Mas o que mudou desde esse tempo não tão longínquo até hoje?
Ainda convivi com essa realidade quando entrei para a profissão, em que um docente do 1º ciclo se reformava por volta dos 50 e tantos anos conforme o tempo de serviço tendo como relação a idade cronológica do mesmo. Essa luta foi na década de 80, comentava uma colega um dia destes, que por essa altura lutou pela aposentação aos 32 anos de serviço no 1º ciclo, enquanto os outros ciclos lutavam pela aposentação aos 36 anos de serviço. Essa colega acabou por se aposentar com 38 anos de serviço e mesmo assim foi penalizada.
Ao longo dos anos foi-se prolongando a idade de reforma dos professores de todos os ciclos até à uniformização que existe hoje. Como referi no último “post” vai chegar o tempo em que em vez de ser professor vou ter o papel de “avô substituto”.
No 1º ciclo e como referi, também no último post, os docentes têm uma carga letiva superior aos demais ciclos (já para não falar dos docentes do Pré-escolar, a quem, como presente, lhes foram dadas mais umas semanas por ano), lá no antigamente começavam a trabalhar muito mais cedo, ou seja o desgaste tende a ser superior ao longo dos anos. E aí está a explicação para que no passado algum “iluminado” se tenha lembrado de aposentar estes docentes mais cedo do que os demais, não quer isto dizer que tenham tido uma vida profissional mais curta, mas sim por uma questão de equidade, a tal palavra que hoje mudou de significado, como tantas outras na boca dos nossos governantes.
Hoje, a maioria dos professores no ativo só se irão aposentar aos 66 anos, isto se não quiserem ser penalizados, e isto se entretanto não decidirem que aos 70 anos ainda se tem paciência e energia para ter uma turma. No 1º ciclo, nos países desenvolvidos, a idade da reforma nunca é a mesma que nas outras profissões, em muitos, todos os professores se aposentam mais cedo. Se neste país se entende que estes profissionais sofrem o mesmo desgaste que a maior parte dos profissionais. Neste país não tardarão muitos anos para que vejamos alguns professores aposentarem-se depois de 45 anos ao serviço. É só imaginar como será, lecionar a partir de certa idade, para quem usufruir de imaginação suficientemente fértil para tal…
8 comentários
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Eu nem me imagino chegar aos 60, quanto mais aos 66!!!
https://oduilio.files.wordpress.com/2015/01/1471252_819217764782779_8436255638606866403_n.jpg
De facto, ser professor do 1o ciclo , é abrir as janelas ao carácter de uma criança… Porém, ser professor, hoje, é lutar contra as portas da dignidade que nos fecham.
A profissão de professor devia ser considerada profissão de desgaste rápido, pois só quem ensina é que sabe a energia necessária para “controlar” e ao mesmo tempo ensinar turmas com 20 e tal alunos umas piores do que outras. A reforma deveria ser aos 56 anos!
Sem dúvida! Inteiramente de acordo
Importante o artigo…
Mas será que os sindicatos personalizados nos seus sindicalistas (a maioria dinossauros) saberá o que é ensinar nos dias de hoje, para encontrar sinergias de reivindicação e imposição da aceitação do “desgaste rápido da profissão”?
É só procurar os gabinetes de psiquiatria…
Obrigada colega Rui por fazer referência ao pré-escolar…É sempre aquele nível que ninguém se lembra que existe!
Pelo descrito no post do Rui Cardoso, pela exposição de José Manuel Alho no comentário de coeh e pela diferenciação existente no 79 do ECD, no mínimo e no sentido de se repor a equidade, torna-se imperativo a bonificação do tempo de serviço para efeitos de aposentação dos educadores do pré-escolar e professores do 1.º ciclo.
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