Já passei por uma escola em que, no ano anterior, tinha havido cinco candidaturas a diretor! Parece-me bem mais democrático que um congresso da FENPROF – a que mais clama contra o suposto carácter antidemocrático do atual modelo –, cujo secretário-geral é eleito com percentagens norte-coreanas desde 2007.
Caciquismo escolar
O modelo de gestão escolar que vigorou até 2008 tinha resquícios de um certo espírito autogestionário: as direções eram eleitas diretamente pela totalidade do pessoal docente e não-docente. Nessa eleição participavam, é certo, representantes dos alunos e dos encarregados de educação, mas com um peso percentual muito diminuto face ao universo de professores e funcionários.
Como seria se um treinador de futebol fosse eleito pelos seus jogadores? Que força teria para exigir mais empenho? Com que impacto poderia solicitar mudanças de estratégia? É por demais evidente: em contexto laboral, uma liderança eleita diretamente pelos liderados dificilmente lidera.
Uma tese de mestrado em Gestão Escolar, defendida em 2012, por Luís Teixeira, na Universidade de Coimbra, atesta o que afirmo: “uma vez que o conselho executivo ou o diretor era eleito pela totalidade do pessoal docente e não docente em exercício efetivo de funções, bem como por representantes dos país e encarregados de educação e também dos alunos do ensino secundário, esse mesmo diretor ou conselho executivo poderia estar sujeito a pressões exercidas por parte de grupos existentes no seio do grupo mais alargado que os elegia, sobretudo por parte de professores, o que não se verifica no atual modelo de gestão”.
A uma direção escolar cabe, sem dúvida, garantir boas condições a todos os trabalhadores, tratá-los sempre com respeito e empatia, motivá-los para a nobreza da missão educativa, mitigar quaisquer ameaças ou obstáculos e honrar a singularidade da profissão docente. Mas cabe também a uma direção escolar – por impopular que isto seja – exigir coisas tão simples, mas nem sempre levadas a cabo, como o preenchimento atempado dos sumários. De que vale uma ordem dada por uma direção que depende diretamente do voto massivo dos trabalhadores que dirige?
Mas… será que o regime introduzido em 2008 trouxe direções escolares impostas pelo Ministério, nomeadas centralmente desde um qualquer gabinete longínquo? Não. Simplesmente, o órgão representativo da comunidade escolar, antes chamado Assembleia de Escola e desde esse ano denominado por Conselho Geral, passou a ter poderes eletivos.
Não se passou de uma democracia para uma autocracia, como alguns falaciosamente querem fazer crer; passou-se, tão somente, de uma democracia direta para uma democracia indireta. Representantes dos professores, dos não-docentes, dos encarregados de educação, dos alunos e da autarquia, todos democraticamente eleitos, tinham assento na Assembleia da Escola e continuam a tê-lo no Conselho Geral, que passou a incluir também um representante da comunidade local, cooptado. Ora, é este Conselho Geral, democraticamente eleito, que passou a eleger o diretor.
O processo tornou-se mais racional: antes da votação em Conselho Geral, uma comissão do mesmo analisa a biografia e o projeto de intervenção de cada candidato e todos os candidatos são entrevistados.
Já passei por uma escola em que, no ano anterior, tinha havido cinco candidaturas! Parece-me bem mais democrático que um congresso da FENPROF – a que mais clama contra o suposto carácter antidemocrático do atual modelo –, cujo secretário-geral é eleito com percentagens norte-coreanas desde 2007.
O atual regime de administração e gestão escolar é um diploma de invulgar estabilidade. O Decreto-Lei que o aprovou em 2008 vigora ainda, somente com duas modificações: uma cirúrgica em 2009 e outra, mais abrangente, mas que manteve todas as traves-mestras, em 2012. Podem ser feitas melhorias, quiçá com o regresso à possibilidade de que cada agrupamento de escolas opte por uma direção colegial, eleita em lista, ou unipessoal, com a equipa diretiva nomeada pelo diretor eleito.
Mas, pelo contrário, voltar ao caciquismo não pode ter lugar em escolas públicas que se querem geridas com modernidade.
31 comentários
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Não concordo em absoluto, pois há pelo menos uma escola, “constou-me”, onde se criaram “relações de proximidade” entre a direção e membros eleitores do CG que condicionaram o processo de eleição do Diretor.
E uma escola, no universo, é exemplo, em absoluto?
Arre!
Não é a única.
Um mascarilha?
