As agressões infligidas pela Esquerda não são metafóricas…

No geral, a Classe Docente tende a “santificar” e a “endeusar” a Esquerda, evidenciando um notório preconceito positivo face a essa concepção ideológica, e a “demonizar” a Direita, vista muitas vezes como um “bicho-papão” ou como um arqui-inimigo…

Em resumo, e a priori, tende a acreditar-se que o que vem da Esquerda será bom e o que vem da Direita será mau…

Ao longo dos últimos anos, a Classe Docente não tem conseguido opor-se, de forma consequente e eficaz, à maior parte dos atentados e maldades que têm sido perpetrados contra si, por parte de sucessivos Governos, tanto de Esquerda como de Direita, e isso parece óbvio…

A discórdia e a polémica costumam instalar-se quando, a propósito da análise e da crítica a determinadas acções governativas no âmbito da Educação, se envereda pelo maniqueísmo ideológico, assente na concepção dualista de Direita/Esquerda e em alguns estereótipos que parecem profundamente enraizados:

– As políticas e as medidas educativas provenientes da Direita são sempre concebidas por burgessos e matarruanos, aqueles indivíduos tidos como rudes, provincianos, grosseiros e intratáveis, e as eventuais agressões à Classe Docente costumam ser julgadas como inaceitáveis e indesculpáveis;

– As políticas e as medidas educativas provenientes da Esquerda são sempre concebidas por “intelectuais” e “ungidos da intelligentsia (conceito da autoria de Thomas Sowell,) aqueles indivíduos tidos como civilizados, educados, polidos e urbanos, e as eventuais agressões à Classe Docente costumam ser julgadas como aceitáveis e desculpáveis…

Ora acontece que uma agressão será sempre um acto hostil e desrespeitoso para com alguém e um agressor também será sempre um malfeitor, independentemente de ser oriundo da Esquerda ou da Direita…

Não há agressões “relativas”, nem agressões “benignas”. Ou há ou não há agressões. E, havendo, não pode deixar de se condenar qualquer tipo ou forma de agressão, quer seja infligida pela Esquerda ou pela Direita…

Considerar que as ofensas e agressões provenientes da Esquerda são menos dolorosas e menos absurdas do que as da Direita ou procurar as mais variadas desculpas ou justificações para essas agressões, considerando-as aceitáveis ou desculpáveis, não passa de uma crendice e de uma falácia…

Queira-se ou não, a Esquerda tem sido, e continua a ser, absolutamente cínica, hipócrita e tóxica em relação à Classe Docente… E nem vale a pena enumerar aqui todas essas malfeitorias, desde as mais recentes até às dos últimos anos, pois que as mesmas são sobejamente conhecidas de todos…

As agressões infligidas pela Esquerda não são metafóricas. As sucessivas bordoadas dadas pela Esquerda têm sido muito reais e concretas, com consequências desastrosas e danos irreparáveis para a Classe Docente e prejuízos definitivos a vários níveis…

No momento actual, parece que analisar e criticar a política educativa dos Governos chefiados por José Sócrates e António Costa pode ser considerado como uma “blasfémia” ou um “sacrilégio” para alguns, que põem em causa a credibilidade dessa crítica, considerando que a Direita teria feito ou faria muito pior…

Com toda a honestidade, não sei se a Direita faria muito pior, muito melhor ou muito parecido…

Mas sei que, nos últimos anos, a Classe Docente tem vindo a ser agredida e desconsiderada por sucessivos Governos, tanto de Esquerda como de Direita, pelo que não pode deixar de se imputar à Esquerda e à Direita a co-responsabilidade pelo estado caótico e calamitoso em que se encontra a Educação no momento actual…

Apesar disso, também sei que em 2008 (instauração da Ditadura nas escolas) e em 2017 (subtracção de mais de 9 anos de tempo de serviço à Classe Docente) se encontravam em funções Governos apoiados pelo PS, supostamente de Esquerda, ambos pautados pela obstinação, arrogância e prepotência políticas. E aqui não há lugar para interpretações subjectivas, trata-se de uma constatação factual…

E também sei que a Classe Docente, nunca, como nesses Governos, foi tão desprezada, vilipendiada ou acossada…

A isenção não é fazer de conta que não existe qualquer interdependência entre Educação e Política. A isenção é conseguir analisar e discutir as políticas e as medidas educativas, assumindo e reconhecendo as suas des(virtudes), sem o apego redutor a ideologias, ainda que as convicções políticas de cada um sejam um direito inalienável…

As políticas e as medidas educativas podem ser boas ou más, independentemente das ideologias que lhes estão associadas. Fazer depender a avaliação dessa qualidade exclusivamente das convicções ideológicas de cada um, é propiciar o enviesamento e a deturpação desse juízo e, sobretudo, evitar reconhecer as eventuais deformidades…

