Ou reagimos a sério ou caímos para não mais nos erguermos!

 

Ou reagimos a sério ou caímos para não mais nos erguermos!

O que o ministro da Educação pretende fazer com as propostas relativas a quadros e concursos é a machadada final no que resta de uma carreira docente. É uma revisão mal encapotada do respetivo estatuto. É extinguir os quadros de zona pedagógica e substituí-los por mapas de pessoal interconcelhios, eventualmente com a dimensão das CIM, para os quais ainda não deu explicações nem disse de que forma prevê fazer a transição dos atuais quadros para esses mapas interconcelhios de docentes. O que se sabe é que, no futuro, o preenchimento destes mapas é feito através da escolha direta por parte de um concelho de diretores, eliminando a graduação profissional da equação do concurso. Mesmo que pouco mais se saiba sobre este novo Regime de Recrutamento e Gestão de Professores, parece-me que apenas estas premissas já seriam o suficiente para os sindicatos interromperem as negociações em curso até que esta ideia saia de cima da mesa de negociações.

Com escárnio e intenção de diminuir a classe, o ministro da Educação disse há dias que greves em época de aprovação de Orçamento do Estado já são uma tradição. Porque teve o ministro esta ousadia? Porque na última década e meia temos assistido a uma verdadeira inépcia sindical, que nos trouxe à beira do abismo em que nos encontramos.

Como reagiram os sindicatos à insolência do ministro? Com nada de relevante! Pendurarem-se à greve “dos outros” não é propriamente uma estratégia inovadora. Considero que, depois de terem ouvido o que o ministro tinha para dizer na última ronda de negociações, a delegação da Fenprof, ao invés de ter dito que “saíram desconcertados”, deveria ter vindo dizer que, ao ter conhecimento destas intenções, a luta é necessária e, por conseguinte, iria reunir com as outras estruturas sindicais e partir para uma greve por tempo indeterminado, até que estas ideias peregrinas fossem abandonadas. Isto sim seria um sinal de discórdia e força!

Por estes dias tenho-me lembrado do ano de 2008, quando mais de 100 mil professores encheram as ruas de Lisboa em protesto. Tenho-me lembrado desse ano porque terá sido o último em que se viu verdadeira união entre professores. Depois de traídos, a desmobilização foi grande e nunca mais recuperámos.

As reivindicações dos professores não se podem reger pelos calendários políticos alheios, pois não se referem a pequenas situações pontuais, mas sim a questões sistémicas, que são verdadeiros entraves ao saudável funcionamento da Escola Pública, com repercussões óbvias no desenvolvimento das aprendizagens dos alunos.

As reivindicações, que a imprensa gosta de apelidar como sendo dos professores, são, na realidade, em prol da escola pública, em que os primeiros interessados em satisfaze-las deveriam ser os próprios encarregados de educação. Com efeito, facilmente encontramos estudos científicos que comprovam que um profissional valorizado, reconhecido e bem remunerado é mais produtivo e isto terá necessariamente resultados nos alunos.

Estamos a ser avisados daquilo que aí virá, pelo que ou agimos agora, ou ficamos entregues ao sistema da “cunha”, de que tanto nos queixámos na época das BCE.

Reivindicar não pode estar dependente da aprovação de um orçamento, de ser este ou aquele partido que governa. Reivindicar só pode estar dependente de vermos ou não satisfeitas essas mesmas reivindicações. É por isso que acredito que devemos lutar até que as nossas reivindicações sejam acauteladas. Vejamos o exemplo dos enfermeiros, dos camionistas, dos médicos, de todos aqueles que não viram as costas à luta, que conseguem olhar para lá do seu umbigo, que conseguem analisar os problemas de forma holística.

Não podemos aceitar que passem uma borracha por cima das nossas reivindicações, como se nada fosse, mostrando um enorme desrespeito e desconsideração. Não podemos baixar a guarda, não podemos abdicar daquilo que são os nossos direitos.

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17 comentários

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    • Rosa on 17 de Novembro de 2022 at 14:12
    • Responder

    Concordo a 100%, “Pretendemos o imediato fim das vagas de acesso ao 5.º e 7.º escalões e a recuperação integral do tempo de serviço. Exigimos uma revisão salarial e concursos justos, que respeitem a graduação, o tratamento igual para professores com tempo de serviço igual, escalão igual e salário igual”.

    Todos a uma só voz!…. A união e persistência termina com a arrogância do poder politico. Fim à descriminação.

      • Mila on 17 de Novembro de 2022 at 18:35
      • Responder

      Ou agimos, de forma séria ou muitos ficarão longe de casa e outros sem trabalho. A forma mais justa de colocação de docentes é a graduação, não há outra. Este ministro enfim… Ainda me lembro da vinda da Troika, quiseram anular os professores…este modelo de concursos, que agora querem inventar, não serve para ninguém, ninguém duvide disso.

  1. 5 dias de greve e com um tema de greve bem definido!!!