Arre … macho
Vá ler os comentários seguintes, pode ser que perceba
Arre… burro!
O Conselho Geral funciona à semelhança das Assembleias Municipais! Um presidente de junta sente-se “obrigado” a votar favoravelmente o orçamento da autarquia, pois este define verbas para a sua freguesia! De igual forma, os docentes e não-docentes são avaliados pela direção ou pela SADD … logo há constrangimentos nas votações para além de todo o esquema de lobby que é vergonhoso.
Simplesmente Maria
Quem diria que os amantes do poder tinham tanta sensibilidade/habilidade para se mascararem de caciques vaidosos empoleirados no palanque do respeito, igualdade e quiçá honestidade intelectual e empatia/empatas da democracia/disléxica.
Este texto é de uma desonestidade imensa por quem já deixou cair a máscara e não tem vergonha nenhuma. Os directores são uma extensão do ministério condicionada pelos caciques locais (os piores deles todos ).
Deviam lavar a boca com lixívia ao falar dos Conselhos Directivos eleitos democraticamente pela verdadeira comunidade educativa ao contrário da fantochada do Conselho Geral.
Caciquismo escolar ,assim denomino o modelo escolar instalado, a política instalou- se nas escolas. Se o que se diz em surdina sobre quem é avaliado com M B ou Excelente é verdade, então entendo a razão pela qual os meus colegas deixaram de investir no seu trabalho. Publique- se a avaliação. E não
me venham com tretas sobre proteção de dados. Onde está a transparência de um modelo que se diz democratico?
Tudo dito!
Sem mais rodeios ou floreados. VERGONHOSO. ESTE TEXTO É VERGONHOSO. QUEM O ESCREVEU DEVIA TER VERGONHA.
Este cromo é como os republicanos evangélicos que acusam os outros de tudo e mais alguma coisa e são pedófilos. Neste caso é o caciquismo e acusam os outros de serem como eles verdadeiramente são – caciques (além de parolos). A isto chama-se projecção.
“Democracia indireta” é uma contradição insanável. Que asco de texto, que monte de esterco que isto é. Que falta de vergonha!
O Betinho com cabelo Playmobil mostra que é mais um avençado da cambada que gosta de subjugar os outros. Parece que o menino anda a criar currículo para o ministério, tal como o excelso secretário Cristo andou a penar pela “comunicação social” muitos anos. Só podia ter saído da New, esse antro de neoliberais da treta.
Totalmente de acordo. Que falta de VERGONHA. Quem é o esperto que escreveu aquilo? É daqueles do 25 de novembro e abaixo o 25 de abril. Que nojo.
“É por demais evidente: em contexto laboral, uma liderança eleita diretamente pelos liderados dificilmente lidera”
MUITO BEM !
Vamos ao LIDL
Que tal ler o Prof Licínio Lima, da Universidade do Minho , que há muito que estuda a gestão de escolas e tem publicações sobre esta matéria …
Caciques são a maior parte dos diretores. E ditadores que se eternizam no poder.
Esse senhor Manuel Pereira, presidente do conselho de dirigentes escolares, devia ter vergonha de estar à frente da escola desde 2003. Primeiro como presidente do conselho diretivo e depois desde 2009 como diretor. Estamos em
2025!!!
Não houve nem há mais ninguém, entre 2003 e 2025, com perfil e competências para o substituir?
Não há mesmo vergonha na cara.
E a direção regional do centro/ dgest conivente com esta situação.
Quem são os caciques então, David?
Desde quando um diretor é uma espécie de treinador de futebol?
O diretor é atualmente aquele que nada percebe do jogo de dar aulas e aquele que delas foge!
Desde quando o diretor tem que dar ordens para preencher sumários?
Há um estatuto e um código de procedimentos ao qual o diretor e todos os professores estão obrigados. Se não preencher sumários leva falta! Onde está aqui o “dar ordens”.
Pois ” dar ordens” é mesmo o que só querem fazer, mas a escola não é uma fábrica, nem um gulag ou campo de trabalhos forçados. Uma escola é um lugar especial constituído por gente formada que , em cooperação, tem de formar futuros adultos. Coisa que não é fácil nem dada a simplismos de ” eu mando e tu obedeces”.
Desde quando é a Fenprof a pedir mudança do modelo de gestão?
Essa não pede nada e quer, tal como os diretores, fugir da sala de aula e pactuar tanta vez com a deterioração da profissão.