Enquanto a Classe Docente não conseguir abstrair-se de concepções dualistas, de dicotomias artificiais e de categorizações falíveis, não conseguirá ver para além disso e ficará impedida de alcançar consensos que conduzam à tão almejada união e de lutar pelo bem comum…

Enquanto a Classe Docente continuar refém dessa divisão e entretida a discuti-la, sem hipótese de chegar a qualquer conclusão unânime, não haverá a menor possibilidade de serem atendidas as suas principais reivindicações porque o conflito “auto-fágico” enfraquecerá qualquer forma de luta…

Não tenho qualquer filiação Partidária e, por convicção, não sou nem de Esquerda nem de Direita. Sem apego a devoções ou a credos políticos, umas vezes talvez seja tendencialmente de Esquerda, outras tendencialmente de Direita…

E recuso, na maior parte das vezes, enveredar pela via do politicamente correcto, por considerar que essa suposta “neutralidade do discurso” não passa de uma forma hipocritamente “asséptica” e absurda de não comprometimento, que não partilho…

A todos aqueles que consideram que as agressões da Esquerda não aleijam, são sempre bem intencionadas e infligidas com muito carinho, afirmo apenas mais isto:

Por muito que se queira, não é possível “pegar num pedaço de excremento pelo lado limpo”…

(A anterior afirmação foi inspirada na definição de “politicamente correcto” dada por um Aluno da Griffith University, Austrália).

No que à Educação respeita, afinal, o que tem distinguido a acção da Esquerda e da Direita autóctones? Sinceramente, não vislumbro nenhuma diferença significativa: ambas têm sido igualmente más e perversas…

E o principal problema da Educação, e de todos os profissionais que nela trabalham, é justamente esse…

(Matilde)

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18 comentários

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    • A crua realidade! on 10 de Junho de 2022 at 9:54
    • Responder

    O local onde se formam as futuras gerações vive em DITADURA. Com as letras todas.
    Os humbertosdelgados nas escolas são todos os dias aí assassinados pela pide …
    … e andam estes putins, cínicos e hipócritas, a criticar o outro e a comemorar o 25 de abril, queixam-se do aparecimento dos extremismos! Será muito pior, no futuro.
    As novas gerações estão a ser formadas como foram os russos, por isso a maioria apoia agora o Putin.

    • F.S. on 10 de Junho de 2022 at 10:29
    • Responder

    Sem duvida., apoiado a 100%👌! E também não professo nenhuma filiação partidária 👍

      • Nuno on 10 de Junho de 2022 at 20:57
      • Responder

      A lei criada pela esquerda para os colegas do ensino artístico poderem entrar para a carreira, é ultrajante para quem é profissionalizado e leciona mecanotecnia há mais anos e continua a ser considerado técnico Especializado.

    • É isto o dia de Portugal? on 10 de Junho de 2022 at 12:03
    • Responder

    O grande problema, da esquerda à direita, é uma classe política sem qualidade apostada em fazer favores económicos para garantia futura aos indivíduos que a compõem. Os princípios não existem nem se praticam. São apenas a cenoura que se brade para atrair seres de carga.
    Os políticos precisam urgentemente de uma descida dos salários , de uma avaliação de desempenho e de entrevistas de recrutamento rigorosas com análise da formação académica, currículo e integridade. Têm se ser colocados em índices e de apresentar anualmente registo criminal impoluto!
    É o minimo que se pode exigir a quem tem ajudado a destruir bons valores de humanidade e de valorização do saber que existiam neste país!

    • Pedro on 10 de Junho de 2022 at 14:36
    • Responder

    conversas de merda 💩💩💩

    • Mitos on 10 de Junho de 2022 at 15:15
    • Responder

    Esta colega tem-se em muito boa conta ( em modo paternalista) e acha que os seus colegas, talvez em maioria,são mentecaptos.

    Eu, influenciado pela disciplina que leciono com prazer ,a Economia, digo que todos nós somos vítimas das nossas opções e que quase sempre, infelizmente, a melhor opção teria sido o nosso Custo de Oportunidade (a opção sagrificada).

    A Esquerda ou a Direita não serão opções, os governos,sim..Tal como no futebol, não interessa os modelos 4×3×3 , 4x4x2 , 4×5×1 … mas sim as dinâmicas. Digo eu,que sou um mero espetador.

    • Rui Filipe on 10 de Junho de 2022 at 16:30
    • Responder

    Um discurso que não é nem de direita, nem de esquerda nem do centro. Então do que é? Do anti-sistema?
    O Chega diz-se anti-sistema. Das pessoas de Bem!…E todos os outros, são gente do Mal?
    Um discurso perigoso.

