Exmo. Sr. Presidente da República,
Venho, por este meio, comunicar-lhe a minha indignação relativamente ao que está a acontecer à Educação, particularmente, o que se está a passar com a classe docente.
Eu não sou professora. Sou xxx, doutorada e com uma vasta lista de publicações internacionais de relevo na minha área. Não sou mãe e, apesar de ter xxx anos, infelizmente não me imagino a sê-lo em breve se continuar a viver em Portugal.
Sou filha de uma professora de xxx anos. Tenho vivido com amargura os últimos anos, tal como toda a minha família. Somos uma família trabalhadora, culta e dedicada às nossas carreiras profissionais. A minha mãe teve o “azar” de ser professora contratada ou, como o atual ministro da educação Nuno Crato refere “candidata à contratação”. Ou seja, uma pessoa que estudou e trabalhou arduamente toda a vida, “saltou” de escola em escola, lecionou diversas disciplinas em diversos pontos do país, tem xxx anos, 20 anos de serviço é, agora, apenas “candidata”.
A minha mãe tem mestrado, especialização, diversas formações realizadas ao longo dos anos a muito custo e permanece uma mera “candidata”.
Os professores contratados com mais tempo de serviço como a minha mãe, em vez de verem a terceira idade a aproximar-se com algum conforto e rejúbilo, estão a ser castigados e não percebem porquê, se o que sempre fizeram foi trabalhar, cada vez mais, com uma esperança que agora já nao existe. Foi substituída pelo desespero e desânimo e uma visão de horror do seu futuro.
O Sr. Presidente, como Chefe de Estado, deve estar atento à violação dos direitos humanos que está a ser feita aos cidadãos que são professores e às suas famílias.
Para além de não estar a ser cumprida a legislação relativamente aos professores contratados (mais de 3 anos de contratos sucessivos, sem vinculação), os seus direitos como seres humanos estão a ser violados: estes professores não vivem com a mínima dignidade e as suas famílias também não.
Sr. Presidente, repare que nos países em desenvolvimento está-se a lutar pela Educação, repare na motivação de Malala Yousafzai. E repare que no nosso país estão a destruir a Educação. Como serão os portugueses de amanhã se desinvestir-mos na Educação?
A Educação pública é um bem precioso que Portugal tem. Não a destrua com a descentralização.
Peço-lhe que atente no que se está a passar realmente na Educação. Dê uma oportunidade aos professores de existirem com dignidade e aos alunos de poderem crescer com dignidade, como eu cresci, na década de 90, que agora me parece um Mundo maravilhoso que não é o país em que vivo.
Subscrevo-me com a mais elevada consideração,
xxxx
6 comentários
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Escrever para “múmias” é perder tempo… As múmias não respondem. E esta só vive à custa do erário público…
Concordo com tudo. Mas doeu-me o “desinvestir-mos”.
A mim, doeu-me mais, muito mais, o “Subscrevo-me com a mais elevada consideração”. É devido à consideração pelas altas figuras – com todos os ressaibos de amochadismo e carneirismo que o termo carreia – que estamos no ponto a que se chegou. Nunca terei consideração por um FDP, sobretudo por um que me está a levar – pela inacção activa, pela perfídia cúmplice, pela desfaçatez rançosa – à miséria.
Realmente… E nos anos 90 isso não existia, mas parece ter vindo para ficar. De qualquer forma, a carta serve para mostrar o desagrado, mas é mais uma carta que chega ao ceguinho. Ninguém parece querer saber…
Acho que é mais uma carta de uma filha do que de uma mãe!!
Seja como for é esta a triste realidade 🙁 O erro ortográfico é um pormenor sem qualquer importância neste contexto!
É caso para dizer… carta de uma filha DE mãe. lol