Desde quando isto é verdade: Não se passou de uma democracia para uma autocracia, como alguns falaciosamente querem fazer crer; passou-se, tão somente, de uma democracia direta para uma democracia indireta? (what a f@ke!).
Não sabe o que é democracia, mas sabe ser falacioso apodando de falácia.
Uma democracia não é um sistema viciado no qual o diretor escolhe os membros do conselho geral que depois o vão escolher a ele!
Na democracia o sufrágio deve ser universal direto e secreto. Só assim se escolhe aquele que mais agrada pelas suas qualidades humanase e pedagógicas ( é da escola que se trata, não é de um universo de 48 milhões de eleitores).
Numa democracia tem que existir divisão de poderes. Não pode ser a mesma pessoa a ter poder sobre todas as áreas presidindo a concelho geral, conselho pedagógico e ao corta fitas com o presidente da junta e aos serviços administrativos, e à contagem do número de vassouras e a tudo mais um par de patins! Se é só uma pessoa a estabelecer regras, a executar e a julgar essas mesmas então temos uma utocracia absoluta!
Este textinho de cacarácá, mais outro aí plantado há uns dias só tem um objetivo, não?
O pior é que o argumentário está com pés de barro e demonstra bem o nível baixinho de conhecimento e de cultura de quem anda a defender o modelito. O tal que trouxe o país a este caos educativo dos dias de hoje porque os diretores nunca estiveram ao lado dos professores a defender a escola a boa pedagogia. Limitaram-se a empochar a subvenção e a alinhar com os desgovernos.
Não sabem dar aulas? Aprendam ! É como andar de bicicleta. Nunca se esquece! Claro que é preciso deixar o gozo de “mandar”. É precisamente isso que vos custa mais. Mas vejam pela positiva: na realidade não mandam, coagem num sistema incorreto e desprestigiante da escola, pois esta deve ser um exemplo de democracia para os próprios alunos.
Muito bullying de alunos e pais sobre professores passa por ameaçar o professor com o diretor, pois já chegou aí falta de cultura democrática, a maldade e o inchaço ou autoensuflamento de tantos diretores!
Mais um a opinar!! Quem é este?!! Diretor?? Eleito sabe-se lá por quem e com que cunhas!!
De repente ficaram muito Ó pinadeiros estes direteiros!
Quem é este gajo que não sabe do que fala?!
Apenas se inverteu as consequências entre eleitores e eleitos.
Pela perspetiva de “agradar” aos eleitores, nenhum ato eletivo direto seria admissível
Sujeitar os eleitos aos eleitores, vale para as escolas e para a governação em geral. Chama-se cumprir com as promessas.
Muito bem dito, OD!
Um post de um Putin desesperado. Estas criaturas do monstro lurdes rodrigues são o cancro das escolas.
As “eleições” nos estabelecimentos de ensino, neste momento, são iguais às que a Rússia fez no Donbass, realizadas às escondidas e debaixo de ameaças e perseguições. Uma FRAUDE INQUALIFICÁVEL.
Se pensas mesmo assim, és uma criatura REPUGNANTE.
Se te pagaram para defender um regime nazi ou estalinista, como aqui fazes, és apenas mais um miserável vendido.
Ah! Quanto à argumentação, és infantil e acéfalo.
Caro professor David Elrich.
Comparar a tarefa de um Diretor a um treinador de futebol é cometer a falácia da falsa analogia.
O professor David Elrlich está demasiado toldado pela ideologia socialista para poder opinar livremente sobre a escola e em concreto sobre este modelo de liderança herdado da socialista MLR.
Por favor liberte-se destas amarras, porque, na verdade o Sr. sabe pensar muito bem.
A herança da MLR (Maria Lurdes Rodrigues) não tem nada de socialismo democrático.
Essa senhora foi ministra do Sócrates e foi a pior ministra da Educação que Portugal teve (o lado negro do PS).
Os partidos de esquerda defendem a votação de todos os decentes e não docentes que trabalham na escola (Agrupamento).
Sim. A criatura está toldada pela ideologia socialista, sim, mas a de Estaline.
Este imbecil trata os professores como se fossem bois… Parte do principio de que se fosse eleito pelos professores não teria legitimidade para usar o chicote para ele os professores só se empenham se forem castigados, são mandriões da pior espécie que precisam ser varejados para se empenharem no trabalho docente São estes imbecis que querem justificar o atual modelo que na realidade trata os docentes como se fossem condenados a trabalhos forçados… Como é possível que gentalha desta esteja na direção das escolas publicas?!… Lamentável…