ajudando a “ler” o novo aluno. Mas, admito, a coisa tornou-se um pouco assustadora…

Quando o ano acabou, Ali prosseguiu, apesar de tudo, pouco interessado em memorizar a nossa língua e mais empenhado no seu velhinho livro de orações. Eu prossegui a minha vida itinerante e nunca mais o voltei a ver.

Porém, depois disso, muitas vezes me questionei sobre a capacidade de resposta que os professores conseguem dar a estas situações que deixaram de ser tão pontuais na nossa sala de aula, independentemente, das nacionalidades que aí se aconchegam.

Era suposto a escola ser um espaço de liberdade, de aprendizagem, de partilha. Tal como, arrisco, a redação de um jornal.

Onde cabem a liberdade, igualdade e fraternidade, quando não falamos a mesma língua dos que nos são próximos? Quando os seus valores são tão díspares dos nossos que nem a escola se constitui como espaço de partilha e comunicação?

Como podemos combater o medo? O medo do outro…

Quando a pluralidade humana se dilui sobre os tiros de uma metralhadora, disparados porque não se admite brincar com coisas sérias, apesar de o riso ser, afinal, a linguagem que nos aproxima a todos; então, chegou o momento de nos questionarmos enquanto civilização.

Chegou o momento de, tal como a França será obrigada a fazer agora, procurar respostas sobre como lidar com a diversidade.

E essa é, realmente, uma questão para a qual não será, de todo fácil descobrir um caminho. É que a História tem o estranho hábito de se reinventar, mas é dela que depende o futuro.

Pessoalmente, também acredito que “Allahu Akbar”- Deus é grande, porém ele é ainda maior quando o defendemos com um lápis na mão, em vez de uma Kalasnikov nos braços.

E, muito provavelmente, é aí que a escola pode fazer a diferença…

 

 

 

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1º Ciclo e Pré Escolar pelos Sindicatos…

Não é comum ver os sindicatos a especificar a sua retórica pelos diferentes grupos de ensino, gostam mais de generalizar (defendendo que os professores devem estar unidos na luta pelo interesse da profissão e tal…), mas pelos vistos ainda há quem se lembre que os professores estão divididos em grupos, que uns estão mais, embora pouco, beneficiados que outros em certos aspetos. Sendo assim aqui vai a proposta por “Condições dignas para Educadores e Professores do 1º Ciclo” do SPZC.

1.- “a componente letiva dos professores do 1º ciclo seja desenvolvida em 22 horas semanais, uma vez que este ciclo está, hoje, descaraterizado do quadro de monodocência em que funcionava, passando, atualmente para um quadro de pluridocência;

2.- sejam aplicadas as reduções previstas no artigo 79º do ECD, em função da idade e do tempo de serviço;

3.- sejam compensados pelo desgaste profissional todos os educadores de infância e professores do 1º ciclo que não beneficiem da redução de componente letiva;

4.- as pausas que decorrem dos intervalos letivos sejam considerados como tempo efetivo de trabalho docente;

5.- o tempo de deslocação entre escolas do agrupamento seja considerado tempo efetivo de trabalho docente;

6.- todos os jardins de infância e escolas do 1º ciclo sejam dotados dos recursos humanos necessários para responder às diversas situações que acontecem no espaço escolar, nomeadamente, no acompanhamento das crianças no refeitório e nos espaços de recreio;

7.- o calendário escolar da educação pré escolar se desenvolva de acordo com o estabelecido para o 1º ciclo;

8.- a constituição e distribuição das turmas  do 1º ciclo tenham em consideração a integração de alunos de um único ano de escolaridade, evitando a organização de turmas com uma pulverização de vários anos de escolaridade;

9.- aos educadores de infância seja contado, para todos os efeitos, o tempo de serviço prestado em ATL e creche:

10.- a atividade letiva desenvolvida na educação especial pelos professores do 1º ciclo e educadores de infância seja organizada em 22 horas letivas semanais.”

Já se sabe que as “negociações” vão ser difíceis, mas pelo menos há quem tente… também há que lembrar que outros grupos com especificações próprias necessitam de ver as suas condições de trabalho melhoradas. Já agora, lembra-se aos sindicatos que atuem em tempo certo na defesa de todos os grupos de ensino…

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Novo Código do Procedimento Administrativo

Foram quase 20 anos que se passaram desde a última revisão do Código do Procedimento Administrativo.
O CPA é um documento legislativo de consulta quase obrigatória para todos os que fazem uso de procedimentos administrativos. Guardem-no no vosso PC pois em qualquer altura vão precisar de o consultar.

 

Decreto-Lei n.º 4/2015 – Diário da República n.º 4/2015, Série I de 2015-01-07

 

Ministério da Justiça

 

No uso da autorização legislativa concedida pela Lei n.º 42/2014, de 11 de julho, aprova o novo Código do Procedimento Administrativo

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Questões Frequentes Sobre a Formação Complementar do Inglês no 1° Ciclo

Retirado daqui.

 

Download do documento (PDF, Unknown)

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Editorial do Jornal Público

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Homologação das Metas de Inglês no 1° Ciclo

Despacho n.º 151/2015 – Diário da República n.º 4/2015, Série II de 2015-01-07

 


Ministério da Educação e Ciência – Gabinete do Ministro


Homologação das Metas de Inglês

 

 

As metas encontram-se publicadas aqui.

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