    • Já. on 17 de Novembro de 2022 at 14:24
    • Responder

    Mais manifestações e tretas, NÃO.
    Greve por tempo indeterminado. E não esperar pelos factos consumados.

    • Dizzy on 17 de Novembro de 2022 at 15:47
    • Responder

    Vamos a isso, reivindicações sérias merecem greves sérias.

    • Mirthita on 17 de Novembro de 2022 at 17:39
    • Responder

    Ainda acreditam que vivemos em democracia?1? Os descendentes de Viriato viraram crédulos mansos!!!

    • salsera on 17 de Novembro de 2022 at 18:41
    • Responder

    Para começar, 5 dias de greve aos primeiros 2 tempos; se não houver retração do ministro passar de 5 para 6 dias de greve; se não houver indícios mínimos de que a ideia da municipalização não é retirada, de 6 dias passar para 7…Com fundos de greve organizados e coordenados…É preciso REAGIR!!!!!

    • Rui Filipe on 17 de Novembro de 2022 at 18:47
    • Responder

    Uma sugestão: em cada escola e/ ou em cada ciclo e secundário, todos os dias 1 só docente, até à vitória. Cada um justificava como pudesse. De norte a sul do país .Ou então, há ( embora pague o justo pelo pecador ), a sorte que se merece.

      • Mila on 17 de Novembro de 2022 at 18:59
      • Responder

      Temos de fazer alguma coisa que “belisque” e faça tremer este ministro e as suas ideias que não vão resolver a falta de professores que há. Somos muitos e se somos, a nossa força é que prevalece. Voltar ao tempo da Troika e das entrevistas nos agrupamentos é vergonhoso. A graduação é que tem que prevalecer. A “cunha” nas câmaras não vai servir a maioria, só favorece uma minoria.

      • salsera on 17 de Novembro de 2022 at 19:13
      • Responder

      Colega Rui, se for decretada greve por um sindicato não é necessário justificar a falta!! A não ser que a falta seja por outros motivos.

    • Rui on 17 de Novembro de 2022 at 23:14
    • Responder

    Também sou de acordo que uma greve neste momento teria de ser por uma semana inteira ou mais. Greves de 1 dia são cocegas para o Costa se rir de nós.
    Os sindicatos se não reagem desta vez só mostram (de novo) a sua inutilidade.
    Eu nunca fui sindicalizado e neste momento sinceramente acho que deviam todos deixar de pagar quotas aos sindicatos, para ver se eles acordam.

    • Angelo on 17 de Novembro de 2022 at 23:17
    • Responder

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    • Maria Fernanda Andrade Lopes on 17 de Novembro de 2022 at 23:42
    • Responder

    Estou de acordo que este tipo de greve às pinguinhas não leva a nada, ou greve continuada ou dois dias numa semana, outros dois noutra e assim por diante. Greve que faça mossa, que pese na consciência de cada um e que irrite os nervos do ministro da educação. Ou vencemos nós docentes, ou vencem eles, é uma escolha!

    • Melvina on 18 de Novembro de 2022 at 7:48
    • Responder

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    • P.daSilva on 18 de Novembro de 2022 at 10:33
    • Responder

    Professores/as: não pensem no dinheiro mas na dignidade profissional!? Os nossos pais fizeram sacrifícios maiores, nós também os podemos fazer, obrigatoriamente!!
    Comecemos com greve durante uma semana. Se os chacais do mé continuarem a ignorar as nossas justas reivindicações, fazemos greve mais outra semana e assim consecutivamente durante um mês, se for preciso. Se não resultar só nos resta continuar a contemplar o “suicídio” coletivo da classe. Nas escolas, cuidado com os comissários políticos e os pides que estão cómodos com o regime porque nele se banqueteiam…

    • Maria on 18 de Novembro de 2022 at 15:47
    • Responder

    Concordo com a greve de uma semana e se não resultar continuar até conseguirmos. Só acho que tem de uma greve com um ou dois únicos objetivos que nos afete a todos e por isso nos una a todos..eu só vejo dois ou três…considerarem o tempo de serviço roubado a todos (aquando do congelamento) e reforma ou maior redução de tempo de serviço letivo a partir de certa idade ou salário …Não vejo outros assuntos que possa mesmo unir todos os professores, mesmo o fim das cotas, que seria mais do que justo, não nos atinge a todos e muitos de nós concordam com a diferenciação (depois se as coisas são bem feitas é outra coisa)… Por isso GREVE a sério teria de ser objetiva e com resultados alcançáveis para TODOS para que TODOS estivessem dispostos a sacrifícios financeiros para aderir.

    • Luisa on 18 de Novembro de 2022 at 17:11
    • Responder

    O que fazer? Em quem acreditamos nós?
    Já ninguém acredita nestas dezenas de sindicatos. Queremos protestar, mas a sério, a mostrar o que valemos. Não é com uma greve de um dia por ano que vamos lá. Temos de ir para a Rua! Falar e denunciar estas medidas da treta.

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