      • Matilde on 10 de Junho de 2022 at 19:09
      • Responder

      “Um discurso que não é nem de direita, nem de esquerda nem do centro. Então do que é?”

      Porque causa tanta perplexidade e tanto receio alguém que não precisa de pedir autorização a ninguém para afirmar aquilo que pensa?

      Este é o discurso de quem pensa por si próprio , assumindo as suas convicções com toda a frontalidade; de quem dispensa a “cegueira ideológica” e não precisa dela para se esconder atrás de nada nem de ninguém; de quem recusa o apego a concepções ideológicas, mas não abdica de condenar qualquer forma de agressão; de quem, enquanto cidadã e profissional de Educação, não tem medo de defender o que pensa ou aquilo em que acredita…

      Talvez este discurso seja um exercício de Cidadania, algo que alguns só concebem em termos teóricos…

      E isso é “perigoso” porquê? Porque é difícil aceitar e lidar com “ovelhas negras”, diferentes das do “rebanho”? Porque alguns discursos não agradam a alguém?

      Bem sei que é muito mais difícil lidar com “ovelhas negras” do que com “ovelhas brancas” , sobretudo porque a lã das ovelhas brancas é muito mais fácil de tingir com os pigmentos pretendidos, sendo, por isso, as predilectas de muitos… Lamento desiludi-lo, mas nunca serei uma “ovelha branca”…

      O Chega representa aquilo que mais abomino e que rejeito liminarmente, em termos políticos. Portanto, não me queira “enfiar esse chapéu” porque ele jamais me servirá…

      Pensar de forma independente dá, por vezes, muito trabalho e também pode dar algumas “chatices”…

      Continuarei a fazê-lo, plenamente consciente desses riscos, sem qualquer pretensão de “alumiar” quem quer que seja, mas desfrutando do enorme prazer que isso me dá…

        • Luluzinha! on 10 de Junho de 2022 at 19:20
        • Responder

        Olhe, se o fizesse noutro lugar ou no seu diário, seria bem melhor! Faz o mesmo que toda essa gente faz: só palavras! Enfim…

          • Matilde on 10 de Junho de 2022 at 21:13

          Não quererá partilhar connosco o seu, por certo, excelso e magnificente contributo para o bem da Classe Docente, da Educação, do País e, quiçá até, da Humanidade? 🙂

          Há personagens que não valem sequer o trabalho de falar a sério ou de levar a sério. A Luluzinha é uma delas… Ainda assim, os seus comentários fazem-me sempre sorrir e isso já é bom…

          Este blogue não seria o mesmo sem a sua presença… 🙂

          • Zaratrusta on 13 de Junho de 2022 at 10:48

          Luluzinha- um dos palhaços cá do sitio.

    • mariasaude on 10 de Junho de 2022 at 20:46
    • Responder

    Se não reconhece diferença entre esquerda e direita e “ambas têm sido igualmente más e perversas” – com o que o concordo, o título é profundamente tendencioso.

    • Alexandra on 10 de Junho de 2022 at 23:13
    • Responder

    Ohhh mulher, a diferença entre esquerda e direita está no emprego. Uns quando vão para o poder despedem professores, os outros não.
    Simples.
    O resto são amendoins.

  1. aqui está mais um especialista em bosta de vaca.
    comes o que cagas ou cagas o que comes?

    • José Mendes on 11 de Junho de 2022 at 1:54
    • Responder

    Ó karamba, grande porco, estás feito comigo, pois tiveste a ousadia de me chamar de cabrão ontem. Seu animal, grande cornudo!
    Não te esqueças de ir chamar de cabrão ao senhor teu pai que não teve culpa de teres nascido. Ouviste cornudão?

    • Zoroastro on 11 de Junho de 2022 at 9:13
    • Responder

    Matilde, tem razão no que diz neste artigo, mas esquece por completo os anos de governação do Pedro Passos Coelho e Nuno Crato, esses sim, verdadeiros amigos do professores e da escola pública, basta lembrar o convite feito aos professores para emigrarem, a ideia peregrina do cheque ensino, da prova de conhecimentos para os professores contratados, da pouca vergonha dos concursos para contratação a nível de escola, entre tantas outras coisas boas.
    É por isso que agora as agressões da esquerda xuxalista parecem, de facto, amendoins.

    1. Gostei!!!!!
      Discutir quem persegue melhor os professores!!!!!

        • Zoroastro on 11 de Junho de 2022 at 19:21
        • Responder

        Infelizmente, é mesmo essa a sensação que tenho quando vou votar: procuro escolher aquele que na altura me parece que vai bater menos nos professores e na escola pública,…
        É que fica bem bater na classe docente, ,
        dá votos.

  1. […] Continue a ler […]

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